Matéria do jornalista Silvio Caccia Bava, intitulada Crise Sistêmica,
publicada no jornal Le Monde Diplomatic Brasil, não só afirma a grande verdade
de que a política é controlada pelas grandes empresas, mas também pergunta como
proceder para que a democracia controle a economia. Embora não faltem
cientistas políticos de brinco na orelha, filósofos e escritores alugados para
engendrar filosofias baratas em torno do assunto, a resposta àquela pergunta é
de uma simplicidade decepcionante para quem tem a despensa abastecida por conta
do falatório complicador porque dispensa todo o aparato que gira como mariposa em
torno da lâmpada, num converseiro enjoado e estéril sobre dialética,
metafísica, burguesia, proletariado, marxismo, leninismo, absolutismo, liberalismo,
direita, centro, esquerda, o que é ou deixa de ser filosofia, eterna baboseira
que vai do nada a lugar nenhum, semelhante à religiosidade que ocupa montanhas
de livros, tempo, recursos materiais, e não resulta em nenhum benefício prático
capaz de proporcionar melhores condições de vida em algum dos quatro cantos do
planeta. A simples atividade de pensar permite entender a palavra economia como
o processo através do qual se obtém a riqueza pública, e democracia a forma de
se exercitar a política que outra coisa não é senão a maneira de se administrar
esta riqueza pública. Tirando fora tergiversações inúteis com que a papagaiada
de microfone enche o saco até do Cristo Redentor dos “espertos” cariocas que se
revelaram tão bobos quanto todos nós ao serem levados no “bico” por Sérgio
Cabral, o que fica é a realidade nua e crua de ser tanto a economia quanto a
democracia as causas de toda a infelicidade do mundo, razão pela qual o
jornalista denomina de crise sistêmica, por afetar todo o organismo social
mundial. Desta forma, é indiferente que a economia prevaleça sobre a democracia
ou vice-versa porque nem de uma nem da outra provirá nada de bom uma vez que a
economia visa arrancar o coro de noventa e nove por cento dos seres humanos
acreditando que com tal estupidez estaria beneficiando os restantes um por
cento deles, enquanto que a democracia é a fórmula política que permite aquela
monstruosidade da qual resulta a situação aflitiva em que se encontra o mundo
com guerras, choro e sofrimento convivendo com um inexplicável e alegre
festejamento fomentado pelo pão e circo que eleva nulidades sociais à categoria
de “famosos” e “celebridades”.
Se o mundo
está saturado de problemas que tendem a se tornar mais virulentos à medida que
são destruídas as condições ambientais indispensáveis à vida, tais problemas se
resumem em nada mais nem menos do que a verdade expressada pelo jornalista de
ser a política controlada pelas grandes empresas. Sendo o objetivo único das
empresas o enriquecimento a qualquer custo, principalmente através de processos
desonestos, no que são favorecidas por administradores públicos escolhidos por
um populacho politicamente analfabeto, tem-se o que a Operação Lava Jato está
desnudando, e que ocorre no mundo inteiro, embora sejam maiores os horrores nas
repúblicas de banana habitadas por macacos deslumbrados pelo American Way of
Life. Desse modo, só infelicidade advirá para o povo de uma política seja ela
democrática ou autocrática, desde que executada por empregados das grandes
empresas, como devem ser definidos os políticos, uma vez que para as empresas
povo não significa nada mais do que massa amorfa de imbecis cuja única
finalidade se resume em pôr suas máquinas em funcionamento e comprar as bugigangas
no dia das mães, dos pais, dos namorados, do cachorro e do gato. Sendo monstros
de cuja boca escorre baba de dragão que determinam a seus empregados a forma
criminosa de exercer a política, fica claro o motivo pelo qual a imprensa
noticia que a delação do Palocci provoca calafrios tanto nos políticos quanto
nos banqueiros e empresários de renome. A realidade é que estão todos com o
rabo entre as pernas ante a possibilidade de vir o ex-ministro a contar os
crimes que praticaram contra a sociedade. Desse modo, em vez de se buscar o
predomínio da democracia sobre a economia, mais eficiente do ponto de vista da
felicidade humana seria buscar saber a que fim é destinada a riqueza que existe
no mundo. Não deveria ela retornar à sociedade do mesmo modo que as águas
retornam à terra? É na retenção dos recursos por apenas um por cento da
população que está a origem dos males do mundo. É sintomático no que se refere
à banalização da canalhice o fato de se referir a banqueiros e grandes
empresários como personalidades de renome, o que significa que além da ignorância,
canalhice também é motivo para fama e celebridade. O que se faz necessário para
endireitar o mundo é uma juventude que pense além de dinheiro e que não leve
para casa um zero do Enem. Inté.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário