No jornal Folha de São Paulo, a jornalista Érica Fraga escreve que a crise
no emprego eleva em 1,4 milhão o número de consultas psiquiátricas porque a
crise econômica e o uso intenso de tecnologia contribuíram para uma explosão de
doenças de saúde mental no Brasil, elevando o peso da ansiedade e do estresse
entre as causas de afastamentos do trabalho, pressionando os gastos dos planos
de saúde e da Previdência Social.
Tudo que se lê e ouve nas notícias da imprensa escrita e falada é de
grande valia, desde que analisadas cuidadosamente, porque as entrelinhas revelam
as causas dos acontecimentos que as notícias noticiam. Analisando a notícia de
dona Érica Fraga de que a crise econômica causa os transtornos, chega-se à
conclusão de não poder ser diferente, não poder acabar em outra coisa senão em crise
um sistema econômico que tem por objetivo privatizar nas mãos de apenas alguns
gatos pingados a riqueza que a todos deveria servir, e que, em vez do trabalho
produtivo, tem na atividade parasitária da agiotagem do sistema financeiro sua maior
fonte de renda. A agiotagem e o conluio entre o colarinho branco e advogados na
partilha do roubo do erário parasitam a sociedade retirando dela recursos que
faltam para custear atividades essenciais. A notícia dada por um papagaio de
microfone de que o governo temer termina bem avaliado pelos economistas mostra
que o sistema econômico é indiferente à moral e aos bons costumes dada a
enxurrada de imoralidades em torno do presidente Temer e seu governo.
Ao centralizar em poucas mãos a riqueza e transforma grande massa humana em
párias sociais buscando sobrevivência de qualquer maneira, o sistema econômico
faz com que estes excluídos deem origem aos mesmos conflitos que causaram o
morticínio de donos de escravos e detentores de poder e riqueza de sociedades de
outras épocas como a do Brasil anterior a l888, da França de 1789 e da Rússia
de 1917. É também muito fácil perceber ser inevitável o desemprego por dois
motivos óbvios: O grande número de pobres precisando de um emprego que lhe
permita sobreviver, situação que vem a ser agravada pela substituição da mão de
obra humana pela tecnologia. De tudo isto se conclui que o ser humano vive sem
fazer uso de sua capacidade de raciocinar e que por esta razão não se liga na
correspondência entre aquilo que ele pensa ser a realidade e o que é realmente a
realidade. Toca-se a vida ao acaso, do mesmo modo como uma criancinha toca um
instrumento musical. É por viver apenas por viver que se vive de contradições
como o que preceitua o Livro de Jó 28:28, afirmando haver sabedoria em amar o Senhor, preceito que é considerado
pela humanidade como verdade tão absoluta que ninguém discorda dele. Entretanto,
Eclesiastes 1:18, discorda totalmente de tal afirmação quando diz que quanto
maior for a sabedoria, maior será o desgosto. Afinal, é bom ou é ruim ter
sabedoria? Mentes privilegiadas têm afirmado ser ruim ter sabedoria por ser ela
fonte de desgosto. O escritor Vinícius Bittencourt, na página 14 do fabuloso
livro Falando Francamente, diz que embora a ignorância seja humilhante, a opção
pela sabedoria não é recomendável e complementa: “Estamos condenados à
cegueira ou ao excesso de luz”. Na página 42, afirma: “Ainda que seja a
causa de todas as mazelas da humanidade, a ignorância é um estado de graça que
deve ser conservado para que o homem possa iludir-se e sentir-se feliz”. Mais
adiante, na página 44, afirma que se lhe fosse dada a oportunidade de prolongar
sua vida, aceitaria apenas na condição de ser protegido pela ignorância. Aí está,
pois, um homem capaz de perceber com tamanha acuidade a origem dos problemas
que infelicitam a humanidade, o doutoríssimo Vinícius Bittencourt, concordando
com aqueles que encontram motivo de infelicidade na sabedoria.
