sábado, 19 de janeiro de 2019

ARENGA 525


Quem quer que seja o portador da chave do cofre que guarda o erário conta com um séquito de guarda-costas cuja arma, a palavra, é superior ao canhão porque protege o sistema inteiro em vez de apenas as pessoas que o representam. Entretanto, por mais eloquente que seja este séquito de papagaios de microfone que em troca da despensa abastecida puxa o saco dos ajuntadores de riqueza para os quais ideias novas têm o mesmo efeito que tem o inseticida para os insetos, por mais que consciências prostituídas procurem escamotear a verdade, é impossível esconder que a humanidade estaria melhor caso fosse analisada com sensatez certas orientações de pronto descartadas. Nada é melhor que um exemplo para esclarecer o que se quer dizer. Então, tomemos como exemplo a figura do pensador Carl Marx sobre quem a papagaiada de microfone cai de pau, procurando ridicularizar suas ideias. Entretanto, dispondo-se a meditar sobre muitas coisas que ele disse, percebe-se haver interesses escusos por trás de sua difamação. O exemplo a que queremos nos referir é a afirmação de Marx de que os filósofos se limitam a tecer comentários sobre o mundo, quando aquilo de que realmente se necessita é mudar o mundo. Por mais que a consciência prostituída dos papagaios de microfone que saem das Harvards do mundo com o cérebro lavado e beijado pela orientação dos ajuntadores de riqueza, é impossível negar que o mundo precisa ser modificado se seus habitantes foram tomados de tamanha paralisia mental que não percebem a insensatez de destruir a natureza daqui e vasculhar o universo em busca de outra.

Não é por falta de aviso que a humanidade chafurda na inconsequência de não meditar sobre a vida, deixando-a correr ao sabor das falsas informações alardeadas pela papagaiada de microfone a soldo dos meios de comunicação dos imbecis ajuntadores de riqueza. Entre pessoas sabidamente cultas e inteligentes que advertiram quanto à necessidade de ter cuidado ao dar crédito às informações oriundas desta corja está o pensador Thomas Hobbes. Tendo ele vivido na época em que a honra tinha mais valor do que a própria vida e era defendida em duelos mortais de espada, para mostrar o perigo que há nas falsas informações, na página 47 do livro Leviatã, o filósofo ilustrou seu pensamento a esse respeito sugerindo a situação em que um espadachim instruído por falso instrutor de esgrima haveria de se dar muitíssimo mal num duelo. É perfeita esta comparação. Exatamente por ser instruída por falsas informações, entre elas a de serem perigosas as ideias de Marx, é que a humanidade se dá tão mal na vida.

Um livro chamado A CAPITAL DA SOLIDÃO, do intelectual, escritor e grande jornalista Roberto Pompeu de Toledo, embora escrito com outro objetivo, exemplifica com perfeição o tamanho do benefício que adviria da mudança a que se refere o Marx, tão espezinhado quanto a Geni do controvertido Chico Buarque. O livro versa sobre a prosperidade da Cidade de São Paulo a partir da passagem do século XIX para o século XX, quando teria acontecido uma explosão de prosperidade e aquela cidade se transformou num aglomerado de gente vinda de diferentes partes do mundo, e daí em diante virou a São Paulo que se conhece hoje. Esse “que se conhece hoje” e essa “prosperidade”, se bem pensado, significam exatamente a necessidade de mudança a que se referia Marx porque não obstante o orgulho que têm os paulistas de sua cidade, embora não o saibam, o que eles consideram prosperidade, é na verdade, causa de infelicidade ainda maior do que a infelicidade dos habitantes das demais cidades também infelizes deste país infeliz de torcedores, religiosos, carnavalescos e lavadores de escadas de igreja. Os cerca de treze milhões de habitantes da Cidade de São Paulo vivem amontoados entre dois grandes esgotos fedorentos, respirando ar pestilento, sob a perspectiva de faltar chuva e ficarem sem a água com bosta que bebem, ou chover muito e se afogarem ou serem esmagados sob árvores ou viadutos que despencam sem avisar. Além disso, vivem fustigados por assaltantes e crateras que se abrem repentinamente sob seus pés, tudo isto arrematado pelas doenças que acorrem naturalmente para todo lugar onde se ajuntam muitos seres da mesma espécie. Se a infelicidade é o preço que os paulistanos têm de pagar em troca da prosperidade, como também acontece no mundo todo, fica evidente a correção do que disse Marx sobre a necessidade de mudança: Expulsem-se os sanguessugas sociais do agribiuzinesse e faça-se uma reforma agrária nas terras por eles usadas para roubar recursos do BNDES por meio de parceria com a corrupção política, levando para o campo os desempregos muitos dos quais são pequenos agricultores expulsos de lá pelo agribiuzinesse endeusado pela papagaiada de microfone, e a Cidade de São Paulo terá um padrão de vida tão melhor que seus habitantes não mais necessitarão morrer em acidentes ao fugir espavoridos a cada feriadão em busca de um lugar onde respirar.

