terça-feira, 27 de abril de 2021

ARENGA 584

 

            A humanidade não deixará de ser infeliz enquanto viver a vida como eterno carnaval. Tudo um faz-de-conta. Se a morte que encerra a vida é encarada com tristeza por todos, é também com triste que os foliões encaram a Quarta-Feira de Cinzas. Na realidade estas duas situações têm a mesma origem: falta de elevação espiritual é onde está tanto o medo da morte quanto a tristeza pelo fim da folia carnavalesca porque chegará o momento de descobrir que a vida requer menos folia e mais seriedade. É inevitável que este momento aconteça, salvo para quem viaja ao além sem ter tido oportunidade de aprender.

 realidade, principalmente no que diz respeito à displicência com que as pessoas se relacionam com a atividade de viver. Nenhuma família, por mais instruída que seja, tem o assunto realidade da vida por motivo de cogitação. Mesmo por desconhecê-la completamente visto que tal distanciamento da realidade ocorre de forma universal e abrange desde as pessoas de medíocre nível de intelectualidade do elemento asqueroso povo até as mais altas autoridades do mundo intelectual onde afirmações pretensamente sábias não condizem com a realidade.

Quando o grande historiador Edward Mac Nall Burns diz na página 106 do primeiro volume de História da Civilização Ocidental que a religião de Zoroastro foi corrompida por superstições, magia e ambição do clero, ignora ser esta a caraterística de toda religião. Inclusive, no Zoroastrismo anterior à influência das superstições, considerado puro como insinua o historiador, consta que a luz e o calor do sol decorrem de um paco celebrado entre ele, o sol, e o deus Mitra, o que, como se pode ver, pura superstição.  No entanto, a afirmação de ser a superstição e o objetivo de enriquecimento uma deturpação da religião de Zoroastro, é como se afirmasse que nas demais religiões não ocorresse a mesma coisa, o que absolutamente não é verdade porque tudo em todas as religiões são superstições e falsidades como a afirmação de haver vantagem em ser virtuosa a mulher, se as não virtuosas desfrutam de melhor qualidade de vida a exemplo das putarias das “famosas” e “celebridades” no Yahoo Notícias. É também uma grande falsidade a afirmação de se dever suar a cara para comer o pão se quem assim procede come pão cacetinho e por meios de desonestidades se come pão de ló. Nem se justifica encontrar sabedoria na afirmação de Paulo de Tarso considerada importantíssima para fanáticos religiosos castrados de imaginação: “SE DEUS É POR MIM, QUEM SERÁ CONTRA MIM?”. É falsa esta segurança porque o senhor Paulo de Tarso foi assassinado por um soldado exatamente por ser seguidor do Senhor do qual ele pensava contar com proteção total. Da mesma forma, nenhuma realidade corresponde a esta fala: “AQUELES PARA QUEM FALTA TUDO SÃO AQUELES PARA OS QUAIS NADA FALTARÁ PORQUE O SENHOR É SEU PASTOR”. Aqueles para quem tudo falta amargam uma vida miserável porque a falta de tudo não é suprida por nenhum pastor, mas de dinheiro, inclusive as próprias casas de deus são construídas com o dinheiro que inexplicavelmente é deixado a cargo de ladrões que farreiam com vinhos finos e caviar do qual o povo só ouve falar.  

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

sábado, 24 de abril de 2021

ARENGA 493

 

Algum dia 0s gatos pingados que leem estas mal traçadas garatujas que aqui vão chegarão à conclusão de que não obstante a irrelevância de quem as escreve, sendo fruto da experiência de oitenta e cinco anos de observação da vida, ainda que tênue como a de candeia mas aqui pode ser encontrada alguma luz que ilumine um caminho para um mundo menos infeliz como se encontra nosso mundo em consequência de termos chegado a tamanho estado de degradação moral que os valores nobres deram lugar à mesquinhez, canalhices, despudor, desonra moral, enfim, baixeza tamanha que o ambiente se triste para pessoas decentes porquanto as autoridades das quais era de se esperar uma fonte de segurança passaram a se revelar tão nocivas à sociedade quanto Pablo Escobar, o Senhor dos Céus e a Rainha do Tráfico.

Apesar do perigo que representa para a juventude a institucionalização de uma política torpe, os doutores das letras que escreve rebuscado e complicado e esbanjam conhecimentos, ou nada sabem da realidade da vida, ou, se sabem, ainda que não com o intuído inescrupuloso de escondê-la como fazem os líderes políticos e religiosos, se negam a revelá-la em seus “Best Sellers” volumosos e totalmente desinteressados em mostrar à pobre e inexperiente juventude, se não uma forma de comportamento capaz de superar as aflições cada vez maiores, pelo menos mostrar-lhe ser incompatível com um mínimo de tranquilidade social e paz espiritual o procedimento humano de banalizar a desonra e competir por um lugar pessoal ao sol como se vem procedendo desde que se tem notícia de grupos humanos formando sociedades.

