sábado, 27 de maio de 2017

ARENGA 424


A palavra povo é muitas vezes mais eficiente para definir um comportamento desinteligente do que a palavra estupidez. Nesse exato momento em que esta República Brasileira de Bananas chegou  a um estado de degradação moral nunca antes alcançado em sua trajetória de imoralidades, baixezas e vilanias, cerca de cem a cento e cinquenta mil dos mais de duzentos milhões de macacos deslumbrados com o American Way of Life que aqui vivem ajuntaram-se em Brasília, quebraram vidros de alguns prédios públicos comprados com seu próprio dinheiro, fizeram fogueirinhas nas ruas, requebraram e saltitaram ao som de gritinhos de pedidos de justiça, de fora cicrano, fora beltrano, queremos eleições diretas já. Imbecilidades, só imbecilidades. Tomaram porrada da polícia, infelizmente muito menos do que mereciam, e retornaram depois da sova às suas casas, lambuzaram com unguento os hematomas e os calombos e passaram à rotina de se entusiasmar com o incentivo da papagaiada de microfone que os orienta na direção do pão e circo. Enquanto isso, ciente da debilidade mental do povo, o governo dos banqueiros o convence de estar tudo às mil maravilhas apenas com propaganda paga com o dinheiro do próprio povo. Está aí, alardeada pelos papagaios de microfone uma propaganda que termina assim: GOVERNO FEDERAL: ORDEM E PROGRESSO! Pronto. É o bastante para que o povo se convença de estar tudo muitíssimo bem, sem, entretanto, nem de longe perceber que a ordem a que se se refere a propaganda do governo é o conformismo dos palermas com a realidade de terem o rabo fustigado, e o progresso é nada mais nem menos do que o inchaço das contas dos empresários nos infernos fiscais. Povo é nada mais que um joguete nas mãos do grupinho de ignorantes de sociabilidade que se apossaram do mundo, e do alto de suas poses e posses manipulam os cordões que movimentam a marionete povo. A notícia de que o  Bando Mundial recomenda que o governo desta república de bananas amplie o Bolsa Família para enfrentar a crise que massacra os brasileiros de triste memória é clara declaração da incapacidade que tem o povo de saber o que lhe serve ou desserve. Banqueiros desnaturados mandam jogar uma moeda para o povo sofrido na certeza de que esta esmola fará com que a massa bruta deixe as reivindicações e volte ao pão e circo.   

 A enxurrada barrenta conduzindo um troço de bosta é a perfeita representação da liderança de politiqueiros conduzindo o povo em sua eterna indiferença quanto ao destino que espera por ele. Nesse exato momento, o povo brasileiro tem dois tipos de enxurrada a conduzi-lo: a que o conduz no momento, formada por banqueiros, empreiteiros e os politiqueiros de sempre, ou uma nova enxurrada que apesar de formada por eleição direta, será tão imunda quanto a que o conduz agora. A biografia dos prováveis candidatos mostra que todos deveriam estar cumprindo pena por alguma canalhice. A humanidade não será outra coisa senão um troço de bosta sem destino enquanto o povo não passar a ser gente. Até mesmo nos lugares onde se aglomeram os povos mais velhos do mundo, cuja experiência já lhes devia ter feito perceber que ser povo é ser um troço de bosta, até mesmo nesses lugares os povos são levados ao sabor de enxurradas que os conduzem independentemente da vontade dos conduzidos. É tudo tão simples quanto água limpa no meu copo de cristal em que eu tomava uísque antes de ser proibido de fazê-lo por doença no estômago, mais uma das restrições impostas pela velhice que os jovens estão certos de nunca atingi-los, ignorância proveniente de sua eterna recusa em evoluir espiritualmente. A situação de calamidade mental do povo se deve ao fato de ser o ele orientado para uma inexplicável paixão pelo pão e circo, quando deveria ser orientado para o desenvolvimento espiritual. No momento em que o povo adquirir maturidade bastante para se auto conduzir em vez de ser conduzido feito bois, a partir desse momento descobrirá ter sido desde sempre induzido a erro tão monumental que busca sua própria extinção em vez da preservação.

     A recente brutalidade que infelicitou várias famílias inglesas demonstra com perfeição o quanto longe estão todos os povos do mundo da capacidade de agir conforme a razão. Diante de tão brutal acontecimento, as providências tomadas pelos povos tidos como os mais civilizados do mundo foram tão inócuas quanto as dos macacos deslumbrados de Brasília: Apresentaram bravatas, armas e mais violência para contrapor a violência que haverá de atormentá-los enquanto precisarem ser conduzidos por defensores do ajuntamento de riqueza ao lado do ajuntamento de miséria. O que fizeram os “civilizados” diante daquele acontecimento monstruoso foi acender velas, fazer orações e minutos de silencio, quando o que precisava e precisa ser feito é observar o raciocínio lúcido de não ser possível resolver um problema enquanto perdurarem as circunstâncias que dão origem a esse problema.  E elas, as circunstâncias que dão origem não só ao último ato bárbaro de terrorismo que estraçalhou inocentes crianças, mas também de todos os demais problemas do mundo é uma só: a recusa em se evoluir mentalmente para ser percebido que é inteiramente impossível viver uma situação em que apenas um por cento da humanidade retém em seu poder noventa e nove por cento da riqueza da mundo.

Tendo ainda os seres humanos o mesmo comportamento dos bichos, em vez do recurso da inteligência que os levaria a atitudes civilizadas na solução dos problemas, usam da brutalidade como recurso para a violência contra aqueles que realmente têm justas reivindicações a fazer, realidade que aparece até mesmo nos parlamentos. Lá deveriam haver espécimes de gente que fizessem prevalecer a sabedoria. Um trecho sobre o comportamento humano copiado da página 368 do livro História da Raça Humana, de Henry Thomas, mostra mais uma vez não só como temos sido bárbaros, mas também a necessidade de sermos diferentes. Nesse trecho, nota-se que o historiador, com justíssima razão, dá maior valor aos poetas do que aos governantes porque fala em “descer” quando deixa o assunto sobre reis para passar a falar dos poetas: Desçamos mais uma vez dos poetas para os reis. No século XVIII a civilização da Europa quase atingia seu fim, como resultado da ambição e dos desatinos de seus governantes. A geração que veio depois de Shakespeare presenciou a mais sangrenta guerra religiosa de toda a História. Durante trinta anos os reis católicos e os príncipes protestantes massacraram seus súditos e devastaram suas nações para “a maior glória de Deus”. Quando terminou a guerra, a Europa Central era um deserto. Homens e lobos famintos lutavam pela carcaça de um cavalo; a população da Alemanha diminuiu de dezesseis para seis milhões de criaturas humanas; o Palatinado (um dos Estados da Alemanha Ocidental) foi saqueado vinte e oito vezes; e a Boêmia teve nada menos de trinta mil aldeias incendiadas”.