Como a mudança material precisa ser precedida de mudança de mentalidade, mais forte ainda fica a sugestão de Marx porque apesar de inegável o benefício decorrente de uma reforma agrária, em função das falsas informações provenientes do desserviço prestado pela papagaiada de microfone teúda e manteúda pelos meios de comunicação dos ricos donos do mundo, os primeiros a serem mais beneficiados com a medida são os primeiros a rejeitá-la. Um exemplo? Pare-se nas rodovias um dos milhares de carrinhos vagabundos onde se lê DEUS É FIEL, e pergunte-se aos pais no banco da frente e a seus filhos adolescentes que no banco de trás futucam telefones com os narizes, os beiços, os bicos dos peitos, o umbigo, as sobrancelhas, as pálpebras e “as partes” espetados de grampos, e tatuagens no resto do corpo, o que pensam eles a respeito da reforma agrária. Dos pais ter-se-ia a resposta de ser coisa de comunista. Dos filhos, de não saberem do que se trata.

Por isto, Marx se engana redondamente ao esperar que uma revolução do proletariado fosse capaz de promover a necessária mudança a que ele se refere com propriedade porque as falsas informações passadas ao povo fazem das pessoas carneiros de deus, incapazes de gerir seu próprio destino, realidade que se torna indiscutível ao observar que as pessoas mais admiradas pelo povo são os “famosos” e as “celebridades” cujo mérito são futilidades. A necessidade de mudança a que se referia Marx aparece, sobretudo, ao se constatar que ao lixo espiritual em que a papagaiada de microfone transformou o povo é atribuída a responsabilidade de determinar quem vai comandar os destinos da humanidade. Refletir sobre isto tanto faz entender o motivo da tristeza dos sábios em relação à vida, quanto ao fato de que em vez de ficarem tristes, os sábios deveriam empregar sua sabedoria numa luta empedernida no sentido de convencer estas pobres e primitivas criaturas que integram a atual categoria desprezível de povo da necessidade de fazer uso da inteligência que eles nem mesmo sabem que têm a fim de passarem para a categoria de gente e se tornarem capazes de distinguir entre o trigo encontrado na proposta de Marx e o joio encontrado na proposta dos papagaios de microfone que um dia serão tão desprezados quanto os inquisidores que em nome de deus condenaram Galileu pelo crime de afirmar que a Terra girava. Inté.   


segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

ARENGA 524


Deixando de lado a complicação dos intelectuais na distinção que fazem entre forma e sistema de governo, e encarando democracia simplesmente como a forma pela qual é exercida a atividade política de administrar a riqueza pública, diremos simplesmente que democracia é um conjunto de regras que estabelecem não só o processo de escolha dos governantes, mas também como governar. Estando o mundo sob governos democráticos prestes a explodir de tamanha desordem social, conclui-se pela necessidade de superar a morosidade com que os seres humanos percebem as coisas e substituir a democracia por uma forma mais inteligente de governar porque as multidões de excluídos do convívio social pela democracia põe dúvida sobre o futuro das crianças de hoje. Para se localizar a causa de todo o problema da democracia basta abrir na página 40 o livro Política, da Editora Martin Claret, e saber que ninguém menos do que Aristóteles definiu a democracia como O GOVERNO DOS POBRES. Pobres, significa povo. E o que é o povo? Apesar de constituído de espécimes da espécie humana, povo é constituído por seres tão esquisitos que não raciocinam por si mesmos. Seu comportamento é de drone. Obedecendo ao comando manipulado pelos meios de comunicação, tornam-se robôs a fervilhar pelas ruas e lojas do mundo num frenesi demoníaco para viajar e fazer compras. As necessidades que sente o povo independem de sua vontade. São fabricadas pelos meios de comunicação e implantadas de fora para dentro. Só sente vontade de comer peru no Natal, e é levado às lágrimas quando Michel Jackson se contorce como alguém sob ataque epiléptico e lhe aponta o saco, ou quando uma bola escapa do goleiro e toca a rede. É tão absoluto o domínio sobre a mente do povo que ela permanece na infantilidade de acreditar que deus lhe dá carros. Desta forma, é inteiramente impossível esperar da mentalidade medíocre do povo atitude suficientemente madura para engendrar uma forma eficiente de governo. Contar com esta possibilidade seria o mesmo que esperar ordem no jardim infantil sem a presença de adultos que a imponham.

