sexta-feira, 19 de maio de 2017

ARENGA 421


Embora consciente de que só máquinas pode fazê-lo, este blog tem uma fé de remover montanhas e uma esperança do mesmo tamanho em que a juventude do mundo perceba ser o sentimento de irmandade a única coisa capaz de fazer com que os seres humanos não sofram tanto. Um sentimento de irmandade que se houvesse nossos irmãos negros e índios teriam sido tratados com respeito em vez de escravizados e assassinados. Absolutamente nada justifica que os seres humanos se recusem em evoluir espiritualmente, teimando em viver do mesmo modo como vivem os irracionais a se destruírem mutuamente. Dois textos extraídos do primeiro volume do grandioso livro HISTÓRIA DA CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL, de Edward McNall Burns, provam de modo irrespondível, a triste realidade de comportarem-se ainda os seres humanos de hoje do mesmo modo como se comportaram nossos antepassados de milhares de anos atrás. Da página 53, o capítulo intitulado A RELIGIÃO EGÍPCIA, diz o seguinte: “Logo após o estabelecimento do Novo Império a religião no Egito sofreu uma séria adulteração. Seu significado ético foi desvirtuado e a superstição e a magia ganharam ascendência. A causa principal parece ter sido uma desvalorização intelectual ocorrida ao tempo da longa guerra de expulsão dos hicsos. O rigor da luta favoreceu o desenvolvimento de atitudes irracionais. O resultado foi um notável aumento de poder dos sacerdotes, que exploravam o terror das massas em proveito próprio. Ávidos de lucro, inauguraram a prática da venda de feitiços mágicos, que tinham supostamente o poder de evitar que o coração dos mortos denunciasse o verdadeiro caráter destes. (Aqui se faz necessário o que quer dizer denúncia do coração. É que o morto era submetido a um interrogatório a fim de ser admitido no céu. A comprovação da veracidade de suas respostas era feita colocando seu coração numa balança em oposição a uma pena (símbolo da verdade) que deveria fazer a balança pender para seu lado). Voltemos, agora, para o texto: “Vendiam também fórmulas que, asseveravam, inscritas em rolos de papiro e colocadas nas tumbas, eram valiosas para facilitar a entrada do morto no reino dos céus. O conjunto dessas fórmulas constituía o chamado Livro dos Mortos. Contrariamente à impressão geral, não se tratava de uma Bíblia egípcia, mas de uma mera coleção de inscrições mortuárias. Algumas delas proclamavam a pureza moral do morto (lembra os advogados jurando de pé junto que o ladrão não é ladreão); outras ameaçavam os deuses com desastres, a menos que fosse por eles assegurada a recompensa eterna às pessoas cujos nomes registravam. Todas eram compradas na crença de que garantiam livre ingresso no reino de Re (Deus).” Esta era a mentalidade que orientava o comportamento das pessoas no primeiro aglomerado humano denominado Civilização Egípcia que existiu há cerca de seis mil anos atrás. Cinco mil e quinhentos anos mais tarde, quando seria de se esperar que os seres humanos olhassem para aqueles fatos históricos como acontecimentos provenientes de monumental falta de maturidade de um povo ainda desprovido de evolução mental, cinco mil e quinhentos anos depois, eis que o capítulo intitulado A VENDA DE INDULGÊNCIAS, copiado das páginas 452 e 453 do mesmo livro dá prova cabal de viverem os seres humanos por época do descobrimento da república brasileira de banana na mesma falta de evolução mental dos seus antepassados egípcios. Não é outro o motivo pelo qual os humanos estão predestinados à infelicidade da subserviência. São ainda tão tolos que se empolgam com discurso de político. Imensas multidões enchem praças para ovacionar políticos que se fazem passar por defensores, mas que na verdade são algozes da turba constituída por adultos tão facilmente enganáveis quanto crianças. É o que se constata deste outro capítulo: “A teoria em que se baseia a indulgência tem seu fundamento na famosa doutrina do Tesouro de Merecimento, desenvolvida pelos teólogos eclesiásticos no século XIII. De acordo com essa doutrina, Jesus e os santos, devido às suas “supérfluas” de que deram provas na terra, acumularam no céu um excesso de merecimento. Esse excesso constitui um tesouro de graça sobre o qual o papa pode sacar em benefício dos mortais comuns. Originalmente, as indulgências não eram concedidas em troca de pagamento em dinheiro, mas apenas como prêmio a obras de caridade, jejuns, participação numa cruzada ou coisa parecida. Foram os papas da Renascença, com a sua insaciável cupidez, os primeiros a iniciar a venda de indulgências como negócio lucrativo; e os métodos que empregavam não eram nada escrupulosos. O comércio de “perdões” passava muitas vezes para as mãos de banqueiros que os negociavam à base de comissão. Como exemplo, podemos citar os Fuggers, de Augsburgo, que se encarregavam de vender indulgências para Leão X, com a permissão de embolsar um terço da receita. O único objetivo do negócio era, naturalmente, angariar tanto dinheiro quanto fosse possível. Em consequência, os agentes dos banqueiros iludiam os ignorantes fazendo-lhes crer que as indulgências eram passaportes para o céu. Por volta do século XVI o nefando tráfico havia atingido as proporções de um escândalo gigantesco. Acreditava-se que os objetos usados por Cristo, pela virgem e pelos santos possuíam uma milagrosa virtude curativa ou protetora para qualquer pessoa que os tocasse ou lhes chegasse perto. Era inevitável que tal crença desse ensejo a inúmeras fraudes. Tornava-se fácil convencer camponeses supersticiosos de que qualquer lasca de madeira velha era um fragmento da verdadeira cruz. Evidente, não faltavam negociantes de relíquias para se aproveitarem desta credulidade. Os resultados foram fantasticamente além do que se pode acreditar. De acordo com Erasmo, as igrejas da Europa possuíam pedaços de madeira da verdadeira cruz em quantidade suficiente para construir um navio. Não menos de cinco tíbias do jumento montado por Jesus quando entrou em Jerusalém eram exibidas em lugares diferentes, para não falar em doze cabeças de João Batista. Martinho Lutero afirmou num libelo dirigido ao seu inimigo, o arcebispo de Morgúcia, que este dizia possuir “uma libra inteira do vento que soprou para Elias na caverna do Monte Horeb, além de duas penas e um ovo do Espírito Santo”,

Estarrecedor é constatar que ainda no presente começo do século vinte e um, o mundo continua na mesma pasmaceira intelectual. Ou alguém pode encontrar alguma diferença entre a sandice de comprar entrada para o céu, a cena ridícula do Papa beijando o pé do infeliz presidiário, jovens cepando fora a cabeça de outros jovens para conquistar a graça divina, ou o pastor que segundo a imprensa convocou fieis para vê-lo caminhar sobre as águas do rio, mas foi comido por três jacarés? Se a juventude gosta tanto de velocidade, por que permanecer nessa pasmaceira eterna da mesmice? Inté.

 

 

 

 

  

  

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