domingo, 9 de junho de 2013

ESTUPIDEZ DESUMANA II


                  Até antes dos atuais acontecimentos relacionados à estupidez do futebola eu tinha a impressão de que entre todos os povos do mundo os espanhóis teriam alcançado um desenvolvimento espiritual tão elevado que lhes teria dado uma perfeita absorção do sentimento de sociabilidade. Vivendo numa sociedade onde filho bota fogo na mãe, e ouvindo as maravilhas contadas sobre o modo de vida dos espanhóis por parentes próximos que lá estiveram por tempo suficiente para ter contado e se familiarizar com o modo de vida daquele povo, principalmente a maravilha de se poder andar tranquilamente pelas ruas, o que me deixou com inveja porque sou medroso, não saio mais à noite e por isso perdi de ver o Zé Ramalho, autor de um recado incompreendido através da música POVO MARCADO, POVO FELIZ. Mesmo durante o dia, aqui na terra que não posso mais chamar de minha terra porque se fosse minha eu poderia sair sem nada temer. Ante tantas coisas boas existentes nas bandas de lá, e eu acostumado a tantas coisas ruins na banda de cá, até pensei que talvez os espanhóis estivessem se redimindo da desumanidade que praticaram contra os incas, como estou vendo aqui no fabuloso livro Uma Breve História do Mundo, de Geoffrey Blainey, nas páginas que antecedem e precedem a página 172. Ali se vê coisas do arco da velha, como, por exemplo, o assombroso poder de convencimento que a religiosidade exerce sobre as pessoas. Como é fácil conduzir o cérebro e fazê-lo funcionar seguindo esta condução! E ainda mais impressionante é o fato de ainda haver traços vigorosos na cultura atual da cultura de povos que existiram há milhares de anos atrás quando, por exemplo, entre os incas, um jovenzinho e uma jovenzinha com inteiro apoio dos pais iam ambos satisfeitos para o martírio de serem dependurados de cabeça para baixo, sangrados por um sacerdote com uma faca de pedra, e depois terem o coração arrancado e queimado numa fogueirona. A convicção daqueles jovenzinhos e do seu povo de estar fazendo algo extremamente útil para si e para seu povo, ainda hoje, milhares de anos depois, continua convencendo pessoas de haver vantagem em ir para o cadafalso. Aliás, de modo ainda mais brutal porque naqueles tempos subiam ao patíbulo os dispostos a isto, enquanto nos tempos modernos até pobres crianças sem discernimento são sacrificadas. A estupidez de tal comportamento é visível para tantos quantos não sofram a influência maligna dos tempos demoníacos de arrecadar dinheiro e enlouquecer as pessoas com um fanatismo satânico capaz de encontrar algo de bom em ser sangrado ou explodido. Olha que o Professor Geoffrey Blainey sabe onde tem o nariz e ele parece horrorizado quando afirma que os sacrifícios humanos como ato religioso entre os incas mais parecia uma carnificina porquanto podia chegar a milhares de vítimas no mesmo mês. Entretanto, para aqueles cujo cérebro foi conduzido a convencer seu portador de que aquilo era muito bom, era tudo realmente muito bom para eles. A diferença entre os mortos para satisfação de Deus do tempo dos incas e os de hoje está na quantidade de sacrificados e isto significa que toda a evolução que a humanidade conseguiu alcançar em milhares de anos foi tão somente diminuir o número dos que se matam por Deus. É muito pouco e é preciso que se pense sobre isso em termos diferentes de juntar dinheiro, querer saber como aparecemos por aqui, ou o que está lá bem longe no espaço, ou precisar de armas.

