quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

ARENGA 519


Entre as futilidades do Yahoo Notícias em torno dos ridículos “famosas” e “celebridades” incapazes de fazer um O com um copo, está a imagem de um jovem tomado por exacerbada euforia pela razão de ter sido vitorioso em alguma modalidade esportiva, o que não é de se estranhar em se tratando de um inocente jovem porquanto até velhos são afetados pela mesma emoção e até levados ao ataque cardíaco. Tamanha imbecilidade é indicativo de alguém que exerceu muito mal a tarefa de viver porque nada aprendeu durante todo o trajeto. Não aprendeu, por exemplo, ser a vida vivida apenas o momento presente, tal qual um motorista que se limitasse a dirigir na escuridão apenas com a claridade da luz baixa, indiferente a possíveis obstáculos além do campo que a luz baixa alcança. Acionando a luz alta do veículo da vida, conclui-se que aquele inocente jovem da boca e olhos escancarados comemora, na verdade, uma vitória de Pirro porque quando a natureza completar seu trabalho inexorável de consumir sua vitalidade, no lugar dos músculos daquele jovem campeão haverá pelancas de velho e a glória de sua vitória estará reduzida ao “JÁ FUI BOM NISSO”.

Envolvido em fantasias, ninguém dá conta de que num futuro não muito distante seus filhos estarão amargando a infelicidade das consequências da falta de água da qual resultarão disputas ainda mais sangrentas do que foram as disputas por ouro, uma vez que a vida não depende de ouro. Na verdade, como afirmou o historiador Henry Thomas, a humanidade é realmente constituída de seres tão estúpidos que vivem a destruir o que acabaram de construir. Esta estupidez se mostra em toda sua plenitude quando se constata que o comportamento humano não depende da vontade do próprio homem. Embora tal afirmação pareça idiotice de Zemanés, o certo é que a vontade do homem, ao contrário da nave do nosso poeta Zé Ramalho, que sei de dentro do peito, a vontade é insuflada de fora para dentro do ser humano. São os meios de comunicação a soldo de um monstro chamado Mercado, invenção antissocial a serviço de um grupinho de avaros Tios Patinhas que a fim de terem satisfeita sua avareza, usam desta instituição para criar nas pessoas o vício de comprar as coisas que vendem. Através de um processo que envolve manipulação do cérebro, os meios de comunicação insuflam nos indivíduos uma dependência de consumo superior à dependência às drogas porque desta pode-se livrar quando se tem vontade própria, o que posso afirmar porque depois de fumar maconha por quinze anos, simplesmente deixei quando benefício do bem-estar foi substituído pelo malefício da taquicardia. Mas o vício de ir às compras é tão insuperável que mesmo diante das consequências funestas decorrentes do consumismo, ele é cada vez tão mais dominante que as pessoas compram o que os meios de comunicação querem que elas comprem. Os carros são a maior demonstração desta insensatez. Quando os papagaios de microfone dos meios de comunicação dão como alvissareira a notícia de ter aumentado a venda de carros, na verdade, estão mentindo descaradamente a mando de seus patrões, os donos do microfone através do qual papagaiam por ser socialmente impraticável o transporte individual. Absolutamente nada justifica um carro com sete lugares transportando apenas uma pessoa. Tal insanidade, entretanto, é recomendada pelo grupelho de insanos brutamontes mentais pela necessidade de riqueza, incapazes da percepção de que desta insanidade resultará a destruição dos elementos naturais indispensáveis à vida humana, inclusive da própria. Não sendo racional a atitude de se destruir alguma coisa da qual depende sua vida, e sendo racional o ser humano, evidente fica que a vontade de se autodestruir independe da própria vontade de quem assim age, ou seja, o ser humano. Enquanto a sociedade desanda, sua força viva, a juventude, é conduzida à mediocridade mental de forma tão absoluta que valoriza vitórias de Pirro, indiferente ao futuro tenebroso que decorrerá da sanha incontida dos ajuntadores de dinheiro cuja avareza não lhes deixa enxergar um palmo adiante do focinho.

A indiferença quanto à realidade da vida afeta até mesmo homens inteligentes e os leva a contribuir para o alheamento à realidade.  Quando o expoente da literatura brasileira, Machado de Assis, afirma que “Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento”, contribui para reforçar a crendice altamente prejudicial à humanidade da existência de deus e diabo, entidades tão fictícias quanto Papai Noel. A negatividade da crença na existência de um deus se materializa na esperança vã que leva os pobres de espírito às igrejas onde não raro encontram a morte.

Mas o tempo de se viver apenas por vier tem os dias contados. Aos poucos a racionalidade toma conta das mentes e um dia haverá uma juventude capaz dos questionamentos próprios de qualquer ser inteligente ante o espetáculo da vida. Tal juventude questionará, por exemplo, o fato de estar a justiça a discutir se Lula é inocente ou culpado, apesar de estar ele na cadeia. Se cadeia é lugar de culpado, e se foi a justiça que mandou prendê-lo, porque é ela que determina se alguém deve ou não ser preso, assim, não pode alguém estar preso e, ao mesmo tempo, estar a justiça envolvida em questões relativas à sua não culpabilidade porque tal situação corresponderia à irracionalidade de “atirar primeiro e perguntar depois”. Salvo se o ridículo deste pobre país de povo asqueroso já tenha chegado ao ponto de prender para depois julgar.

O único aspecto da vida que tem merecido atenção, até mesmo exagerada, tem sido o que diz respeito às necessidades materiais. Entretanto, a satisfação destas necessidades, na realidade, deve ser encarada como garantidora do bem-estar individual necessário a propiciar o ambiente adequado ao aprimoramento da inteligência através de meditações sobre a vida a fim de superar os infortúnios decorrentes da animalidade que ainda é dominante na personalidade humana. Por esta razão, Shakespeare afirmou que o motivo pelo qual choramos ao nascer deve-se ao fato de termos chegado a um mundo de dementes. À observação do Grande Mestre, pode acrescentar tratar-se de dementes tão dementes que a imprensa publica matéria sob a seguinte manchete: As separações que abalaram o mundo dos famosos em 2018. O mundo dos famosos resume-se em langerries, bundas, peitos, quem trepa com quem, quando se perdeu a virgindade, quem não usa cueca ou calcinha, melhor posição para trepadas. Nada além disto. Se as notícias giram em torno do momento e do mundo vividos, o momento e o mundo dos tais famosos e celebridades são um momento e um mundo que precisam ser descartados em nome da inteligência. Inté.




terça-feira, 11 de dezembro de 2018

ARENGA 518


Na página 164 do livro O Senhor Embaixador, a definição dada por Érico Veríssimo para a finalidade da atividade política corresponde a uma realidade tão percebível que se não fosse a estupidez uma caracteriza da massa bruta de povo, seria razão suficiente para que já se tivesse concluído ser perda de tempo esperar que o trabalho dos agentes políticos resultasse em melhores condições de vida social e individual, porquanto uma coisa depende da outra. Embora Veríssimo se referisse a um suposto governo ditatorial quando disse que os políticos têm por principal atividade fazer negociatas utilizando o poder público para compras, vendas, concessões, isenções de impostos, solucionar dificuldades em troca de gordas comissões, o exemplo serve como luva a qualquer tipo de governo porque os governantes têm sido tratados como pessoas tão especiais que uma simples justificativa da parte deles é o bastante para isentá-los de punição por crime cometido, o que talvez se deva ao fato de já terem sido considerados seres divinos. Como o elemento povo continua tão fácil de ser iludido como criança, em sua preferência por igrejas, axé e futebola, sendo também de povo a mentalidade dos governantes, a superioridade que eles pensam ter em relação à ralé que exploram é a mesma superioridade que o pavão pensa ter em relação às outras aves do galinheiro. Vivem iludidos governantes e governados. Estes, pela falsa crença de haver vantagem em iludir, em aproveitar da incapacidade de discernimento do povo, enquanto este, por sua vez, vive a eterna ilusão de valer a pena vegetar como os animais em vez de viver com dignidade.

Não passa de ilusão ter como garantia de bem-estar social coisas negativas do ponto de vista de vida comunitária tais como Sistema Financeiro, Taxa de Câmbio, Produto Interno Bruto, Bolsa de Valores, desembocando tudo isso num tal de sistema econômico do qual resulta que a vitalidade de noventa e nove por cento da humanidade tenha como destino produzir uma imensa fortuna endereçada às caixas-fortes de Tios Patinhas.  Em termos de vida comunitária, a única possível para a humanidade, a Economia Política mostra seu caráter desagregador ao dividir a humanidade em excessivamente ricos e excessivamente pobres. Portanto, Vive-se a grande falsidade de espertalhões viverem do trabalho alheio em troca de conversa promessas que não passam de conversa fiada. Se através do jornal Tribuna da Imprensa Hélio Fernandes mostrou as falcatruas que rolam por meio das privatizações (as vendas a que se refere Veríssimo num governo ditatorial), a Lava Jato está mostrando que elas continuam a todo vapor também no governo democrático. Destas falcatruas resulta o mar de problemas sociais a desassossegar tanto aqueles que lhes dão causa quanto os que sofrem as consequências.

