quarta-feira, 30 de julho de 2014

ARENGA QUARENTA E UM



Ouve-se que o não religioso deve respeitar a religiosidade das pessoas religiosas, informação esta cuja falsidade só não é percebida porque a atividade de pensar sobre o que se ouve não faz parte da vida dos religiosos face à recomendação de não haver necessidade de comparar com a realidade os ensinamentos religiosos. A verdade, entretanto, é que não passa tudo de falsas informações tidas até como de grande sabedoria, mas simplesmente falsas e cuja percepção não ocorre unicamente por não se pensar a respeito do que se ouve. Disse um Grande Mestre do Saber que todo lugar onde há muitas igrejas e muitas farmácias é habitado por pessoas mais atrasadas mentalmente, verdade que pode ser observada nas periferias das cidades onde a pobreza e a ignorância são ainda maiores que nos centros. Lá, os ratos, baratas, moscas e esgoto a céu aberto nem ligam para as orações e nem para as divindades, matando impiedosamente as crianças. A impotência mental a que é reduzido o religioso não o deixa perceber a mesma realidade percebida por quem graças à meditação conclui pela realidade de que ninguém precisa de outra força senão a sua própria força para levar sua vida a bom termo. A única coisa que Deus dá às pessoas são carros chechelentos e a castração da capacidade de pensar, o maior bem que a natureza desenvolveu no ser humano, mas que a religião o impede de usar em seu benefício. A religião ensina não ser necessário examinar as informações dela provenientes, bastando aceitá-las como chegam. Entretanto, quem se der ao trabalho de ler a bíblia sem a imagem de um deus no lugar das pupilas, e tomar conhecimento da história de cada religião, descobrirá sordidez escondida sob o manto da santidade que inclui assassinatos, intrigas, estupro de crianças e guerras tão sangrentas e estimuladas pelo mesmo mote que dá origem a todas as outras guerras. Entretanto, embora lentamente, a cada dia que passa a verdade vai substituindo a mentira de tal forma que hoje não mais existe a exigência divina de levar à fogueira quem pensasse como eu. Logo aparecerá também a verdade de ser a religião e a politicagem duas formas de submeter a humanidade a uma escravidão também só não percebida por falta de raciocínio. Vimos o presidente Lula e Edir Macedo juntos, de mãos dadas, numa atitude ridícula, a inaugurar a TV Record, e agora teremos a presença da presidente Dilma e a figura asquerosa do mesmo pastor Edir Macedo que figura na revista Forbes como um dos homens mais ricos do mundo a inaugurar o templo de Salomão, monstruosa e inútil construção destinada a ajudar Maluf a extorquir os paulistas e paulistanos vendendo-lhes em módicas prestações um lugarzinho no céu ao lado de Deus, fazendo a riqueza do ridículo pastor bilionário, tudo isso sem nada recolher de imposto embora se tratando de atividade tão lucrativa quanto a bancária haja vista as fortunas de que se toma conhecimento ao pedir ao amigão Google para mostrar a “riqueza dos pastores brasileiros”. Este novo templo de Salomão, na verdade da ótica de quem pensa, merece o mesmo destino do outro templo também de Salomão.

Deste modo, respeitar a idéia do religioso é o mesmo que ser indiferente a uma ação da qual resulta danos a si mesmo, ao próprio religioso inocente, e a todos enfim porquanto o ajuntamento de pessoas desprovidas da capacidade de raciocinar nunca formará uma sociedade civilizada do mesmo modo como o faz a união de pessoas esclarecidas o bastante para entender a necessidade do respeito mútuo e da indispensabilidade do cooperativismo entre todos como fatores sem os quais a vida se torna tão desagradável quanto está. Os religiosos se matam entre si. Se vivessem em territórios distintos os religiosos e os não religiosos, a sociedade formada pela união dos não religiosos seria muito mais pacífica e espiritualmente mais evoluída do que a sociedade formada pelos religiosos. Enquanto os primeiros pensariam no futuro das gerações vindouras, os segundos passariam, como efetivamente passam, todo o tempo a requebrar os quadris, fazer barulho, entrar no elevador antes de quem estava esperando, comprar bombas para curtir o pipoco, acelerar motos preparadas para fazer ruído e incomodar quem descansa, provocar morticínios e infelicidade, orar e aspergir água sobre pés de milho como forma de atrair chuva. Separando da brutalidade o refinamento, resultaria uma sociedade civilizada e pacífica com pouca ou nenhuma religiosidade e outra sociedade violenta e religiosa com muitos templos, farmácias, muita doença, barulho, e falta de discernimento.