Nietzsche usou a expressão “escrever em todos os muros do mundo” quando se trata da necessidade de divulgar algo sumamente importante para o conhecimento geral. Nada se faz mais importante para o conhecimento geral do que fazer com que todos percebam que ao se pautar a vida em disputa ferrenha e insensata pelo individual está-se indo no sentido oposto ao ambiente de fraternidade indispensável a qualquer ambiente social. Isso de serem uns contra os outros acabará se tornando motivo para lágrimas porque o resultado será todos contra todos. Desta forma, é preciso escrever em todos os muros do mundo ser necessário tomar nas mãos a tarefa de traçar o próprio destino em vez de deixar que ele seja traçado por enganadores fantasiados de líderes de cuja liderança deu no que deu. Nem podia mesmo ser diferente vez que o tipo de educação adotada pela cultura capitalista do meu pirão primeiro deforma a personalidade humana por força do convencimento de que o ideal para ser bem sucesso na vida é levar vantagem sobre o semelhante, o que nos põe em pé de igualdade com os irracionais e impossibilita a formação de outro tipo de personalidade de predador. Tal cultura faz com que os pacíficos se tornem vítimas de ludibriadores e a sociedade, em vez de uma irmandade passa a ser um ambiente de interesses opostos gerando conflitos que a todos infelicitam. Daí dever-se buscar forma de transformar esse estado de beligerância num estado de paz e tranquilidade em vez de ser indiferente à necessidade de encontrá-la.

 

 

 

 

 

  

sexta-feira, 23 de abril de 2021

ARENGA 492

 

Apesar de tudo se saber sobre geografia, posto que nada mais há de desconhecido sobre o planeta, e até já se sabe muita coisa do universo e profundezas dos mares, no que diz respeito à qualidade de vida, entretanto, a coisa é diferente. Muito diferente porque nem se sabe ainda que a qualidade de vida depende da forma como é exercida a atividade mais importante para a humanidade que é a atividade governamental que apesar da importância até doutores dizem não querer se envolver com ela. Dependente a população da atividade governamental de forma tão absoluta que segundo Laurentino Gomes quando a corte portuguesa fugiu para o Brasil, o povo português sentiu-se órfão e lamentava sem saber o que fazer. Ante tamanha dependência era de se esperar que os governos cuidassem de suas populações com o mesmo zelo do pai responsável. Entretanto, desde que se tem notícia de governos é cuidando dos interesses das classes sociais consideradas superiores que desfrutam sem nada produzir e contra as aspirações do povo que tudo produz sem de nada desfrutar. Tem-se, pois, uma situação tão insustentável quanto uma filha que depende do pai que lhe impõe sofrimento.

Imperadores usaram o povo como bucha de canhão para construir impérios. Reis escravizaram o povo em nome da economia. A democracia sobre a qual a constituição diz ser governo do povo e exercido em nome do povo, na verdade, não é nada disso se a atividade governamental visa os interesses de ricos que são completamente opostos aos interesses do povo. Esse “exercido em nome do povo” não resiste a mais simples análise. Equivale a dizer que o povo dá uma procuração ao governo para cuidar de seus interesses do mesmo modo como se faz com o advogado para representar alguém na justiça. Entretanto, ninguém daria uma procuração a um advogado para agir contrariamente aos seus interesses como acontece com o governo cujos executores exploram o povo impiedosamente arrancando dele riqueza pessoal e vivendo nababescamente às suas custas. Atualmente, aqui na republiqueta de banana, os governos têm atuado de forma tão acintosa e despudorada contrariamente aos anseios da população que a justiça se coloca em parceria dom os desonestos visto que o acumulo de riqueza não pode prescindir da desonestidade.

Portanto, no que diz respeito ao social, carece de exploração porque falta descobrir um meio de viver sem se depender de autoridade governamental ou de uma autoridade governamental voltada para os interesses da população. Do jeito que tá é que não pode ficar.

 

 

 

 

 

 

 

 

Carta Capital do dia 17/08/20, em matéria intitulada Como o crime organizado tem explorado benefícios concedidos a igrejas para operar seus negócios ilegais mostra com que facilidade funcionam as armadilhas dos estelionatários da religiosidade.

terça-feira, 20 de abril de 2021

ARENGA 491

 

O povo segue rigorosamente o que a pagaiada de microfone fala. Se fala que vai dar a boa notícia de que esta semana só morreram noventa porque na semana passada morreram cem, o povo acha que a notícia é boa, quando boa seria não haver morte nenhuma. Se a papagaiada diz que governo totalitário é invenção do capeta e governo democrático é bom, embora sendo politicamente analfabeto e não sabendo o que é governo nem totalitário nem democrático, mesmo sem saber, o povo não gosta de governo totalitário por ter parte com o tinhoso e gosta de governo democrático. O povo observa muito mais a orientação da papagaiada de microfone do que a orientação de irmandade recomendada pelo deus que ele carrega na bola de futebola que tem no lugar onde gente tem a cabeça.

Mas o que o povo não sabe é que pela finalidade a que se propõem os governos não é possível existir governo bom. Se em qualquer lugar do mundo tanto sob governos totalitários quanto democráticos o povo não tem paz nem tranquilidade, vive no sufoco, chora e precisa dar pulinhos vãos em panelaços é porque qualquer governo não é bom.

Mas o povo só acha que o governo não é bom é quando aumenta o preço do gás ou do transporte. Nestas ocasiões, aos requebros, sopra apitos, bate no fundo de panelas e zabumba. Mas só quando sobe o preço do gás e do ônibus. Fora disso, tudo bem. Domingo tem jogo no Maraca e no outro domingo tem Sapucaí na avenida. O povo não se irrita se o governo desbarata quantias astronômicos em mordomias e roubos do erário, embora esteja aí o motivo pelo qual amarga penúria sem fim.