Política sempre foi considerada a arte da malandragem, o que é ruim para todo mundo uma vez que usar da política para malandragem tem resultado na história em cabeças de malandros políticos separadas do corpo, o que evidencia não ser conveniente tal prática. Até quando permanecerá a humanidade tão longe de perceber ser falsa a suposta felicidade demonstrada nas festividades, principalmente nas da religiosidade? Entre nós brasileiros, povo reconhecido mundialmente tanto pelo ridículo quanto pela falta de caráter, acaba de ser escolhido um governante tão religioso quanto os Bush americanos. O último deles, para tomar o petróleo do Iraque jogou bomba sobre as criancinhas de lá arrancando-lhes os braços, talvez seguindo a orientação que deus deu a Josué para passar a fio de espada os habitantes de Jericó e tomar-lhes o ouro cuja metade foi destinado ao Tesouro do Senhor.

A imprensa diz que o chefe da economia desse novo governo teocrático será um multimilionário especulador financeiro. A se confirmar tão medonha notícia, o povo continuará desgastando sua vitalidade em troca de nada porque os impostos resultantes do seu suor não terão outra finalidade senão satisfazer a fome de riqueza que caracteriza os agiotas que parasitam o povo através do sistema financeiro.

A humanidade vive tamanha falsidade que até mesmo pessoas suficientemente esclarecidas contribuem para a manutenção do povo em estado de inocência crônica. O poeta Castro Alves, por exemplo, levado por sua nobreza d’alma, se pronunciou contra a desumanidade da escravidão. Porém, ao fazê-lo, no poema Vozes da África, exclamou: Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes? Ora, Isto é alimentar a pobreza de espírito nos mendigos espirituais que desprezam a potencialidade própria para depositar inutilmente esperança num deus que nunca existiu e que se existisse estaria de acordo com a escravidão porque na bíblia que traz as palavras dele constam normas regulamentando a prática da escravidão em Êxodo 21:1,11,26,27; Deuteronômio 15:12-14; Efésios 6:5 e Colossenses 4:1.

Pobre e infeliz povo! Nunca atina com o ridículo de uma vida limitada a servir a algum senhor. A imprensa, em sua tarefa inglória de incentivar imbecilidades está a alardear como grande feito a estupidez de um pobre esfarrapado mental que está a caminhar mais de dois mil quilômetros carregando no ombro uma cruz. Até os oráculos das Mitologias Grega e Romana têm sido ressuscitados nas pessoas de homens e mulheres desprovidos de nobreza de caráter a quem o povo recorre como solução para suas dúvidas e angústias.

A única vez em que o povo assume sua autenticidade é quando põe um nariz de palhaço e se coloca a dar saltinhos ridículos nas ruas a título de protestar contra ninharias como aumento de passagem de ônibus, luz, água, gás de cozinha e telefone, enquanto “autoridades” lhe atocham o ferro por trás nas grandes negociatas. O ridículo é a marca registrado do elemento povo de forma tão abrangente que velhos estão praticando para se tornarem atletas e dar cambalhotas como a Daiane dos Santos, cuja nome, para não fugir do ridículo, é uma deturpação para ficar parecido com o modo como os americanos pronunciam a palavra Diana. Faz-se necessário, pois, convidar o cientista chinês para introduzir nobreza de caráter no DNA dos líderes políticos fazendo-os capazes de orientar o povo no caminho da sabedoria em vez da estupidez destas notícias no Yahoo Notícias:

Isis Valverde é criticada por exibir corpo sequinho dias após dar à luz.

Parto de Sabrina será exibido na TV.

Treze famosas que tiveram filhos em 2018.

Karina Bacchi e Amaury Nunes se casam na praia.

Topless de Letícia Colin está dando o que falar.

Xuxa e Ivete Sangalo se evitam em festa, diz colunista.

Inté.





















quinta-feira, 29 de novembro de 2018

ARENGA 517


A declaração do futuro ministro da educação do recém-eleito governo teocrático do presidente Jair Bolsonaro disse ter por prioridade a defesa de valores tradicionais tais como família e moral. Sem intensão alguma de mau agourar o trabalho de nossos novos líderes, lembra os tristes acontecimentos de 1964, quando a ação dos líderes impostos pelo governo americano sob pretexto de se defender Deus, pátria, família e propriedade resultou em famílias destroçadas, a corrupção demonstrada no magistral artigo de Mauro Santayana intitulado A Crise da Razão Política e a Maldição de Brasília, além do aprimoramento do desumano sistema capitalista de governo que aumentou a riqueza dos ricos e a pobreza dos pobres de forma tão espetacular que atualmente, segundo reportagem na revista Época/Negócios, cinco bilionários brasileiros têm uma riqueza superior aos milhões e milhões de pobres brasileiros pobres. Foi nisso aí que deu como resultado as boas intenções de proteger deus, pátria e liberdade. Aliás, contra quem deus precisa de proteção?

Embora a desordem generalizada progrida e toma conta de tudo, o que fazem os papagaios de microfone dos meios de comunicação que modelam a cabeça do povo? Tergiversam inutilmente sobre quem vai ser o ministro disso e daquilo, o que está fazendo ou não está fazendo o presidente Bolsonaro e os membros de sua família. Como crianças engendrando planos irrealizáveis, fazem análises políticas como se pudesse acontecer alguma coisa diferente do mesmismo de sempre. Até papagaios de microfone que não sabem fazer um O com um copo e que desconhecem o sentido da palavra sociabilidade se arvoram a tecer comentários sobre problemas sociais não obstante monumental ignorância. Submeta-se qualquer uma destes ridículos “famosos” ou “celebridades” com microfone na mão a um teste de cidadania e a nota zero será insuficiente para valorar o resultado.

Entretanto, apesar de muitos outros portadores de microfone terem consciência da realidade, também se limitam a tergiversar sobre o que está errado, mas sem se indignarem a fazer referência à única causa de todos os problemas que é o fato socialmente insustentável de estar em mãos de poucos a riqueza que a todos deveria servir.

Se não é um Zemané quem tem capacidade de como será possível uma modalidade de administração pública na qual a participação do povo saia da teoria de governo do povo, pelo povo e para o povo e se materialize na participação efetiva nas decisões de governo, sem esta participação jamais desfrutará o povo de melhores condições de vida porque a ação de qualquer governo vai resultar nas práticas mostradas pela Lava Jato. Ricardo Boechat acaba de nos dar excelente exemplo da impossibilidade de se contar com as autoridades ao pronunciar com sua costumeira contundência sobre a discrepância entre a luta travada pelas autoridades para endurecer as penas para os criminosos pobres e abrandá-las para os criminosos do colarinho branco.  

Enquanto o povo se mantiver alheio às decisões políticas seu destino será aquele mostrado na gravura da página 404 do livro História Geral e do Brasil, de Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo, na qual um representante do povo, vergado pelo peso, carrega nas costas um representante da classe política e outro da igreja, irmãs gêmeas na tarefa inglória de manter o povo subjugado a eterno servilismo. Se esta é uma realidade por todos conhecida, por que então permanecem as pessoas aceitando conformadamente desempenhar papel de burro de carroça? Por que chorar seus infortúnios dizendo esperar providências das autoridades, se são elas, justamente as autoridades, que causam os infortúnios que fazem o povo chorar? Os frequentadores de axé, igreja e futebola acabam de ter mais um magnífico exemplo da impossibilidade de deixar que as autoridades tomem decisões politicamente corretas: Acossados por pelo trabalho de funcionários zelosos do dever de cuidar da sociedade, através da Operação Lava Jato, autoridades socialmente nocivas brindaram com aumento de salário as autoridades do judiciário responsáveis pela aplicação da lei que vão julgar os crimes cometidos contra o povo. O fato de terem as autoridades do judiciário aceito o presente da bandidagem as coloca na condição de parceria na desordem administrativa. Portanto, mais do que claro fica que enquanto o povo permanecer alheio às decisões políticas, dando maior ênfase aos espetáculos do pão e circo enquanto sua casa arde em chamas, cada vez maiores serão seus infortúnios. Inté.   


quinta-feira, 22 de novembro de 2018

ARENGA 516


Há frases de alcance inalcançável. Uma delas é “A PROPAGANDA É A ARTE DE EXPLORAR A EXTUPIDEZ HUMANA”. O efeito da propaganda não se limita a induzir o incauto a optar por um banco onde ser roubado ou convencido de que os governos e os refrigerantes são um bem. O efeito da propaganda aparece de modo espetacularmente avassalador na influência que o pão e circo exerce sobre o povo, inutilizando seu poder de forma tão eficiente que de senhor o povo passou a servo sem saber que é senhor nem servo. No espetáculo das eleições, por meios ardilosos, a propaganda convence que determinado pretendente à chave do cofre do erário é o vaqueiro ideal para conduzir a manada humana. No entanto, qualquer que seja o vaqueiro, o destino de manada é um só: o matadouro. O comportamento humano de destruir tudo, inclusive de se autodestruir, resulta menos da estupidez propriamente dita, e mais do efeito de propagandas das quais resulta o convencimento de não haver necessidade de se cogitar de estar tudo errado. Estando tudo certo, não havendo motivo de preocupação uma vez que é mentira esse negócio de esquentamento da atmosfera e há água potável e comida sadia em abundância, ar saudabilíssimo para abastecer o sangue de oxigênio, então, vamos às festanças porquanto não há motivo de preocupação com mudança. Quando Quintino Bocaiúva, na página 79 do livro Teatro de Machado de Assis, Editora Martin Claret, em carta ao autor das peças de teatro, Machado de Assis, afirma que “A ideia é uma força. Inoculá-la no seio das massas é inocular-lhe o sangue puro da regeneração moral”, melhor faria se iniciasse a frase de grande sabedoria com AS BOAS IDEIAS porque más ideias são inoculadas à rodo nas massas por maio de propagandas que distorcem a realidade para que ninguém se incomode com o fato de estar degenerada a moralidade.

