sábado, 27 de maio de 2017

ARENGA 424


A palavra povo é muitas vezes mais eficiente para definir um comportamento desinteligente do que a palavra estupidez. Nesse exato momento em que esta República Brasileira de Bananas chegou  a um estado de degradação moral nunca antes alcançado em sua trajetória de imoralidades, baixezas e vilanias, cerca de cem a cento e cinquenta mil dos mais de duzentos milhões de macacos deslumbrados com o American Way of Life que aqui vivem ajuntaram-se em Brasília, quebraram vidros de alguns prédios públicos comprados com seu próprio dinheiro, fizeram fogueirinhas nas ruas, requebraram e saltitaram ao som de gritinhos de pedidos de justiça, de fora cicrano, fora beltrano, queremos eleições diretas já. Imbecilidades, só imbecilidades. Tomaram porrada da polícia, infelizmente muito menos do que mereciam, e retornaram depois da sova às suas casas, lambuzaram com unguento os hematomas e os calombos e passaram à rotina de se entusiasmar com o incentivo da papagaiada de microfone que os orienta na direção do pão e circo. Enquanto isso, ciente da debilidade mental do povo, o governo dos banqueiros o convence de estar tudo às mil maravilhas apenas com propaganda paga com o dinheiro do próprio povo. Está aí, alardeada pelos papagaios de microfone uma propaganda que termina assim: GOVERNO FEDERAL: ORDEM E PROGRESSO! Pronto. É o bastante para que o povo se convença de estar tudo muitíssimo bem, sem, entretanto, nem de longe perceber que a ordem a que se se refere a propaganda do governo é o conformismo dos palermas com a realidade de terem o rabo fustigado, e o progresso é nada mais nem menos do que o inchaço das contas dos empresários nos infernos fiscais. Povo é nada mais que um joguete nas mãos do grupinho de ignorantes de sociabilidade que se apossaram do mundo, e do alto de suas poses e posses manipulam os cordões que movimentam a marionete povo. A notícia de que o  Bando Mundial recomenda que o governo desta república de bananas amplie o Bolsa Família para enfrentar a crise que massacra os brasileiros de triste memória é clara declaração da incapacidade que tem o povo de saber o que lhe serve ou desserve. Banqueiros desnaturados mandam jogar uma moeda para o povo sofrido na certeza de que esta esmola fará com que a massa bruta deixe as reivindicações e volte ao pão e circo.   

 A enxurrada barrenta conduzindo um troço de bosta é a perfeita representação da liderança de politiqueiros conduzindo o povo em sua eterna indiferença quanto ao destino que espera por ele. Nesse exato momento, o povo brasileiro tem dois tipos de enxurrada a conduzi-lo: a que o conduz no momento, formada por banqueiros, empreiteiros e os politiqueiros de sempre, ou uma nova enxurrada que apesar de formada por eleição direta, será tão imunda quanto a que o conduz agora. A biografia dos prováveis candidatos mostra que todos deveriam estar cumprindo pena por alguma canalhice. A humanidade não será outra coisa senão um troço de bosta sem destino enquanto o povo não passar a ser gente. Até mesmo nos lugares onde se aglomeram os povos mais velhos do mundo, cuja experiência já lhes devia ter feito perceber que ser povo é ser um troço de bosta, até mesmo nesses lugares os povos são levados ao sabor de enxurradas que os conduzem independentemente da vontade dos conduzidos. É tudo tão simples quanto água limpa no meu copo de cristal em que eu tomava uísque antes de ser proibido de fazê-lo por doença no estômago, mais uma das restrições impostas pela velhice que os jovens estão certos de nunca atingi-los, ignorância proveniente de sua eterna recusa em evoluir espiritualmente. A situação de calamidade mental do povo se deve ao fato de ser o ele orientado para uma inexplicável paixão pelo pão e circo, quando deveria ser orientado para o desenvolvimento espiritual. No momento em que o povo adquirir maturidade bastante para se auto conduzir em vez de ser conduzido feito bois, a partir desse momento descobrirá ter sido desde sempre induzido a erro tão monumental que busca sua própria extinção em vez da preservação.