O desgraçado do povo desconhece o motivo pelo qual não sabe de nada. Mas é porque só pode saber quem tem tempo e vontade de aprender. Uma vez que demanda grande esforço e fora do tempo na escravidão só se cuida de igreja, axé e futebola, não pode aprender. Mas, um dia o povo saberá porque nem Nobel em analfabetismo político deixa de aprender com o correr do tempo haver algo de errado no ar como mostra uma reportagem na revista Carta Capital do dia 17/08/20, intitulada COMO O CRIME ORGANIZADO TEM EXPLORADO BENEFÍCIOS CONCEDIDOS A IGREJAS PARA OPERAR SEUS NEGÓCIOS ILEGAIS. Se em todo o mundo os governos mancomunam com as igrejas, inclusive concedendo-lhes isenção de imposto sobre as imensas fortunas que arrancam do povo, está nisso aí uma pequena amostra da realidade deque todos os governos são de ruins a péssimos se indiferentes a tamanha maldade.

Estas coisas condizem ao dito do admirável velho Marx de que o mundo necessita de transformação. Como a papagaiada de microfone diz que Marx é invenção do capeta, o povo pensa que Marx é o tinhoso em pessoa. Também houve gente como o filósofo Pierre-Joseph Proudhon que propusesse uma organização social sem governos à qual propôs o nome de Anarquia. Como a papagaiada de microfone diz que anarquia é bagunça e coisa do capeta, o povo acredita que anarquia vem do tinhoso.  

 

domingo, 18 de abril de 2021

ARENGA 490

 

O conhecimento é formado pelas informações que o cérebro vai registrando desde o começo da percepção. É ele, o conhecimento, que nos faz comportar assim ou assado. Desta forma, se falsas forem as informações que formam o conhecimento, também ele, o conhecimento, será falso. E se o conhecimento é falso, também será falso o comportamento por ele determinado. Se tais conjecturas parecem complicado, deve-se à falta do hábito de raciocinar sobre coisas fora de ganhar dinheiro. Para quem tais meditações são pura perda de tempo. Ao contrário, são tão importantes que levam à importância de um tempo gasto pensando sobre a veracidade das informações que fazem o conhecimento que vai determinar o comportamento. Não sendo adequados os comportamentos, apenas dinheiro não será capaz de proporcionar boa a qualidade vida. Aí estão os americanos entupidos de dinheiro e servindo de alvo para rajadas de metralhadoras e explosões de bombas.

Portanto, se comportamento adequado para que a vida seja agradável em vez de pesadelo devem resultar de conhecimento formado por informações verdadeiras, quando analisadas com acuidade as informações que atualmente formam o conhecimento r a cultura atual, revelam-se falsas em quase sua totalidade, não merecendo, portanto, serem levadas em conta se delas resultam um conhecimento que faz conversar com estátua, se interessar pelo funeral do príncipe Philip, acreditar que toupeiras mentais merecem fama e celebridade, ser indiferente à compra de caviar e vinhos finos para os Cavaleiros Negros mambembes do STF com o dinheiro de comprar respiração, enfim estas coisas às quais, apesar de aberrações, são tidas como normais em função do comportamento oriundo de um conhecimento falso posto que feito por informações falsas.

Embora haja informações verdadeiras, e um bom exemplo é a que recomenda moderação, simplicidade e fraternidade, apesar da grandeza de sua significação para uma vida civilizada, tais informações são apenas resmungadas mecanicamente em orações ou mencionadas por demagogos em templos políticos e religiosos. Nunca, porém, observadas para que possam ser postas em prática a fim de produzirem comportamentos adequados à uma vida agradável em comunidade. Talvez por ser de poucas leituras, só li em Machado de Assis algo a respeito da necessidade de apurar as informações antes de tomá-las por verdades.

À exemplo de Davi, esse cantinho de pensar se dispõe a enfrentar no tapa o Golias do pão e circo que com falsas informações põe em risco o futuro da juventude inexperiente instigando-a a se abster da atividade meditativa.

Por que não são observadas as informações verdadeiras? Ah! Senhores, senhoras, e jovens futucadores de telefone e apreciadores das vulgaridades do Yahoo Notícias. Por trás disso aí, minha gente, correm coisas do arco da velha. Vosmecês já repararam que nenhum rico e nenhum analfabeto é ateu? Que nos bancos há uma imagem de Cristo? Que o político perde a eleição se disser que não acredita em deus? Que Papai Noel só presenteia criança bem comportada? O porquê da fama e celebridade de pobres diabos mentais e reis de pau oco? Não podem ter repararado se não pensam a respeito. Mas a verdade é que estas coisas têm tudo a ver com a violência, doenças desassistidas, fome, miséria e todas as causas de sofrimento. Muitíssimo menos ainda sabem vosmecês que no dia em que se interessarem por estes assuntos o mundo passará a ser um mundo no qual a vida prevalecerá sobre as mortes evitáveis e não haverá choro em corredores de hospitais, veneno na comida, na água e nem no ar, guerras, igrejas pão e circo, bandidos legisladores, mãe que deseja morte de filho para não atrapalhar o relacionamento com o amante, Foro Privilegiado, Prescrição, Imunidade Parlamentar, políticos e empresários togados, fortunas imensas e nem imensa pobreza. Tudo isso será banido. Não dá vontade de pensar? De meditar? Pois é.