Há uma infinidade de livros semeando más ideias. O mais recente deles – NÃO, SR. COMUNA! –, faz apologia da cultura capitalista antissocial, não obstante a contradição materializada na existência de multidões de desesperados a vagar pelo mundo mendigando sobrevivência como resultado desta cultura que por todos os meios se mostra adversa à boa convivência entre os seres humanos. O autor do livreco é o professor de Educação Física e de História, Evandro Sinotti. Sem saber, ao se propor a ridicularizar Marx caracterizando-o como palhaço, na verdade, confirma o papel de legítimo representante do povo que Marx desempenhou porque o pobre povo nunca fez outra coisa na vida senão papel de palhaço. No mais, o livro é a eterna melosidade de quem se acovarda em tentar por medo de errar. Na página 49, diz o reacionário professor que toda pessoa inteligente teme o desconhecido. Tal afirmativa não é condizente com o conhecimento que deve ter um professor eficiente de História porque a História mostra que o homem sempre se aventurou a procurar novos rumos quando acossado pela adversidade. Os primitivos aventuravam-se pelo desconhecido quando a comida escasseava, e os contemporâneos estão fazendo a mesma coisa hoje em função da miserabilidade que a cultura capitalista lhes impõe. Até por curiosidade pura e simples o homem se aventurou a enfrentar o desconhecido. Desconhecerá o professor de História e Educação Física a epopeia das Grandes Navegações que levou Fernando Pessoa a dizer que navegar é preciso, viver não é preciso? É contraditório que um professor, trabalhador da área mais desprestigiada, a da educação, faça apologia de um sistema no qual os professores são desprestigiados em detrimento de verdadeiras toupeiras em termos de intelectualidade, as “celebridades”. Além disso, quando diz ser falsa a alegação de que no capitalismo o rico se torna cada vez mais rico e o pobre cada vez mais pobre, o professor de História e Educação Física contradiz mestres de economia. Na página 176 do livro O Mundo Em Queda Livre, o prêmio Nobel de economia em 2001, Joseph Eugene Stiglitz, professor de economia das universidades de Colúmbia, Yale, Princeton e Stanford, tratando sobre ocorrência de crise no sistema bancário americano afirma o seguinte: “Os banqueiros que levaram o país a esse estado de confusão deveriam ter pagado pelos seus erros. Em vez disso, receberam bilhões de dólares”. E no livro Formação do Império Americano, de Luiz Alberto Moniz Bandeira, na página 44 consta a seguinte declaração do professor de política econômica da Universidade de Harvard, F. W. Taussig: "Grandes fortunas foram feitas com a mudança na legislação pelos que a requereram e promoveram. O país assistiu com tristeza à honra e honestidade dos homens públicos não permanecerem imaculadas. E recrudesceu a manipulação aberta e inescrupulosa das eleições, da legislação e da imprensa, como instrumentos dos interesses particulares do grande capital”.

Para que o professor de História e Educação Física estivesse certo seria necessário que o capitalismo daqui fosse diferente do capitalismo do lugar onde ocorreram os fatos citados pelos autores acima mencionados, os Estados Unidos. Mas, a realidade é que a cultura capitalista, como previu Marx, por ser antissocial, mais cedo ou mais tarde será obrigada a ceder lugar a uma cultura socialista por ser inteiramente impossível eternizar a indolência e a conformação com a injustiça social de uma cultura da qual resulte que um por cento da humanidade retenha para si noventa e nove por cento da riqueza do mundo, principalmente porque esta riqueza foi produzida pelo trabalho dos noventa e nove por cento dos palhaços restantes.

Por estas e outras, senhor professor de História e Educação física, é que o senhor está completamente errado. Quando o senhor diz que na Inglaterra o capitalismo deu ao povo inglês a melhor qualidade de vida do mundo, parece desconhecer que esta alta qualidade de vida custou a desqualidade de vida de outros povos, inclusive desse povo que lhe paga o salário. Na página 57 do livro 1808, de Laurentino Gomes, consta o seguinte: “... o ouro, a madeira e os produtos agrícolas do Brasil seguiam direto para a Inglaterra, principal parceira comercial de Portugal. Os diamantes tinham como destino Amsterdã e Antuérpia, nos Países Baixos”.

Dia haverá em que uma juventude mentalmente sadia ocupará o lugar destes jovens mentalmente esfarrapados que não sabem quando um livro está de cabeça para baixo, e, portanto, incapaz de elevar o pensamento acima da necessidade de enviar mensagens para as rádios avisando onde o trânsito está confuso, apenas para ter seu nome mencionado. Por mais que as propagandas propagam estupidez, nunca haverá estupidez suficiente para impedir elevação espiritual que leve à percepção da necessidade de uma sociedade despida da crueldade da crença de ser normal haver quem não precise de dignidade. Inté.


terça-feira, 13 de novembro de 2018

ARENGA 515


Dois fatos que têm a mesma origem e a mesma inutilidade chamam a atenção de quem pensa sobre a vida. Um deles é a matéria intitulada Reflexões Sobre o Bolsonarismo publicada no jornal Le Monde Diplomatique Brasil, na qual André Peixoto de Souza discorre sobre o favoritismo pelo deputado Jair Bolsonaro, concluindo tratar-se de adoração cega por um mito que promete um novo mundo, um paraíso na terra, além de histeria, hipnose coletiva, passividade diante da conjuntura histórica e irresponsabilidade política. 

O segundo fato é o livro de leitura chatíssima – Tem Saída? –  versando sobre os problemas do Brasil, no qual o trecho menos intragável é de autoria de Luciana Genro, na página 51, que diz da necessidade de propor outro modelo econômico para o País.

O que chama atenção é que por preferir a complexidade, os intelectuais dispensam a simplicidade. Rodopiam em torno de zapatismo, bolivarianismo, marxismo, taylorismo, comunismo, socialismo, cristianismo, deísmo, ateísmo, e bota ismos nisso, além de tergiversar sobre a necessidade de se fazer isso, aquilo e aqueloutro. Tudo um perder de tempo porque todos os problemas humanos estão resumidos no fato de teimar a humanidade em permanecer na mesma obscuridade mental da animalidade do tempo em que inventaram como acender fogo e divindades que protegessem e conduzissem as pessoas. Até hoje continuam os seres humanos incapazes de escolherem seu caminho, precisando serem conduzidos feito manada.  A única influência sobre a decisão de como vai ser sua qualidade de vida é escolher um condutor para conduzi-los. Feita a escolha, continua o povo carregando no lombo a pesada cruz de prover os meios necessários para que seu condutor e auxiliares vivam em suntuosos palácios com vida de reis. Um urologista afirmou na Rádio Bandeirantes AM de São Paulo, que as pessoas que conseguem o procedimento inicial do tratamento de câncer de próstata pela rede pública de saúde precisam esperar dois anos para novo procedimento, quando é preciso no máximo uma semana. Há muito, Érico Veríssimo, na página 199 do livro Olhai os Lírios do Campo, através do personagem Filipe definiu a insignificância do elemento bruto povo. Do alto de um edifício, Filipe aponta lá para baixo, para o povo, e diz: “Que é o povo? Povo é aquilo. Povo não pensa, não tem vontade. ”

Mesmo os intelectuais sinceros, aqueles que não vendem opiniões, não percebem a inutilidade de sua intelectualidade diante de um povo convencido de ser portador de conhecimento maior do que a intelectualidade de quem não sabe explicar a origem do universo. Portanto, uma sociedade menos infeliz objetivada pelos intelectuais sinceros só terá início pelo convencimento da necessidade de se conhecer a realidade. Enquanto o povo estiver convencido da desimportância de sua participação na qualidade de vida, será inteiramente inútil toda conversa em torno do que está errado porque tudo de ruim que acontece à humanidade deve-se exclusivamente ao desinteresse pela atividade de viver. Eduque-se a juventude com uma educação que lhes ensine verdades e cidadania em vez de mentiras e sede de riqueza que a infelicidade cessará de infelicitar.

Se a mentira de tanto repetida toma foro de verdade, também a verdade, se repedida à exaustão resultará em convencimento. Portanto, a luta dos intelectuais sinceros deve ser em torno de combater as mentiras que de tanto repetidas tornaram o povo convencido de que o sofrimento na terra corresponde à exuberância da felicidade no céu.