É por isso que está errado respeitar as idéias do religioso. Elas travam a evolução mental com sua mente pequena e isenta de sabedoria bastante para compreender a necessidade de conviver com as inevitáveis e constantes mudanças e inovações provenientes tanto da natureza quanto da sociedade. A pequenez mental da religiosidade matou incontáveis inocentes africanos ao lhes informar falsamente ser nocivo o uso da camisinha e bate pé firme ser também pecado a pesquisa sobre célula tronco. A mente do religioso evolui tão lentamente que ainda existe quem conversa com estátuas de gesso e asperge água e orações sobre pés de milho para fazer chover. Em função desta morosidade de mudar de lugar o passo da evolução mental é que até hoje se fala em milagre sem se cogitar da falta de lógica observada por alguém que pensa ao nos mostrar a irrealidade da convicção de ter Cristo curado a cegueira de uma pessoa quando poderia curar a cegueira no mundo todo. A inocência leva os religiosos a prejudicar a sociedade, razão pela qual não se pode respeitar uma atitude danosa ao meio social porque o dano vai prejudicar a totalidade dos seres do agrupamento visto ser a sociedade indivisível e o mal que é feito a uma pessoa ou a muitas pessoas do grupo como a pobreza, por exemplo, se volta contra todo o grupo sob a forma de doenças e violência.

Esse é o grande mal que a religião produz: fazer com que as pessoas esperem erradamente receber das divindades para seus problemas uma solução que só pode ser alcançada através do esforço que lava à compreensão da realidade da vida, coisa de nenhuma significação para os religiosos, certos que estão de nada se poder fazer no sentido de dar à vida a nobreza da paz e da irmandade visto que só a divindade é capaz de fazer isso. A fantasia da religiosidade precisa ser substituída pela realidade da vida sem o que jamais haverá civilidade entre os seres humanos eternamente se debatendo entre orar, dançar, matar, partilhar as idéias inexistentes de líderes que não sabem fazer um “O”com um copo. São todas atividades inúteis e prejudiciais ao convívio harmonioso. Na Idade Média, quando a Peste Negra matava impiedosamente, os religiosos queimavam mulheres a quem atribuíam atividades de bruxaria, uma inocência tão grande que matavam as mulheres em vez de matar os germes causadores da doença, no que prejudicavam a sociedade.

Falta lucidez à humanidade. Pessoas que não sabem quando um livro está ao contrário contestam afirmações dos Grandes Mestres do Saber, o que por si só demonstra uma situação inexplicável e inaceitável. Um analfabeto só pode contestar um cientista sobre como ser ignorante.

Ah! Outro lembrete muito útil: devido à usura dos construtores, a economia de material tira tanto a privacidade nestes apartamentos modernos que nenhum vizinho pode peidar a gosto. Inté.

 


segunda-feira, 28 de julho de 2014

A PERGUNTA DE SARA.


Esta arenga tem nada a ver com Abraão. Hoje, no tráfego engarrafado, o barulho ensurdecedor dos imensos alto-falantes de um carro-propaganda dizendo em quem o povo deve votar, e outro dizendo onde o povo deve comprar, aquela confusão fez Sara exclamar: “Que gente mal educada!”. Expliquei a ela que não se tratava de gente, mas de povo, ao que ela me perguntou que diferença há entre gente e povo, pergunta que me deixou tentado a tentar passar para ela um pouco do que aprendi com os Grandes Mestres do Saber, de cujos ensinamentos tirei a seguinte conclusão: Há uma profunda diferença entre povo e gente. Povo é um aglomerado de pessoas sem vontade própria, tão fácil de ser conduzido por todo tipo de orientação que a televisão o faz desconhecer o sentimento de nobreza e portar-se como escravo de sua tirania. Os elementos que integram o povo, embora tenham o mesmo aspecto dos integrantes de sociedades, destes se distanciam enormemente, separados por um verdadeiro abismo chamado raciocínio, atividade mental apenas permitida a quem passou a ser gente, porque só gente tem capacidade de formar sociedades, o que deixa de fora o povo, por não poder pensar. Entretanto, por questão de filantropia, pode-se dizer que o povo é formado por pessoas pelo fato de serem seus integrantes fisicamente semelhantes aos integrantes das sociedades, embora tão diferentes nas atitudes que a união dos integrantes do povo não forma sociedade por não haver sociedade alguma onde seja necessário saltar por sobre pedaços de corpo humano ao se andar nas ruas, coisa normal apenas no mundo dos bichos.