À democracia foi dada oportunidade de ser realmente o governo dos pobres. Isto ocorreu quando o direito de nomear o governante deixou de ser de deus, dos nobres ou dos ricos e passou a ser do povo. Entretanto, como povo e bosta é a mesma coisa, os ricos tomaram-lhe esse poder. Usando de sua riqueza, puseram no mundo uma parafernália para comunicação e um número infinito de papagaios de microfone e através deles fazem o povo pensar que saco de cavalo russo é manga rosa.

Nesta madrugada, me deliciei com um belíssimo exemplo de engambelamento do povo. Eram senhores bem-falantes a condenar o frei Beto pela expressão “A CRISTO E A CASTRO”. No estilo dos egressos das Harvards do mundo, censuravam o religioso por comparar a figura santa de Cristo com a do assassino Fidel Castro. Evidente que o frei Beto está errado. Mas seu erro é induzir o povo à crendice da religiosidade, sabendo que na realidade tudo depende mesmo é da política. Eu daria um tostão furado pela satisfação da curiosidade de ouvir do frei Beto o motivo que leva o Papa a lavar e beijar o pé do infeliz. Quanto às falas dos senhores bem-falantes sobre o frei Beto, não há curiosidade a satisfazer porque quem superou a fase de povo e alcançou o estágio de gente, o que só se consegue por meio de boas leituras, sabe que a verdade está é nas entrelinhas porque os argumentos são capciosos e pronunciados em troca da despensa abastecida para os inchadim. Censurar assassinatos praticados pelos governantes que levam a pecha de comunistas é o mesmo que censurar apenas um lado podre de algo que está todo podre. Assassinatos fazem parte da busca pelo poder, único objetivo de qualquer governante, independentemente da cor de sua bandeira e são praticados com maior prodigalidade pelos governantes porque o custo independe de desfalcar o patrimônio pessoal por ser arcado pelo povo festeiro, indiferente à realidade de fornecer a seus algozes os meios pelos quais estes promovem sua infelicidade. A arte de matar está tão enraizada na política que a humanidade eleva assassinos históricos aos píncaros da glória. Inté.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

ARENGA 523


Para os cristãos brasileiros, a ideia de que tudo acaba com a morte deveria ser mais alvissareira do que a ilusão de uma vida posterior a ela. A perspectiva da continuação da existência eternizaria o martírio do profeta maior do cristianismo, fazendo-o contemplar um triste quadro no qual canalhas da pior espécie enxovalham seu nome santo. Isto haveria de causar em Cristo sofrimento ainda mais atroz ao do Calvário porquanto a dor moral martiriza mais que a dor física uma vez que esta não é capaz de levar à depressão. Até débito bancário de religioso afirma-se na televisão que Cristo saldou, e a dívida desapareceu milagrosamente sem que o devedor desembolsasse um só tostão. Não haveria limite para o sofrimento de Jesus Cristo ao constatar estar ele incentivando a agiotagem contra a qual esbravejou a chicotadas no Templo de Jerusalém e o sacrifício de tentar levar esclarecimento à humanidade, para depois de tudo aquilo por que passou ter de contemplar cretinos aproveitar da ignorância do povo que ele tanto quis proteger para roubá-lo cínica e abertamente sob o olhar complacente das autoridades políticas. Seria realmente doloroso para Cristo ver que deturparam seus sentimentos puros tão violentamente que o pensador John Haywood disse com propriedade: “Quanto mais perto da igreja, mais longe de Deus”.

O descompasso em que vivem os seres humanos precisa contar com a intervenção dos intelectuais honestos, porque os há desonestos, como aqueles que a fim de terem a despensa abastecida insinuam ser a competição a melhor forma de vida social. Os intelectuais que não prostituem suas mentes precisam agir contra a conivência das autoridades com a ação hediondamente criminosa de alimentar a ignorância humana. São os próprios intelectuais que afirmam ser a ignorância a fonte da infelicidade humana. Então, se sabem disso, por que a omissão em lutar para secar esta fonte? Não se justifica que se ponham a escrever livros que nada tenham a ver com a luta iniciada por Cristo de levar esclarecimento à barbárie humana vez que ela é cada vez mais vigorosa.