A substituição de uma cultura por outra tem acontecido de forma espontânea ao longo da história humana. Faz-se necessário, pois, por parte daqueles que gostariam de viver civilizadamente, buscar uma forma de abreviar a substituição da cultura quando se torna superada por uma nova cultura. É preciso induzir o acontecimento em vez de deixar que aconteça por acaso. Desta forma, não sendo mais desconhecida a realidade de que às autoridades interessa um povo de mentalidade tão medíocre a ponto de valorizar mais “famosos” e “celebridades” de merda do que professores, cabe aos intelectuais de consciência não prostituível lutar contra este estado de coisa em vez de ficar tergiversando sobre estar errado isso e aquilo porque não há erro nenhum uma vez que as distorções são arquitetadas intencionalmente em função de ser a política, conforme explicou Maquiavel, a arte de enganar. É querer água limpa emanada de fonte suja.

O povo terá o destino de Sísifo enquanto depender de líderes que lhe digam o que é bom e o que é ruim. Nosso presidente recém-eleito, acaba de nos dar um belo exemplo desta realidade. Pelo fato de ser militar e religioso, é também conservador. Como conservador, acaba de declarar que o povo precisa compreender ser o Brasil um país conservador. Entretanto, meditando-se sobre a realidade indiscutível de que apenas as coisas boas devem ser conservadas, enquanto que as coisas ruins devem ser descartadas, uma vez que apenas coisas ruins existem por aqui, o povo precisa mesmo é de compreender haver necessidade de inovação, de mudança, em vez de conservar a podridão que está aí. Pode-se apostar um tostão furado como no fim do governo do nosso novo presidente, apesar de contar ele com deus, o povo estará contente se a estatística mostrar que diminuiu o número de assassinatos quando o ideal é não haver um só assassinato. Inté.






sábado, 3 de novembro de 2018

ARENGA 514


Entre as pessoas que leem e adquirem conhecimento sobre o mundo fluido da sociedade e as pessoas que leem e adquirem conhecimento sobre o mundo material há uma barreira mental tão intransponível quanto a que separa estas duas categorias de leitores daqueles que nada leem por serem analfabetos. Em termos de qualidade de vida, o conhecimento sobre o funcionamento da sociedade é infinitamente mais importante do que o conhecimento sobre o funcionamento do planeta e as reações físico/químicas ou o motivo pelo qual chove ou deixa de chover. Isto fica evidente quando se observa que estudiosos destes assuntos e analfabetos comungam ideias semelhantes em muitos aspectos da vida, realidade materializada no fato de haver doutores tão interessados quanto os analfabetos nas mediocridades televisivas onde brutamontes mentais semianalfabetos apresentam programas de baixíssimo nível cultural. No campo da religiosidade é onde se mostra de forma escancarada a identidade de pensamento entre doutores e analfabetos. Na página 53 do livro DEUS NÃO É GRANDE, seu autor, o filósofo Christopher Hitchens, dá um exemplo perfeito da comunhão de ideias entre analfabetos e pessoas esclarecidas apenas sobre o mundo físico. De acordo com o escritor, quando se descobriu que o papilomavírus humano transmitido através do relacionamento sexual causava câncer do colo de útero e que foi criada a vacina que imunizava as mulheres contra esse mal, o governo amaricado resistiu em aplicá-la sob a alegação de que não havendo medo do câncer, as jovens não seriam desestimuladas a ter relação sexual antes do casamento como preceitua a religião. Ante tal fato, o filósofo pondera que tal procedimento equivale a condenar as mulheres à morte em nome de deus por conta do impulso sexual que o próprio deus lhes deu. Também pondera que tal comportamento em nada difere do comportamento dos habitantes da parte mais atrasada da África que morriam de AIDS por recusarem usar preservativo nos relacionamentos sexuais por não estar de acordo com a vontade de deus. Aí estão, pois, dois comportamentos idênticos entre pessoas altamente versadas em tecnologia e analfabetos.

Muitas são as demonstrações de despreparo social dos versados no mundo físico. Uma delas é a alegação de Einstein de acreditar no deus de Spinoza porque apesar de declarar-se descrente num deus preocupado em castigar ou premiar, nem por isso Spinoza deixava de ser deísta. Do mesmo modo, o grande físico Isaac Newton, que segundo afirmam os autores de Princípios Fundamentais de Filosofia, página 119, influenciado pelo mecanicismo da época, teria comparado o universo a um grande relógio que dependeu de um impulso divino que iniciasse o movimento. Tivessem estes dois gênios dedicado ao estudo sobre comportamento humano e a História das Religiões o mesmo empenho que dedicaram ao conhecimento do comportamento do universo teriam chegado à conclusão da inexistência de deus.

A humanidade estará em melhores condições quando voltar sua atenção do céu para a sociedade. Só então perceberá a grande verdade contida na expressão “OU ESTEJAMOS TODOS BEM OU NINGUÉM ESTARÁ BEM”. Mas nunca estaremos bem sob a cultura do individualismo contra a qual não podem se insurgir analfabetos e os letrados de idêntica mentalidade porque ignorando ambos o funcionamento da sociedade, adotam comportamentos negativos ao desenvolvimento social como, por exemplo, o transplante para nosso país da festa do Halloween. Este é um comportamento típico de quem ignora o mecanismo social. Ao fazer isto, além de fomentar a submissão aos estrangeiros em que vive o continente sul americano, os pais ainda cometem o erro de incentivar suas crianças ao consumo exagerado doce. Inté.

  



  















     


domingo, 28 de outubro de 2018

ARENGA 513


Nossa Cidade de Vitória da Conquista é um exemplo do que acontece com o mundo. Aqui a vida fica mais desagradável a cada dia. Para quem adquiriu um mínimo de refinamento espiritual, em termos de qualidade de vida, o progresso, na verdade, está mais para regresso em função da diminuição drástica da possibilidade de se encontrar um ambiente agradável em função da necessidade que tem o vulgo de acumular dinheiro. Das atividades voltadas à produção de dinheiro decorre tamanha barulheira que não permite a paz necessária a quem quer ler, escrever, curtir algum mal-estar ou dormir quando o sono é leve. Aqui entre nós, requebramentos de quadris no axé ou cerimônias religiosas no Parque Teopompo de Almeida causam irritação em quem precisa de sossego. Motocicletas baratas completam o desassossego fazendo barulho ensurdecedor mesmo na madrugada. Em viagem pela Rio Bahia, dirigi para o acostamento a fim de deixar passar seis motos Harley Davidson, verdadeiras máquinas. Silenciosas, não obstante o porte majestoso. Aqui em nossa Vitória da Conquista, espeluncas fazem um barulho suportável apenas para quem não superou ainda a fase bruta de povo e que por isto mesmo não sabe que segundo declaração da ONU até envelhecimento precoce e impotência sexual decorrem da poluição sonora. Mas não fica por aí. Carros expelem nuvens de fumaça preta altamente tóxicas, o que também é proibido pela legislação. Estas coisas levam à seguinte conclusão: Se comportamentos reprimidos pela lei são aceitos com naturalidade, para que, então, servem as autoridades senão como um faz de conta muito caro para a sociedade? Ante tal realidade, conclui-se pela necessidade de estar o bom senso a exigir uma forma de administração pública na qual se faz sentir a austeridade da autoridade no sentido de impor a civilidade sem a qual inexiste bem-estar social. Mas a porca torce o rabo porque uma sociedade civilizada não pode ser formada com o povo na condição de analfabetos políticos tão alienados da realidade que ensinam falta de patriotismo aos filhos. É vergonhoso o rebaixamento moral, indecência intelectual, babaovismo, enfim, é simplesmente vergonhoso o comportamento dos brasileiros imitando os americanos com a comemoração do Halloween.

O meditar sobre estas coisas lembra quanta razão tinham os Grandes Mestres do Saber quando afirmaram que a convivência com o povo é tão desagradável quanto uma doença. Realmente, ter o raciocínio perturbado por uma malta de adultos em cânticos e orações tanto é revoltante pelo desassossego quanto pela inutilidade do ritual porque quem tomou conhecimentos da História da Religião aprendeu que a religiosidade é uma grande farsa. E o mal-estar aumenta quando se sabe ser a religiosidade a representação do atraso mental e o maior entreve que impede o desenvolvimento espiritual, anulando o potencial que jaz inerte em cada ser humano, ao torná-lo covarde e submisso à invenção do pecado. Ao contrário de temeroso a deus, o homem precisa se orgulhar e assumir a imponência a que faz justiça por ser o único vivente capaz de raciocinar. Entretanto, em vez de orgulhar-se pela soberbia de ser o único com tal poder, rebaixa-se em se conformar em ser um mero carneiro de Cristo.

Ainda não se chegou à conclusão da nossa irmandade e a estupidez que há em acreditar haver alguma razão para que um ser humano seja inferior a outro. Observando bem, percebe-se a realidade indiscutível de ser maior o sentimento de religiosidade onde também é maior a falta de leitura e, portanto, de esclarecimento. Quanto mais desafortunado e desgraçado, mais pobre diabo, mais afeito à sarjeta, mais deus lhe pague e deus lhe favoreça são falados. É inegável que a religiosidade decresce juntamente com a ignorância. A existência de intelectuais religiosos se explica por dois motivos: Opinião emitida em troca de vantagem ou covardia ante a aproximação da morte, comportamentos orientados por inocência de criança, salvo se estes intelectuais não tomaram conhecimento da trajetória do sentimento de religiosidade através dos tempos, o que é impossível porque se aprenderam sobre todas as outras coisas, não poderiam ter deixado de aprender também sobre a realidade de ser a religiosidade o maior engodo que envolve os seres humanos.