É o comportamento resultante da cultura proveniente do que é ensinado às crianças. Aquelas pobres crianças inglesas destroçadas no penúltimo  (outros advirão) ataque terrorista foram vítimas da cultura transmitida de geração a geração através do aprendizado que valoriza religiosidade, apego a riqueza, e, principalmente, a desnecessidade de ser observada a existência de outras pessoas que também têm necessidades a satisfazer e que não se conformam em ser afrontadas pelo escárnio do resto do mundo ao jogar-lhes na cara os espetáculos de futilidades que são a materialização da indiferença dos que não sofrem ante os que muito sofrem. Aqui em nossa Vitória da Conquista, enquanto a violência extermina os jovens pobres, a cidade se alvoraço para receber o milionário Roberto Carlos, marionete do pão e circo. Estas coisas causam a revolta de indivíduos tão pobres de espírito quanto aqueles que os afrontam e materializam sua revolta através de barbaridades. No frigir dos ovos, culpados por toda a merda que existe no mundo são os pais incapazes de romper com o tradicionalismo e injetar em suas crianças outra forma de encarar a tarefa de viver. Enquanto a educação a ser ministrada for programada pelos Reis Midas do mundo haverá choro e ranger de dentes.

 

quarta-feira, 24 de maio de 2017

ARENGA 423


Embora só se chegue a esta conclusão depois de passada a fase eufórica das frivolidades próprias da juventude, mas a verdade é que aos poucos os sonhos vão dando lugar à realidade, e de decepção em decepção a alegria que parecia eterna vai diminuindo sob o ataque impiedoso do desgaste natural do qual absolutamente nada escapa, até restar, como diz Schopenhauer, apenas uma sombra de tudo aquilo que se foi. Uma espiada nas UTIs é a melhor maneira de se constatar esta realidade que, entretanto, só é motivo de desespero para quem passa a vida tão preocupado em ajuntar riqueza que nem tem tempo para se elevar espiritualmente. Quem prestou atenção nos ensinamentos dos Grandes Mestres do Saber aprendeu que o vigor físico, como o solado dos sapatos, também vai se desgastando durante a execução da tarefa de viver, o que não deve ser motivo de revolta porque a revolta dá origem à ansiedade que só faz acrescentar novos sofrimentos aos que já existem. À medida que se consome o vigor físico, vão aparecendo desconfortos que se tornam sofrimentos ainda maiores para os desprovidos de qualquer outro conhecimento fora da atividade de ajuntar riqueza e não considerar as outras pessoas à volta. O que os frequentadores de igreja, axé e futebola acreditam tratar-se de pecado, nada mais é do que o triste resultado de se viver isolado e indiferente à necessária comunhão que deve existir entre absolutamente todos os seres humanos, sem distinção de um só deles. Mas, se os sofrimentos fazem parte da tarefa de viver, sendo, portanto, inevitáveis, nem por isso precisam existir em tamanha quantidade e nem na intensidade que existem. Observando o comportamento dos seres irracionais, percebe-se serem eles menos infelizes que os seres humanos, o que se deve ao fato de não terem ainda estes percebido que a natureza os diferenciou daqueles com a capacidade de raciocinar, que se usada adequadamente faria com que o ser humano contornasse os sofrimentos que os atormentam em vez de padecê-los mais do que padecem os bichos que curtem melhores momentos de paz porque só sentem medo quando em iminente perigo, ao passo que o ser humano vive eternamente atormentado por todo tipo de medo, o que se deve à tenaz resistência em evoluir espiritualmente, permanecendo no mesmo barbarismo dos tempos de bicho, quando havia necessidade de matar o semelhante, cultura bárbara que ainda é transmitida de geração a geração. Nossa história dá maior valor a líderes de matança do que aos líderes pacifistas, o que equivale a considerar os destruidores da paz em detrimento daqueles que perceberam a possibilidade de virem os seres humanos a desfrutar do bem-estar que cada um busca para si, mas que só pode existir se for para todos, realização que estará longe de ser alcançada enquanto apenas um por cento dos humanos condenarem noventa e nove por cento deles a viver com apenas um por cento da riqueza do mundo. Se materialmente ainda somos tão semelhantes aos bichos que também precisamos matar para viver, o fato de causar mal-estar este procedimento realmente bárbaro dá mostras de algum tipo de finura de comportamento que precisa ser cultivado e aprimorado a fim de se engendrar uma forma de vida condizente com a dignidade que merece ter o ser humano.

Toda infelicidade do mundo resulta da educação deturpada que se dá às crianças. Na página 370 do livro História da Raça Humana, o historiador Henry Thomas conta que à criança francesa que viria a ser o rei Luís XIV foi dada uma educação voltada exclusivamente para a violência, armas, desprezo pelos seres humanos e uma convicção de superioridade tão grande que veio depois a se intitular a si próprio de Rei-Sol, tal era sua arrogância. Como não falta puxa-saco em torno de quem exerce poder, também conta o historiador que Luís Bertrand biografou o rei Luís XIV como “o mais divino tipo de homem jamais produzido na França, porque sua vida inteira foi gasta na produção da guerra”. Não deixa de ser interessante a menção que faz o historiador sobre o fato de apesar da petulância, desperdício dos recursos públicos e a monumental imponência perdulária, o catolicíssimo Rei-Sol lavava os pés de doze pobres toda sex-feira santa, idiotice que ainda é praticada pelo Papa, o que se deve à recusa em se evoluir mentalmente o necessário para que seja encarada a vida com a sinceridade que ela exige porque em termos de qualidade da vida social a ninguém é dado o direito de encontrar algum resultado prático no fato ridículo de se beijar o pé de alguém. Nosso passado de insanidade, destruição e a crueldade das matanças para buscar riqueza ou para agradar Deus, brutalidades que a história registra nas guerras para construção dos impérios, na Reforma Religiosa, nas Cruzadas e na Inquisição, esta realidade nua e crua chega a dar a impressão de ter sido a história da humanidade escrita por algum comunista safado ou por um ateu igualmente safado para denegrir a imagem de Deus e dos ricos adeptos da doutrina que prega o primeiro eu e os outros que se danem, defendida pelo modo brutal de administrar a riqueza do mundo para fazer mais riqueza e não para preservar a vida e construir paz, harmonia e bem-estar, como realmente deve ser, mas que só será quando houver uma juventude que não leve para casa um zero do Enem. Inté.   