Todas as conversas sobre sociedade levam à frase sábia de que os males da humanidade tem origem na ignorância. Percebe-se esta verdade facilmente raciocinando-se sobre o que se faz necessário a alguém que tenha nas costas a responsabilidade de ditar o destino de uma comunidade. O que será necessário a alguém com tal responsabilidade senão liderança autêntica? E haverá, por acaso, alguma liderança autêntica que conduza seus liderados para o infortúnio de passar a vida trabalhando para terminar chorando num corredor de hospital? Se não existe, como realmente não pode existir, e se a sociedade está reduzida a um só desmando, deve-se tal situação à escolha de líderes que o povo faz impensadamente por não poder pensar.

É perigosa a situação de ser o povo incapaz de pensar porque da inocência em que se encontra é totalmente impossível chegar a sociedade a bom termo. É tão profunda a distância entre o povo e a realidade que a imprensa publica o seguinte: “Corrupção mata sem sujar as mãos', diz Papa Francisco. "corrupto irrita Deus e o Senhor diz claramente o que fará: 'Eu farei cair um desastre contra vós'. O Pontífice continuou a homília declarando que "nossa obrigação como cristãos é pedir perdão por eles e que o Senhor lhes dê a graça de arrepender-se". Apesar das duras críticas a quem se corrompe, Francisco declarou que há uma saída para quem entrou nesse caminho. "Há uma porta de saída para os corruptos, para os corruptos políticos, para os empresários corruptos e para os corruptos da Igreja: pedir perdão”. E tal é o grau de desconhecimento da realidade da vida, que o povo vê nessa baboseira solução para alguma coisa. Não tem realmente qualquer discernimento quem acredita que a pedido do papa os corruptos vão devolver a grana que vai acabar com o choro no corredor do hospital. É de rachar de rir a proposta para que os corruptos se arrependam. Eles perguntariam ao fantasiado representante de Deus: “Arrepender-me do quê, seu papa? Não é menos desconcertante o desastre que Deus faria cair sobre os corruptos. Nunca se viu um deles a chorar no corredor do hospital, e quando algum é apanhado com a cueca cheia de dólares e vai à justiça é só para receber a absolvição.

São tantas as evidências de inocência e alheamento ante a luzinha mágica da televisão que o povo nada vê de estranho nesta outra notícia da imprensa: Este é o novo Brasil que estamos construindo (declara uma senadora petista). Mas então é este o Brasil que está sendo construído pelos líderes escolhidos pelo povo? Precisa dizer mais nada não, né não? Inté.

sábado, 26 de julho de 2014

ARENGA NÚMERO QUARENTA


Não creio absolutamente agora ter sido perda de tempo a decisão de dedicar minha velhice a uma atividade que transcende em muito a capacidade, mas que nem por isso me impede de por em prática ainda que aos trancos e barrancos a tentativa de conseguir incentivar em alguém a necessidade de despertar para a atividade de pensar. Este meu otimismo se baseia no comentário de um jovem empresário que se denomina Rogar Pensador nos seguintes termos: “Obrigado por existir, Zé Mário. Preciso de pessoas como você para minha formação mental. É de pessoas como você que esse país precisa”. Exageros à parte, a opinião do jovem é um grande estímulo por ser a única pessoa fora do meu círculo de amizade a concordar com a evidente necessidade de se despertar para outra realidade porque esta aqui fracassou de modo tão evidente que só não percebe quem não pensa. É um fracasso tão abrangente que envolve tanto o material quanto o espiritual. Se logo faltará a base da economia que move o mundo, o petróleo, junto com ele também se esvai a nobreza de sentimento. Dentro deste modelo fracassado, jamais terão as criancinhas rechonchudas de hoje o futuro almejado por seus pais. O poder conferido pela endeusada dinheirama do fracassado sistema capitalista não será poderoso o bastante para conter as infelicidades à vista, mas escondida pela insensatez, fazendo-se, pois, de grande importância, que não só o jovem empresário Rogar Pensador, eu e meus amigos, sejamos os únicos a seguir os ensinamentos dos Grandes Mestres do Saber que tanto valorizam a atividade de pensar.