O foco de toda e qualquer ação meditativa deve ser livrar a juventude das garras da ignorância de que se beneficiam os monstruosos Midas ajuntadores de riqueza que para tal fim incentivam a ignorância com tamanha eficiência que o povo se sente feliz na escravidão. Combater a ignorância equivale a garantir sobrevivência e dignidade para as futuras gerações. Faz-se, pois, necessário lutar contra o predomínio da insensatez de ter a humanidade de seguir caminhos indicados pelos imbecis ajuntadores de riqueza porque de sua orientação advirá a inevitável sublevação social decorrente da irracionalidade de privatizar em poucas mãos a riqueza que deveria servir à coletividade e que custa a vitalidade daqueles que precisam vender sua força trabalho, mas que ironicamente se veem privados de usufruírem do produto proveniente do seu esforço.

Percebe-se estar tudo errado quando se constata que estes monstros inviabilizadores da boa convivência humana a que se referia John Lennon constituem a classe dominante que mereceu de Marx a seguinte análise: “As ideias da classe dominante são, em cada época, as ideias dominantes; isto é, a classe que é a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua força espiritual dominante. A classe que tem à sua disposição os meios de produção material dispõe, ao mesmo tempo, dos meios de produção espiritual, o que faz com que a ela sejam submetidas, ao mesmo tempo e em média, as ideias daqueles aos quais faltam os meios de produção espiritual”.

Aí está, pois, a explicação do porquê da ojeriza generalizada às ideias marxistas. É por ter sido Marx um intelectual de consciência não prostituível e que por isto mesmo falava a mesma verdade que todos os intelectuais precisam falar para salvar a humanidade das trevas da espiritualidade demoníaca produzida nos laboratórios satânicos dos ajuntadores de riqueza. Marx preveniu serem estes sátrapas que juntamente com os bens materiais que produzem e com os quais esfolam o rabo da humanidade também produzem a espiritualidade humana objetivando perenizar a satisfação de sua avareza. Com a força do dinheiro, subjugaram a mente humana a uma nova escravidão imposta pela televisão, como observou com perfeição o escritor Vinícius Bittencourt: “Sendo a ignorância a fonte de todos os males e o livro o portal da sabedoria, é óbvio que a substituição deste pela vulgaridade da televisão importa em suicídio intelectual. Os viciados naquele entorpecente – pior que os outros, porque seus efeitos são direcionados – destinam-se a servir de massa de manobra para quem efetua, através de telenovelas e programas imbecilizantes, a sua lavagem cerebral. A consequência desta indução perniciosa será a morte do livro. Hoje, aliás, já não se lê. A leitura restringe-se a jornais e revistas. Quando um livro desperta interesse é porque aborda tema de uma telenovela. Já estamos na era da estupidez e da cretinice. E a Caixa de Pandora ainda não se abriu completamente”.

Por falta de leitura os frequentadores de igreja, axé e futebola não sabem que sua explicação para o fenômeno da Criação e tão ingênua quanto que que apresentavam os gregos de cerca de três mil anos atrás, e era a seguinte, conforme página 24 do livro Mitologia, de Thomas Bulfinch: Os gregos acreditavam que encarregado da Criação, o deus Prometeu tinha exagerado no gasto dos recursos de que dispunha para fabricar os poderes a serem atribuídos ao homem e ficara sem condições de dotá-lo de superioridade em relação aos outros animais. Pediu então ajuda ao seu irmão, o também deus Epimeteu. Ajudados por Minerva, subiram ambos ao céu e acendeu uma tocha no fogo do sol, que trouxe para o homem. A posse do fogo dotou o homem de tamanho poder que lhe permitiu fabricar armas e ferramentas. Como a mulher ainda não fora criada, Júpiter, o chefão dos deuses, fez a mulher Pandora e mandou de presente como castigo para os dois ladrões do fogo do céu. Acontece que Prometeu havia deixado guardados numa caixa males que não usara na Criação como doença, inveja, vingança, entre outros. Curiosa, Pandora abriu a caixa, os males saíram e afetaram a humanidade.