As reformas religiosas visaram tornar menos absurdos os absurdos da religião aos quais ainda se submete a massa bruta de povo porque o esclarecimento que substitui a obscuridade mental, apesar de acontecer inevitavelmente, acontece com demasiada morosidade. Tamanha é esta morosidade que embora o ser humano não mate mais outro ser humano para que o cadáver lhe sirva de alimento, apesar disto, o ser humano continua matando outro ser humano. A diferença, entretanto, de não ser para se alimentar do cadáver indica algum esclarecimento, mas não o necessário.

O esclarecimento é inevitável por força da observação que com o passar do tempo tornou obsoletas não só as facas feitas com lascas de pedras, mas também crenças como as da mitologia e a do Tesouro de Merecimento. Segunda esta última, Cristo e os santos teriam feito tanta coisa boa que de suas ações meritórias resultou um excesso de merecimento que havia uma quantidade tão grande de merecimento no céu que o papa podia lançar mão de porções desse excesso e vender a quem precisasse de merecimento para se apresentar perante deus. Embora a massa bruta de povo nada visse de falso nessa história, pessoas capazes de pensar, entre eles Martinho Lutero e João Calvino, chamaram a atenção dos frequentadores de igreja da época para o ludíbrio de que eram vítimas ao comprar merecimento divino. Se até um Zemané é capaz de ter acesso a tais conhecimentos, não é estranho que intelectuais ainda desconheçam a realidade de ser a religião uma forma de manter o pobre conformado com a pobreza? O homem não deve ser correto por medo de deus. Deve ser correto por ser a única forma de se organizar uma sociedade civilizada. Inté.  

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

AREGA 512


Duas matérias do blog Outras Palavras, uma versando sobre influência dos ricos na política e da necessidade de deter o poder plutocrático no Brasil, e outra versando sobre o crescimento de suicídios também no Brasil, e de ter a vida perdido o sentido, estes dois assuntos, juntamente com uma afirmação do filósofo Michel Foucault no livro Vigiar e Punir motivaram o assunto aqui tratado nesse momento.

Primeiro, vejamos o assunto do livro: O filósofo trata das mudanças ocorridas na forma com que através do Direito Penal a sociedade tem determinado a que tipo de punição deve se submeter quem comete crime. Erudito, o intelectualíssimo doutor Foucault discorre sobre a monstruosidade dos castigos que afligiam indescritíveis sofrimentos ao criminoso em tempos passados. Como a evolução mental ou espiritual, embora demasiadamente lenta, é inevitável, chegou-se à conclusão de que a pena aplicada ao criminoso deve visar concertar sua personalidade socialmente deformada, adaptando-a ao convívio social, em vez de submetê-lo a sofrimento como vingança pelo erro cometido. Muitos pensadores concluíram para tal conclusão, entre eles um nobre, o Marquês de Beccaria, que através do livro Dos Delitos e Das Penas se insurgiu contra a barbaridade dos castigos aplicados, afirmando que aquele tipo de punição era um crime não raro mais bárbaro do que o crime cometido pelo punido. Assim, como é inevitável o avanço rumo à civilização, o Direito Penal já não mais amarra cada membro do criminoso num cavalo e os enxota em direções diferentes, nem abre a barriga do criminoso e rapidamente puxa suas tripas para fora a fim de que antes de morrer ele tivesse tempo de contemplá-las expostas. Na página 15 do citado livro o filósofo atribui tal barbarismo à fraca influência da religião sobre o espírito humano. Pode um grande intelectual ser tão ingênuo?

O professor conquistense Evandro Gomes Brito fez minucioso estudo sobre o Instituto da Inquisição, instituição de cunho religioso cujo objetivo era punir os crimes de heresia, e publicou o resultado do seu trabalho no livro DAS BRASAS DA INQUISIÇÃO AO LEITO DA PEDOFILIA. De acordo com a pesquisa do professor e escritor Evandro Gomes Brito, os suplícios a que eram submetidos pelos inquisidores os suspeitos de heresia eram tão grandes quanto os da barbárie do Direito Penal, até maiores porque matavam judeus ricos para tomar-lhes os bens. Desta forma, só ingenuidade ou o fanatismo religioso justificaria atribuir as barbaridades das penas à falta de religiosidade. É como se o intelectualíssimo Foucault desconhecesse que o barbarismo faz parte da bíblia e que deus mandou aplicar a Pena de Talião, conforme Êxodo, capítulo vinte e um.

O que acontece com a humanidade é ter sido ela reduzida à condição de manada. Como bosta n’água, os seres humanos trilham um destino traçado pelos meios de comunicação. Ouvi um fazendeiro dizer que com a eleição de Bolsonaro vai colocar uma escopeta nas mãos de cada empregado de suas fazendas. Este pobre fazendeiro rico tem na televisão sua única fonte de conhecimento. Ele serve de perfeito exemplo da realidade de ser o pensamento dos seres humanos em geral moldado por um mecanismo denominado por Jânio Quadros de Forças Ocultas. O discernimento sobre sociabilidade, diferentemente das ciências exatas, exige refinamento espiritual capaz de perceber que só a sociabilidade leva a uma sociedade evoluída, realidade muito bem definida pela máxima OU ESTEJAMOS TODOS BEM OU NINGUÉM ESTARÁ BEM.

Um exemplo perfeito do que quero dizer foi dado há pouco quando um papagaio de microfone dizia em determinada rádio que as doenças decorrentes da falta de saneamento básico ocasionam faltas ao trabalho que resultam num prejuízo de milhões de reais à economia. Em termos de sociabilidade, isto é de monumental contrassenso. É como se a saúde da economia fosse mais importante do que a saúde pessoal. Sabendo-se que a economia trabalha para aumentar a riqueza de um por cento da humanidade e a pobreza de noventa e nove por cento dela, não precisa ser inteligente para perceber que isto vai resultar em desastre social. A genialidade de Machado de Assis levou-o a dizer que a economia é filha da avareza.

Este assunto sobre a conclusão do filósofo inocente de ter o barbarismo como causa a falta de religiosidade e os dois outros assuntos tratados nas duas reportagens do blog Outras Palavras mencionadas lá em cima formam um trio harmonioso em perfeita sintonia com a realidade vivida no momento. Ao seguir o caminho determinado pelos meios de comunicação, que leva à conclusão de ser a economia mais importante do que a pessoa, e sendo a finalidade da economia enriquecer cada vez mais os ricos, e sendo que a ninguém é permitido desconhecer que a riqueza confere tanto poder que os nobres foram desbancados pelo poder que a riqueza conferiu aos burgueses, resulta daí ser normal a influência dos ricos sobre a política e, consequentemente, sobre a qualidade de vida uma vez que é a política que a determina, embora os meios de comunicação e a religiosidade digam ao povo que é deus o responsável por ela. Como todo ignorante gosta de se exibir como pavão, e a revista Forbes prova isso, o rico usa seu dinheiro para ficar cada vez mais rico a fim de ter cada vez mais poder. Portanto, é inútil falar-se em deter o poder plutocrático no sistema capitalista porque ele se baseia exatamente no enriquecimento individual.

O terceiro assunto, aquele que trata do crescimento de suicídios, é consequência dos outros dois. Ao seguir a orientação dos meios de comunicação, comportando-se como manada, o ser humano concorda com o progresso material dependente de investimentos, financiamentos e empregos, o que é uma farsa. Um descompasso tão grande que faz a vida perder o sentido, daí os suicídios. É realmente desanimador para um jovem que pensa em vez de futucar telefone ter de enfrentar mil e uma dificuldades, anos e mais anos alisando bancos de escola para conseguir sobreviver através de um emprego enquanto que semianalfabetos, verdadeiras nulidades esbanjam riqueza e viram “famosos” e “celebridades”.

Tomar a cultura do TER como superior à cultura do SER está resultando nos desastres climáticos de consequências inimagináveis para os débeis mentais a que foram reduzidos os jovens em função da futucação de telefone. Inté.







 












segunda-feira, 22 de outubro de 2018

ARENGA 5ll


A união entre a Odisseia de Homero e a antirreligiosidade de Friedrich Wilhelm Nietzsche levou este Grande Mestre do Saber a comparar a religiosidade à feiticeira Circe que segundo consta da Mitologia Grega teria transformado em porcos os companheiros de Ulisses. Nenhum frequentador de igreja, axé e futebola sabe o que é a Odisseia, nem quem são Nietzsche, Homero ou Circe em função da carência de intelectualidade decorrente da ojeriza aos livros. O que quereria dizer Nietzsche quando disse que a religiosidade é a Circe da humanidade? Queria dizer, e disse, que a religiosidade também transforma os seres humanos numa espécie de seres estúpidos.