O convencimento determina o comportamento físico e espiritual de tal forma que o camarada toma injeção de água, convencido de estar tomando um medicamento infalível, e fica recuperado da doença. Neste momento estamos tendo um perfeito exemplo de convencimento sobre os fanáticos convencidos da santidade do pastor Marcos Pereira que estão absolutamente certos de se tratar de uma santidade em vez de um bandido tão bandido que mandou o próprio sobrinho matar uma garota que falava demais sobre suas peripécias. Tá tudinho na Revista Veja. Não se entende porque o convencimento de ser mentira a denúncia da revista não leva os fanáticos a interpor uma ação judicial por calúnia e difamação contra a revista Veja por falar mentiras. O convencimento encontra campo fértil em cérebros desprovidos de conhecimento sobre o assunto apresentado. A religiosidade, por exemplo, como se pode facilmente notar, floresce entre as pessoas que só tem a bíblia como paradigma. Ninguém, absolutamente ninguém, com conhecimento sobre a origem e o desenvolvimento de cada uma das religiões existentes seria religioso. Como o aprendizado da História só é chamado de estudo, nunca de leitura, as pessoas não se interessam em função da idéia de obrigação que acompanha a palavra estudar. Porém, o livro chamado A Papisa Joana, um romance muito agradável e que prende o leitor, é uma pequena amostra da realidade no ambiente do Vaticano. Quem pensa haver santidades por lá, leia o livro. Ao fazer isso, tem-se duas vantagens: Deliciar-se com um romance maravilhoso, e, ao mesmo tempo, ter uma visão microscópica do que seja o catolicismo. São casos de crimes escabrosos revelados por quem estudou profundamente a questão como os historiadores, e eles nos revelam não haver nem vestígio de santidade lá dentro. O livro citado trata de religião só nas entrelinhas. Nas linhas só existe uma história muito bem bolada e emocionante. Trata-se de um romance destes que quando se pega não se quer mais largar. Por desconhecer a existência de outros caminhos, a humanidade caminha sempre pelo mesmo. Mas, é preciso trocar por outro o convencimento que convenceu a humanidade a caminhar por este caminho porque está demasiadamente lento o afastamento dos tempos de pura animalidade. A Inglaterra e a Espanha acabam de nos demonstrar esta triste verdade. Os ingleses, os mesmos que mudaram tanto as coisas e até fizeram a Revolução Industrial, regrediram para a situação atual de tal apego às tradições que ainda mantém uma realeza caríssima e inútil, e o povo de lá está tão imbecilizado pela vulgaridade quanto todas as bestas humanas de todo o mundo. A futilidade de idiotas está levando homens ingleses a se contorcerem com as dores do parto. Era só o que faltava! Deve ser uma forma deturpada de homossexualismo. A Espanha com a qual eu sonhava, se esqueceu do exemplo da capacidade de inovação com que despachou Colombo para as descobertas, depois de botar um ovo em pé. Aqueles ares de curiosidade salutar e inovação que deviam levar a Espanha a ser um baluarte no desbravamento da selva de ignorância, maldade e muita infelicidade que contaminam o mundo, em vez disso o que se vê é um povo tão idiota que ainda se encontra também envolvido com realeza e capaz de fazer um alvoroçado escarcéu em torno de um pobre, inocente e insignificante garoto cuja única habilidade é jogar futebola e esbanjar imaturidade. Pois os espanhóis, sofrendo crises de todo tipo, pagaram uma montanha de dinheiro para que fosse prá lá correr atrás de uma bola aquele garoto pobre de espírito para quem a vida se resume em ganhar dinheiro para comprar carros carros e lindas prostitutas televisivas. Total bestialidade envolveu os seres humanos de tal modo que as futilidades adquiriram hegemonia sobre os assuntos importantes para o bem estar social como o desemprego, por exemplo. A falta de ocupação capaz de prover o sustento de mais de um bilhão de pessoas no mundo é uma coisa muito grave e levada na troça. Um dia esse pessoal se cansa de ser empurrado mais prá lá. A impossibilidade de haver emprego para todos já está levando o governo a fazer campanha em prol da prostituição como ocupação. Era só o que faltava! Além da televisão, também o governo a promover prostituição. O governador de São Paulo avisou que qualquer dia vai faltar guilhotina.

A recomendação do Mestre do Saber Spinoza para se observar a vida e o mundo, contém mais sabedoria do que todo o ensinamento de todos os profetas que recomendaram Deus. Juntando a leitura de Uma Breve História do Mundo e a observação das peripécias pelas quais passamos em nossa trajetória desde tempos chamados imemoriais, deste dueto resultará real benefício social porque desta conjectura chega-se à conclusão de haver necessidade urgente de mudarmos nosso comportamento para posição oposta à que estamos indo. Estamos andando ao contrário uma vez que ainda estamos mais brutos do que quando éramos nômades e o eterno caminhar em busca de comida, a coisa mais importante da vida, nos obrigava a abandonar os velhos e os nascidos com problema físico para que morressem. Quem já saiu do estado de manada e aprendeu a pensar, percebe que só a natureza determina nossa vida. A necessidade de buscar comida, exigência máxima da natureza, era a causa da morte dos nascidos com defeito e dos velhos porque quando se está com fome a natureza não permite que vá carregar mais peso do que o seu porque isto atrapalharia o deslocamento e poderia mesmo ocasionar a morte pelo atraso em conseguir comida. Entretanto, como para se chegar à tal conclusão faz-se necessário usar o pensamento, e como manada não pode pensar, decorridos milhões de anos ainda estejamos praticando os mesmos atos, e com maior brutalidade porque as crianças nem precisam ser mal formadas para serem abandonadas. Tá ou num tá tuderrado? Inté. 

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