A explicação atual dos frequentadores de igreja, axé e futebola para o fenômeno da Criação merecerá o mesmo crédito que hoje merece esta explicação dos gregos antigos. Inté.
















domingo, 6 de janeiro de 2019

ARENGA 522


Não é preciso ser do contra ou mal agourento para ter dúvidas quanto ao trabalho de um governo cujo sucesso pensa estar garantido por contar com a entidade fictícia da figura de deus. Uma ministra, logo de entrada, disse que o Estado é laico, mas que ela é religiosa. Ora, então o Estado deve se curvar às convicções da ministra, ou é o contrário? O Importante é o cargo de ministro, que por isto mesmo não deve ser ocupado por qualquer um. Platão já observara há muito tempo que os governantes devem ser filósofos. Na mesma linha das improbabilidades também vai um colega desta ministra religiosa. Ele exalta as instituições família, igreja, valores tradicionais e a necessidade de combater o marxismo. Lembra cenas tristes da década de 1960 quando a massa bruta de povo aplaudiu militares salvadores da pátria empunhando estas mesmas bandeiras por ordem do governo americano que mantinha poderosa esquadra naval fundeada em águas brasileiras, pronta pipocar bombas no país dos subservientes baba-ovos do “American Way of Life” caso os soldados brasileiros sozinhos não dessem conta de eliminar seus jovens irmãos e compatriotas que aspiravam um Brasil para todos eles um Brasil menos injusto, inclusive para seus carrascos. Do ponto de vista da civilidade, pega mal a aprovação da barbárie pelo chefe do novo governo quando enalteceu a lembrança de um dos carrascos da juventude idealista. Além disso, é incerta com qual conta o governo novo porque o Papa que tem prestígio com deus infinitamente maior do que tem o governo novo apela tanto para a boa vontade divina que até lava o pé do pobre para tirar o chulé e o beija na tentativa inútil de contar com sua ajuda. Além disso tudo, é improvável que uma nova e alvissareira era possa advir do fato de mudar a cor da roupa das crianças. Desta forma, o procedimento dos novos governantes os coloca entre as primeiras pessoas do pensamento do filósofo Bertrand Russell: “O problema do mundo é que tolos e fanáticos estão sempre cheios de convicção, enquanto os sábios estão sempre cheios de dúvidas”. Que abrangência fabulosa tem este pensamento! Não existe um só entre todos os sábios do mundo que não tenha dúvidas quanto à origem do universo. Em contrapartida, não existe um só tolo entre todos os tolos do mundo que tenha alguma dificuldade em explicar como tudo ocorreu há seis mil anos.

A preocupação demonstrada pelo novo governo quanto à necessidade de combater o marxismo corresponde à opinião dos egressos das Harvards do mundo que saem de lá com o cérebro lavado e beijado pala cultura do ajuntamento da riqueza do mundo nas mãos de apenas um por cento da humanidade. Mas, quem se livrou do tapa-olho que faz o burro de carroçar só enxergar prá frente e tornou capaz de assumir a atitude meditativa daquele cara nu, bolado por Auguste Rodin, no quadro intitulado “O Pensador”, para dar a ideia de alguém em profunda meditação, chegará à conclusão de que em nome da paz e harmonia, a cultura marxista deve ser enaltecida em vez de combatida. Ela está absolutamente correta pela constatação lógica de que os conflitos sociais que infelicitam a humanidade têm sua causa na privatização da riqueza do mundo que a todos indistintamente deveria servir uma vez que todos têm as mesmas necessidades. O que se pode censurar em Marx é acreditar ele que a cultura da irmandade por ele defendida pudesse ser estabelecida por meio de violência revolucionária. Nesse sentido ele perde não só para Cristo que pregou a implantação da irmandade através do amor ao próximo, mas perde também para Thomas Paine que afirmou ser o convencimento o modo mais eficiente de implantar mudança. Por mais que demore, o convencimento acabará por mostrar aos frequentadores de igreja, axé e futebola não só que a qualidade de suas vidas depende da política, mas também que esta qualidade estará cada vez mais degradada enquanto a política continuar seguindo um sistema econômico voltado para cuidar apenas do interesse antissocial de um por cento da população. A desumanidade do sistema econômico fica exposta no fato de ter havido discursos políticos afirmando que o fim da escravidão negra no Brasil corresponderia a um atentado contra a economia do país. É o que se constata da página 27 do livro Raízes do Conservadorismo Brasileiro, de Juremir Machado da Silva.