Um mundo ideal só depende de vosmecês se interessarem em analisar as informações que determinam vosso comportamento errado de ter interesse apenas em se profissionalizar em determinada atividade e ter na vida dinheiro por único objetivo.

Assim como o conhecimento determina o comportamento, a perpetuação dos comportamentos estabelece a cultura. Resulta daí que de novos comportamentos resultará nova cultura. E embora não seja possível dizer como agir para que a cultura defasada atual dê lugar a uma cultura nova, a realidade de predominar no mundo a infelicidade torna evidente a necessidade desta metamorfose. A mudança acontecerá quando as pessoas refletirem sobre as informações. Um exemplo de informação falsa: No Youtube, um posudo papagaio de microfone narra a história de um avião que caiu no mar, um homem se salvou e se deu numa ilha onde conseguiu derrubar árvores e fazer uma casa que deus fez pegar fogo para que a fumaça atraísse um navio que o salvou. No final, o papagaio de microfone recomenda que se pense a respeito da história, insinuando ter havido intervenção divina. Isto é de uma sacanagem de dimensão oceânica. São informações capciosas desse tipo que dão origem ao conhecimento da religiosidade que dá origem ao comportamento de resignação que precisa ser rejeitado porque o correto é lutar contra os infortúnios em vez de botar o rabo entre as pernas diante deles. Meditando sobre a fala do papagaio de microfone encontram-se estas falsidades:

1 – A história usa do apego à vida para insinuar que deus livrou da morte aquele homem. Entretanto, se deus evitasse o acidente evitaria a morte de todos os passageiros em vez de apenas um.

2 – Como poderia derrubar árvores com as mãos?

3 – Não podia deus fazer o navio vir independentemente de fumaça?

Apurando-se o que nos é dito descobre-se ser tudo mentira. É que a cultura capitalista precisa esconder sua atitude vergonhosa, injusta e socialmente imoral de fazer de conta que só os ricos têm direito a dispor das prendas que a natureza põe. Como isso não é verdade, cria-se um mundo de falsidades.

 

    

 

 

 

 

sexta-feira, 16 de abril de 2021

ARENGA 489

 

Os seres humanos ainda se encontram em nível tão baixo na escala da evolução espiritual que ainda são infensos à atividade meditativa tanto quanto é o bicho fera. É como se o progresso evolutivo se limitasse a modificar seu aspecto físico, mas se negasse a operar sobre sua mentalidade.

Embora não se pode negar ter ocorrido algum progresso civilizatório no ser humano, posto que de um estado tão bárbaro que comia cru o alimento por não saber dar início a fogo, tornou-se capaz das proezas tecnológicas de hoje, mas é uma forma de progresso que não vai além de transformar bens materiais em riqueza privada. Seu baixíssimo desenvolvimento mental não lhe permite entender que o social é mais importante que o particular uma vez que não se vive senão em coletividades.

 Limitando-se o progresso em transformar recursos naturais em dinheiro de pouca ou nenhuma serventia coletiva, resulta num progresso pernicioso em vez de auspicioso porque produz malefícios maiores que benefícios vez que esta preferência pela materialidade exclui a espiritualidade e mantém os seres humanos em tamanho estado de brutalidade que não prescindem de guerras e incontável número de guerreiros em armas para praticar ferocidade. No segundo volume de História da Civilização Ocidental, página 932, de Edward Mc Nall Burns, consta que do Tratado de Versalhes resultou que a área da Grã Bretanha era de 33,5 milhões de quilômetros quadrados, a da França 10 milhões, enquanto que a da Alemanha, Itália e Japão, juntos, era de 4 milhões.

Este cantinho de pensar, em vez de parar para pensar, propõe fazer uma caminhada meditando sobre se o que se vê contribui positivamente com a aspiração de viver tão bem quanto todos desejam uma vez que no caminho encontramos o seguinte:

1 – Falso sentimento de irmandade. As ações praticadas a título de solidariedade humana são movidas por interesse em recompensa divina e não pela nobreza da espontaneidade inerente ao “amai-vos uns aos outros”.

2 – Pessoas esbaforidas a desgastar a saúde na construção de imensa riqueza para uma vida efêmera.

3 – Crença em que a escravidão e a servidão ficaram nas idades Antiga e Média, enquanto que ela nunca deixou de estar presente. Se na escravidão o total da produção do trabalhador ficava com o senhor de escravo, e no servilismo uma parte ficava com o senhor feudal, atualmente, no capitalismo, do mesmo modo, uma parte, a da Mais Valia, fica com o empregador.

4 – Pessoas cuja utilidade social é proporcionar divertimentos e vulgaridades merecendo altíssimo apreço da sociedade humana enquanto que outras pessoas de relevantíssima utilidade são ignoradas.

5 – Líderes vivendo nababescamente às custas dos liderados.

6 – O destino da humanidade sendo decidido por empresários cujo único objetivo é explorá-la.

