Até antes dos atuais acontecimentos relacionados à estupidez do futebola
eu tinha a impressão de que entre todos os povos do mundo os espanhóis teriam
alcançado um desenvolvimento espiritual tão elevado que lhes teria dado uma
perfeita absorção do sentimento de sociabilidade. Vivendo numa sociedade onde
filho bota fogo na mãe, e ouvindo as maravilhas contadas sobre o modo de vida
dos espanhóis por parentes próximos que lá estiveram por tempo suficiente para
ter contado e se familiarizar com o modo de vida daquele povo, principalmente a
maravilha de se poder andar tranquilamente pelas ruas, o que me deixou com
inveja porque sou medroso, não saio mais à noite e por isso perdi de ver o Zé
Ramalho, autor de um recado incompreendido através da música POVO MARCADO, POVO
FELIZ. Mesmo durante o dia, aqui na terra que não posso mais chamar de minha
terra porque se fosse minha eu poderia sair sem nada temer. Ante tantas coisas
boas existentes nas bandas de lá, e eu acostumado a tantas coisas ruins na
banda de cá, até pensei que talvez os espanhóis estivessem se redimindo da
desumanidade que praticaram contra os incas, como estou vendo aqui no fabuloso
livro Uma Breve História do Mundo, de Geoffrey Blainey, nas páginas que
antecedem e precedem a página 172. Ali se vê coisas do arco da velha, como, por
exemplo, o assombroso poder de convencimento que a religiosidade exerce sobre
as pessoas. Como é fácil conduzir o cérebro e fazê-lo funcionar seguindo esta
condução! E ainda mais impressionante é o fato de ainda haver traços vigorosos
na cultura atual da cultura de povos que existiram há milhares de anos atrás
quando, por exemplo, entre os incas, um jovenzinho e uma jovenzinha com inteiro
apoio dos pais iam ambos satisfeitos para o martírio de serem dependurados de
cabeça para baixo, sangrados por um sacerdote com uma faca de pedra, e depois
terem o coração arrancado e queimado numa fogueirona. A convicção daqueles jovenzinhos
e do seu povo de estar fazendo algo extremamente útil para si e para seu povo, ainda
hoje, milhares de anos depois, continua convencendo pessoas de haver vantagem
em ir para o cadafalso. Aliás, de modo ainda mais brutal porque naqueles tempos
subiam ao patíbulo os dispostos a isto, enquanto nos tempos modernos até pobres
crianças sem discernimento são sacrificadas. A estupidez de tal comportamento é
visível para tantos quantos não sofram a influência maligna dos tempos
demoníacos de arrecadar dinheiro e enlouquecer as pessoas com um fanatismo
satânico capaz de encontrar algo de bom em ser sangrado ou explodido. Olha que
o Professor Geoffrey Blainey sabe onde tem o nariz e ele parece horrorizado
quando afirma que os sacrifícios humanos como ato religioso entre os incas mais
parecia uma carnificina porquanto podia chegar a milhares de vítimas no mesmo
mês. Entretanto, para aqueles cujo cérebro foi conduzido a convencer seu
portador de que aquilo era muito bom, era tudo realmente muito bom para eles. A
diferença entre os mortos para satisfação de Deus do tempo dos incas e os de
hoje está na quantidade de sacrificados e isto significa que toda a evolução
que a humanidade conseguiu alcançar em milhares de anos foi tão somente
diminuir o número dos que se matam por Deus. É muito pouco e é preciso que se
pense sobre isso em termos diferentes de juntar dinheiro, querer saber como
aparecemos por aqui, ou o que está lá bem longe no espaço, ou precisar de
armas.
O convencimento determina o comportamento físico e
espiritual de tal forma que o camarada toma injeção de água, convencido de
estar tomando um medicamento infalível, e fica recuperado da doença. Neste
momento estamos tendo um perfeito exemplo de convencimento sobre os fanáticos
convencidos da santidade do pastor Marcos Pereira que estão absolutamente
certos de se tratar de uma santidade em vez de um bandido tão bandido que
mandou o próprio sobrinho matar uma garota que falava demais sobre suas
peripécias. Tá tudinho na Revista Veja. Não se entende porque o convencimento de
ser mentira a denúncia da revista não leva os fanáticos a interpor uma ação
judicial por calúnia e difamação contra a revista Veja por falar mentiras. O
convencimento encontra campo fértil em cérebros desprovidos de conhecimento
sobre o assunto apresentado. A religiosidade, por exemplo, como se pode
facilmente notar, floresce entre as pessoas que só tem a bíblia como paradigma.