Elementos trazidos ao conhecimento geral, desde que houvesse meditação a respeito, seriam suficientes para mostrar que ao deixar apenas a cargo dos pobres os encargos sociais a economia papagaiada pelos papagaios de microfone inviabiliza a vida social. O livro Política, Ideologia e Conspirações, de Gary Allen e Larry H. Abraham, Editora Faro, nas páginas 26 e 27 revela que apesar de possuidores de imensa fortuna, os membros das famílias Rockfeller e Kennedy não praticamente não pagam imposto sobre a renda. Além disso, também revela a realidade estarrecedora de que a melhor maneira de enriquecer é corrompendo políticos. A Lava Jato está mostrando o quanto há de verdade nesta afirmação.

Aí está, pois, o porquê de resultar da meditação a conclusão de ser impossível vir a humanidade a bom termo sem livrar-se da estupidez que sempre a caracterizou por seguir dois princípios estúpidos:  Um deles é que a economia de que tanto fala a papagaiada de microfone vai de encontro à simplicidade recomendada por Cristo e os sábios, uma vez que para ter sucesso na burrice de carrear riqueza para quem já é rico, a economia cria necessidades, complexidades e sofisticações que levam as pessoas a comprar o que não precisam com o dinheiro que não têm.

O segundo princípio impediente do avanço mental da humanidade é ter ela de seguir por caminhos indicados por líderes tão falsos que levam seus liderados a guerras e à falsa crença de valer a pena sujeitar-se às iniquidades como meio de garantir bem-aventurança celeste depois de sepultado ou incinerado. Esta informação falsa submete a massa bruta de povo a um eterno papel de boba mantenedora de imponentes templos políticos e religiosos onde são urdidas as armadilhas que mantêm os bobos convencidos de nada haver de anormal na atitude insana de produzir um dinheiro que não usa e se comportar de modo a inviabilizar o futuro ao incutir na juventude desamor pelos valores morais, implantando nela valores um tanto duvidosos como os de uma coluna intitulada O X de Sexo, do jornal Folha de São Paulo. A matéria denominada Abram as Pernas Para o Beijo Grego, integra o Festival de Besteiras que Assola o País, de que falava o saudoso Sérgio Porto. Inté.






























quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

ARENGA 521


No jornal Folha de São Paulo, a jornalista Érica Fraga escreve que a crise no emprego eleva em 1,4 milhão o número de consultas psiquiátricas porque a crise econômica e o uso intenso de tecnologia contribuíram para uma explosão de doenças de saúde mental no Brasil, elevando o peso da ansiedade e do estresse entre as causas de afastamentos do trabalho, pressionando os gastos dos planos de saúde e da Previdência Social. 

Tudo que se lê e ouve nas notícias da imprensa escrita e falada é de grande valia, desde que analisadas cuidadosamente, porque as entrelinhas revelam as causas dos acontecimentos que as notícias noticiam. Analisando a notícia de dona Érica Fraga de que a crise econômica causa os transtornos, chega-se à conclusão de não poder ser diferente, não poder acabar em outra coisa senão em crise um sistema econômico que tem por objetivo privatizar nas mãos de apenas alguns gatos pingados a riqueza que a todos deveria servir, e que, em vez do trabalho produtivo, tem na atividade parasitária da agiotagem do sistema financeiro sua maior fonte de renda. A agiotagem e o conluio entre o colarinho branco e advogados na partilha do roubo do erário parasitam a sociedade retirando dela recursos que faltam para custear atividades essenciais. A notícia dada por um papagaio de microfone de que o governo temer termina bem avaliado pelos economistas mostra que o sistema econômico é indiferente à moral e aos bons costumes dada a enxurrada de imoralidades em torno do presidente Temer e seu governo.