7 – Autoridades judiciárias constituídas para coibir a agressividade de mal feitores atuando na proteção deles.

8 – Corpo legislativo legislando composto quase que totalmente de foras-da-lei legislando contra a sociedade.

9 – Juízes corruptos envergando becas simbolizando escudos contra a corrupção.

Conclui-se, portanto, pelo absurdo de viverem os seres humanos cercados de falsidades.

 

terça-feira, 13 de abril de 2021

ARENGA 488

 

As vantagens da democracia defendida por tantos filósofos nos séculos XVII e XVIII eram plenamente justificáveis vez que se opunham a um bolorento sistema de ser privilégio de uma nobreza perdulária, arrogante, parasitária e socialmente inútil o direito de exercer a atividade governamental. Mas, e agora, na atualidade, que o passar do tempo levou a canalhice humana a engendrar uma deturpação tão espetacular da atividade de governar que a divisão de poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário proposta por Montesquieu a fim de que um poder refreasse ilegalidades de outro poder virou confraria corporativa e os poderes confraternizam e exorbitam em canalhices?

E agora que o Segredo de Justiça substituiu o Princípio da Transparência e a Prescrição, Foro Privilegiado, Prisão Domiciliar e a Protelação Por Recursos impossibilitaram a punição?

E agora que a atividade governamental passou a ser exercida por uma classe política submissa à sanha de avarentos, inescrupulosos e socialmente imorais Grandes Grupos Econômicos que parasitando a sociedade e fazem grassar miséria, doenças, fome e violência atrás de si?

E agora que a situação é pior do que no tempo da nobreza inútil porque se o mal do governo dos nobres era não prover bem-estar social, o governo atual dos democratas é maior porque promove mal-estar social?

E agora que a sede de riqueza dos patrões dos governantes levou as autoridades a legalizar a criminalidade sob alegação de não dever combater a corrupção por eles praticada para não prejudicar a economia?

E agora que a situação chegou ao extremo da imoralidade política, não é hora de despontar nova casta de filósofos como Thomas Paine, John Locke, Rousseau, Montesquieu e Voltaire com uma nova teoria sobre a atividade governamental para ocupar o lugar da desgastada e desmoralizada democracia?

Embora inegável seja esta necessidade, de onde viriam tais filósofos se os jovens foram transformados em imbecis que quando não estão futucando telefone é porque estão ligados em BBB, “famosos”, “celebridades” e reis de pau oco?  

Venha de onde vier, contanto que exclua violência porque o exemplo da França de 1789 e da Rússia de 1917 provou que esta via acarreta mais sofrimento. Mas, não se pode ter dúvida de que a outrora badalada democracia precisa dar lugar a outra cultura política vez que a atual está tão na contramão que as autoridades roubam descaradamente. Um exemplo? A Receita Federal está dando de cima do velho quase nonagenário que rabisca estas ponderações, safenado, cardiopata, hipertenso, quase diabético, dependente de uma pilha de medicamentos, apaixonado por mulheres e uísque fino para recolher IR (de que é isento) sobre R.$1.154.099,28 quando a quantia recebida foi R.$283.000. E mais: em 1919 um funcionário do Banco do Brasil feito nas coxas me descontou indevidamente mais de quatro mil de IR. Pedida a devolução por ser isento, devolveu apenas duzentos reais. A administração pública apodreceu até o cerne.

O ódio que sabujos do poder ou papagaios de microfone demonstram contra o velho Marx é uma armadilha do tipo daquelas que prendem o pé do pobre animal e ele sangra, mas não se livra. A sociedade também sangra. Mas, ao contrário dos bichos, podendo racionar, deve bolar uma forma de se livrar da armadilha. O primeiro passo é saber que ela tem dois nomes: um deles é Pão e Circo, instituição engendrada para distrair com futilidade a fim de impedir elevação mental. O segundo nome é religiosidade, instituição engendrada para impedir o ânimo de lutar contra as injustiças com a mentira deslavada de haver vantagem em ser pobre e passar necessidades.

Um método eficiente para escapar da armadilha é analisar com acuidade as informações porque elas determinam o comportamento. Analisando-as, perceber-se-á serem tão falsas que fazem a opinião pública ser contra a observação do velho Marx de que o mundo precisa de transformação. Precisa, sim. E urgentemente sob pena de um futuro tenebroso para as criancinhas rechonchudas e fofas que pais desnaturados colocam em cadeirinhas nos carros ao lado de refrigerantes e cães, causas de doenças. 

 

segunda-feira, 12 de abril de 2021

ARENGA 487

 

No dia 10/04/2021 o jornalista Carlos Alberto Sardenberg perguntou ao arguto comentarista político Merval Pereira o motivo pelo qual o ministro do STF Luís Roberto Barroso estava sendo atacado pelo governo depois de ter autorizado a instalação de uma CPI para investigar o roubo do dinheiro de comprar respiradores. Embora o comentarista se estendesse na justificação da necessidade da investigação recusada por quem tem algo a temer, apenas com a primeira e inteligente frase com a qual Merval Pereira começou a resposta não precisaria dizer mais nada caso se tratasse de ouvintes que não fossem intelectualmente medíocres como são frequentadores de igreja, axé e futebola, pobres coitados que tiveram anulado pelo pão e circo o dispositivo cerebral responsável pelo discernimento. É PORQUE O MINISTRO ESTÁ CERTO, foi como o comentarista iniciou sua resposta à pergunta.