 

domingo, 21 de maio de 2017

ARENGA 422


Na página 68 do livro Os Fundamentos do Direito, Editora Martin Claret, o filósofo Léon Duguit observa que mediante o voto criaram-se parlamentos contra o despotismo dos reis, vindo depois o indivíduo a cair no despotismo dos parlamentos. Observando o modo como se comporta o povo através da história da humanidade chega-se à conclusão de se tratar de seres tão espiritualmente insignificantes que não merecem outro destino no mundo que não o de levar ferro a torto e a direito. Trata-se de seres tão extravagantes que consideram como seus expoentes máximos aquelas pessoas cujos únicos méritos se resumem na capacidade de matar e destruir, ou aquelas cujos únicos méritos se resumem na capacidade de promover brincadeiras, enquanto que a arte de viver, como nos ensinaram os filósofos, exige necessidade das ponderações, meditações e conclusões sobre a melhor maneira de se comportar durante a viagem curta que vai do nascimento à morte. Isto quer dizer que demanda uso da inteligência e seriedade. As brincadeiras são folguedos que embora indispensáveis à vida, devem restringir-se apenas aos momentos de intervalo entre os de ponderações mentais elevadas a fim de descansar a cuca. Nunca, em tempo algum, devem as brincadeiras ser consideradas como atividade principal como as consideram os seres humanos a ponto de transformar seus promotores em pessoas merecedoras de fama, celebridade e riqueza. É este desvio de finalidade da atividade de viver que dá origem ao triste e infeliz destino do ser humano que nem mesmo sabe que é infeliz.

No que diz respeito à espécie mais indigna entre os indignos seres humanos, os brasileiros, estão estes fadados a carregar no lombo desde o berço e para sempre o peso morto de parasitas sociais. Esfolados nos primeiros tempos de cortar Pau-Brasil para carregar caravelas, de lá para cá vem tendo o rabo fustigado por todos os tipos de governos nacionais e estrangeiros. Para fechar com chave de ouro a infelicidade deste povinho de merda, fala-se agora num governo encabeçado por HENRIQUE MEIRELES, representante da classe antissocial dos banqueiros cuja perversidade contra o povo não tem limite. Na “prosa” anterior, vimos que a história mostra a sacanagem que os banqueiros faziam com os pobres de espírito que formam a massa bruta de povo, recebendo comissão dos chefes religiosos tão socialmente criminosos quanto os banqueiros para enganar aqueles infelizes vendendo-lhes passagens para o céu. Crimes contra a sociedade de tal monta só existe no comportamento dos advogados milionários à custa de vender imagem honesta de salafrários que roubando o erário deturpam tanto o ambiente social que dão origem à morte de milhares de pessoas, principalmente crianças. O destino deste povinho escória da humanidade parece mesmo ter sido traçado por Satanás porque outro nome cogitado para presidir esta república de banana é LUCIANO HUCK, representante de uma categoria constituída de analfabetos políticos e de tudo o mais, verdadeiros palhaços que se sentem realmente importantes por terem sido transformados em famosos e celebridades de araque, marionetes cujos cordão são manejados pelos fomentadores do pão e circo, cuja única finalidade é esconder a verdade como fazem todos aqueles que têm algo a esconder, realidade que pode ser constatada na necessidade de se proibir um simples comentário a uma noticia no jornal como aconteceu com meu comentário à matéria da jornalista Mônica Bergamo no jornal Folha de São Paulo, intitulada STF PODE EVITAR QUE LULA SEJA PRESO DEPOIS DE CONDENAÇÃO EM 2ª INSTÂNCIA. Caso alguém encontre alguma mentira no meu comentário, que levante a mão: “O STF é o órgão máximo da justiça. A justiça aplica a lei. A lei é feita para proteger bandidos. Não podia ser diferente.” Foi o que comentei sobre a notícia de ser o STF contra a prisão de Lula. Por que, então, precisa ser cortado? Caso a lei não protegesse bandidos, estariam impunes os políticos, na verdade criminosos muitas vezes mais danosos à sociedade do que os infelizes que abarrotam os presídios? Pode-se encontrar outra finalidade no instituto criado pela lei, chamado PRESCRIÇÃO, senão a postergação do julgamento de crimes praticados pelos bandidos de gravata até que decorra o tempo necessário para que se vejam isentos da acusação, cujo exemplo maior é Paulo Maluf? Entretanto, apesar da mais transparente verdade, precisa ser escondida. Enquanto isto, no mesmo jornal Folha de São Paulo há uma coluna voltada para assuntos relacionados com cachorrinhos e gatinhos de madame. Cadê que ninguém se preocupa com as criancinhas, do mesmo modo como se preocupa com ricos empresários como demonstra a notícia de que o banqueiro Henrique Meireles busca acalmar investidores sobre consequências de delações? É por estas e outras do mesmo tipo que a vida não pode se deixar enrolar pelo pão e circo, como nos ensinam os filósofos. Portanto, juventude aparvalhada, que nem sequer sabe que um dia será julgada por seus descendentes, para merecer a estima e o respeito deles coloque a vivacidade própria dos jovens no lugar da estupidez a que foram vocês reduzidos pelo pão e circo. A única fé que merece realmente fé é a fé na razão. Não há mais lugar no mundo para o pensamento do religioso Santo Agostinho propondo que se dê maior ênfase à fé (religiosa) do que à razão. Inté.

 

 