Ao centralizar em poucas mãos a riqueza e transforma grande massa humana em párias sociais buscando sobrevivência de qualquer maneira, o sistema econômico faz com que estes excluídos deem origem aos mesmos conflitos que causaram o morticínio de donos de escravos e detentores de poder e riqueza de sociedades de outras épocas como a do Brasil anterior a l888, da França de 1789 e da Rússia de 1917. É também muito fácil perceber ser inevitável o desemprego por dois motivos óbvios: O grande número de pobres precisando de um emprego que lhe permita sobreviver, situação que vem a ser agravada pela substituição da mão de obra humana pela tecnologia. De tudo isto se conclui que o ser humano vive sem fazer uso de sua capacidade de raciocinar e que por esta razão não se liga na correspondência entre aquilo que ele pensa ser a realidade e o que é realmente a realidade. Toca-se a vida ao acaso, do mesmo modo como uma criancinha toca um instrumento musical. É por viver apenas por viver que se vive de contradições como o que preceitua o Livro de Jó 28:28, afirmando haver sabedoria em amar o Senhor, preceito que é considerado pela humanidade como verdade tão absoluta que ninguém discorda dele. Entretanto, Eclesiastes 1:18, discorda totalmente de tal afirmação quando diz que quanto maior for a sabedoria, maior será o desgosto. Afinal, é bom ou é ruim ter sabedoria? Mentes privilegiadas têm afirmado ser ruim ter sabedoria por ser ela fonte de desgosto. O escritor Vinícius Bittencourt, na página 14 do fabuloso livro Falando Francamente, diz que embora a ignorância seja humilhante, a opção pela sabedoria não é recomendável e complementa: “Estamos condenados à cegueira ou ao excesso de luz”. Na página 42, afirma: “Ainda que seja a causa de todas as mazelas da humanidade, a ignorância é um estado de graça que deve ser conservado para que o homem possa iludir-se e sentir-se feliz”. Mais adiante, na página 44, afirma que se lhe fosse dada a oportunidade de prolongar sua vida, aceitaria apenas na condição de ser protegido pela ignorância. Aí está, pois, um homem capaz de perceber com tamanha acuidade a origem dos problemas que infelicitam a humanidade, o doutoríssimo Vinícius Bittencourt, concordando com aqueles que encontram motivo de infelicidade na sabedoria.

Mas, se analisada à luz da razão de haver vantagem na ignorância, conclui-se que tal assertiva não corresponde à realidade porque não se deve optar nem pela cegueira nem pelo ofuscamento do excesso de luz que faz mal aos olhos. O próprio escritor de Falando Francamente diz ser a ignorância a causa de todas as mazelas da humanidade. Então, optar pela ignorância seria optar pela eternização das mazelas das quais resulta a infelicidade humana, o que é um grande contrassenso. Mas o que leva os sábios a se sentirem infelizes não está em sua sabedora. Está é no fato de serem eles obrigados a conviver com ignorantes por ser a humanidade um conglomerado destas infelizes, mas festivas criaturas que ainda não descobriram não haver na vida motivo para tantas festividades. Sendo o ser humano gregário por natureza, é o isolamento e não a sabedoria o motivo do desgosto das mentes superiores à mediocridade do grosso da humanidade cuja alegria corresponde à euforia de quem toma as primeiras doses, mas que terá uma ressaca depois. Ter o sábio de conviver com frequentadores de igreja, axé e futebola corresponde à situação de ser um frequentador de igreja, axé e futebola obrigado a ter por companhia apenas rebanhos de irracionais. O grupo empresarial Maurício de Souza mostrou esta realidade numa das historiazinhas da Turma da Mônica, quando o genial menino Franginha sentiu-se extremamente infeliz porque as outras crianças não tinham capacidade de compartilhar com ele as ideias provenientes do seu conhecimento científico.

Optar pela ignorância corresponde a jogar por terra a melhor definição de filosofia que diz ser ela, a filosofia, AMOR À SABEDORIA. Está completamente fora de propósito qualquer afirmação negando vantagem na sabedoria como, por exemplo, a suposição de ter Cristo afirmado que dos pobres de espírito seria o reino do céu. Ser pobre é ser despossuído, e ser despossuído de espiritualidade é o mesmo que estar próximo da irracionalidade dos irracionais. Ao contrário, a riqueza espiritual corresponde a ter a sabedoria necessária para desenvolver o sentimento de irmandade do qual resultam união, paz e tranquilidade indispensáveis ao bem-estar almeja pelos seres vivos. Enfim, pode-se afirmar haver erro em considerar a sabedoria motivo de desconforto ao se constatar que varrendo a ignorância da face da Terra os sábios não teriam motivo algum para desgostos. Se, por exemplo, o sábio Vinícius Bittencourt pudesse viver em companhia das pessoas por ele citadas em seus escritos, entre eles Augusto dos Anjos, Malaparte, Ruy Barbosa, Shakespeare, Espinosa, Trotsky, Maquiavel, Thomas Paine, Bernard Shaw, Marx, Engels e muitos outros, certamente que ele não haveria de se sentir a contragosto porque teria pessoas mentalmente tão privilegiadas como ele para que pudesse trocar ideias. Pessoas que se elevaram espiritualmente como estas e frequentadores de igreja, axé e futebola não se misturam. São como água e óleo. Os primeiros estão anos luz de léguas mais distantes da animalidade dos primeiros tempos do que os segundos.