Embora seja motivo de confusão para a bola que o povo tem onde gente tem a cabeça, com aquela frase o comentarista fez referência à situação de decadência moral da instituição governo ao se posicionar contrariamente à decisão do ministro Barroso defendendo a sociedade já cansada de ser vitimada por decisões prejudiciais de outros ministros.

Se a injustiça faz parte da cultura capitalista predominante no mundo, porquanto para ela é justo que apenas oito famílias tenham apossado de riqueza equivalente à riqueza de metade da população do mundo, além de ser indiferente aos seres humanos que não podem comer, não se justificando, portanto, falar-se em mundo civilizado quando se refere aos países ricos se sua riqueza foi construída sobre pilhas de cadáveres. Apenas de indígenas e nicaraguenses Noam Chomsky diz que os Estados Unidos exterminaram com milhões dos primeiros e dezenas de milhares dos segundos.

Portanto, ainda que a mediocridade inata nos brasileiros, que faz a Rádio CBN  substituir PROFISSIONAL por PROFESSIONAL, ainda que esta paixão medíocre endereçasse seu americanismo que dá a prédios nomes que dificultam comunicar o endereço e de festejar o Halloween, Se os brasileiros voltassem a mania macaquear a cultura americana voltando seu interesse no sentido de descobrir o motivo pelo qual o padrão de vida de lá é melhor que o de cá a fim de procurar igualar, nem assim se justificaria a paixão porque o alto padrão de vida do cidadão médio americano foi feito a custo de assassinatos e infelicidade de incontável número de famílias.

Se barbárie e injustiça predominam no mundo, nossa sociedade de governo teocrático não precisa e nem deve se apresentar ao resto mundo querendo mostrar ser capaz de superar a todos na capacidade de praticar a arte de transformar o bom em ruim, o justo em injusto e o legal em ilegal, muito menos ainda mostrar que eles podem usar de tais práticas sem necessidade de ser por debaixo dos panos como fazem os “civilizados” porque aqui, à luz do dia, vendem-se sentenças judiciais, promulgam-se leis pró-criminalidade e é censurado juiz que manda apurar roubo de dinheiro de comprar respiração para pessoas vitimadas pelo vírus “comunista”.

domingo, 11 de abril de 2021

ARENGA 486

 

Só há um caminho capaz de conduzir a humanidade para fora do atoleiro onde se acha por culpa da cultura do enriquecimento particular que resulta em se tornar infeliz como a pobre juventude rica americana surpreendida por ataques terroristas, resultado das maldades inerentes às atividades de ajuntar riqueza privada, atividade que tem por consequência o empobrecimento coletivo que leva aos acontecimentos tenebrosos da França de 1789 e da Rússia de 1917.

Se ter paz e tranquilidade é a maior aspiração de todas as pessoas mentalmente equilibradas que correspondem à maioria absoluta dos seres humanos vez que o número de insanos é insignificante em comparação aos normais, a realidade de ainda ser apenas utopia a aspiração de paz e tranquilidade, de ser lembrada apenas quando se é vítima da aflição provocada pela violência das guerras, tal realidade clama por caminhos menos insensatos por onde caminhar.

“Best Sellers” abarrotados de divagações que nada têm a ver com a luta de buscar sensatez para o mundo insensato expõem a realidade de serem os intelectuais completamente inúteis nesse sentido, embora deles deveria vir a maior participação. Um exemplo de divagação estéril de intelectual: segundo o historiador Edward Mac Nall Burns, página 645 de História Da Civilização Ocidental, o intelectualíssimo Edmund Burke, afirmava que mudar os costumes como pretendia a Revolução Francesa era repudiar a sabedoria acumulada durante séculos, e que uma geração não tem direito de se arvorar em juiz das futuras necessidades da sociedade, além de que ignorar as tradições legadas pelo passado é prejudicar o avanço da civilização.  

Tal afirmação é sem cabeça nem pé porque a geração de determinado momento histórico tem não só o direito, mas também o dever de planejar e decidir sobre o que é bom ou ruim para a sociedade futura na qual irá viver. Foi mantendo tradições que a juventude do mundo veio parar no atoleiro em que se acha. A juventude do presente não estaria agora em tão maus lençóis caso a juventude do passado tivesse se insurgido contra a destruição da natureza, a exemplo do que diz o mesmo livro acima citado, página 664, que na época dos Stuarts a Inglaterra já havia exauridos suas floretas.  

Um exemplo mais atual? Na página 133 do livro Conversas Com Varga Llosa, consta que aquele Nobel de Literatura afirma ser a literatura mais importante que a política. Que a política é efêmera enquanto que a literatura é duradoura. Isto ultrapassa os limites da fantasia e entre na área da idiotice. A esse respeito posso falar de cadeira porque até dezoito anos de idade, o que se deu nos meados do século anterior, apesar de literatura não fazer parte da vida em nosso meio rural, vivíamos maravilhosamente bem apesar de ter matado pássaros e lagartixas (ainda bem que a maioria escapou). Vivíamos bem apesar de nunca termos ouvido a palavra literatura porque podíamos satisfazer as necessidades primárias. Nada nos faltava, exceto literatura. Agora, para quem não pode comer, vestir, morar e ter assistência à saúde, o que depende da política, o que é mais importante, política ou literatura?