sexta-feira, 19 de maio de 2017

ARENGA 421


Embora consciente de que só máquinas pode fazê-lo, este blog tem uma fé de remover montanhas e uma esperança do mesmo tamanho em que a juventude do mundo perceba ser o sentimento de irmandade a única coisa capaz de fazer com que os seres humanos não sofram tanto. Um sentimento de irmandade que se houvesse nossos irmãos negros e índios teriam sido tratados com respeito em vez de escravizados e assassinados. Absolutamente nada justifica que os seres humanos se recusem em evoluir espiritualmente, teimando em viver do mesmo modo como vivem os irracionais a se destruírem mutuamente. Dois textos extraídos do primeiro volume do grandioso livro HISTÓRIA DA CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL, de Edward McNall Burns, provam de modo irrespondível, a triste realidade de comportarem-se ainda os seres humanos de hoje do mesmo modo como se comportaram nossos antepassados de milhares de anos atrás. Da página 53, o capítulo intitulado A RELIGIÃO EGÍPCIA, diz o seguinte: “Logo após o estabelecimento do Novo Império a religião no Egito sofreu uma séria adulteração. Seu significado ético foi desvirtuado e a superstição e a magia ganharam ascendência. A causa principal parece ter sido uma desvalorização intelectual ocorrida ao tempo da longa guerra de expulsão dos hicsos. O rigor da luta favoreceu o desenvolvimento de atitudes irracionais. O resultado foi um notável aumento de poder dos sacerdotes, que exploravam o terror das massas em proveito próprio. Ávidos de lucro, inauguraram a prática da venda de feitiços mágicos, que tinham supostamente o poder de evitar que o coração dos mortos denunciasse o verdadeiro caráter destes. (Aqui se faz necessário o que quer dizer denúncia do coração. É que o morto era submetido a um interrogatório a fim de ser admitido no céu. A comprovação da veracidade de suas respostas era feita colocando seu coração numa balança em oposição a uma pena (símbolo da verdade) que deveria fazer a balança pender para seu lado). Voltemos, agora, para o texto: “Vendiam também fórmulas que, asseveravam, inscritas em rolos de papiro e colocadas nas tumbas, eram valiosas para facilitar a entrada do morto no reino dos céus. O conjunto dessas fórmulas constituía o chamado Livro dos Mortos. Contrariamente à impressão geral, não se tratava de uma Bíblia egípcia, mas de uma mera coleção de inscrições mortuárias. Algumas delas proclamavam a pureza moral do morto (lembra os advogados jurando de pé junto que o ladrão não é ladreão); outras ameaçavam os deuses com desastres, a menos que fosse por eles assegurada a recompensa eterna às pessoas cujos nomes registravam. Todas eram compradas na crença de que garantiam livre ingresso no reino de Re (Deus).” Esta era a mentalidade que orientava o comportamento das pessoas no primeiro aglomerado humano denominado Civilização Egípcia que existiu há cerca de seis mil anos atrás. Cinco mil e quinhentos anos mais tarde, quando seria de se esperar que os seres humanos olhassem para aqueles fatos históricos como acontecimentos provenientes de monumental falta de maturidade de um povo ainda desprovido de evolução mental, cinco mil e quinhentos anos depois, eis que o capítulo intitulado A VENDA DE INDULGÊNCIAS, copiado das páginas 452 e 453 do mesmo livro dá prova cabal de viverem os seres humanos por época do descobrimento da república brasileira de banana na mesma falta de evolução mental dos seus antepassados egípcios. Não é outro o motivo pelo qual os humanos estão predestinados à infelicidade da subserviência. São ainda tão tolos que se empolgam com discurso de político. Imensas multidões enchem praças para ovacionar políticos que se fazem passar por defensores, mas que na verdade são algozes da turba constituída por adultos tão facilmente enganáveis quanto crianças. É o que se constata deste outro capítulo: “A teoria em que se baseia a indulgência tem seu fundamento na famosa doutrina do Tesouro de Merecimento, desenvolvida pelos teólogos eclesiásticos no século XIII. De acordo com essa doutrina, Jesus e os santos, devido às suas “supérfluas” de que deram provas na terra, acumularam no céu um excesso de merecimento. Esse excesso constitui um tesouro de graça sobre o qual o papa pode sacar em benefício dos mortais comuns. Originalmente, as indulgências não eram concedidas em troca de pagamento em dinheiro, mas apenas como prêmio a obras de caridade, jejuns, participação numa cruzada ou coisa parecida. Foram os papas da Renascença, com a sua insaciável cupidez, os primeiros a iniciar a venda de indulgências como negócio lucrativo; e os métodos que empregavam não eram nada escrupulosos. O comércio de “perdões” passava muitas vezes para as mãos de banqueiros que os negociavam à base de comissão. Como exemplo, podemos citar os Fuggers, de Augsburgo, que se encarregavam de vender indulgências para Leão X, com a permissão de embolsar um terço da receita. O único objetivo do negócio era, naturalmente, angariar tanto dinheiro quanto fosse possível. Em consequência, os agentes dos banqueiros iludiam os ignorantes fazendo-lhes crer que as indulgências eram passaportes para o céu. Por volta do século XVI o nefando tráfico havia atingido as proporções de um escândalo gigantesco. Acreditava-se que os objetos usados por Cristo, pela virgem e pelos santos possuíam uma milagrosa virtude curativa ou protetora para qualquer pessoa que os tocasse ou lhes chegasse perto. Era inevitável que tal crença desse ensejo a inúmeras fraudes. Tornava-se fácil convencer camponeses supersticiosos de que qualquer lasca de madeira velha era um fragmento da verdadeira cruz. Evidente, não faltavam negociantes de relíquias para se aproveitarem desta credulidade. Os resultados foram fantasticamente além do que se pode acreditar. De acordo com Erasmo, as igrejas da Europa possuíam pedaços de madeira da verdadeira cruz em quantidade suficiente para construir um navio. Não menos de cinco tíbias do jumento montado por Jesus quando entrou em Jerusalém eram exibidas em lugares diferentes, para não falar em doze cabeças de João Batista. Martinho Lutero afirmou num libelo dirigido ao seu inimigo, o arcebispo de Morgúcia, que este dizia possuir “uma libra inteira do vento que soprou para Elias na caverna do Monte Horeb, além de duas penas e um ovo do Espírito Santo”,

Estarrecedor é constatar que ainda no presente começo do século vinte e um, o mundo continua na mesma pasmaceira intelectual. Ou alguém pode encontrar alguma diferença entre a sandice de comprar entrada para o céu, a cena ridícula do Papa beijando o pé do infeliz presidiário, jovens cepando fora a cabeça de outros jovens para conquistar a graça divina, ou o pastor que segundo a imprensa convocou fieis para vê-lo caminhar sobre as águas do rio, mas foi comido por três jacarés? Se a juventude gosta tanto de velocidade, por que permanecer nessa pasmaceira eterna da mesmice? Inté.

 

 

 

 

  

  

quarta-feira, 17 de maio de 2017

ARENGA 420


Matéria do jornalista Silvio Caccia Bava, intitulada Crise Sistêmica, publicada no jornal Le Monde Diplomatic Brasil, não só afirma a grande verdade de que a política é controlada pelas grandes empresas, mas também pergunta como proceder para que a democracia controle a economia. Embora não faltem cientistas políticos de brinco na orelha, filósofos e escritores alugados para engendrar filosofias baratas em torno do assunto, a resposta àquela pergunta é de uma simplicidade decepcionante para quem tem a despensa abastecida por conta do falatório complicador porque dispensa todo o aparato que gira como mariposa em torno da lâmpada, num converseiro enjoado e estéril sobre dialética, metafísica, burguesia, proletariado, marxismo, leninismo, absolutismo, liberalismo, direita, centro, esquerda, o que é ou deixa de ser filosofia, eterna baboseira que vai do nada a lugar nenhum, semelhante à religiosidade que ocupa montanhas de livros, tempo, recursos materiais, e não resulta em nenhum benefício prático capaz de proporcionar melhores condições de vida em algum dos quatro cantos do planeta. A simples atividade de pensar permite entender a palavra economia como o processo através do qual se obtém a riqueza pública, e democracia a forma de se exercitar a política que outra coisa não é senão a maneira de se administrar esta riqueza pública. Tirando fora tergiversações inúteis com que a papagaiada de microfone enche o saco até do Cristo Redentor dos “espertos” cariocas que se revelaram tão bobos quanto todos nós ao serem levados no “bico” por Sérgio Cabral, o que fica é a realidade nua e crua de ser tanto a economia quanto a democracia as causas de toda a infelicidade do mundo, razão pela qual o jornalista denomina de crise sistêmica, por afetar todo o organismo social mundial. Desta forma, é indiferente que a economia prevaleça sobre a democracia ou vice-versa porque nem de uma nem da outra provirá nada de bom uma vez que a economia visa arrancar o coro de noventa e nove por cento dos seres humanos acreditando que com tal estupidez estaria beneficiando os restantes um por cento deles, enquanto que a democracia é a fórmula política que permite aquela monstruosidade da qual resulta a situação aflitiva em que se encontra o mundo com guerras, choro e sofrimento convivendo com um inexplicável e alegre festejamento fomentado pelo pão e circo que eleva nulidades sociais à categoria de “famosos” e “celebridades”.  

