A humanidade parece fazer opção pela
infelicidade. Até se faz apologia do sofrimento. O esquisito comportamento
humano se deve unicamente por falta de meditação sobre o que acontece à sua
volta. Um olhar em torno de si mesmo e um pouco de raciocínio bastam para se
concluir que o bem-estar por todos almejado não é buscado onde pode ser
encontrado. É vã a esperança de que tecnologia e riqueza proporcionam bem-estar,
embora possam fazê-lo, mas nunca do modo como são usadas. A brutalidade
proveniente da proximidade com o tempo de primitivo faz a tecnologia e a
riqueza serem usadas como fatores de desagregação social e escravidão. Os
jovens estão cativos da tecnologia que os transformou em autômatos programados
para futucar aparelho eletrônico até durante o almoço. Além disso, os jovens estão
certos da possibilidade de poder cada um ter seu mundinho particular de
tranquilidade construído com riqueza, no que estão redondamente enganados. É impossível
uma ilha de paz em meio a uma guerra. Nessa esperança inútil, lançam-se os
seres humanos num desespero enlouquecido a fim de construir a qualquer custo a
riqueza que lhe trará uma paz sem futuro porque um dia será destruída pelos
inimigos criados com a construção da riqueza. Não se pode amealhar riqueza sem
pisar em ninguém. Aí estão não só os Estados Unidos a servirem de exemplo desta
realidade, mas também todos os países ricos obrigados a se verem envolvidos em
atividades bélicas, sendo os Estados Unidos, entretanto, o melhor exemplo. Ajuntou
tanta riqueza e criou tantos inimigos que seu povo salta de banda assustado até
pelo pipoco de um simples traque. Dos saques de onde veio a imensa fortuna dos
americanos, também veio o rancor dos familiares de milhões de vidas ceifadas, e
é por isso que o capitalismo não tem futuro porque cria as feras que irão
devorá-lo um dia. Cada montanha de dinheiro criada esconde sob si outra
montanha de cadáveres.
O instinto de bicho ainda preserva a cultura
do sonho de riqueza, e a busca da realização deste sonho tornou a tecnologia um
instrumento de criar riqueza. Os avanços científicos em nada concorrem para o
bem-estar social porque só chegam até onde há riqueza. Aqui entre nós, há o
exemplo de Lula, que se salvou da mesma doença que mata milhões de pobres, e que
o mataria se ele não tivesse se transformado em multimilionário através das
práticas constantes no livro O Chefe. Estando a tecnologia a serviço da
riqueza, e sendo a riqueza a base da cultura humana, enquanto perdurar o
ajuntamento em vez do esparramamento da riqueza será absolutamente impossível
haver bem-estar social no mundo. É muito estranho que ninguém se incomode em
viver um ambiente cada vez mais degradado física e espiritualmente, sendo tal
regressão mental produzida pelo sistema de educação que vigora no mundo e que
ensina a ser rico ou religioso, de preferência rico e religioso. Entretanto,
observando a realidade da vida, ambos são comportamentos incompatíveis à
realização do sonho de se conquistar o bem-estar social, porquanto a religião,
sendo fruto da inocência, não pode contribuir com evolução espiritual por falta
de maturidade. Percebe-se ser a religiosidade companheira da inocência, ou
falta de conhecimento, pelo fato de decrescer o nível das mesuras religiosas à
medida que também decresce a falta de conhecimento, ou seja: quanto mais
inocente, mais rasteiras são as práticas. Do uso de drogas, dos sacrifícios que
já incluíram degola de gente e de bicho, chegando à auto-aplicação de
sofrimento físico as mesuras praticadas pelas pessoas mais simples. Porém, à
medida que se tenha adquirido algum conhecimento, tais mesuras se restringem a
ambientes requintados onde as jóias da demonstração de riqueza só deixaram de
reluzir depois da constatação de inexistir proteção divina contra os ladrões que
aumentam tanto de número a cada dia a ponto de fazer com que ninguém mais queira
parecer ser rico.
Como nem a cultura da religiosidade e nem a
da necessidade de ser rico podem levar ao bem-estar social, e uma vez que o
sistema educacional mundial visa preparar técnicos em produzir riqueza em vez
de paz e harmonia, o resultado é a infelicidade das guerras, as quais, no dizer
do conservador Arnaldo Jabor, ao contrário das de antigamente que tinham fim,
as guerras modernas são infindáveis. É só infelicidade que resulta da cultura
de ser rico ou religioso.
Confirmando o dito de ser a imprensa o
espelho que reflete a alma da sociedade, a imprensa mundial endeusa a riqueza.
O feioso Henry Kissinger recomendava a vantagem da competição. No mesmo
caminho, o economista Paulo Roberto Feldmann, em artigo na revista Época de l/6/14,
intitulado O BRASILEIRO É UM POUCO INDOLENTE, demonstra também pendor pela
riqueza como provedora de bem-estar social. Vejam só o que ele afirma sobre educação, se é ou
não é o apego à riqueza. Perguntado o porquê de não saber o brasileiro
administrar, respondeu da seguinte maneira:
“O problema começa em nossa
educação. A Itália colocou no currículo do 1o e 2o grau noções de
administração. Com 15 e 16 anos, o jovem aprende contabilidade, estudo de
mercado, como fazer um fluxo de caixa. E a Itália é o país mais bem-sucedido em
pequenas empresas. Se não ensinamos a administrar desde cedo, isso vira um
problema. No Brasil, o jovem não aprende absolutamente nada sobre administração
na escola. Na Alemanha e no Japão, dois dos países com mais bons (sic) administradores,
não existe curso de administração de empresas. Nesses países, é preciso se
formar em economia e, depois, fazer uma especialização em administração. No
Brasil, existem infinitos cursos de administração e, no entanto, somos ruins em
gestão. O administrador brasileiro sai da faculdade sem entender muito sobre
economia, uma deficiência grave”.
Aí está o tipo de ensinamento recomendado para
a juventude pelo célebre economista: ser bom produtor de dinheiro. Enquanto
perdurar o modelo educacional de preparar robôs destinados unicamente à
produção de riqueza a humanidade será cada vez mais infeliz e promoverá sua própria
extinção. O mais crasso erro da juventude mundial é a falta de interesse pela
sua sociedade. O sistema até aqui vigente de administração pública tem se
mostrado impotente para proporcionar paz social e é preciso que se perceba esta
realidade. Inté.
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