Estas cogitações me ocorreram neste exato momento quando uma festança religiosa nas imediações me impede de concentrar na leitura do livro DAS BRASAS DA INQUISIÇÃO AO LEITO DA PEDOFILIA, do professor escritor conquistense, para honra dos conquistenses, Evandro Gomes Brito, sobre a monstruosidade da Santa Inquisição. Tomar conhecimento da maldade que infligia sofrimentos inacreditáveis a seres humanos suspeitos de heresia é o bastante para se concluir ser a religiosidade nada mais nem menos do que fruto de monumental estupidez e ignorância absoluta. O professor Evandro fez minuciosa pesquisa e constatou registro de coisas horríveis: uma mulher nua, montada numa peça de madeira de forma que sua vagina e ânus ficavam sobre uma quina, os pés pendentes no ar, e um peso pendurado em cada pé. Um homem dependurado de cabeça para baixo sendo serrado pelo meio a partir das duas nádegas. É estarrecedor que a capacidade de impor tais sofrimentos a outros seres humanos tenha sido o mérito que levou Domingos Gusmão a ser considerado pela religiosidade merecedor da honra de ser transformado em santo. É à memória de tal monstro que religiosos fazem oração. Nem mesmo Satanás seria capaz de impor tamanho sofrimento que em nome de deus religiosos impunham aos condenados de heresia ou deixar de observar os dogmas da religião cristã. Consta que ante o impasse de haver alguns não hereges entre um grupo de acusados de heresia, foi determinado que todos morressem porque deus se encarregaria de separar uns dos outros depois de mortos.

Desta forma, tem razão o filósofo do bigodão comparando a religiosidade a Circe. Um rebanho de porcos também faz barulho suficiente para impedir que alguém possa raciocinar. Inté.  

  




quinta-feira, 9 de agosto de 2018

ARENGA 510


 Em matéria publicada no blog Outras Palavras, Boaventura de Sousa Santos fala que temos raízes cravadas nos conceitos que herdamos para analisar ou avaliar o mundo em que vivemos. Acontece que dos conceitos transmitidos de uma geração a outra geração nenhum se refere à necessidade de se analisar a vida. Ao contrário, aprende-se a desnecessidade desta análise. A religião ensina que o destino é traçado por Deus e, portanto, inalterável. Desta falsidade resulta a cultura do conformismo com os sofrimentos desnecessários. Tão falso quanto a desnecessidade de se meditar sobre como se viver bem é a necessidade de ajuntar riqueza. Desta forma, o que as gerações posteriores recebem das anteriores é a cultura antissocial do malogro, da esperteza e do levar vantagem. Nunca, porém sobre a vida. 

A presidente da mais alta corte de justiça do Brasil, ministra Carmem Lúcia, diz esperar que propostas de políticos sobre o STF não passem de retórica. Por mais inacreditável que possa parecer, o que propõem os políticos é a submissão da justiça ao banditismo que toma conta do Poder, sendo ainda mais inacreditável a conivência de membros daquela corte com a bandidagem. Pois, embora inacreditável, é a realidade. Este país é realmente um poço de absurdos e quem se insurge contra eles recebe rajada de metralhadora. Daí a cautela que a ministra demonstrada ao declarar apenas “esperar” não passar de retórica a ação dos políticos contra a justiça. Como chefe daquela instituição, entretanto, deveria meter na cadeia os bandidos em vez de temê-los.

Na página 64 do volume VII da série de estudos do filósofo Eric Voegelin, intitulada História das Ideias Políticas, há referência da necessidade de devolver ao homem sua relação com Deus. Ora, outros filósofos afirmam que Deus nunca foi mais do que uma invenção, afirmação esta mais condizente com a realidade porque a ideia de Deus sugere uma paz e uma tranquilidade que nunca existiram desde que se tem notícia da existência do mundo. Além disso, o que mostra a história da religião é que a própria figura de Deus tem dado motivo para morticínios sem fim.

Tais constatações levam à conclusão de haver necessidade de se inverter a ideia proposta pela palavra religião (ligação do homem a Deus) para uma ligação dos homens entre si porque enquanto predominar a cultura do cada um por si haverá infelicidade de montão. Inté.   

sábado, 4 de agosto de 2018

ARENGA 509


Meu amigo Movér, escritor, poeta, e de várias outras serventias úteis à sociedade, me recomenda não ser contra os intelectuais. Todavia, para quem nasceu com o defeito de desejar que os seres humanos deixem para os irracionais esse negócio de ter medo uns dos outros não há como não ser contra a atitude indiferente dos intelectuais a esse respeito. Eles desperdiçam o riquíssimo cabedal de conhecimento sobre os mais diversos assuntos, menos sobre o motivo pelo qual os seres humanos digladiam quando deviam se abraçar. É imperdoável a despreocupação dos intelectuais quanto a esta realidade. Em vez de erudição, caberia a eles mostrar a nós de poucas letras ser inteiramente incompatível competição e vida social. Pior ainda que a indiferença é haver entre eles quem defenda esta cultura flagrantemente antissocial que em vez de saúde e tranquilidade encheu o planeta de armas, gases venenosos, bombas, morticínio, riqueza, pobreza e infelicidade. É por isso, meu caro amigo Movér, que ainda na pequenez da minha desimportância não deixo de condenar os intelectuais. Como podem homens de grande discernimento ficarem impassíveis ante a deterioração moral, cinismo, falta de pudor, roubalheira desavergonhada, autoridades compactuando com a bandidagem que transformou o Estado de Direito em Estado do Crime? Se a ninguém, nem mesmo aos Zemanés é dado o direito de não observar que se todos os seres humanos normais gostariam de poder viver na tranquilidade da paz. Por que, então, não vivem se é o que desejam? É, pois, imperdoável a atitude dos intelectuais de pavonear erudição e não se interessarem em empregar sua sabedoria em torno desta distorção de valores que faz de brutamontes sociais e vulgares as pessoas mais valorizadas da sociedade. Abração, meu amigo. Inté.

 

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

ARENGA 508


Quando eu era menino, os filmes eram anunciados em cartazes amarrados nos postes de iluminação. Entre os colegas na escola primária da minha ainda insipiente cidadezinha de Itapetinga, então município de Itambé, para debochar (hoje “buling” em função do babaovismo do brasileiro com as coisas do estrangeiro) com um colega procedente de outra cidadezinha ainda menor que a nossa Itapetinga de metade do século passado, um dos nossos colegas mais inventivo dizia que viu lá na cidade desse outro colega um cartaz que anunciava da seguinte maneira as excelências de um filme de caubói: “Murro prá carái. Tiro como corno. Tá rebocado quem não ir”. Nunca consegui entender direito o significado de “tá rebocado”. Mas lembro que “estar rebocado” era ofensa. Como pensamento de velho não sossega, esta lembrança me foi trazida antes de sair da cama, ao ouvir pelo rádio um candidato a governador anunciar suas excelências sobre as inconveniências do oponente. Para o colega lá da escolinha, pensei, as campanhas eleitorais seriam mais ou menos assim: “Óia, cês tudo vota neu pruquê garanto lutá prá carái pelo bem docês tudo. Tanto os daqui como de quarqué lugá. Falô?”. O motivo da comparação é que as tais campanhas eleitorais têm a mesma falta de lógica das propagandas de bancos, do agribiuzinesse criador de fortunas e de cânceres, do consumismo, do mercado financeiro. É tudo armadilha visando explorar a estupidez humana. Embora ninguém mais acredite neles, os urubus, digo, os candatos, em torno da carniça, digo, do erário, dizem ter por objetivo o bem da população. Isto é tão ridículo quanto o banqueiro Henrique Meireles dançando forró. E não é menos ridícula a seriedade com que os papagaios de microfone entrevistam os pretendentes à chave do cofre. Perguntar-lhes como agiria em tal situação é de uma estupidez cavalar porque até mesmo um Zemané sabe perfeitamente que eles pretendem fazer isso aí que a Lava Jato está mostrando. A política nunca deixou de ser a arte de parasitar a massa bruta de povo ainda iludida com eleições. Está na imprensa que o banqueiro Henrique Meireles conta com sua eleição porque dispõe de milhões e milhões para gastar. Caberá à massa bruta de povo restituir estes milhões com os juros bancários. No tocante ao interesse público, com as necessárias e raríssimas ressalvas (felizmente), a palavra autoridades sempre mereceu ser escrita entre aspas. No O capítulo 21 do livro Cocaína, A Rota Caipira, de Allan de Abreu, intitulado Advogados do Crime, lê-se a seguinte passagem: “No fim dos anos 1980, um juiz federal de Campo Grande (MS) inocentou um traficante flagrado com 1,2 tonelada de maconha alegando que o laudo pericial não apontava se a droga era “macho ou fêmea”. Além disso, determinou a devolução do carregamento ao seu dono”. Agora, temos ministros da mais alta corte de justiça fazendo a mesma coisa com ladrões.

Se o funcionamento dos meios de comunicação não lhes permite interromper um minuto sua comunicação, pelo menos devem comunicar alguma coisa não tão imbecil quanto a nojeira das campanhas eleitorais, principalmente sobre as de países estrangeiros. Absolutamente nada pode justificar arrancar bilhões do lombo da massa bruta de povo para gastar em eleições enquanto falta dinheiro para coisas essenciais. Entretanto, a papagaiada de microfone, passando ao largo de assuntos que dizem respeito às causas da esculhambação, tergiversam inutilmente em torno de coligações, candidatos à excrescência da figura inútil de um vice para aboletar-se em palácio e ser motivo para mais falatórios inúteis. Tá, ou não tá precisando mudar tudo? Pior é que esta estupidez não está apenas nas sociedades primitivas como a nossa, ainda de braços dados com o regime colonial. Também as sociedades tidas como civilizadas estão mal e a pedir a mudança que inevitavelmente virá malgrado a má vontade da papagaiada de microfone que a soldo dos Reis Midas do mundo fazem de tudo para eternizar a insustentável cultura da competição. Denigrem o socialismo acusando-o de assassinatos, mas escondem a realidade de inexistir um sistema político ideal uma vez haver infinitamente maior número de assassinatos decorrente da competição que leva a sociedade à violência que é a marca registrada tanto no socialismo quanto no capitalismo que o babaovismo garante ser o ideal.

