quarta-feira, 7 de abril de 2021

ARENGA 485

 

De um lado, grande sofrimento. Pessoas vitimadas por uma pandemia infame, morrem diante de seus familiares impossibilitados de ajudá-las se são tantas vítimas que faltam vagas nos hospitais porque o dinheiro que não foi roubado foi empregado em estádios para brincadeiras. Não havendo como atender a todos, os médicos têm de priorizar a quem devem socorrer e quem precisa ser abandonado à própria sorte. Não obstante tal quadro de aflição, tem-se festa de futebola, políticos mancomunados com empresários engendrando artimanhas para transformar em presidente da república um boneco da Rede Globo, justiça acobertando roubo do dinheiro de comprar respiração, desaparecimento da diferença entre homem e mulher, enobrecimento da baitolagem que explode na Avenida Paulista e no Yahoo Notícias, polêmica a respeito de permitir ou não permitir que pobres diabos mentais frequentem templos de recolhimento de dízimo para pedir proteção a deus, enquanto que os próprios representantes divinos morrem sufocados.

O que acontece com nossa sociedade, que apesar de se dizer pátria de deus é vítima de tamanha força satânica que transforma ordem em desordem e substitui a honestidade e honradez por desonestidade e desonra? Pior de tudo é ser tal poder maligno protegido por segredo de sete chaves apesar de fazer tanto mal.

No programa Direto Ao Ponto, acessível no Youtube, comandado pelo jornalista Augusto Nunes, a jornalista Lívia Zanoline entrevistando a procuradora Thaméa Danelon, que sabe de tudo como integrante da Força Tarefa da Lava Jato, perguntou à procuradora o motivo pelo qual aquela operação está sendo perseguida. A procuradora tergiversou, falou de má vontade do Congresso em aprovar leis de combate à corrupção, falou de decisões do STF também contrárias ao trabalho da Lava Jato, sem, entretanto, dizer claramente o que é e de onde vem a força que dá origem aos procedimentos por ele referidos contrários à ordem e à lei que produzem o estado vigente de caos. Isso ela não disse.

No mesmo programa, entrevistando outro figurão da operação Lava Jato que, inclusive, escreveu um livro chamado A Luta Contra A Corrução, expondo canalhices de todos os matizes, o doutor Deltan Dallagnol, o jornalista Josias de Souza perguntou se o STF atrapalhou a Lava Jato. Como sua colega, tergiversou, falou em Estado de Direito e coisa e tal, mas não esclareceu o motivo pelo qual tais coisas acontecem.

Na mesma linha de se recusar a ir direto ao ponto, acusado de ilegalidades, o expoente da Força Tarefa Lava Jato, o doutor Sergio Moro, diferente do juiz imponentemente corajoso, de magistrado imparcial na luta contra a corrução, veio a público. Mas não para dizer claramente porque está sendo perseguido. Em vez disso, feito menino birrento e resmungão, veio para dizer humildemente não ter feito nada de errado. Por que será que também o doutor Moro se negou a esclarecer o que realmente acontece, se teve coragem de colocar na cadeia meliantes que apesar de chamados de poderosos se borram diante da justiça quando séria? Por que fumaças espessas de mistério envolvem os fatos citados no começo dessa arenga? Mistério não é porque mistério e milagre submetidos a uma análise acurada revelam-se falsidades.

A explicação do fato é tão clara como água potável no meu copo de cristal de tomar uísque. É o seguinte: o convencimento de estar na riqueza a fonte da felicidade faz com que todo ser humano tenha riqueza por objetivo maior da vida. Sendo impossível construir riqueza com trabalho honesto, como provou com a descoberta da Mais Valia o velho Marx defenestrado pelos maus intencionados e os enganados entre eles os religiosos, os desonestos que acumularam riqueza, usando da habilidade em práticas desonestas que lhes é peculiar, juntaram tal habilidade ao poder ilimitado que a riqueza confere ao rico, cooptaram as autoridades e as conduziram para seu mundo de desonestidades, e elas promovem a desordem que é a praia dos desonestos invertendo a ação judicial de perseguidora para protetora de criminosos por meios de desavergonhados institutos da Prescrição, Foro Privilegiado, Recursos Processuais, Prisão Domiciliar. Manipulados tais instrumentos de impunibilidade por advogados também desejosos de riqueza como todo mundo, fica a justiça impedida de alcançar os autores de crimes. O aparente mistério em não ser revelada a verdade é nada mais que um comportamento natural de se resguardar do mesmo destino da Lava Jato e de Marielle.

Para encerrar a prosa desta arenga, os que a leem, e há bobos bastante para isso, não leiam este derradeiro parágrafo caso lhes seja perigosa uma crise de riso. Acabo de encontrar na Internete a explicação para as capas dos Cavaleiros Negros do STF: simbolizam um escudo de moralidade contra corrupção. 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

      

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

       

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

  

 

 

 

 

 

 

 

     

 

 

 

     

 

 

 

     

 

 

 

 

 

    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

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