Um instante de reflexão é suficiente para se perceber que toda esta festança desenfreada em que mergulha a juventude é coisa adredemente preparada para impedir o desenvolvimento mental, o que efetivamente conseguem com sucesso seus idealizadores. Não há nem pode haver em todo o universo uma só pessoa lúcida, dotada de alguma inteligência, e carente de assistência pública de saúde, que seja capaz de preferir uma festa à garantia de poder fazer seu exame médico quanto ele se fizer necessário, mas esse é o comportamento coletivo, fato que possibilita a percepção de haver algo estranho em tal comportamento. Se ninguém mentalmente saudável tem isoladamente determinado comportamento, mas o tem quando passa à coletividade, é por estar agindo coletivamente sob determinada influência que esta pessoa desconhece. Um pai que monta seu filhinho rechonchudo no cangote para curtir festejamento do futebola, ou é desprovido de qualquer inteligência ou está sob o efeito de algum convencimento que o leva àquele comportamento de não pensar que no futuro seu filho precisará fazer exame médico.

Como este modelo vem sendo seguido desde sempre, fica parecendo ser eterno, embora nada o seja, como ensina o velho Politzer no exemplo da rosa que acreditava ser eterno o jardineiro pelo fato de ser efêmera a vida daquela flor, de modo que ela via o jardineiro desde quando nasceu até quando morreu. Se a mudança é própria da natureza, nada mais justo do que mudar para outro modo de vida onde não haja necessidade de se andar saltando por cima de pedaços de cadáver. Vivemos um mundo tristemente desagradável em que as pessoas mais espiritualmente desclassificadas são as mais rapidamente elevadas aos píncaros da glória. Está aí a imprensa e o interesse do povo na notícia de que um jogador de futebola vai para a Europa com a namorada.  Enquanto isso, pessoas de muitas qualidades são ignoradas, quando não perseguidas. Tudo à nossa volta é um misto de confusão e infelicidade. A vida que as pessoas imaginam ser normal tem o mesmo frenesi a que está submetido quem faz parte de uma multidão querendo escapar de incêndio.

Entretanto, apesar de estar tudo errado, o que se houve é só lamentação ou escárnio em relação às autoridades por serem elas realmente responsáveis pela situação de calamidade pública em que se encontra nossa sociedade. É total o impasse para a superação deste estado de manada enquanto as autoridades responsáveis pelo desenvolvimento de sua sociedade temerem o desenvolvimento intelectual do povo, preferindo-o tão inculto quanto as ridículas “celebridades” e “famosos” que não sabem fazer um “O” com um copo. É das autoridades que emana o tal poder de convencimento que faz adulto se comportar como criança soltando bombas e requebrando os quadris.

É aqui que se encontra o X de todos os problemas que afligem a sociedade. O desenvolvimento alardeado como prova de eficiência administrativa, em vez de visar um ambiente social cada vez melhor, a realidade mostra o contrário.  As mudanças proporcionadas pelo tal de desenvolvimento são sempre para piorar o ambiente social. A milenar cultura de considerar o povo um detalhe incômodo e apenas suportável pela necessidade de carregar a mala dos ricos donos do mundo tem dado origem a situações de conflitos sangrentos que pipocam vez em quando, desnecessários porquanto não há desavença que a lucidez e a ponderação não resolvam sem criar desavença ainda maior.    