Se o mundo está saturado de problemas que tendem a se tornar mais virulentos à medida que são destruídas as condições ambientais indispensáveis à vida, tais problemas se resumem em nada mais nem menos do que a verdade expressada pelo jornalista de ser a política controlada pelas grandes empresas. Sendo o objetivo único das empresas o enriquecimento a qualquer custo, principalmente através de processos desonestos, no que são favorecidas por administradores públicos escolhidos por um populacho politicamente analfabeto, tem-se o que a Operação Lava Jato está desnudando, e que ocorre no mundo inteiro, embora sejam maiores os horrores nas repúblicas de banana habitadas por macacos deslumbrados pelo American Way of Life. Desse modo, só infelicidade advirá para o povo de uma política seja ela democrática ou autocrática, desde que executada por empregados das grandes empresas, como devem ser definidos os políticos, uma vez que para as empresas povo não significa nada mais do que massa amorfa de imbecis cuja única finalidade se resume em pôr suas máquinas em funcionamento e comprar as bugigangas no dia das mães, dos pais, dos namorados, do cachorro e do gato. Sendo monstros de cuja boca escorre baba de dragão que determinam a seus empregados a forma criminosa de exercer a política, fica claro o motivo pelo qual a imprensa noticia que a delação do Palocci provoca calafrios tanto nos políticos quanto nos banqueiros e empresários de renome. A realidade é que estão todos com o rabo entre as pernas ante a possibilidade de vir o ex-ministro a contar os crimes que praticaram contra a sociedade. Desse modo, em vez de se buscar o predomínio da democracia sobre a economia, mais eficiente do ponto de vista da felicidade humana seria buscar saber a que fim é destinada a riqueza que existe no mundo. Não deveria ela retornar à sociedade do mesmo modo que as águas retornam à terra? É na retenção dos recursos por apenas um por cento da população que está a origem dos males do mundo. É sintomático no que se refere à banalização da canalhice o fato de se referir a banqueiros e grandes empresários como personalidades de renome, o que significa que além da ignorância, canalhice também é motivo para fama e celebridade. O que se faz necessário para endireitar o mundo é uma juventude que pense além de dinheiro e que não leve para casa um zero do Enem. Inté.

 

 

 

 

 

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domingo, 14 de maio de 2017

ARENGA 419


                Dizia o poeta Olavo Bilac sobre o brasil: CRIANÇA, AMA COM FÉ E ORGULHO A TERRA EM QUE NASCESTE! CRIANÇA, NÃO VERÁS NENHUM PAÍS COMO ESTE! OLHA QUE CÉU! QUE MAR! QUE RIOS! QUE FLORESTA! VÊ QUE LUZ, QUE CALOR, QUE MULTIDÃO DE INSETOS!

Pobre poeta! Para seu próprio bem, você não está mais aqui. Um seu colega de intelectualidade que também deixou a pocilga Brasil há pouco, o Grande Mestre do Saber Antônio Cândido, antes de morrer, desgostoso com as condições adversas para os raríssimos homens dignos que por aqui ainda existem, disse à filha que se sentia expulso do Brasil. Aqui é o lugar ideal apenas para a massa ignara de iletrados religiosos, canalhas de todos os matizes imagináveis e inimagináveis, além de imbecis aficionados ao pão e circo. Por aqui, moleques sem qualquer noção de sociabilidade são elevados à categoria de famosos e tratados como reis. No dia 13 deste mês de maio, desci do apartamento para jantar no restaurante do hotel Mercure na Av. Prof. Magalhães Neto em Salvador, mas fui escorraçado pelos gritos e algazarra que faziam vinte ou trinta jovens jogadores de futebola. Voltei e pedi o jantar no apartamento porque o restaurante parecia um chiqueiros de porcos quando se coloca lavagem nos cochos.  Aqueles jovens representam com perfeição o tipo de gente desta terra de brutamontes espirituais. Você, caro poeta, fez bem em sair deste antro de marginais safados, ou teria que sofrer muito mais do que apenas se sentir deslocado. Os rios a que você se refere, poeta, viraram esgotos. Os insetos, o contato com o sangue pestilento dos brasileiros amorais e imorais, sofreram mutação e se tornaram também tão degenerados a ponto de danificar o cérebro das crianças ainda em gestação. As florestas foram transformadas em dinheiro e as feras que lá moravam foram mortas juntamente com os índios. As que não morreram foram trazidas para as cidades para serem apreciadas por idiotas mediante pagamento para estacionar o carro e ingresso. As crianças, nobre poeta, às quais você se dirige em seus patrióticos e maravilhosos versos, elas foram transformadas em esmoleres, bandidos e presidiários que encontram nas drogas algum alívio momentâneo, uma ilusão de felicidade cuja consequência lhes aumentará a infelicidade. As que escapam de tão medonho destino, graças a uma educação voltada exclusivamente para ganhar dinheiro, tiveram castradas de sua personalidade as qualidades que dignificam o homem e foram transformadas em monstros à busca de riqueza com a mesma voracidade com que as feras atacam suas presas. Vítimas de um sistema educacional que implanta nas crianças a cultura do TER, elas se tornam jovens que agem como robôs programados para avançar uns contra os outros a fim de obter algum tipo de vantagem. São profissionais da área de saúde extorquindo quem deles precisa, inclusive estuprando suas pacientes. São advogados compartilhando com ladrões para ficarem com uma parte do roubo. A não ser atividades criminosas, a única coisa a que se dedicam as pessoas nessa terra amaldiçoada são as imbecilidades do pão e circo. Na verdade, senhor poeta, nosso país apodreceu. A imoralidade alastrou de modo tão contundente que procurar acompanhar os acontecimentos pela imprensa como faz toda pessoa normal, causa insuportável mal-estar porque as notícias giram exclusivamente em torno de crimes. Dão conta de ter sido a administração pública tomada de assalto por bandidos dos mais cruéis que agem livremente contra uma população que apesar de imensos sofrimentos vive festejamentos intermináveis. Ler jornal, ver televisão e ouvir rádio causa sensação de completo desamparo e medo. Tudo gira em torno de violência. O ministério público denuncia quadrilhas dilapidando o erário e uma plêiade de advogados amorais, a fim de levar parte do roubo, procuram as picuinhas legais adredemente preparadas para possibilitar que tais advogados encontrem meios de proteger ladrões ricos. Eis o que diz o doutor Deltan dallagnol na página 25 do livro A LUTA CONTRA A CORRUPÇÃO: “Somos o único lugar do mundo com quatro instâncias de julgamento: juiz, tribunal de apelação, Superior tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal”. E, na página 22 do mesmo livro: “A prescrição é uma espécie de cancelamento do caso criminal pelo fato de seu trâmite na justiça ter demorado muito tempo sem chegar a um fim – ainda que a demora decorra exclusivamente do excesso de trabalho do judiciário ou do exagerado número de recursos interpostos”. Na página 36, temos o seguinte: “O sistema recursal, conjugado ao prescricional, cria uma verdadeira máquina de impunidade. O primeiro atrasa os processos, o segundo cancela as punições por causa desse mesmo atraso”

São as saídas ardilosamente engendradas pelos responsáveis pela administração pública para lhes permitir roubar e ficar por isso mesmo porque a imoralidade da prescrição ocorre antes que o processo tenha percorrido todo esse trâmite com as interrupções dos recursos interpostos malandramente pelos advogados parceiros dos ladrões. Ante situação verdadeiramente escabrosa, o que faz a juventude? Absolutamente nada! Como podem os jovens ser tão estúpidos a ponto de assistirem indiferentes escorrer pela tubulação do Jornal Nacional os recursos de dar melhores condições de vida aos necessitados, amenizando a violência que se alastra espantosamente e que devorará os filhos destes jovens apalermados ligados unicamente em vestibular e futucar telefone? Inté.    