Pior do que a inutilidade dos intelectuais na luta por um mundo melhor é a prejudicialidade dos religiosos. Professando ideias com ranço de múmia, impedem a superação do atraso mental. Um exemplo? Na mesma página 645 do livro de Burns citado acima consta que no século XVIII Joseph de Mainstre recomendava que a vida devia seguir os rumos indicados pela fé, tradição e infalibilidade da igreja em detrimento das recomendações oriundas da ciência e da razão.

Isto é de uma insanidade de clamar aos infernos. Supõe que conversar com estátuas ou feijão milagroso é mais eficiente do que vacina para prevenção do vírus “comunista “. Supõe que a Terra não é o centro do universo, ou que a pandemia decorre de bruxaria.  Um exemplo mais atual? Aí está um governo teocrático com a educação religiosa da fase mais obscura da Idade Média, querendo colocar no cargo de ministro do STF um adepto do estelionato de vender proteção divina e feijão milagroso.

quarta-feira, 7 de abril de 2021

ARENGA 485

 

De um lado, grande sofrimento. Pessoas vitimadas por uma pandemia infame, morrem diante de seus familiares impossibilitados de ajudá-las se são tantas vítimas que faltam vagas nos hospitais porque o dinheiro que não foi roubado foi empregado em estádios para brincadeiras. Não havendo como atender a todos, os médicos têm de priorizar a quem devem socorrer e quem precisa ser abandonado à própria sorte. Não obstante tal quadro de aflição, tem-se festa de futebola, políticos mancomunados com empresários engendrando artimanhas para transformar em presidente da república um boneco da Rede Globo, justiça acobertando roubo do dinheiro de comprar respiração, desaparecimento da diferença entre homem e mulher, enobrecimento da baitolagem que explode na Avenida Paulista e no Yahoo Notícias, polêmica a respeito de permitir ou não permitir que pobres diabos mentais frequentem templos de recolhimento de dízimo para pedir proteção a deus, enquanto que os próprios representantes divinos morrem sufocados.

O que acontece com nossa sociedade, que apesar de se dizer pátria de deus é vítima de tamanha força satânica que transforma ordem em desordem e substitui a honestidade e honradez por desonestidade e desonra? Pior de tudo é ser tal poder maligno protegido por segredo de sete chaves apesar de fazer tanto mal.

No programa Direto Ao Ponto, acessível no Youtube, comandado pelo jornalista Augusto Nunes, a jornalista Lívia Zanoline entrevistando a procuradora Thaméa Danelon, que sabe de tudo como integrante da Força Tarefa da Lava Jato, perguntou à procuradora o motivo pelo qual aquela operação está sendo perseguida. A procuradora tergiversou, falou de má vontade do Congresso em aprovar leis de combate à corrupção, falou de decisões do STF também contrárias ao trabalho da Lava Jato, sem, entretanto, dizer claramente o que é e de onde vem a força que dá origem aos procedimentos por ele referidos contrários à ordem e à lei que produzem o estado vigente de caos. Isso ela não disse.

No mesmo programa, entrevistando outro figurão da operação Lava Jato que, inclusive, escreveu um livro chamado A Luta Contra A Corrução, expondo canalhices de todos os matizes, o doutor Deltan Dallagnol, o jornalista Josias de Souza perguntou se o STF atrapalhou a Lava Jato. Como sua colega, tergiversou, falou em Estado de Direito e coisa e tal, mas não esclareceu o motivo pelo qual tais coisas acontecem.

Na mesma linha de se recusar a ir direto ao ponto, acusado de ilegalidades, o expoente da Força Tarefa Lava Jato, o doutor Sergio Moro, diferente do juiz imponentemente corajoso, de magistrado imparcial na luta contra a corrução, veio a público. Mas não para dizer claramente porque está sendo perseguido. Em vez disso, feito menino birrento e resmungão, veio para dizer humildemente não ter feito nada de errado. Por que será que também o doutor Moro se negou a esclarecer o que realmente acontece, se teve coragem de colocar na cadeia meliantes que apesar de chamados de poderosos se borram diante da justiça quando séria? Por que fumaças espessas de mistério envolvem os fatos citados no começo dessa arenga? Mistério não é porque mistério e milagre submetidos a uma análise acurada revelam-se falsidades.

A explicação do fato é tão clara como água potável no meu copo de cristal de tomar uísque. É o seguinte: o convencimento de estar na riqueza a fonte da felicidade faz com que todo ser humano tenha riqueza por objetivo maior da vida. Sendo impossível construir riqueza com trabalho honesto, como provou com a descoberta da Mais Valia o velho Marx defenestrado pelos maus intencionados e os enganados entre eles os religiosos, os desonestos que acumularam riqueza, usando da habilidade em práticas desonestas que lhes é peculiar, juntaram tal habilidade ao poder ilimitado que a riqueza confere ao rico, cooptaram as autoridades e as conduziram para seu mundo de desonestidades, e elas promovem a desordem que é a praia dos desonestos invertendo a ação judicial de perseguidora para protetora de criminosos por meios de desavergonhados institutos da Prescrição, Foro Privilegiado, Recursos Processuais, Prisão Domiciliar. Manipulados tais instrumentos de impunibilidade por advogados também desejosos de riqueza como todo mundo, fica a justiça impedida de alcançar os autores de crimes. O aparente mistério em não ser revelada a verdade é nada mais que um comportamento natural de se resguardar do mesmo destino da Lava Jato e de Marielle.

