Muito se
escreve a respeito não só de como é, mas também de como deve ser o
relacionamento humano na sociedade. Entretanto, no que diz respeito a se fazer
entender quem assim escreve, isto é, de levar esclarecimento aos leitores sobre
como funciona e como deve funcionar a sociedade humana a fim de poderem eles se
agir objetivando melhor qualidade de vida, quanto mais famoso for o autor e os
livros versando sobre problemas sociais, mais se assemelha a fama de tais
escritores e livros à mesma dos “famosos” e das “celebridades” dos quais não se
extrai uma gota sequer de influência positiva sobre a sociedade. No famoso
livro Rebelião das Massas, do famosíssimo José Ortega Y Gasset, por exemplo, na
página 77 está dito que “A vida pública
não é somente política, mas, também e primeiro, intelectual, moral, econômica e
religiosa”. Ora, tal afirmação mais confunde do que esclarece. Relegar a
segundo plano a influência da política na vida pública é algo talvez
compreensível apenas para os intelectuais porque para o povo é da vontade política
que depende tudo o mais. Esta realidade está aí à vista de quem tem olhos de
ver, materializada na total degradação da qualidade de vida no mundo inteiro em
função de ser a política da cultura da produção de riqueza o único objetivo visado
pela vontade política. Nesse livro famoso, a única coisa clara para nós que não
somos intelectuais como também não é a população, é a afirmação constante da
página 79 quando diz que ao jogador de futebola é vedado o maravilhar-se ante a
grandiosidade do universo como fazem os intelectuais. Quanto a isso, nenhuma
dúvida. O jogador de futebola, apesar de elevado aos píncaros da glória, na
verdade é peso morto para o sucesso da organização social. Não faz muito, vimos
um famoso jogador de futebola dizer que estádios são mais importantes do que
hospitais e escolas. A importância social atribuída ao jogador de futebola é
fruto justamente da atividade de uma política voltada contra os reais
interesses da sociedade. É visando o desinteresse do povo pela vida social que
a má política manipula o cérebro das pessoas fazendo-as ignorar quem realmente
tem condição de influenciar positivamente o desenvolvimento civilizatório da
sociedade e valorizar pessoas desprovidas totalmente de tais qualidades, usando
para tanto do histórico pão e circo. Desta forma, sendo a política que
determina a qualidade da vida pública e sendo esta que determina a qualidade da
vida individual ora tomada por infelicidades generalizadas, fica
incompreensível admitir como faz o intelectualíssimo Ortega Y Gasset que a
política não esteja em primeiro plano no que diz respeito à vida pública.
O estado
pavoroso em que se encontra a sociedade humana, com cadáveres, lágrimas,
cabeças cepadas fora do corpo, crianças sacrificadas aos milhares, e o medo
constante de se tornar vítima de alguma fatalidade, medo que assombra
absolutamente todas as pessoas em qualquer lugar em que esteja, esta situação
tem por única causa a orientação política proveniente de bonecos colocados nos postos de mando onde se
perpetuam, lá colocados graças à ação nefasta dos Reis Midas do mundo, resulta
daí uma atividade política que apesar de nefasta é aplaudida por filósofos e
escritores de aluguel encarregados de inibir nas pessoas a capacidade de
raciocinar. É através da ação socialmente criminosa destes prostitutos da
consciência que o povo se torna capaz de aceitar como ricamente vestido um rei
que na verdade estava nu. Não há como relegar a atividade política a plano
inferior. Ante a realidade inquestionável de não se viver isoladamente cada um
por si, mas cada um por todos e o todo por cada um, esta forma de viver depende
de uma atividade política que promova sua organização. Assim, pois, dependendo
da política a vida pública, tal realidade contraria a opinião do intelectualíssimo
Gasset, que, como todos os intelectuais, também vive no mundo fantasioso dos
poetas.
A realidade
de depender a vida da política, além da realidade pavorosa em que vive a
humanidade em função unicamente da política perversa adotada no mundo, aparece
também na matéria publicada no jornal Le Monde Diplomatic Brasil, do dia
03/04/2017, de Silvio Caccia Bava, onde se lê o seguinte: “Hoje, sabe-se que
a corrupção é uma prática generalizada entre as grandes empresas, que não
conhecem limites para maximizar seus ganhos.
- R$ 660 bilhões a evasão fiscal
no Brasil entre 2003 e 2012”. ... “As grandes empresas passaram a controlar a
democracia. No Brasil
isso fica claro nas eleições de 2014. Investindo cerca de R$ 5 bilhões, dez
grandes grupos econômicos elegeram 70% do Congresso Nacional. O financiamento
foi direto aos candidatos, e os partidos políticos se tornaram irrelevantes.
Esses grupos passaram a controlar o Legislativo. Some-se a isso o fato de que
os atuais ministro da Fazenda e presidente do Banco Central são seus
representantes no governo”. ... “O
fato é que a democracia que temos e suas instituições foram capturadas pelo
poder econômico e deixaram de defender o interesse público. Resgatar a
democracia e recuperar o controle político e democrático sobre a economia
torna-se o grande desafio do presente.” Aí está,
pois, a realidade de ser a atividade política que ocupa o primeiríssimo lugar
na determinação da qualidade da vida pública. O fato de estar a atividade
política submetida a uma atividade econômica voltada exclusivamente para
satisfazer a fome de riqueza dos monstros espirituais de cujas bocas escorre
baba de, dragão vai dar nesse estado de infelicidade geral na vida pública.
Caso contrário, havendo uma atividade política voltada para uma boa qualidade
de vida pública, em tais condições não haveria predominância desta atividade
econômica funesta que aí está porque políticos em uma atividade política
soberana não são marionetes cujos cordões são manipulados pelos Reis Midas do
mundo como é a corja de parlamentares aos quais a matéria jornalística acima
diz serem apenas cumpridores das ordens de dos seus patrões que os colocam nos
cargos políticos. Assim, é da vontade política que resultam todos os demais
aspectos da vida, o que aparece claramente na realidade mostrada na reportagem
e a qualidade de vida das pessoas. Enquanto notícias como esta enchem as
páginas dos jornais, o povo se liga mesmo é em assuntos como esse também nos
jornais: “Sem sutiã, Mônica Iozzi sensualiza e rouba a cena na web”. Inté.
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