domingo, 11 de abril de 2021

ARENGA 486

 

Só há um caminho capaz de conduzir a humanidade para fora do atoleiro onde se acha por culpa da cultura do enriquecimento particular que resulta em se tornar infeliz como a pobre juventude rica americana surpreendida por ataques terroristas, resultado das maldades inerentes às atividades de ajuntar riqueza privada, atividade que tem por consequência o empobrecimento coletivo que leva aos acontecimentos tenebrosos da França de 1789 e da Rússia de 1917.

Se ter paz e tranquilidade é a maior aspiração de todas as pessoas mentalmente equilibradas que correspondem à maioria absoluta dos seres humanos vez que o número de insanos é insignificante em comparação aos normais, a realidade de ainda ser apenas utopia a aspiração de paz e tranquilidade, de ser lembrada apenas quando se é vítima da aflição provocada pela violência das guerras, tal realidade clama por caminhos menos insensatos por onde caminhar.

“Best Sellers” abarrotados de divagações que nada têm a ver com a luta de buscar sensatez para o mundo insensato expõem a realidade de serem os intelectuais completamente inúteis nesse sentido, embora deles deveria vir a maior participação. Um exemplo de divagação estéril de intelectual: segundo o historiador Edward Mac Nall Burns, página 645 de História Da Civilização Ocidental, o intelectualíssimo Edmund Burke, afirmava que mudar os costumes como pretendia a Revolução Francesa era repudiar a sabedoria acumulada durante séculos, e que uma geração não tem direito de se arvorar em juiz das futuras necessidades da sociedade, além de que ignorar as tradições legadas pelo passado é prejudicar o avanço da civilização.  

Tal afirmação é sem cabeça nem pé porque a geração de determinado momento histórico tem não só o direito, mas também o dever de planejar e decidir sobre o que é bom ou ruim para a sociedade futura na qual irá viver. Foi mantendo tradições que a juventude do mundo veio parar no atoleiro em que se acha. A juventude do presente não estaria agora em tão maus lençóis caso a juventude do passado tivesse se insurgido contra a destruição da natureza, a exemplo do que diz o mesmo livro acima citado, página 664, que na época dos Stuarts a Inglaterra já havia exauridos suas floretas.  

Um exemplo mais atual? Na página 133 do livro Conversas Com Varga Llosa, consta que aquele Nobel de Literatura afirma ser a literatura mais importante que a política. Que a política é efêmera enquanto que a literatura é duradoura. Isto ultrapassa os limites da fantasia e entre na área da idiotice. A esse respeito posso falar de cadeira porque até dezoito anos de idade, o que se deu nos meados do século anterior, apesar de literatura não fazer parte da vida em nosso meio rural, vivíamos maravilhosamente bem apesar de ter matado pássaros e lagartixas (ainda bem que a maioria escapou). Vivíamos bem apesar de nunca termos ouvido a palavra literatura porque podíamos satisfazer as necessidades primárias. Nada nos faltava, exceto literatura. Agora, para quem não pode comer, vestir, morar e ter assistência à saúde, o que depende da política, o que é mais importante, política ou literatura?

Pior do que a inutilidade dos intelectuais na luta por um mundo melhor é a prejudicialidade dos religiosos. Professando ideias com ranço de múmia, impedem a superação do atraso mental. Um exemplo? Na mesma página 645 do livro de Burns citado acima consta que no século XVIII Joseph de Mainstre recomendava que a vida devia seguir os rumos indicados pela fé, tradição e infalibilidade da igreja em detrimento das recomendações oriundas da ciência e da razão.

Isto é de uma insanidade de clamar aos infernos. Supõe que conversar com estátuas ou feijão milagroso é mais eficiente do que vacina para prevenção do vírus “comunista “. Supõe que a Terra não é o centro do universo, ou que a pandemia decorre de bruxaria.  Um exemplo mais atual? Aí está um governo teocrático com a educação religiosa da fase mais obscura da Idade Média, querendo colocar no cargo de ministro do STF um adepto do estelionato de vender proteção divina e feijão milagroso.

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