     A recente brutalidade que infelicitou várias famílias inglesas demonstra com perfeição o quanto longe estão todos os povos do mundo da capacidade de agir conforme a razão. Diante de tão brutal acontecimento, as providências tomadas pelos povos tidos como os mais civilizados do mundo foram tão inócuas quanto as dos macacos deslumbrados de Brasília: Apresentaram bravatas, armas e mais violência para contrapor a violência que haverá de atormentá-los enquanto precisarem ser conduzidos por defensores do ajuntamento de riqueza ao lado do ajuntamento de miséria. O que fizeram os “civilizados” diante daquele acontecimento monstruoso foi acender velas, fazer orações e minutos de silencio, quando o que precisava e precisa ser feito é observar o raciocínio lúcido de não ser possível resolver um problema enquanto perdurarem as circunstâncias que dão origem a esse problema.  E elas, as circunstâncias que dão origem não só ao último ato bárbaro de terrorismo que estraçalhou inocentes crianças, mas também de todos os demais problemas do mundo é uma só: a recusa em se evoluir mentalmente para ser percebido que é inteiramente impossível viver uma situação em que apenas um por cento da humanidade retém em seu poder noventa e nove por cento da riqueza da mundo.

Tendo ainda os seres humanos o mesmo comportamento dos bichos, em vez do recurso da inteligência que os levaria a atitudes civilizadas na solução dos problemas, usam da brutalidade como recurso para a violência contra aqueles que realmente têm justas reivindicações a fazer, realidade que aparece até mesmo nos parlamentos. Lá deveriam haver espécimes de gente que fizessem prevalecer a sabedoria. Um trecho sobre o comportamento humano copiado da página 368 do livro História da Raça Humana, de Henry Thomas, mostra mais uma vez não só como temos sido bárbaros, mas também a necessidade de sermos diferentes. Nesse trecho, nota-se que o historiador, com justíssima razão, dá maior valor aos poetas do que aos governantes porque fala em “descer” quando deixa o assunto sobre reis para passar a falar dos poetas: Desçamos mais uma vez dos poetas para os reis. No século XVIII a civilização da Europa quase atingia seu fim, como resultado da ambição e dos desatinos de seus governantes. A geração que veio depois de Shakespeare presenciou a mais sangrenta guerra religiosa de toda a História. Durante trinta anos os reis católicos e os príncipes protestantes massacraram seus súditos e devastaram suas nações para “a maior glória de Deus”. Quando terminou a guerra, a Europa Central era um deserto. Homens e lobos famintos lutavam pela carcaça de um cavalo; a população da Alemanha diminuiu de dezesseis para seis milhões de criaturas humanas; o Palatinado (um dos Estados da Alemanha Ocidental) foi saqueado vinte e oito vezes; e a Boêmia teve nada menos de trinta mil aldeias incendiadas”.

É o comportamento resultante da cultura proveniente do que é ensinado às crianças. Aquelas pobres crianças inglesas destroçadas no penúltimo  (outros advirão) ataque terrorista foram vítimas da cultura transmitida de geração a geração através do aprendizado que valoriza religiosidade, apego a riqueza, e, principalmente, a desnecessidade de ser observada a existência de outras pessoas que também têm necessidades a satisfazer e que não se conformam em ser afrontadas pelo escárnio do resto do mundo ao jogar-lhes na cara os espetáculos de futilidades que são a materialização da indiferença dos que não sofrem ante os que muito sofrem. Aqui em nossa Vitória da Conquista, enquanto a violência extermina os jovens pobres, a cidade se alvoraço para receber o milionário Roberto Carlos, marionete do pão e circo. Estas coisas causam a revolta de indivíduos tão pobres de espírito quanto aqueles que os afrontam e materializam sua revolta através de barbaridades. No frigir dos ovos, culpados por toda a merda que existe no mundo são os pais incapazes de romper com o tradicionalismo e injetar em suas crianças outra forma de encarar a tarefa de viver. Enquanto a educação a ser ministrada for programada pelos Reis Midas do mundo haverá choro e ranger de dentes.

 

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