   

 

 

 

 

 

sábado, 6 de maio de 2017

ARENGA 418


Alguém em sã consciência deixaria seu destino nas mãos do inimigo? Pois o povo deixa. Bota tanta confiança na recomendação religiosa de amar o inimigo que entrega de corpo e alma seu destino não apenas a um, mas a uma grande quantidade de inimigos. Não é por outro motivo que o povo é infeliz de norte a sul e de leste a oeste do planeta. Aqueles povos que se acham superiores, na verdade, nenhum motivo têm para assim se acharem. São tão espiritualmente baixos que além de roubar recursos materiais dos povos de quem escarnecem, ainda zombam deles taxando-os de ridículos. É verdade que nós brasileiros parece termos sido partejados sob influência de Satanás. Somos tão abandonados pela sorte que uma bandidagem imensurável e impiedosa faz as leis que determinam nosso destino, realidade da qual também não escapam aqueles povos que julgam superiores. Mais do que qualquer outro povo no mundo, entretanto, esse povinho brasileiro é o que menos se interessa pelos assuntos políticos, embora sejam eles que determinam sua qualidade de vida e o futuro de seus filhos. Aí está no jornal Folha de São Paulo declaração do advogado José Roberto Batochio de que a decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal acabou com o direito penal de terror no Brasil. Para a massa ignara de frequentadores de igreja, axé e futebola, esta declaração nada significa porque a única coisa que chama atenção de imbecis é a impureza espiritual dos “famosos” e das “celebridades”. Entretanto, para quem pensa, porque há quem o faça, o que quereria dizer o doutor Batochio com “decisão da segunda turma” e “direito penal de terror no Brasil”? Deixando de fora a malta festeira, para as pouquíssimas pessoas capazes de pensar no futuro dos filhos, significa que a democracia tida como a melhor forma de administração pública pela impossibilidade de haver outra forma pior, aqui entre nós esse pior é ainda pior uma vez que o corpo de mossa democracia se mostra totalmente tomado de chagas purulentas que ou passam por uma desinfecção absoluta ou fenecerá como feneceu o regime feudal. Desse modo, os gatos pingados capazes de pensar que existe um futuro no qual estarão seus filhos deverão eleger como preocupação primordial engendrar uma mudança que não fracasse como fracassaram todas as já experimentadas na busca por uma sociedade na qual as pessoas não sofram tanto em consequência de relegar seu bem-estar a posição inferior à aquisição de riqueza.

A esta vergonha imensurável chegou a nossa democracia: A decisão da segunda turma festejada polo doutor Batochio é nada mais do que uma ordem de soltura para autores do crime de lesa pátria que se encontravam na cadeia graças ao trabalho heroico de uns poucos jovens cujo comportamento mostra nunca terem levado para casa um zero do Enem e que lutam arduamente em defesa desta infeliz juventude programada para futucar telefone. Pois, como prova da podridão de nossa democracia,  dos cinco ministros que compõem a segunda turma do STF, Gilmar Mendes Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski, contra o voto vencido dos outros dois ministros Edson Fachin e Celso de Mello, para regalo da conta bancário do doutor Batochio, simplesmente mandaram que fossem libertados os inimigos da sociedade que lhe roubam os recursos dos quais depende o leite das criancinhas pobres, o sofrimento nos corredores dos hospitais, a violência e a choradeira na televisão. Como se não bastasse este fato para expor a podridão de nosso sistema de administração pública, a outra declaração do doutor Batochio de ter acabado o direito penal de terror no Brasil, significa simplesmente que o terror está é na perseguição aos que delinquem contra a sociedade. Para os advogados que dividem o botim com a bandidagem, os defensores da sociedade, aqueles denodados funcionários públicos cumpridores do dever, homens honrados acima de tudo que lutam pela aplicação das penalidades previstas no Direito Penal visando retirar criminosos do convívio social é que são os terroristas no lugar daqueles que promovem a desordem e a degradação da vida social. A distorção da forma de administração pública chegou a tal imoralidade que entre os administradores há traficantes de droga, proponente de suruba e “mula”. Agora, temos na imprensa essa joia de declaração do ex-secretário de Cabral: Nossas putarias têm que continuar. E a depender daqueles três ministros de biografias mais sujas que pau de galinheiro, as putarias continuarão.

Para não ficar na opinião de um Zemané qualquer, aqui está a opinião de autoridade em assuntos sociais, na matéria publicada no Blog Outras Palavras, denominada LUTA DE CLASSES, SÉCULO XXI, de Gustavo Henrique Freire Barbosa:  Zygmunt Bauman avisou, apoiando-se em Gramsci: a democracia torna-se cada vez mais oca, quando a aristocracia financeira impõe seu poder e resta à sociedade participar de eleições cosméticas   -   “A crise consiste precisamente no fato de que o velho está morrendo e o novo não pode nascer; neste interregno, aparece uma grande variedade de sintomas mórbidos”, escreveu Antonio Gramsci durante o longo período em que ficou encarcerado na prisão de Tudi di Bari, na Itália   -   Neste contexto, a prevalência do capital financeiro e a transnacionalização das relações econômicas, características fundamentais da globalização, vêm sucessivamente transferindo os núcleos de decisão política dos Estados nação para entidades internacionais como o FMI e a Comissão Europeia.  Tais entidades, no afã de atingir seus predatórios objetivos de acumulação, adotam como modus operandi a sistemática subjugação de soberanias nacionais e a incontida subversão de ordenamentos jurídicos, conseguindo escapar do princípio clássico de que “aquele que governa tem o poder e faz as leis”. Aí está, pois, a necessidade de fazer nascer o novo e de mandar para os quintos dos infernos a cultura de riqueza acima de tudo porque o que deve estar acima de tudo é viver bem. Mas, prá que pensar nestas coisas se a papagaiada de microfone já convoca a atenção dos biltres outra Copa do Mundo? Inté.