Entretanto, cabe observar acima de tudo, que a estupidez humana é produzida intencionalmente pela cultura do primeiro os meus e o que sobrar aos seus, por ser tal cultura incompatível com a irmandade humana que precisa ser observada acima de qualquer outra coisa porque na realidade somos irmãos queiram ou não queiram os infelizes e criadores de infelicidades, os ajuntadores de riqueza. São eles que implantam um modo de vida desinteligente e tão vil que homens honrados têm de pautar sua vida em legislação estabelecida por canalhas, palhaço, jogador de futebola e ator de filme pornográfico, resultando de tal insensatez toupeiras humanas são elevadas à categoria de famosos e celebridades e professores quase à mendicância. Da vilania de tais legisladores, verdadeiros trapos mentais resulta uma forma de vida na qual para se comer, beber, vestir e divertir tem-se de cumprir a obrigação de contribuir para a acumulação de fortuna dos donos do agribiuzinesse, dos distribuidores de água, das grifes e da Disney. Enfim, a humanidade se porta como a manada que depois de disparada não muda mais o rumo. É a falta de sabedoria em estabelecer um padrão inteligente de se viver que motiva a infelicidade dos sábios, não a sabedoria. Inté.















  




terça-feira, 1 de janeiro de 2019

ARENGA 520


A humanidade está condenada a esperar que seja melhor do que o ano velho cada ano novo recebido com fabulosos gastos em festas das quais resultam queimaduras e mortes por foguetório, acidentes de trânsito e assaltos, para depois continuar tudo do mesmo jeito de antes. Afinal, a esperança é imortal. Nesse cenário, como ademais em tudo que é imbecil e ridículo, desponta o Brasil. País de exuberante beleza e riquezas naturais a serviço dos gringos, de povo amoral, imoral e ladravaz, cuja juventude é incapaz de um só gesto inteligente, é ilimitado o azar desse povo de triste memória. Quando tentou mudar sua triste sina de só levar ferro de governos que tomam dos pobres para dar aos ricos, levou à presidência de sua ridícula república de bananas um caçador de marajás do saco roxo. Teve como resultado o confisco do seu dinheirinho juntado a duras penas. Como tudo continuasse contra si, elegeu um operário sem o dedo mindinho da mão esquerda que a máquina roeu. Depositou tanta esperança no seu operário de nove dedos que depois de ser presidente por oito anos ele mandou o povo eleger uma subalterna sua enquanto decorria o tempo em que ficava impedido de ser candidato outra vez. Tudo melou de novo, e o povo continuou a levar ferro. Agora, sempre de esperança em esperança, colocou na presidência de sua ridícula república um religioso. Sendo brasileiro o fantasma do deus do povo, está ele convencido de não haver como não dar certo desta vez. Entretanto, como nada lê, não sabe o que disse sobre religião ninguém menos do que o Grande Mestre do Saber, Thomas Paine, segundo o fabuloso escritor Vinícius Bittencourt, na página 27 do livro Falando Francamente: “Quando lemos as histórias obscenas, as libertinagens volutuosas, as cruéis e traiçoeiras execuções, as vinganças impiedosas, que enchem mais da metade da Bíblia, pensamos que seria mais consistente chamá-la a palavra do demônio do que a palavra de Deus. É um relato de perversidades que contribuem para corromper e embrutecer a humanidade. Todas as igrejas, sejam elas maometanas, judias ou cristãs, me parecem meras invenções humanas, estabelecidas para amedrontar e escravizar a humanidade e açambarcar as riquezas e o poder”.

Como estas palavras de Paine foram ditas há mais de trezentos anos, quando não havia ainda a revista Forbes para mostrar pastores entre as pessoas mais ricas do mundo e a suntuosidade dos demais chefes religiosos, justifica o “me parece” porque atualmente as pessoas intelectualmente superiores aos frequentadores de igreja, axé e futebola não têm mais qualquer dúvida quanto a terem as igrejas por finalidade exatamente aquilo que parecia ao grande pensador. De estupidez em estupidez caminha a humanidade. Inté.