Ninguém, absolutamente ninguém, com conhecimento sobre a origem e o
desenvolvimento de cada uma das religiões existentes seria religioso. Como o
aprendizado da História só é chamado de estudo, nunca de leitura, as pessoas
não se interessam em função da idéia de obrigação que acompanha a palavra
estudar. Porém, o livro chamado A Papisa Joana, um romance muito agradável e
que prende o leitor, é uma pequena amostra da realidade no ambiente do
Vaticano. Quem pensa haver santidades por lá, leia o livro. Ao fazer isso,
tem-se duas vantagens: Deliciar-se com um romance maravilhoso, e, ao mesmo
tempo, ter uma visão microscópica do que seja o catolicismo. São casos de
crimes escabrosos revelados por quem estudou profundamente a questão como os
historiadores, e eles nos revelam não haver nem vestígio de santidade lá
dentro. O livro citado trata de religião só nas entrelinhas. Nas linhas só
existe uma história muito bem bolada e emocionante. Trata-se de um romance
destes que quando se pega não se quer mais largar. Por desconhecer a existência
de outros caminhos, a humanidade caminha sempre pelo mesmo. Mas, é preciso
trocar por outro o convencimento que convenceu a humanidade a caminhar por este
caminho porque está demasiadamente lento o afastamento dos tempos de pura
animalidade. A Inglaterra e a Espanha acabam de nos demonstrar esta triste
verdade. Os ingleses, os mesmos que mudaram tanto as coisas e até fizeram a
Revolução Industrial, regrediram para a situação atual de tal apego às
tradições que ainda mantém uma realeza caríssima e inútil, e o povo de lá está tão
imbecilizado pela vulgaridade quanto todas as bestas humanas de todo o mundo. A
futilidade de idiotas está levando homens ingleses a se contorcerem com as
dores do parto. Era só o que faltava! Deve ser uma forma deturpada de
homossexualismo. A Espanha com a qual eu sonhava, se esqueceu do exemplo da
capacidade de inovação com que despachou Colombo para as descobertas, depois de
botar um ovo em pé. Aqueles ares de curiosidade salutar e inovação que deviam
levar a Espanha a ser um baluarte no desbravamento da selva de ignorância,
maldade e muita infelicidade que contaminam o mundo, em vez disso o que se vê é
um povo tão idiota que ainda se encontra também envolvido com realeza e capaz
de fazer um alvoroçado escarcéu em torno de um pobre, inocente e insignificante
garoto cuja única habilidade é jogar futebola e esbanjar imaturidade. Pois os
espanhóis, sofrendo crises de todo tipo, pagaram uma montanha de dinheiro para
que fosse prá lá correr atrás de uma bola aquele garoto pobre de espírito para
quem a vida se resume em ganhar dinheiro para comprar carros carros e lindas
prostitutas televisivas. Total bestialidade envolveu os seres humanos de tal
modo que as futilidades adquiriram hegemonia sobre os assuntos importantes para
o bem estar social como o desemprego, por exemplo. A falta de ocupação capaz de
prover o sustento de mais de um bilhão de pessoas no mundo é uma coisa muito
grave e levada na troça. Um dia esse pessoal se cansa de ser empurrado mais prá
lá. A impossibilidade de haver emprego para todos já está levando o governo a
fazer campanha em prol da prostituição como ocupação. Era só o que faltava!
Além da televisão, também o governo a promover prostituição. O governador de
São Paulo avisou que qualquer dia vai faltar guilhotina.
A recomendação do Mestre do
Saber Spinoza para se observar a vida e o mundo, contém mais sabedoria do que
todo o ensinamento de todos os profetas que recomendaram Deus. Juntando a
leitura de Uma Breve História do Mundo e a observação das peripécias pelas
quais passamos em nossa trajetória desde tempos chamados imemoriais, deste
dueto resultará real benefício social porque desta conjectura chega-se à
conclusão de haver necessidade urgente de mudarmos nosso comportamento para posição
oposta à que estamos indo. Estamos andando ao contrário uma vez que ainda
estamos mais brutos do que quando éramos nômades e o eterno caminhar em busca
de comida, a coisa mais importante da vida, nos obrigava a abandonar os velhos
e os nascidos com problema físico para que morressem. Quem já saiu do estado de
manada e aprendeu a pensar, percebe que só a natureza determina nossa vida. A
necessidade de buscar comida, exigência máxima da natureza, era a causa da
morte dos nascidos com defeito e dos velhos porque quando se está com fome a
natureza não permite que vá carregar mais peso do que o seu porque isto
atrapalharia o deslocamento e poderia mesmo ocasionar a morte pelo atraso em
conseguir comida. Entretanto, como para se chegar à tal conclusão faz-se
necessário usar o pensamento, e como manada não pode pensar, decorridos milhões
de anos ainda estejamos praticando os mesmos atos, e com maior brutalidade
porque as crianças nem precisam ser mal formadas para serem abandonadas. Tá ou
num tá tuderrado? Inté.
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