Para encerrar a prosa desta arenga, os que a leem, e há bobos bastante para isso, não leiam este derradeiro parágrafo caso lhes seja perigosa uma crise de riso. Acabo de encontrar na Internete a explicação para as capas dos Cavaleiros Negros do STF: simbolizam um escudo de moralidade contra corrupção. 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

      

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

       

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

  

 

 

 

 

 

 

 

     

 

 

 

     

 

 

 

     

 

 

 

 

 

    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 5 de abril de 2021

ARENGA 483

 

Uma charge de Jean Galvão na Folha de São Paulo mostrando pobres expostos ao rigor do frio faz quem é capaz de driblar os dribles do futebola meditar sobre o contraste entre tamanha desgraça social e a revelação do Grande Mestre do Saber Ladislau Dowbor de que apenas oito famílias mais abastadas no mundo possuem riqueza equivalente à riqueza de metade da humanidade. Ler os livros do doutor Dowbor, entre eles o mais recente A ERA DO CAPITAL IMPRODUTIVO, minha melhor aquisição, faz concluir que este país não produz só ladrões, frequentadores de igreja, axé, futebola e futucadores de telefone. Junto com esta trupe de contrários e indiferentes à luta por uma política correta, também exacerba com tamanha prodigalidade a maldade da cultura capitalista que em nosso meio inverteu para proteção a ação da justiça de perseguir bandidos, insanidade que se faz acompanhar da loucura de legalizar a maldade de fazer um trabalhador ter de ralar durante um mês inteiro para ganhar míseros mil e trinta e nove reais enquanto jogadores de futebola recebem tanto dinheiro que só é possível saber tratar-se de milhões e milhões pela quantidade de mulheres que os assediam porque dinheiro sempre atraiu mulheres como açúcar atrai formigas.

Rui Barbosa adivinhou que nesta republiqueta de banana tornar-se-ia ridículo cultivar sentimentos nobres como pudor, vergonha, honestidade e moralidade. Faltou adivinhar que o despudor, a desonestidade, a imoralidade e a pobreza espiritual seriam fontes segura de riqueza material.

O continente sul americano só podia mesmo se encontrar no estado de desgraça em que se contra se é encarado como inferior por uma humanidade tão inferior que se vê na situação inusitada de não ter ainda descoberto a necessidade de dispensar liderança em função da impossibilidade de existir um só ser humano capaz de liderança se a realidade de ainda se encontrar a humanidade orientada pelo instinto bruto dos tempos de bicho torna impossível  a existência de alguém dotado do sentimento nobre de altruísmo que caracteriza um líder. Esperar ações nobres de um ser humano por ter sido alçado a um posto elevado corresponde a esperar que uma fera se torne pacífica pelo fato de lhe ter sido dado o nome de Cristo.

 

sexta-feira, 2 de abril de 2021

ARENGA 482

 

Existe uma modalidade de crime tipificado no Código Penal como estelionato, que ocorre quando ardilosamente alguém engana outrem levando esta pessoa a erro do qual resulta vantagem para o enganador. Quando ocorre, descoberto o malogro, é comum o enganado recorrer à justiça buscando ressarcir-se do prejuízo. Entretanto, quando se trata do todo, do coletivo, da humanidade, embora vitimada pelo maior dos prejuízos da história desta modalidade de delito em todos os tempos, não toma providência alguma, é como se nada acontecesse. Ou pior, o fato de serem enganadas as pessoas é encarado com atitudes de nenhum resultado como risos ou ódio.

E a malandragem é de tamanha sutileza, é tão bem engendrada, que os enganados, ainda que avisados do engano palas notícias na imprensa, não tão nem aí. Nem é preciso uma ditadura para amordaçar a imprensa. A certeza dos enganadores de haver total desinteresse da parte dos enganados com a enganação faz com que eles deixem a imprensa dizer o quanto quiser que em vez de estar sendo gasto como era de se esperar, o dinheiro dos impostos ou está sendo roubado, ou gasto em benefício dos enganadores. Considerável soma desse dinheiro vai para uma instituição milenar denominada pão e circo, que em parceria com outra instituição milenar denominada religião, formam uma dupla satânica. A primeira, por meio de espetáculos circenses reduz às atividades lúdicas a atenção coletiva. A outra, brandindo a ameaçadora espada de fogo do pecado, impõe convicção de ser necessário morrer para depois ter o bem-estar comprado a preço tão alto que leva até o dinheiro de comprar respiração.

Entretanto, sob o argumento capcioso do turismo, multidões esvoaçam mundo afora, lotam a Disney, abarrotam as lojas de Me Ame, as igrejas, as praças de axé e futebola, numa demonstração de total indiferença em relação ao fato de ser ludibriada. Sendo voluntária a cessão de bens que propicia aos estelionatários a impunidade, ficam eles tão à vontade que com a espada da lei se auto protegem da punição que a lei impõe a suas práticas delituosas.