domingo, 6 de janeiro de 2019

ARENGA 522


Não é preciso ser do contra ou mal agourento para ter dúvidas quanto ao trabalho de um governo cujo sucesso pensa estar garantido por contar com a entidade fictícia da figura de deus. Uma ministra, logo de entrada, disse que o Estado é laico, mas que ela é religiosa. Ora, então o Estado deve se curvar às convicções da ministra, ou é o contrário? O Importante é o cargo de ministro, que por isto mesmo não deve ser ocupado por qualquer um. Platão já observara há muito tempo que os governantes devem ser filósofos. Na mesma linha das improbabilidades também vai um colega desta ministra religiosa. Ele exalta as instituições família, igreja, valores tradicionais e a necessidade de combater o marxismo. Lembra cenas tristes da década de 1960 quando a massa bruta de povo aplaudiu militares salvadores da pátria empunhando estas mesmas bandeiras por ordem do governo americano que mantinha poderosa esquadra naval fundeada em águas brasileiras, pronta pipocar bombas no país dos subservientes baba-ovos do “American Way of Life” caso os soldados brasileiros sozinhos não dessem conta de eliminar seus jovens irmãos e compatriotas que aspiravam um Brasil para todos eles um Brasil menos injusto, inclusive para seus carrascos. Do ponto de vista da civilidade, pega mal a aprovação da barbárie pelo chefe do novo governo quando enalteceu a lembrança de um dos carrascos da juventude idealista. Além disso, é incerta com qual conta o governo novo porque o Papa que tem prestígio com deus infinitamente maior do que tem o governo novo apela tanto para a boa vontade divina que até lava o pé do pobre para tirar o chulé e o beija na tentativa inútil de contar com sua ajuda. Além disso tudo, é improvável que uma nova e alvissareira era possa advir do fato de mudar a cor da roupa das crianças. Desta forma, o procedimento dos novos governantes os coloca entre as primeiras pessoas do pensamento do filósofo Bertrand Russell: “O problema do mundo é que tolos e fanáticos estão sempre cheios de convicção, enquanto os sábios estão sempre cheios de dúvidas”. Que abrangência fabulosa tem este pensamento! Não existe um só entre todos os sábios do mundo que não tenha dúvidas quanto à origem do universo. Em contrapartida, não existe um só tolo entre todos os tolos do mundo que tenha alguma dificuldade em explicar como tudo ocorreu há seis mil anos.

A preocupação demonstrada pelo novo governo quanto à necessidade de combater o marxismo corresponde à opinião dos egressos das Harvards do mundo que saem de lá com o cérebro lavado e beijado pala cultura do ajuntamento da riqueza do mundo nas mãos de apenas um por cento da humanidade. Mas, quem se livrou do tapa-olho que faz o burro de carroçar só enxergar prá frente e tornou capaz de assumir a atitude meditativa daquele cara nu, bolado por Auguste Rodin, no quadro intitulado “O Pensador”, para dar a ideia de alguém em profunda meditação, chegará à conclusão de que em nome da paz e harmonia, a cultura marxista deve ser enaltecida em vez de combatida. Ela está absolutamente correta pela constatação lógica de que os conflitos sociais que infelicitam a humanidade têm sua causa na privatização da riqueza do mundo que a todos indistintamente deveria servir uma vez que todos têm as mesmas necessidades. O que se pode censurar em Marx é acreditar ele que a cultura da irmandade por ele defendida pudesse ser estabelecida por meio de violência revolucionária. Nesse sentido ele perde não só para Cristo que pregou a implantação da irmandade através do amor ao próximo, mas perde também para Thomas Paine que afirmou ser o convencimento o modo mais eficiente de implantar mudança. Por mais que demore, o convencimento acabará por mostrar aos frequentadores de igreja, axé e futebola não só que a qualidade de suas vidas depende da política, mas também que esta qualidade estará cada vez mais degradada enquanto a política continuar seguindo um sistema econômico voltado para cuidar apenas do interesse antissocial de um por cento da população. A desumanidade do sistema econômico fica exposta no fato de ter havido discursos políticos afirmando que o fim da escravidão negra no Brasil corresponderia a um atentado contra a economia do país. É o que se constata da página 27 do livro Raízes do Conservadorismo Brasileiro, de Juremir Machado da Silva.

Elementos trazidos ao conhecimento geral, desde que houvesse meditação a respeito, seriam suficientes para mostrar que ao deixar apenas a cargo dos pobres os encargos sociais a economia papagaiada pelos papagaios de microfone inviabiliza a vida social. O livro Política, Ideologia e Conspirações, de Gary Allen e Larry H. Abraham, Editora Faro, nas páginas 26 e 27 revela que apesar de possuidores de imensa fortuna, os membros das famílias Rockfeller e Kennedy não praticamente não pagam imposto sobre a renda. Além disso, também revela a realidade estarrecedora de que a melhor maneira de enriquecer é corrompendo políticos. A Lava Jato está mostrando o quanto há de verdade nesta afirmação.

Aí está, pois, o porquê de resultar da meditação a conclusão de ser impossível vir a humanidade a bom termo sem livrar-se da estupidez que sempre a caracterizou por seguir dois princípios estúpidos:  Um deles é que a economia de que tanto fala a papagaiada de microfone vai de encontro à simplicidade recomendada por Cristo e os sábios, uma vez que para ter sucesso na burrice de carrear riqueza para quem já é rico, a economia cria necessidades, complexidades e sofisticações que levam as pessoas a comprar o que não precisam com o dinheiro que não têm.

O segundo princípio impediente do avanço mental da humanidade é ter ela de seguir por caminhos indicados por líderes tão falsos que levam seus liderados a guerras e à falsa crença de valer a pena sujeitar-se às iniquidades como meio de garantir bem-aventurança celeste depois de sepultado ou incinerado. Esta informação falsa submete a massa bruta de povo a um eterno papel de boba mantenedora de imponentes templos políticos e religiosos onde são urdidas as armadilhas que mantêm os bobos convencidos de nada haver de anormal na atitude insana de produzir um dinheiro que não usa e se comportar de modo a inviabilizar o futuro ao incutir na juventude desamor pelos valores morais, implantando nela valores um tanto duvidosos como os de uma coluna intitulada O X de Sexo, do jornal Folha de São Paulo. A matéria denominada Abram as Pernas Para o Beijo Grego, integra o Festival de Besteiras que Assola o País, de que falava o saudoso Sérgio Porto. Inté.






























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