 

quinta-feira, 4 de maio de 2017

ARENGA 417


Em 1814, depois de escorraçar Napoleão Bonaparte para o exílio, destino inexorável de todos aqueles que encontraram falsa grandeza em matanças, realidade que a vida se encarrega de mostrar, as Grandes Potências (que em termos de harmonia social não passam de grandes merdas), organizaram um troço denominado Conserto da Europa, com a finalidade de arrumar a esculhambação feita no continente europeu pelo baixim endiabrado também chamado de corso por ser natural da Córsega. A frequência das festas e a morosidade das decisões políticas levou o príncipe de Ligne a dizer: “Se o Congresso não anda, pelo menos dança bem”. É o que consta da página 57 do livro de Paulo Rezzutti, D. Leopoldina - A história não contada. É um livro de leitura accessível ao entendimento mesmo de quem não é dotado dos requintes da intelectualidade, além de muito esclarecedor sobre nosso passado. O fato histórico registrado na página 57, como vários outros, prova que vem de longe o costume dos festejamentos convivendo com os sofrimentos. No final da página 65 e começo da 66, em poucas palavras, está registrada a causa de toda a infelicidade humana, o egoísmo, lição que infelizmente os pais deixam de ensinar às crianças para ensinar-lhes apego ao pão e circo representado pela religião, axé e futebola. Naquelas poucas palavras levam à constatação da pavorosa realidade de ser indispensável à humanidade o desprezo à irmandade que necessariamente deve unir os seres humanos em função de sua personalidade gregária, como se vê no temor de Portugal ante a possibilidade da Inglaterra votar pela libertação dos escravos, uma vez que a economia portuguesa e a de sua colônia Brasil dependiam da mão de obra escrava. Como reforço para tal perversidade, o que movia a Inglaterra a ser contra a escravidão não era outra coisa senão também seu desenvolvimento econômico que por outras razões eram prejudicados pelo regime da escravatura. Desse modo, em nome de economia nem de nada se pode admitir serem nossos irmãos da pele negra serem considerados bichos tratados a chicote inclusive por esta fantasia que o desconhecimento da história das religiões faz crer ao povo existir com o nome de Deus, conforme se vê de êxodo 21:l-ll,26,27, Deuteronômio 15:12-14, Efésios 6:5 e Colossenses 4:1.

Ainda segundo o que se vê da página 66, a referência a uma tal de Santa Aliança entre Áustria, Rússia e Prússia visando impedir o avanço das ideias liberais, isto é, lutar pela manutenção da opressão dos desfavorecidos pelos favorecidos da vida é declaração do erro que se comete em buscar segurança na religiosidade. A humanidade amarga o peso de seu erro em acreditar no sentimento religioso de irmandade se a própria religião aprova a submissão do ser humano à tarefa inglória de servir a um senhor. O mundo será infinitamente melhor quando os pais fizerem ouvidos moucos para o mundo da intelectualidade complicada e ensinarem a seus filhos simplesmente a necessidade de nos tratarmos como irmãos em vez de inimigos como se tratam os seres humanos entre si, o que decorre da cultura antissocial defendida por escritores e filósofos alugados de atribuir a quem tem a unha maior o direito de unhar quem a tem menor. A vida será infeliz enquanto perdurar a falsa crença de ser possível a alguém construir uma ilha particular de felicidade no mar de infelicidades em que a sede por riqueza transformou o mundo. Inté.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

quarta-feira, 3 de maio de 2017

ARENGA 416


Muito se escreve a respeito não só de como é, mas também de como deve ser o relacionamento humano na sociedade. Entretanto, no que diz respeito a se fazer entender quem assim escreve, isto é, de levar esclarecimento aos leitores sobre como funciona e como deve funcionar a sociedade humana a fim de poderem eles se agir objetivando melhor qualidade de vida, quanto mais famoso for o autor e os livros versando sobre problemas sociais, mais se assemelha a fama de tais escritores e livros à mesma dos “famosos” e das “celebridades” dos quais não se extrai uma gota sequer de influência positiva sobre a sociedade. No famoso livro Rebelião das Massas, do famosíssimo José Ortega Y Gasset, por exemplo, na página 77 está dito que “A vida pública não é somente política, mas, também e primeiro, intelectual, moral, econômica e religiosa”. Ora, tal afirmação mais confunde do que esclarece. Relegar a segundo plano a influência da política na vida pública é algo talvez compreensível apenas para os intelectuais porque para o povo é da vontade política que depende tudo o mais. Esta realidade está aí à vista de quem tem olhos de ver, materializada na total degradação da qualidade de vida no mundo inteiro em função de ser a política da cultura da produção de riqueza o único objetivo visado pela vontade política. Nesse livro famoso, a única coisa clara para nós que não somos intelectuais como também não é a população, é a afirmação constante da página 79 quando diz que ao jogador de futebola é vedado o maravilhar-se ante a grandiosidade do universo como fazem os intelectuais. Quanto a isso, nenhuma dúvida. O jogador de futebola, apesar de elevado aos píncaros da glória, na verdade é peso morto para o sucesso da organização social. Não faz muito, vimos um famoso jogador de futebola dizer que estádios são mais importantes do que hospitais e escolas. A importância social atribuída ao jogador de futebola é fruto justamente da atividade de uma política voltada contra os reais interesses da sociedade. É visando o desinteresse do povo pela vida social que a má política manipula o cérebro das pessoas fazendo-as ignorar quem realmente tem condição de influenciar positivamente o desenvolvimento civilizatório da sociedade e valorizar pessoas desprovidas totalmente de tais qualidades, usando para tanto do histórico pão e circo. Desta forma, sendo a política que determina a qualidade da vida pública e sendo esta que determina a qualidade da vida individual ora tomada por infelicidades generalizadas, fica incompreensível admitir como faz o intelectualíssimo Ortega Y Gasset que a política não esteja em primeiro plano no que diz respeito à vida pública.  

O estado pavoroso em que se encontra a sociedade humana, com cadáveres, lágrimas, cabeças cepadas fora do corpo, crianças sacrificadas aos milhares, e o medo constante de se tornar vítima de alguma fatalidade, medo que assombra absolutamente todas as pessoas em qualquer lugar em que esteja, esta situação tem por única causa a orientação política proveniente de bonecos  colocados nos postos de mando onde se perpetuam, lá colocados graças à ação nefasta dos Reis Midas do mundo, resulta daí uma atividade política que apesar de nefasta é aplaudida por filósofos e escritores de aluguel encarregados de inibir nas pessoas a capacidade de raciocinar. É através da ação socialmente criminosa destes prostitutos da consciência que o povo se torna capaz de aceitar como ricamente vestido um rei que na verdade estava nu. Não há como relegar a atividade política a plano inferior. Ante a realidade inquestionável de não se viver isoladamente cada um por si, mas cada um por todos e o todo por cada um, esta forma de viver depende de uma atividade política que promova sua organização. Assim, pois, dependendo da política a vida pública, tal realidade contraria a opinião do intelectualíssimo Gasset, que, como todos os intelectuais, também vive no mundo fantasioso dos poetas.