A História mostra, pelo menos no entendimento de quem é de poucas letras, que as várias mudanças ocorridas não aconteceram porque pessoas se reuniram e disseram “VAMOS MUDAR!”. Ninguém disse “VAMOS FAZER FOGO!”, “VAMOS INVENTAR A AGRICULTURA, A RODA, DOMESTICAR ANIMAIS, A ATIVIDADE COMERCIAL, O MERCADO OU O CAPITALISMO”. Apesar disto, aconteceram, e acontecerem em função da tendência natural de evoluir que leva o ser humano à ação quando premido por incômodo que dá origem à necessidade de mudança, necessidade esta que sempre existiu e que provocou várias mudanças, todas inócuas uma vez que o desassossego nunca deixou de fazer parte do cotidiano em virtude de viverem os humanos a grande fantasia do desconhecimento da realidade da vida ao acreditar não ter fim o vigor da juventude. Tendo se tornado insustentável a cultura da competição, algo diferente haverá de substituí-la. Sendo o conhecimento cumulativo, isto é, o conhecimento adquirido facilita a aquisição de mais conhecimento, o que pode ser constatado ao se verificar que à medida em que se executa determinado trabalho a facilidade de executá-lo aumenta na proporção das repetição de sua execução, a acumulação de conhecimentos, do mesmo modo, levará inevitavelmente à conclusão de haver forma menos estúpida de se viver. Da mesma forma como os grandes escritores começaram tomando conhecimento do nome das letras, do mesmo modo como toda caminhada por maior que seja começa pelo primeiro passo, o caminhar no rumo de uma vida melhor, embora lentamente, prossegue. O desalento em torno das eleições mostra que até mesmo seres quase irracionais como os da massa bruta de povo foram levados à percepção da falsidade que as envolve. Também facilmente observável é que da acumulação de conhecimentos tem resultado em que as mudanças ocorram com maior celeridade. Esta é a razão pela qual a pré-história durou mais que a primeira fase da história, que durou mais do que a segunda, que durou mais que a terceira, que durou mais que a quarta e última, esta em que vem a humanidade aos trancos e barrancos se arrastando até os dias atuais numa vida que em nada difere da vida das feras.

 O grande erro dos seres humanos vem sendo repassado de geração a geração. Consiste em que aqueles que por esse ou aquele motivo vieram a se encontrar em situação considerada privilegiada em relação aos demais seres humanos, eliminando com tal comportamento a igualdade tão falada nos tratados internacionais. É verdade que em função da brutalidade humana é impossível a igualdade absoluta. Entretanto, uma vez que os seres humanos são obrigados a viverem em sociedade,  em nome da sociabilidade, pois, não há de ser tão grande a desigualdade, razão pela qual pecam fragorosamente contra si mesmos aqueles que sempre se opuseram a qualquer tipo de mudança em função da cultura contrária à cooperatividade necessária à vida coletiva. A cultura da competição é responsável por todos os males da humanidade por ser impossível uma sociedade na qual uns membros vivem tomando de outros membros da mesma sociedade as coisas de que necessitam sem levar em consideração que os usurpados necessitam também daquilo que lhes é tomado. Esta realidade é visível. Aparece, por exemplo, na notícia no Jornal do Brasil de que o lucro dos bancos (R.$28,8 bilhões ao ano) é quase a metade do montante que atenderá as necessidades de trinta e nove milhões de famílias no programa Bolsa Família. Isto justifica plenamente o que disse o historiador de ser o ser humano uma criatura estúpida. Se nas sociedades humanas mais adiantadas no ainda insipiente processo de civilização, aquelas nas quais é menor a desfaçatez da indiferença quanto ao bem-estar coletivo, ainda guerreiam ente si, este fato demonstra não terem as sociedades tidas como civilizadas alcançado ainda a evolução espiritual capaz de viverem a paz de que tanto falam. Que dizer, então, das sociedades mais atrasadas? Pode-se dizer seguramente que ainda não deixaram a pré-história.

Embora os meios de comunicação procurem evitar a todo custo, é sumamente necessário pensar sobre estas coisas. As criancinhas precisam que seus pais se inteirem do porquê de girarem as notícias na imprensa em torno de brutamontes semianalfabetos e completamente ignorantes de sociabilidade considerando-os “famosos” e “celebridades”, ou em torno de bundas, doutores bumbuns, langerries, enfim, em torno de baixarias. Por trás disto estão as Forças Ocultas representadas por infinita papagaiada de microfone empenhada em fazer crer que brincadeiras são mais importantes que assuntos do tipo dos assuntos tratados aqui, embora de forma risível para os intelectuais que escrevem calhamaços enfadonhos versando sobre o que é, mas sem uma palavra sequer sobre o porquê de ser assim e muito menos sobre como deve ser. O último desperdício de meu pouco dinheiro com estas inutilidades foi a compra do livro A Elite do Atraso do intelectualíssimo Jessé de Souza. O atraso é notório. Se os intelectuais estivessem realmente interessados num tipo de vida menos estúpida deveriam se ocupar em buscar o porquê de tamanho atraso humano capaz de justificar a existência dos morticínios comuns na história da vida dos homens, inclusive em nome da figura imaginária de Deus. Mas, não. Gastam sua intelectualidade mostrando o que está à vista de todos. Pior ainda são os intelectuais que dizem ser esta a melhor forma de se viver, quando é palpável a realidade de ser esta fase histórica conhecida por Contemporânea tão insustentável quanto as duas que a precederam e cuja insustentabilidade as levou a sucumbir por se fundamentaram na existência de exploradores e explorados como acontece agora na mesma intensidade e de forma ainda mais desumana. Mais desumana ainda porque de tal modo disfarçada que os explorados agradecem a Deus quando conseguem um emprego que os explore até restar um caco choroso no corredor do hospital.

Embora desde séculos antes de Cristo o imperador Ciro, por meio do Cilindro de Ciro, condenasse o procedimento de exploração de seres humanos por outros seres humanos, tal exploração nunca deixou de existir. Alguma forma menos desinteligente de viver, para o bem das criancinhas que mães ignorantes lançam no mundo, não  deverá jamais deixar de ser procurada. Inté.

sexta-feira, 27 de julho de 2018

ARENGA 507


As candidaturas de Luciano Huck a presidente da república e de Romário a governador do Rio de Janeiro expõem a realidade de haver algo de estupidamente errado com a política. Sendo ela, a política que determina as condições de vida da humanidade, fica claro a necessidade de uma nova política porque desta que está aí resultou uma insegurança tão grande e geral que ninguém está a salvo de a qualquer momento ser vítima da violência. Embora intelectuais e analistas políticos discorram incansável e enfadonhamente sobre política, ninguém se preocupa com o motivo pelo qual pessoas incapazes de redigirem um texto sobre algum assunto ainda que trivial por absoluta falta de conhecimento podem ser chefes de governo com aprovação das velhas raposas da política como Fernando Henrique Cardoso e Miro Teixeira? Antes da resposta, abre-se um parênteses para observar a propriedade da expressão “velhas raposas” atribuída aos políticos mais experientes.  porque o interesse e a ação deles na política é o mesmo interesse e ação da raposa no galinheiro. Fechado o parêntese, a resposta à questão de não se exigir qualificação intelectual para chefes de governo é simples: É que a “res publica” ou recursos públicos são considerados coisa de ninguém. Esta é a razão pela qual ninguém se interessa pelo resultado de sua administração. Quanto ao interesse das “velhas raposas” em ter como chefe do galinheiro, digo, do governo, pessoas de nenhuma qualificação moral ou intelectual é que a falta de discernimento e absoluta incapacidade administrativa destas pessoas, decorrente de seu analfabetismo, torna tais criaturas marionetes tão facilmente manobráveis que a chave do galinheiro, digo, do cofre, fica à mercê das “velhas raposas”.

O fato de haver algo errado com a política só não é percebido pelo povo por lhe ser vetada a atividade de pensar. Embora as aulas de filosofia, ciência que objetiva o desenvolvimento da atividade de pensar, não sejam absorvidas pela juventude porque as mentes dos jovens estão preocupadas com o exame de urina do jogador de futebola, a matéria filosofia está sendo retirada do currículo escolar, o que certamente ocasionará aos intelectuais oportunidade para demonstrar erudição através de grande, inútil e enfadonha tergiversação sobre o assunto. Mas na verdade tal procedimento visa dificultar à massa bruta de povo a percepção de sua condição de burro de carroça puxando um mundo de parasitas, realidade que aparece em notícias como esta, intitulada LUCRO DE BANCOS É MAIOR QUE GASTO COM BOLSA FAMÍLIA, onde se lê: Ganhos de cinco famílias banqueiras vão superar os R$ 30 bilhões do programa com 39 milhões de famílias. O Segundo maior banco privado do país, o Bradesco, fundado por Amador Aguiar, em 1943, divulgou ontem lucro líquido recorrente de R$ 5,161 bilhões no segundo trimestre. É por isto que se proíbe à massa bruta de povo o contato com a filosofia porque só mesmo não pensando para se encarar como normal uma política da qual resulte tão brutal realidade.