Não saber escrever é diferente de não saber pensar. A atividade de pensar é como a atividade de liderança. Pode ser aprendida, e é preciso aprender que nos olhos da alma da sociedade, a imprensa, as imagens refletidas só prometem desagregação social e suas consequências funestas. As recomendações vindas do mundo dos ricos donos do mundo aos responsáveis pela administração social, na realidade, tem para a sociedade o sentido contrário do recomendado. A notícia da morte do dono da construtora Odebrecht, por exemplo, também esclarece que ele transformou uma empresa falida em um império que se estende por vinte e três países. Este adendo funciona como convencimento de ser socialmente meritório o comportamento do Sr. Norberto Odebrecht, quando, na realidade, é prejudicial. A ninguém é dado desconhecer como agem as empreiteiras, e estão certos porque outra notícia, ao lado do título, traz também um adendo esclarecendo como Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht e Andrade Gutierrez ampararam-se no Estado para construir impérios que se estendem das obras públicas e telefonia à produção de sandálias havaianas. A cultura da construção de impérios não tem mais lugar, continuando apenas pela mesma ilusão de eternidade da rosa, mas precisa fazer parte dos pensamentos tanto dos despossuídos quanto dos possuidores dos impérios cuja construção deixa um rastro de infelicidade social e ódio contra a sociedade.

Continua a imprensa, a alma da sociedade, a apresentar fatos edificantes para o império da imoralidade social vigente sobre a qual se faz necessário pensar. É de causar pasmo a declaração do Sr. Paulo Maluf em entrevista ao Jornal Folha de São Paulo no seguinte teor: “Sou hoje, em Brasília, um consultor de todos os deputados. Não vou desperdiçar essa experiência que Deus me deu”. É, ou não é de extrema necessidade pensar sobre o que se passa ao redor? Se os deputados consultam Maluf sobre as coisas que Deus lhe ensinou, o que aprenderão? Não há em lugar algum o desconhecimento das coisas que Deus teria ensinado ao Sr. Maluf. Não será esse aprendizado a causa de tanto choro pelaí? Inté. 

 

 

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 22 de julho de 2014

EM BUSCA DA INFELICIDADE


A humanidade parece fazer opção pela infelicidade. Até se faz apologia do sofrimento. O esquisito comportamento humano se deve unicamente por falta de meditação sobre o que acontece à sua volta. Um olhar em torno de si mesmo e um pouco de raciocínio bastam para se concluir que o bem-estar por todos almejado não é buscado onde pode ser encontrado. É vã a esperança de que tecnologia e riqueza proporcionam bem-estar, embora possam fazê-lo, mas nunca do modo como são usadas. A brutalidade proveniente da proximidade com o tempo de primitivo faz a tecnologia e a riqueza serem usadas como fatores de desagregação social e escravidão. Os jovens estão cativos da tecnologia que os transformou em autômatos programados para futucar aparelho eletrônico até durante o almoço. Além disso, os jovens estão certos da possibilidade de poder cada um ter seu mundinho particular de tranquilidade construído com riqueza, no que estão redondamente enganados. É impossível uma ilha de paz em meio a uma guerra. Nessa esperança inútil, lançam-se os seres humanos num desespero enlouquecido a fim de construir a qualquer custo a riqueza que lhe trará uma paz sem futuro porque um dia será destruída pelos inimigos criados com a construção da riqueza. Não se pode amealhar riqueza sem pisar em ninguém. Aí estão não só os Estados Unidos a servirem de exemplo desta realidade, mas também todos os países ricos obrigados a se verem envolvidos em atividades bélicas, sendo os Estados Unidos, entretanto, o melhor exemplo. Ajuntou tanta riqueza e criou tantos inimigos que seu povo salta de banda assustado até pelo pipoco de um simples traque. Dos saques de onde veio a imensa fortuna dos americanos, também veio o rancor dos familiares de milhões de vidas ceifadas, e é por isso que o capitalismo não tem futuro porque cria as feras que irão devorá-lo um dia. Cada montanha de dinheiro criada esconde sob si outra montanha de cadáveres.

