terça-feira, 22 de julho de 2014

EM BUSCA DA INFELICIDADE


A humanidade parece fazer opção pela infelicidade. Até se faz apologia do sofrimento. O esquisito comportamento humano se deve unicamente por falta de meditação sobre o que acontece à sua volta. Um olhar em torno de si mesmo e um pouco de raciocínio bastam para se concluir que o bem-estar por todos almejado não é buscado onde pode ser encontrado. É vã a esperança de que tecnologia e riqueza proporcionam bem-estar, embora possam fazê-lo, mas nunca do modo como são usadas. A brutalidade proveniente da proximidade com o tempo de primitivo faz a tecnologia e a riqueza serem usadas como fatores de desagregação social e escravidão. Os jovens estão cativos da tecnologia que os transformou em autômatos programados para futucar aparelho eletrônico até durante o almoço. Além disso, os jovens estão certos da possibilidade de poder cada um ter seu mundinho particular de tranquilidade construído com riqueza, no que estão redondamente enganados. É impossível uma ilha de paz em meio a uma guerra. Nessa esperança inútil, lançam-se os seres humanos num desespero enlouquecido a fim de construir a qualquer custo a riqueza que lhe trará uma paz sem futuro porque um dia será destruída pelos inimigos criados com a construção da riqueza. Não se pode amealhar riqueza sem pisar em ninguém. Aí estão não só os Estados Unidos a servirem de exemplo desta realidade, mas também todos os países ricos obrigados a se verem envolvidos em atividades bélicas, sendo os Estados Unidos, entretanto, o melhor exemplo. Ajuntou tanta riqueza e criou tantos inimigos que seu povo salta de banda assustado até pelo pipoco de um simples traque. Dos saques de onde veio a imensa fortuna dos americanos, também veio o rancor dos familiares de milhões de vidas ceifadas, e é por isso que o capitalismo não tem futuro porque cria as feras que irão devorá-lo um dia. Cada montanha de dinheiro criada esconde sob si outra montanha de cadáveres.

O instinto de bicho ainda preserva a cultura do sonho de riqueza, e a busca da realização deste sonho tornou a tecnologia um instrumento de criar riqueza. Os avanços científicos em nada concorrem para o bem-estar social porque só chegam até onde há riqueza. Aqui entre nós, há o exemplo de Lula, que se salvou da mesma doença que mata milhões de pobres, e que o mataria se ele não tivesse se transformado em multimilionário através das práticas constantes no livro O Chefe. Estando a tecnologia a serviço da riqueza, e sendo a riqueza a base da cultura humana, enquanto perdurar o ajuntamento em vez do esparramamento da riqueza será absolutamente impossível haver bem-estar social no mundo. É muito estranho que ninguém se incomode em viver um ambiente cada vez mais degradado física e espiritualmente, sendo tal regressão mental produzida pelo sistema de educação que vigora no mundo e que ensina a ser rico ou religioso, de preferência rico e religioso. Entretanto, observando a realidade da vida, ambos são comportamentos incompatíveis à realização do sonho de se conquistar o bem-estar social, porquanto a religião, sendo fruto da inocência, não pode contribuir com evolução espiritual por falta de maturidade. Percebe-se ser a religiosidade companheira da inocência, ou falta de conhecimento, pelo fato de decrescer o nível das mesuras religiosas à medida que também decresce a falta de conhecimento, ou seja: quanto mais inocente, mais rasteiras são as práticas. Do uso de drogas, dos sacrifícios que já incluíram degola de gente e de bicho, chegando à auto-aplicação de sofrimento físico as mesuras praticadas pelas pessoas mais simples. Porém, à medida que se tenha adquirido algum conhecimento, tais mesuras se restringem a ambientes requintados onde as jóias da demonstração de riqueza só deixaram de reluzir depois da constatação de inexistir proteção divina contra os ladrões que aumentam tanto de número a cada dia a ponto de fazer com que ninguém mais queira parecer ser rico.

Como nem a cultura da religiosidade e nem a da necessidade de ser rico podem levar ao bem-estar social, e uma vez que o sistema educacional mundial visa preparar técnicos em produzir riqueza em vez de paz e harmonia, o resultado é a infelicidade das guerras, as quais, no dizer do conservador Arnaldo Jabor, ao contrário das de antigamente que tinham fim, as guerras modernas são infindáveis. É só infelicidade que resulta da cultura de ser rico ou religioso.

Confirmando o dito de ser a imprensa o espelho que reflete a alma da sociedade, a imprensa mundial endeusa a riqueza. O feioso Henry Kissinger recomendava a vantagem da competição. No mesmo caminho, o economista Paulo Roberto Feldmann, em artigo na revista Época de l/6/14, intitulado O BRASILEIRO É UM POUCO INDOLENTE, demonstra também pendor pela riqueza como provedora de bem-estar social. Vejam só o que ele afirma sobre educação, se é ou não é o apego à riqueza. Perguntado o porquê de não saber o brasileiro administrar, respondeu da seguinte maneira:

“O problema começa em nossa educação. A Itália colocou no currículo do 1o e 2o grau noções de administração. Com 15 e 16 anos, o jovem aprende contabilidade, estudo de mercado, como fazer um fluxo de caixa. E a Itália é o país mais bem-sucedido em pequenas empresas. Se não ensinamos a administrar desde cedo, isso vira um problema. No Brasil, o jovem não aprende absolutamente nada sobre administração na escola. Na Alemanha e no Japão, dois dos países com mais bons (sic) administradores, não existe curso de administração de empresas. Nesses países, é preciso se formar em economia e, depois, fazer uma especialização em administração. No Brasil, existem infinitos cursos de administração e, no entanto, somos ruins em gestão. O administrador brasileiro sai da faculdade sem entender muito sobre economia, uma deficiência grave”.

 Aí está o tipo de ensinamento recomendado para a juventude pelo célebre economista: ser bom produtor de dinheiro. Enquanto perdurar o modelo educacional de preparar robôs destinados unicamente à produção de riqueza a humanidade será cada vez mais infeliz e promoverá sua própria extinção. O mais crasso erro da juventude mundial é a falta de interesse pela sua sociedade. O sistema até aqui vigente de administração pública tem se mostrado impotente para proporcionar paz social e é preciso que se perceba esta realidade. Inté.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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