Em 1814,
depois de escorraçar Napoleão Bonaparte para o exílio, destino inexorável de
todos aqueles que encontraram falsa grandeza em matanças, realidade que a vida
se encarrega de mostrar, as Grandes Potências (que em termos de harmonia social
não passam de grandes merdas), organizaram um troço denominado Conserto da
Europa, com a finalidade de arrumar a esculhambação feita no continente europeu
pelo baixim endiabrado também chamado de corso por ser natural da Córsega. A
frequência das festas e a morosidade das decisões políticas levou o príncipe de
Ligne a dizer: “Se o Congresso não anda, pelo menos dança bem”. É o que consta
da página 57 do livro de Paulo Rezzutti, D. Leopoldina - A história não
contada. É um livro de leitura accessível ao entendimento mesmo de quem não é
dotado dos requintes da intelectualidade, além de muito esclarecedor sobre
nosso passado. O fato histórico registrado na página 57, como vários outros,
prova que vem de longe o costume dos festejamentos convivendo com os
sofrimentos. No final da página 65 e começo da 66, em poucas palavras, está registrada
a causa de toda a infelicidade humana, o egoísmo, lição que infelizmente os
pais deixam de ensinar às crianças para ensinar-lhes apego ao pão e circo
representado pela religião, axé e futebola. Naquelas poucas palavras levam à
constatação da pavorosa realidade de ser indispensável à humanidade o desprezo
à irmandade que necessariamente deve unir os seres humanos em função de sua
personalidade gregária, como se vê no temor de Portugal ante a possibilidade da
Inglaterra votar pela libertação dos escravos, uma vez que a economia
portuguesa e a de sua colônia Brasil dependiam da mão de obra escrava. Como
reforço para tal perversidade, o que movia a Inglaterra a ser contra a
escravidão não era outra coisa senão também seu desenvolvimento econômico que
por outras razões eram prejudicados pelo regime da escravatura. Desse modo, em
nome de economia nem de nada se pode admitir serem nossos irmãos da pele negra
serem considerados bichos tratados a chicote inclusive por esta fantasia que o
desconhecimento da história das religiões faz crer ao povo existir com o nome
de Deus, conforme se vê de êxodo 21:l-ll,26,27, Deuteronômio 15:12-14, Efésios
6:5 e Colossenses 4:1.
Ainda
segundo o que se vê da página 66, a referência a uma tal de Santa Aliança entre
Áustria, Rússia e Prússia visando impedir o avanço das ideias liberais, isto é,
lutar pela manutenção da opressão dos desfavorecidos pelos favorecidos da vida é
declaração do erro que se comete em buscar segurança na religiosidade. A
humanidade amarga o peso de seu erro em acreditar no sentimento religioso de
irmandade se a própria religião aprova a submissão do ser humano à tarefa
inglória de servir a um senhor. O mundo será infinitamente melhor quando os
pais fizerem ouvidos moucos para o mundo da intelectualidade complicada e
ensinarem a seus filhos simplesmente a necessidade de nos tratarmos como irmãos
em vez de inimigos como se tratam os seres humanos entre si, o que decorre da
cultura antissocial defendida por escritores e filósofos alugados de atribuir a
quem tem a unha maior o direito de unhar quem a tem menor. A vida será infeliz
enquanto perdurar a falsa crença de ser possível a alguém construir uma ilha
particular de felicidade no mar de infelicidades em que a sede por riqueza
transformou o mundo. Inté.
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