O instinto de bicho ainda preserva a cultura do sonho de riqueza, e a busca da realização deste sonho tornou a tecnologia um instrumento de criar riqueza. Os avanços científicos em nada concorrem para o bem-estar social porque só chegam até onde há riqueza. Aqui entre nós, há o exemplo de Lula, que se salvou da mesma doença que mata milhões de pobres, e que o mataria se ele não tivesse se transformado em multimilionário através das práticas constantes no livro O Chefe. Estando a tecnologia a serviço da riqueza, e sendo a riqueza a base da cultura humana, enquanto perdurar o ajuntamento em vez do esparramamento da riqueza será absolutamente impossível haver bem-estar social no mundo. É muito estranho que ninguém se incomode em viver um ambiente cada vez mais degradado física e espiritualmente, sendo tal regressão mental produzida pelo sistema de educação que vigora no mundo e que ensina a ser rico ou religioso, de preferência rico e religioso. Entretanto, observando a realidade da vida, ambos são comportamentos incompatíveis à realização do sonho de se conquistar o bem-estar social, porquanto a religião, sendo fruto da inocência, não pode contribuir com evolução espiritual por falta de maturidade. Percebe-se ser a religiosidade companheira da inocência, ou falta de conhecimento, pelo fato de decrescer o nível das mesuras religiosas à medida que também decresce a falta de conhecimento, ou seja: quanto mais inocente, mais rasteiras são as práticas. Do uso de drogas, dos sacrifícios que já incluíram degola de gente e de bicho, chegando à auto-aplicação de sofrimento físico as mesuras praticadas pelas pessoas mais simples. Porém, à medida que se tenha adquirido algum conhecimento, tais mesuras se restringem a ambientes requintados onde as jóias da demonstração de riqueza só deixaram de reluzir depois da constatação de inexistir proteção divina contra os ladrões que aumentam tanto de número a cada dia a ponto de fazer com que ninguém mais queira parecer ser rico.

Como nem a cultura da religiosidade e nem a da necessidade de ser rico podem levar ao bem-estar social, e uma vez que o sistema educacional mundial visa preparar técnicos em produzir riqueza em vez de paz e harmonia, o resultado é a infelicidade das guerras, as quais, no dizer do conservador Arnaldo Jabor, ao contrário das de antigamente que tinham fim, as guerras modernas são infindáveis. É só infelicidade que resulta da cultura de ser rico ou religioso.

Confirmando o dito de ser a imprensa o espelho que reflete a alma da sociedade, a imprensa mundial endeusa a riqueza. O feioso Henry Kissinger recomendava a vantagem da competição. No mesmo caminho, o economista Paulo Roberto Feldmann, em artigo na revista Época de l/6/14, intitulado O BRASILEIRO É UM POUCO INDOLENTE, demonstra também pendor pela riqueza como provedora de bem-estar social. Vejam só o que ele afirma sobre educação, se é ou não é o apego à riqueza. Perguntado o porquê de não saber o brasileiro administrar, respondeu da seguinte maneira:

“O problema começa em nossa educação. A Itália colocou no currículo do 1o e 2o grau noções de administração. Com 15 e 16 anos, o jovem aprende contabilidade, estudo de mercado, como fazer um fluxo de caixa. E a Itália é o país mais bem-sucedido em pequenas empresas. Se não ensinamos a administrar desde cedo, isso vira um problema. No Brasil, o jovem não aprende absolutamente nada sobre administração na escola. Na Alemanha e no Japão, dois dos países com mais bons (sic) administradores, não existe curso de administração de empresas. Nesses países, é preciso se formar em economia e, depois, fazer uma especialização em administração. No Brasil, existem infinitos cursos de administração e, no entanto, somos ruins em gestão. O administrador brasileiro sai da faculdade sem entender muito sobre economia, uma deficiência grave”.

 Aí está o tipo de ensinamento recomendado para a juventude pelo célebre economista: ser bom produtor de dinheiro. Enquanto perdurar o modelo educacional de preparar robôs destinados unicamente à produção de riqueza a humanidade será cada vez mais infeliz e promoverá sua própria extinção. O mais crasso erro da juventude mundial é a falta de interesse pela sua sociedade. O sistema até aqui vigente de administração pública tem se mostrado impotente para proporcionar paz social e é preciso que se perceba esta realidade. Inté.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 3 de julho de 2014

