sábado, 6 de maio de 2017

ARENGA 418


Alguém em sã consciência deixaria seu destino nas mãos do inimigo? Pois o povo deixa. Bota tanta confiança na recomendação religiosa de amar o inimigo que entrega de corpo e alma seu destino não apenas a um, mas a uma grande quantidade de inimigos. Não é por outro motivo que o povo é infeliz de norte a sul e de leste a oeste do planeta. Aqueles povos que se acham superiores, na verdade, nenhum motivo têm para assim se acharem. São tão espiritualmente baixos que além de roubar recursos materiais dos povos de quem escarnecem, ainda zombam deles taxando-os de ridículos. É verdade que nós brasileiros parece termos sido partejados sob influência de Satanás. Somos tão abandonados pela sorte que uma bandidagem imensurável e impiedosa faz as leis que determinam nosso destino, realidade da qual também não escapam aqueles povos que julgam superiores. Mais do que qualquer outro povo no mundo, entretanto, esse povinho brasileiro é o que menos se interessa pelos assuntos políticos, embora sejam eles que determinam sua qualidade de vida e o futuro de seus filhos. Aí está no jornal Folha de São Paulo declaração do advogado José Roberto Batochio de que a decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal acabou com o direito penal de terror no Brasil. Para a massa ignara de frequentadores de igreja, axé e futebola, esta declaração nada significa porque a única coisa que chama atenção de imbecis é a impureza espiritual dos “famosos” e das “celebridades”. Entretanto, para quem pensa, porque há quem o faça, o que quereria dizer o doutor Batochio com “decisão da segunda turma” e “direito penal de terror no Brasil”? Deixando de fora a malta festeira, para as pouquíssimas pessoas capazes de pensar no futuro dos filhos, significa que a democracia tida como a melhor forma de administração pública pela impossibilidade de haver outra forma pior, aqui entre nós esse pior é ainda pior uma vez que o corpo de mossa democracia se mostra totalmente tomado de chagas purulentas que ou passam por uma desinfecção absoluta ou fenecerá como feneceu o regime feudal. Desse modo, os gatos pingados capazes de pensar que existe um futuro no qual estarão seus filhos deverão eleger como preocupação primordial engendrar uma mudança que não fracasse como fracassaram todas as já experimentadas na busca por uma sociedade na qual as pessoas não sofram tanto em consequência de relegar seu bem-estar a posição inferior à aquisição de riqueza.

A esta vergonha imensurável chegou a nossa democracia: A decisão da segunda turma festejada polo doutor Batochio é nada mais do que uma ordem de soltura para autores do crime de lesa pátria que se encontravam na cadeia graças ao trabalho heroico de uns poucos jovens cujo comportamento mostra nunca terem levado para casa um zero do Enem e que lutam arduamente em defesa desta infeliz juventude programada para futucar telefone. Pois, como prova da podridão de nossa democracia,  dos cinco ministros que compõem a segunda turma do STF, Gilmar Mendes Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski, contra o voto vencido dos outros dois ministros Edson Fachin e Celso de Mello, para regalo da conta bancário do doutor Batochio, simplesmente mandaram que fossem libertados os inimigos da sociedade que lhe roubam os recursos dos quais depende o leite das criancinhas pobres, o sofrimento nos corredores dos hospitais, a violência e a choradeira na televisão. Como se não bastasse este fato para expor a podridão de nosso sistema de administração pública, a outra declaração do doutor Batochio de ter acabado o direito penal de terror no Brasil, significa simplesmente que o terror está é na perseguição aos que delinquem contra a sociedade. Para os advogados que dividem o botim com a bandidagem, os defensores da sociedade, aqueles denodados funcionários públicos cumpridores do dever, homens honrados acima de tudo que lutam pela aplicação das penalidades previstas no Direito Penal visando retirar criminosos do convívio social é que são os terroristas no lugar daqueles que promovem a desordem e a degradação da vida social. A distorção da forma de administração pública chegou a tal imoralidade que entre os administradores há traficantes de droga, proponente de suruba e “mula”. Agora, temos na imprensa essa joia de declaração do ex-secretário de Cabral: Nossas putarias têm que continuar. E a depender daqueles três ministros de biografias mais sujas que pau de galinheiro, as putarias continuarão.

Para não ficar na opinião de um Zemané qualquer, aqui está a opinião de autoridade em assuntos sociais, na matéria publicada no Blog Outras Palavras, denominada LUTA DE CLASSES, SÉCULO XXI, de Gustavo Henrique Freire Barbosa:  Zygmunt Bauman avisou, apoiando-se em Gramsci: a democracia torna-se cada vez mais oca, quando a aristocracia financeira impõe seu poder e resta à sociedade participar de eleições cosméticas   -   “A crise consiste precisamente no fato de que o velho está morrendo e o novo não pode nascer; neste interregno, aparece uma grande variedade de sintomas mórbidos”, escreveu Antonio Gramsci durante o longo período em que ficou encarcerado na prisão de Tudi di Bari, na Itália   -   Neste contexto, a prevalência do capital financeiro e a transnacionalização das relações econômicas, características fundamentais da globalização, vêm sucessivamente transferindo os núcleos de decisão política dos Estados nação para entidades internacionais como o FMI e a Comissão Europeia.  Tais entidades, no afã de atingir seus predatórios objetivos de acumulação, adotam como modus operandi a sistemática subjugação de soberanias nacionais e a incontida subversão de ordenamentos jurídicos, conseguindo escapar do princípio clássico de que “aquele que governa tem o poder e faz as leis”. Aí está, pois, a necessidade de fazer nascer o novo e de mandar para os quintos dos infernos a cultura de riqueza acima de tudo porque o que deve estar acima de tudo é viver bem. Mas, prá que pensar nestas coisas se a papagaiada de microfone já convoca a atenção dos biltres outra Copa do Mundo? Inté.

 

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