A realidade de depender a vida da política, além da realidade pavorosa em que vive a humanidade em função unicamente da política perversa adotada no mundo, aparece também na matéria publicada no jornal Le Monde Diplomatic Brasil, do dia 03/04/2017, de Silvio Caccia Bava, onde se lê o seguinte: “Hoje, sabe-se que a corrupção é uma prática generalizada entre as grandes empresas, que não conhecem limites para maximizar seus ganhos.   -   R$ 660 bilhões a evasão fiscal no Brasil entre 2003 e 2012”. ... “As grandes empresas passaram a controlar a democracia.  No Brasil isso fica claro nas eleições de 2014. Investindo cerca de R$ 5 bilhões, dez grandes grupos econômicos elegeram 70% do Congresso Nacional. O financiamento foi direto aos candidatos, e os partidos políticos se tornaram irrelevantes. Esses grupos passaram a controlar o Legislativo. Some-se a isso o fato de que os atuais ministro da Fazenda e presidente do Banco Central são seus representantes no governo”. ... “O fato é que a democracia que temos e suas instituições foram capturadas pelo poder econômico e deixaram de defender o interesse público. Resgatar a democracia e recuperar o controle político e democrático sobre a economia torna-se o grande desafio do presente.” Aí está, pois, a realidade de ser a atividade política que ocupa o primeiríssimo lugar na determinação da qualidade da vida pública. O fato de estar a atividade política submetida a uma atividade econômica voltada exclusivamente para satisfazer a fome de riqueza dos monstros espirituais de cujas bocas escorre baba de, dragão vai dar nesse estado de infelicidade geral na vida pública. Caso contrário, havendo uma atividade política voltada para uma boa qualidade de vida pública, em tais condições não haveria predominância desta atividade econômica funesta que aí está porque políticos em uma atividade política soberana não são marionetes cujos cordões são manipulados pelos Reis Midas do mundo como é a corja de parlamentares aos quais a matéria jornalística acima diz serem apenas cumpridores das ordens de dos seus patrões que os colocam nos cargos políticos. Assim, é da vontade política que resultam todos os demais aspectos da vida, o que aparece claramente na realidade mostrada na reportagem e a qualidade de vida das pessoas. Enquanto notícias como esta enchem as páginas dos jornais, o povo se liga mesmo é em assuntos como esse também nos jornais: “Sem sutiã, Mônica Iozzi sensualiza e rouba a cena na web”. Inté.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 1 de maio de 2017

ARENGA 415


Tive oportunidade de presenciar um espetáculo que mostra a mediocridade da vida humana melhor do que qualquer trabalho dos teatrólogos mais eminentes. Embora avesso a solenidades, não pude recusar o chamado para ser padrinho do casamento de um sobrinho a quem sou afeiçoado ainda mais por questão de empatia do que de parentesco. Amargurei momentos de extremo mal-estar diante de tantas mediocridades a título de filosofia proferidas pelo também jovem celebrante da união matrimonial de meu sobrinho à sua bela noiva. O pobre “filósofo” afiançava aos noivos que um pertenceria ao outro de forma tão inseparável e perfeita como aquela aliança que ora colocavam em seus dedos, de forma que na união entre os dois deveria haver a mesma perfeição existente na continuidade daquele arco. Também disse que o que Deus une nada pode separar. Entretanto Deus uniu Adão e Eva ao Jardim do Éden, mas a serpente os separou de lá. Numa verborreia nauseante, o pobre mendigo espiritual que filosofava a troco de pagamento afirmava que a mulher passava a pertencer ao marido e o marido à mulher. É possível alguém pertencer a alguém? Onde ficaria a afirmação de liberdade defendida por Locke, Voltaire, Rousseau, e tantos filósofos que não filosofavam em troca de pagamento, mas por amor à sabedoria e à arte de pensar? Abandonei a cerimônia por não mais suportar tanta mediocridade e tristeza ao constatar a sinceridade com que as demais pessoas prestavam atenção à verborreia emanada daquele estelionatário espertalhão cujos crimes de estelionato levaram-no a ser proprietário de uma igreja. O artigo 71 do Código Penal pune o ato de se enganar alguém a fim de tirar proveito, denominando tal procedimento de estelionato, herança do Direito Romano que ligava este comportamento antissocial à palavra "stelio" (camaleão) que engana suas presas com grande poder de camuflagem.  
Aquele espetáculo lembrava o significado do Mito da Caverna usado por Platão para mostrar o quanto é difícil fazer ver a verdade a quem está convencido da mentira. O mendigo espiritual que celebrava o casamento do meu sobrinho estimado atribuía a Deus a responsabilidade pelo sucesso do vínculo matrimonial, quando, na verdade, depende unicamente da vontade dos noivos em formar uma sociedade estável. Sendo próprio do ser humano a necessidade de companhia, além da atração sexual responsável pela perpetuação da espécie, o sucesso do casamento depende exclusivamente da forma como homem e mulher encaram o relacionamento mútuo decorrente da união que assumiram. O sucesso da união entre os dois depende mesmo é de pautarem suas vidas pela sinceridade, começando pelo reconhecimento de se tratar de duas vidas, e não de uma vida só como prega a filosofia barata de embusteiros e sua frajolice de amor eterno. Depende a duração da união muito mais do aspecto material do que a baboseira do “só vou se você for” dos momentos iniciais. Embora sejam extremamente gostosos os momentos de enlevo, eles não duram muito e é inteiramente impossível evitar que o jovem ou a jovem sintam atração física ou espiritual por outra pessoa. Portanto, faz mais bem feito o casal que dispensa a filosofia comprada de filósofos que filosofam por dinheiro e engendrarem sua própria filosofia que deve encarar com realismo o lado material dos rendimentos de que dispõem e as despesas que precisam fazer. Na mais das vezes os jovens estão acostumados à mesa e cama da casa de papai e mamãe, e de momento para outro se depararão com a realidade das compras. Desse modo, deve ser desprezado o aspecto grosseiro do assunto dinheiro, botar as cartas na mesa e combinar a participação de cada um nas despesas a serem atendidas, no caso de ambos recebem pagamento. Outra coisa sumamente importante é não omitir comportamentos anteriores que podem trazer alguma decepção para um ou para outro, assuntos que seriam melhor tratados logo no começo do namoro de todos os namorados. Outra coisa importante é a questão do ciúme. Os dois recém casados devem conversar francamente sobre duas situações: uma é aceitar tranquilamente as famosas “escapadas”. Outra é ser forte o bastante para ignorar os apelos nesse sentido, caso em que o macho e a fêmea terão de se contentar inexoravelmente em não levar em conta as fantasias sexuais, o que será recompensado pelas vantagens reais do amparo mútuo e sincero que muito benefício, conforto e segurança dá quando chega o cansaço da vida.

Enfim, o sucesso da união matrimonial depende da mesma coisa de que dependem todos os tipos de sociedade: VONTADE DE PERMANECER EM SOCIEDADE. Tão simples assim. Inté.