ARENGA TRINTA E NOVE


Desressabiados os sacos, arenguemos: Arengávamos sobre a imprestabilidade do sistema democrático de administração pública vez que os administradores são selecionados por um processo altamente defeituoso que escolhe os piores e exclui os melhores administradores. Dizem pelaí que a democracia é a menos pior das formas já experimentadas para ter a posse da chave do cofre que guarda o erário. Um relance de olhar no retrovisor do tempo mostra que as outras formas de usar a chave do cofre são indignas até das sociedades dos irracionais, razão pela qual não é por ser melhor do que elas que seja boa a democracia. Entre os infinitos motivos pelos quais o processo democrático não presta desponta um processo de escolha tão louco que os escolhedores, não obstante a responsabilidade de determinar quem é que vai ficar com a chave do cofre onde se guarda o bem-estar ou o mal-estar da sociedade, apesar de tamanha responsabilidade, a escolha é decidida pela maioria da população que é constituída de pessoas sem a menor noção de cidadania. Não me canso de lembrar a cena do filme Lamarca, na qual o camponês dedura o guerrilheiro Lamarca em troca do dinheiro com o qual compraria um burro novo para sua carroça. Os autores do livro que deu origem a esse filme, Emiliano José e Miranda Oldack, foram imensamente felizes na forma de nos mostrar até onde vai a falta de entrosamento social ou sociabilidade, ou cidadania, ou nenhuma noção da existência de um mundo social e como é que ele funciona, qualidades estas indispensáveis a quem vai ser examinador de um concurso de vestibular de admissão ao poder de usar o erário e, de acordo com esse uso, promover o bem-estar ou o mal-estar social.

Presenciei uma demonstração desta inocência que muito prejudica a sociedade, mas que faz parte do processo democrático de seleção. Em Salvador, um taxista me disse que ele não ligava para esse negócio de político roubar porque não era dele que os políticos roubavam. É exatamente aqui que a porca torce o rabo porque esse tipo de entendimento não tem condição de opinar acertadamente sobre questão tão complexa que exige conhecimentos que passam a anos luz do comum das pessoas. Nesse exato momento estamos assistindo em nosso país à maior demonstração da falibilidade do sistema democrático em função exatamente da incapacidade intelectiva de quem escolhe. Uma parte desta demonstração está na pessoa da vereadora Eloisa Helena. Quem teve oportunidade de conhecê-la sabe da sua vontade inquebrantável de botar ordem nesse país de desordens. Entretanto, em função das tramóias para esse fim elaboradas, os escolhedores não a elegeriam, razão pela qual, certamente, não chegou a ser candidata, e se fosse certamente não teria o merecido reconhecimento que lhe rendesse votos suficientes para que ela viesse a colocar em prática suas idéias de estadista porque o Plínio de Arruda Sampaio, o melhor candidato depois de Eloisa Helena, teve votação inexpressiva das pessoas que realmente tem condições de escolher. Como a escolha é decidida pelos mentalmente desqualificados para outra coisa que não seja requebrar os quadris, comer hóstias e futebola, o que temos é isso que aí está de pular sobre pedaços de cadáver pelas ruas nas quais as balas passam zunindo e atrapalhando ouvir o choro do corredor do hospital.

  É exatamente por serem incapazes de escolher que as escolhas são tão mal feitas a ponto de haver vários escolhidos na cadeia e todos os que estão fora também deveriam estar lá dentro, com exceção de dois ou três gatos pingados que deveriam estar longe dos colegas que tem. É tudo decorrência da falha no processo democrático de escolher o portador da chave do cofre. Da incapacidade de fazer a escolha certa, resulta escolher quem prefere festa a escola e hospital, situação que explica o porquê de terem os Grandes Mestres do Saber dito ser a ignorância a fonte de todos os males que afligem a humanidade. De fato, é da ignorância que leva a escolher ladrões que decorre a situação de haver choro no corredor do hospital e, portanto, é a ignorância do próprio chorão que o faz chorar. Embora as pessoas acreditem que o bem-estar cai do céu, a realidade é que ele está é lá dentro do cofre que guarda o erário. Se o que está lá dentro não é usado para promover o bem-estar, o resultado é que o mal-estar toma conta de tudo como está aí a dominar em virtude da malversação do erário na preferência por estádios em detrimento de escolas e hospitais, tudo por consequência do defeito no processo de escolha.

 Continuando na trilha deixada pelas imperfeições dessa tal de democracia, depois do processo defeituoso de escolha, o erradamente escolhido não pode se ocupar do bem-estar social porque para receber votos suficientes para lhe dar direito à posse da chave do cofre, o pretendente usa dinheiro de empresário para fazer propaganda e convencer os eleitores sem discernimento de que aquele é que é o cara. Como o que bancou a propaganda quer seu dinheiro de volta dobrado ou triplicado, e o escolhido além dessa obrigação ainda tem a de amealhar riqueza para levar prá casa, e ainda tem que arrumar boas posições para os familiares e os amigos, e ainda tem de fazer um templo onde sua lembrança será preservada (e que lembrança!). Depois de tudo isso não sobra tempo e nem dinheiro para mais nada.

