quarta-feira, 17 de maio de 2017

ARENGA 420


Matéria do jornalista Silvio Caccia Bava, intitulada Crise Sistêmica, publicada no jornal Le Monde Diplomatic Brasil, não só afirma a grande verdade de que a política é controlada pelas grandes empresas, mas também pergunta como proceder para que a democracia controle a economia. Embora não faltem cientistas políticos de brinco na orelha, filósofos e escritores alugados para engendrar filosofias baratas em torno do assunto, a resposta àquela pergunta é de uma simplicidade decepcionante para quem tem a despensa abastecida por conta do falatório complicador porque dispensa todo o aparato que gira como mariposa em torno da lâmpada, num converseiro enjoado e estéril sobre dialética, metafísica, burguesia, proletariado, marxismo, leninismo, absolutismo, liberalismo, direita, centro, esquerda, o que é ou deixa de ser filosofia, eterna baboseira que vai do nada a lugar nenhum, semelhante à religiosidade que ocupa montanhas de livros, tempo, recursos materiais, e não resulta em nenhum benefício prático capaz de proporcionar melhores condições de vida em algum dos quatro cantos do planeta. A simples atividade de pensar permite entender a palavra economia como o processo através do qual se obtém a riqueza pública, e democracia a forma de se exercitar a política que outra coisa não é senão a maneira de se administrar esta riqueza pública. Tirando fora tergiversações inúteis com que a papagaiada de microfone enche o saco até do Cristo Redentor dos “espertos” cariocas que se revelaram tão bobos quanto todos nós ao serem levados no “bico” por Sérgio Cabral, o que fica é a realidade nua e crua de ser tanto a economia quanto a democracia as causas de toda a infelicidade do mundo, razão pela qual o jornalista denomina de crise sistêmica, por afetar todo o organismo social mundial. Desta forma, é indiferente que a economia prevaleça sobre a democracia ou vice-versa porque nem de uma nem da outra provirá nada de bom uma vez que a economia visa arrancar o coro de noventa e nove por cento dos seres humanos acreditando que com tal estupidez estaria beneficiando os restantes um por cento deles, enquanto que a democracia é a fórmula política que permite aquela monstruosidade da qual resulta a situação aflitiva em que se encontra o mundo com guerras, choro e sofrimento convivendo com um inexplicável e alegre festejamento fomentado pelo pão e circo que eleva nulidades sociais à categoria de “famosos” e “celebridades”.  

Se o mundo está saturado de problemas que tendem a se tornar mais virulentos à medida que são destruídas as condições ambientais indispensáveis à vida, tais problemas se resumem em nada mais nem menos do que a verdade expressada pelo jornalista de ser a política controlada pelas grandes empresas. Sendo o objetivo único das empresas o enriquecimento a qualquer custo, principalmente através de processos desonestos, no que são favorecidas por administradores públicos escolhidos por um populacho politicamente analfabeto, tem-se o que a Operação Lava Jato está desnudando, e que ocorre no mundo inteiro, embora sejam maiores os horrores nas repúblicas de banana habitadas por macacos deslumbrados pelo American Way of Life. Desse modo, só infelicidade advirá para o povo de uma política seja ela democrática ou autocrática, desde que executada por empregados das grandes empresas, como devem ser definidos os políticos, uma vez que para as empresas povo não significa nada mais do que massa amorfa de imbecis cuja única finalidade se resume em pôr suas máquinas em funcionamento e comprar as bugigangas no dia das mães, dos pais, dos namorados, do cachorro e do gato. Sendo monstros de cuja boca escorre baba de dragão que determinam a seus empregados a forma criminosa de exercer a política, fica claro o motivo pelo qual a imprensa noticia que a delação do Palocci provoca calafrios tanto nos políticos quanto nos banqueiros e empresários de renome. A realidade é que estão todos com o rabo entre as pernas ante a possibilidade de vir o ex-ministro a contar os crimes que praticaram contra a sociedade. Desse modo, em vez de se buscar o predomínio da democracia sobre a economia, mais eficiente do ponto de vista da felicidade humana seria buscar saber a que fim é destinada a riqueza que existe no mundo. Não deveria ela retornar à sociedade do mesmo modo que as águas retornam à terra? É na retenção dos recursos por apenas um por cento da população que está a origem dos males do mundo. É sintomático no que se refere à banalização da canalhice o fato de se referir a banqueiros e grandes empresários como personalidades de renome, o que significa que além da ignorância, canalhice também é motivo para fama e celebridade. O que se faz necessário para endireitar o mundo é uma juventude que pense além de dinheiro e que não leve para casa um zero do Enem. Inté.

 

 

 

 

 

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