Esta arenga tem nada a ver com Abraão. Hoje, no tráfego engarrafado, o barulho
ensurdecedor dos imensos alto-falantes de um carro-propaganda dizendo em quem o
povo deve votar, e outro dizendo onde o povo deve comprar, aquela confusão fez Sara
exclamar: “Que gente mal educada!”. Expliquei a ela que não se tratava de
gente, mas de povo, ao que ela me perguntou que diferença há entre gente e
povo, pergunta que me deixou tentado a tentar passar para ela um pouco do que
aprendi com os Grandes Mestres do Saber, de cujos ensinamentos tirei a seguinte
conclusão: Há uma profunda diferença entre povo e gente. Povo é um aglomerado de
pessoas sem vontade própria, tão fácil de ser conduzido por todo tipo de
orientação que a televisão o faz desconhecer o sentimento de nobreza e
portar-se como escravo de sua tirania. Os elementos que integram o povo, embora
tenham o mesmo aspecto dos integrantes de sociedades, destes se distanciam
enormemente, separados por um verdadeiro abismo chamado raciocínio, atividade
mental apenas permitida a quem passou a ser gente, porque só gente tem capacidade
de formar sociedades, o que deixa de fora o povo, por não poder pensar.
Entretanto, por questão de filantropia, pode-se dizer que o povo é formado por
pessoas pelo fato de serem seus integrantes fisicamente semelhantes aos
integrantes das sociedades, embora tão diferentes nas atitudes que a união dos
integrantes do povo não forma sociedade por não haver sociedade alguma onde
seja necessário saltar por sobre pedaços de corpo humano ao se andar nas ruas,
coisa normal apenas no mundo dos bichos.
Todas as conversas sobre sociedade levam à
frase sábia de que os males da humanidade tem origem na ignorância. Percebe-se
esta verdade facilmente raciocinando-se sobre o que se faz necessário a alguém
que tenha nas costas a responsabilidade de ditar o destino de uma comunidade. O
que será necessário a alguém com tal responsabilidade senão liderança autêntica?
E haverá, por acaso, alguma liderança autêntica que conduza seus liderados para
o infortúnio de passar a vida trabalhando para terminar chorando num corredor
de hospital? Se não existe, como realmente não pode existir, e se a sociedade
está reduzida a um só desmando, deve-se tal situação à escolha de líderes que o
povo faz impensadamente por não poder pensar.
É perigosa a situação de ser o povo incapaz de
pensar porque da inocência em que se encontra é totalmente impossível chegar a
sociedade a bom termo. É tão profunda a distância entre o povo e a realidade
que a imprensa publica o seguinte: “Corrupção mata sem sujar as mãos', diz Papa
Francisco. "corrupto irrita Deus e o Senhor diz claramente o que fará: 'Eu
farei cair um desastre contra vós'. O Pontífice continuou a homília declarando
que "nossa obrigação como cristãos é pedir perdão por eles e que o Senhor
lhes dê a graça de arrepender-se". Apesar das duras críticas a quem se
corrompe, Francisco declarou que há uma saída para quem entrou nesse caminho.
"Há uma porta de saída para os corruptos, para os corruptos políticos,
para os empresários corruptos e para os corruptos da Igreja: pedir perdão”. E tal é o grau de desconhecimento
da realidade da vida, que o povo vê nessa baboseira solução para alguma coisa. Não
tem realmente qualquer discernimento quem acredita que a pedido do papa os
corruptos vão devolver a grana que vai acabar com o choro no corredor do
hospital. É de rachar de rir a proposta para que os corruptos se arrependam.
Eles perguntariam ao fantasiado representante de Deus: “Arrepender-me do quê,
seu papa? Não é menos desconcertante o desastre que Deus faria cair sobre os
corruptos. Nunca se viu um deles a chorar no corredor do hospital, e quando
algum é apanhado com a cueca cheia de dólares e vai à justiça é só para receber
a absolvição.
São
tantas as evidências de inocência e alheamento ante a luzinha mágica da
televisão que o povo nada vê de estranho nesta outra notícia da imprensa: “Este é o novo Brasil que estamos construindo
(declara uma senadora petista). Mas então é este o Brasil que
está sendo construído pelos líderes escolhidos pelo povo? Precisa dizer mais
nada não, né não? Inté.
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