A trilha deixada pelas imperfeições do sistema democrático a partir do processo de escolha é maior que o Caminho de São Tiago. Graças a uma cultura esquisita onde quem vale menos vale mais, temos aí uma situação em que a destreza em manejar uma bola com os pés merece reconhecimento social maior do que habilidade em alfabetizar e educar, chegando ao extremo de dizer que estádio de chutar bola é mais importante do que escola e hospital. Dada a credibilidade desfrutada por que vale menos, um deles, por ter habilidade em manejar a bola com os pés, foi encarregado de comunicar à sociedade a insignificância de escolas e hospitais ante a prioridade dos estádios. A credibilidade de um chutador de bola é tão grande perante a pequenez da mentalidade dos escolhedores ou eleitores que até consideram tais pessoas como sendo entendedoras ou versadas em assuntos sociais. A presença de um chutador de bola na campanha do pretendente à chave do cofre de Pernambuco como recomendação de eficiência prova o quanto estamos distante de um processo sadio de eleições porque quem escolhe por indicação de quem só sabe jogar futebola, com absoluta certeza escolhe mal. Nada senão a indiferença da juventude quanto ao futuro de seus filhos faz com que se encare com naturalidade um descompasso tão grande que permite sejam as pessoas de mais baixo nível de intelectualidade exatamente as que tenham a responsabilidade de indicar quem vai ser o chefe maior na gastança pública, decorrendo daí que terreiro de brincadeira se torna mais importante que o hospital, resultando desta estupidez a falta de hospitais suficientes para evitar choro nos corredores.

A outra parte da demonstração de falibilidade do sistema democrático em função da esquisitice de valer mais quem vale menos leva à preferência pelos que valem menos como prova a ingratidão e erro crasso em ignorar não só Eloisa Helena, é procurar fazer também ser ignorado o doutor Joaquim Barbosa, um verdadeiro dom Quixote na defesa da moralidade no uso da chave do cofre do erário. Quem tem percepção percebeu perfeitamente não só o esforço de alguns ministros do STF para proteger os bandidos do Mensalão, mas também o enfrentamento que encontraram em defesa da sociedade na pessoa de estatura moral gigantesca, o doutor Joaquim Barbosa. Maior mérito não há do que ser útil à sociedade cumprindo com lealdade as obrigações exigidas pelo cargo que ocupa. Entretanto, por ser leal à sua sociedade, os defeitos do sistema democrático lhe devolvem como recompensa a tentativa de menosprezo por parte dos aspirantes à chave do cofre. Sabendo que com Joaquim Barbosa por perto a chave teria de ser usado para produzir bem-estar social, procuram denegrir a imagem de integridade que deixou e que é sincera como se pode perceber na sua fisionomia de homem sem frescura de palavras doces que escondam fel.

É um espetáculo monumental de desfaçatez a pose que ministros políticos fazem para procurar um meio de prejudicar a imagem do Barbosão que mais do que ninguém honrou aquele tribunal em toda sua história. Há até quem diga que ele manchou aquela história, o que é o cúmulo da calúnia e cinismo, prova material da prevalência dos ruins sobre os bons, consequência dos defeitos escondidos debaixo da saia da democracia. Tentaram também denegrir a imagem de Eliana Calmon por impor ordem no Conselho Nacional de Justiça, e as medidas moralizadoras por ela implantadas a imprensa mostra que o substituto de Joaquim Barbosa vai anular. Ante tais fatos, fica evidente quem é o verdadeiramente bem intencionado do colegiado do STF. Como prevalece os ruins, o único bom daquele ambiente está sendo espinafrado exatamente por ser o bom e impedir uma farra monumental, quase equivalente à da Copa adorada pelos maus e os idiotas e que estava sendo arquitetada pelos politiqueiros, os bandidos de toga aludidos por Eliana Calmon e as empreiteiras, com a criação dos tribunais federais, mas que dependia da opinião do doutor Joaquim Barbosa que cortou o barato da canalha impatriótica. Para os inocentes que determinam a quem cabe a chave do cofre o ruim é quem é do lado da ordem e do bem-estar social, razão pela qual as balas passam zunindo e fazendo vítimas, enquanto se corre saltitando por sobre pedaços de cadáver. Como os sacos reclamam, inté.