Mas, se analisada à luz da razão de haver vantagem na ignorância, conclui-se
que tal assertiva não corresponde à realidade porque não se deve optar nem pela
cegueira nem pelo ofuscamento do excesso de luz que faz mal aos olhos. O
próprio escritor de Falando Francamente diz ser a ignorância a causa de todas
as mazelas da humanidade. Então, optar pela ignorância seria optar pela
eternização das mazelas das quais resulta a infelicidade humana, o que é um
grande contrassenso. Mas o que leva os sábios a se sentirem infelizes não está
em sua sabedora. Está é no fato de serem eles obrigados a conviver com
ignorantes por ser a humanidade um conglomerado destas infelizes, mas festivas
criaturas que ainda não descobriram não haver na vida motivo para tantas
festividades. Sendo o ser humano gregário por natureza, é o isolamento e não a
sabedoria o motivo do desgosto das mentes superiores à mediocridade do grosso
da humanidade cuja alegria corresponde à euforia de quem toma as primeiras
doses, mas que terá uma ressaca depois. Ter o sábio de conviver com frequentadores
de igreja, axé e futebola corresponde à situação de ser um frequentador de
igreja, axé e futebola obrigado a ter por companhia apenas rebanhos de
irracionais. O grupo empresarial Maurício de Souza mostrou esta realidade numa
das historiazinhas da Turma da Mônica, quando o genial menino Franginha sentiu-se
extremamente infeliz porque as outras crianças não tinham capacidade de
compartilhar com ele as ideias provenientes do seu conhecimento científico.
Optar pela ignorância corresponde a jogar por terra a melhor definição de
filosofia que diz ser ela, a filosofia, AMOR À SABEDORIA. Está completamente
fora de propósito qualquer afirmação negando vantagem na sabedoria como, por
exemplo, a suposição de ter Cristo afirmado que dos pobres de espírito seria o
reino do céu. Ser pobre é ser despossuído, e ser despossuído de espiritualidade
é o mesmo que estar próximo da irracionalidade dos irracionais. Ao contrário, a
riqueza espiritual corresponde a ter a sabedoria necessária para desenvolver o
sentimento de irmandade do qual resultam união, paz e tranquilidade
indispensáveis ao bem-estar almeja pelos seres vivos. Enfim, pode-se afirmar
haver erro em considerar a sabedoria motivo de desconforto ao se constatar que
varrendo a ignorância da face da Terra os sábios não teriam motivo algum para
desgostos. Se, por exemplo, o sábio Vinícius Bittencourt pudesse viver em companhia
das pessoas por ele citadas em seus escritos, entre eles Augusto dos Anjos,
Malaparte, Ruy Barbosa, Shakespeare, Espinosa, Trotsky, Maquiavel, Thomas
Paine, Bernard Shaw, Marx, Engels e muitos outros, certamente que ele não
haveria de se sentir a contragosto porque teria pessoas mentalmente tão
privilegiadas como ele para que pudesse trocar ideias. Pessoas que se elevaram
espiritualmente como estas e frequentadores de igreja, axé e futebola não se
misturam. São como água e óleo. Os primeiros estão anos luz de léguas mais distantes
da animalidade dos primeiros tempos do que os segundos.
Entretanto, cabe observar acima de tudo, que a estupidez humana é
produzida intencionalmente pela cultura do primeiro os meus e o que sobrar aos
seus, por ser tal cultura incompatível com a irmandade humana que precisa ser
observada acima de qualquer outra coisa porque na realidade somos irmãos
queiram ou não queiram os infelizes e criadores de infelicidades, os
ajuntadores de riqueza. São eles que implantam um modo de vida desinteligente e
tão vil que homens honrados têm de pautar sua vida em legislação estabelecida
por canalhas, palhaço, jogador de futebola e ator de filme pornográfico,
resultando de tal insensatez toupeiras humanas são elevadas à categoria de
famosos e celebridades e professores quase à mendicância. Da vilania de tais
legisladores, verdadeiros trapos mentais resulta uma forma de vida na qual para
se comer, beber, vestir e divertir tem-se de cumprir a obrigação de contribuir
para a acumulação de fortuna dos donos do agribiuzinesse, dos distribuidores de
água, das grifes e da Disney. Enfim, a humanidade se porta como a manada que
depois de disparada não muda mais o rumo. É a falta de sabedoria em estabelecer
um padrão inteligente de se viver que motiva a infelicidade dos sábios, não a
sabedoria. Inté.
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