A tarefa de viver está envolta num manto de falsidades que só são aceitas em função da incapacidade de pensar implantada nas pessoas desde tenra idade graças em função de dois fatores: A MALDADE HUMANA E A FACILIDADE COM QUE O CÉREBRO PODE SER CONDUZIDO. Esta realidade pode ser percebida quando o banqueiro paga a “celebridade” Rodrigo Santoro para se dirigir ao povo e sugerir-lhe “benesses” do Bradesco.

Custa nada sonhar com um mundo habitado por gente em vez de povo. Nenão? Inté.   

 

 

 

 

 

 

 

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quinta-feira, 26 de julho de 2018

ARENGA 506


Para saber o motivo da desarrumação do mundo não é preciso ler nenhuma das seiscentas e quarenta e três páginas do livro A desordem Mundial, do intelectualíssimo Luiz Alberto Moniz bandeira, calhamaço chatíssimo e próprio para intelectuais e seus livros bons de venda porque eles estão mais preocupados em pavonear sua intelectualidade em esbanjamento de erudição do que em explicar o motivo pelo qual há desordem no mundo, o que fica plenamente explicado tomando-se conhecimento da seguinte frase do historiador Henry Thomas na página dezesseis do livro História da Raça Humana: O HOMEM É UMA CRIATURA ESTÚPIDA. Os dicionários definem a estupidez como falta de inteligência. Assim, não se pode esperar que seres desprovidos de inteligência sejam capazes de ações inteligentes que pusessem ordem no mundo. A estupidez humana aparece de modo espetacular nas suas duas principais prioridades: Deus e riqueza, justamente as causas da infelicidade humana por serem duas irrealidades. Simples assim. É nociva a crença na existência de Deus porque ela implanta outra falsa crença: a de não ser preciso lutar por um destino melhor uma vez que Deus estabelece o destino de cada um. Simples assim: deixando-se o destino individual ao acaso, deixa-se também ao acaso o destino da humanidade porque ele é a somatória dos destinos individuais, enquanto que a nocividade da crença na riqueza é que ela depende da competição que desembocou na realidade insustentável e perigosa de haver um rico para milhões de pobres a lamber os beiços, de olhos grandes sobre a riqueza dele.

Não há maior estupidez do que pensar o futuro apenas no que diz respeito a dinheiro; há estupidez em apodrecer a água do planeta e ir procurá-la em Marte porque ainda que se ligue um cano na água de lá e a traga prá cá, ela custará tão caro que a imensa massa bruta de povo não aguentará a sede e avançará sob o que quer que a impeça de beber a água marciana azul ou verde. Há estupidez em não meter de pronto políticos na cadeia. Ter dúvida sobre seus crimes, como faz a (in)justiça), equivale a se encontrar as penas da galinha que falta no galinheiro e ter dúvida se ela foi morta pela raposa encontrada lá dentro. Há estupidez em não condicionar a quantidade de usuários à quantidade de recursos naturais; há estupidez no consumismo, na crença de que emprego seja sinônimo de bem-estar social, na necessidade de se acalmar o Mercado em vez da violência que leva jovens às drogas, ao suicídio e a disparar armas sobre outros jovens. Tudo é só estupidez. Até nas ações das quais resultaram melhores condições de vida como proteção contra o desabrigo e a saúde provêm do instinto e não da inteligência porque a anta também evita os dissabores da natureza. A desinteligência materializa-se plenamente na ação de usar o avanço científico para criação de riqueza para poucos em vez de ser usado para o bem comum.

Portanto, apenas a frase do historiador “o homem é uma criatura estúpida” esclarece com mais eficiência do que o livro chatíssimo A Desordem Mundial o porquê da desordem. Assim, passa-se a palavra à juventude, quando houver uma juventude menos estúpida do que atual. Inté.   

 

quarta-feira, 25 de julho de 2018

ARENGA 505


O mundo dos esportes é a parte visível do pão e circo que aparece não só na algazarra que a papagaios de microfone faz em torno da palavra gô, mas também na expressão de alegria assumida por eles e elas quando passam a se referir sobre goleadas. O mundo do pão e circo tem extensão tão ampla quanto a incapacidade da massa bruta de povo em perceber seus tentáculos. Só os hiperbóreos são capazes de perceber o motivo que faz o pai de Neymar ser motivo de notícia na imprensa. Pois é. Por trás disso daí rolam tantas coisas do arco da velha quanto rolam também no fato da papagaiada de microfone demonstrar estupefação ante a morte da estudante brasileira em tiroteio na Nicarágua, enquanto aqui, debaixo das barbas dos papagaios e dos cosméticos das papagaias de microfone muitas pessoas morrem diariamente nas mesmas condições. Assunto sobre o qual a papagaiada de microfone deveria papagaiar é o motivo pelo qual os jovens brasileiros precisam deixar o Brasil. O fato de nada se falar sobre o assunto, por desconhecimento ou pela obrigação imposta pelos donos dos microfones através dos quais a papagaiada orienta a massa bruta quanto o que comprar, onde comprar, que remédio tomar, para onde viajar, em que banco deve ter o rabo esfolado, enfim, como devem agir as pessoas, tudo isto faz parte do pão e circo. A expressão pão e circo significa a anulação da capacidade de raciocinar em virtude de se ter a mente envolvida não só com fantasias como vida depois da morte, Papai Noel, milagres, beijos do Papa no pé do infeliz, mas também com futilidades como a matéria na imprensa cuja manchete é EM BUSCA DA XOXOTA PEERFEITA e assuntos relacionados à viadagem da realeza britânica. O condicionamento mental pelo pão e circo é tão absoluto que não permite uma à mente ocupar-se com os assuntos importantes da vida, tais como o fato de virem os seres humanos desde sempre destruindo o que construíram independentemente dos esforços e gastos na construção. As destruições e reconstruções do suntuoso Templo de Salomão, em Jerusalém, na antiguidade, e os bombardeios atuais são a materialização da louca insensatez humana da qual resulta uma sociedade às avessas porque baseada em competição entre os próprios integrantes da sociedade humana girando eternamente em torno de um mostro denominado economia, definida por Machado de Assis como filha da avareza, no conto A Igreja do Diabo.

No mesmo conto, aliás, ao dizer que do mesmo modo como aconteceu com São Pedro, Cristo, São Paulo, Maomé, enfim, com a cambada da religião, também o Diabo com sua pregação antirreligiosa conquistou inúmeros seguidores, o grande escritor faz referência à estupidez da tendência que têm os seres humanos em se deixar levar por líderes em vez de traçar seu próprio destino. O resultado deste comportamento desinteligente é que do destino traçado pelos seus líderes resultou em milhões e milhões de homens em armas das mais sofisticadas, com gastos monumentais, visando destruição, ao lado de uma pobreza igualmente monumental.

Terá realmente a humanidade de ser tão insensata? Com a palavra, a juventude. Inté.   

 

segunda-feira, 23 de julho de 2018

ARENGA 504


 A imprensa noticia que o governo desperdiça cento e setenta e três bilhões de reais em programas sem retorno. Ora, só uma estupidez lapidar é capaz de ainda imaginar que os governos existem para outra coisa. Aí estão os monumentais palácios onde a vida se assemelha aos contos de fada, os passeios mundo afora e o enriquecimento também noticiado pela imprensa em matéria jornalística cuja manchete era a seguinte: Estão todos ricos, referindo-se esse “todos” aos integrantes do governo. O enriquecimento ou o aumento da riqueza é o motivo pelo qual ricos empresários ocupam cargos públicos. Como a razão de ser da imprensa é falar, falar e falar, a papagaiada de microfone rodopia em torno dos fatos, quando o que se faz necessário é advertir a juventude dos horrores que estarão à espera de seus descendentes a continuar a vida sendo vivida com total indiferença às necessidades dos necessitados, os quais, em relação aos abastados, somam infinita maioria de infelizes descontentes. De acordo com o livro Grandes Batalhas, de Luiz Octavio de Lima, por conta de descontentamento com o modo dos políticos, nada menos do que vinte e uma revoltas ocorrerem no Brasil, tendo por consequência mortes, violência sexual, enfim, sofrimentos. Ante a realidade do atual e justificado descontentamento com a política, não se justifica a indiferença com que a juventude, a maior prejudicada, permaneça fazendo parte da massa bruta de povo interessada apenas no pão e circo, indiferente ao total descaso quanto à necessidade de uma vida digna, o que depende indiscutivelmente de uma política responsável. O descaso com o povo chega ao cúmulo do escárnio quando um deputado propõe que o SUS cobre pelo já péssimo tratamento da saúde dos pobres e a criação de um tribunal de justiça ainda mais conivente com os criminosos ricos do que o STF. O verdadeiro caráter antipovo da política já não precisa mais dos subterfúgios com os quais disfarçava. Atualmente, ministros da mais alta corte de justiça, indiferentes à perigosa insatisfação da massa bruta de povo, juntamente com advogados que ganham rios de dinheiro com o trabalho antissocial de defender ladrões do erário, com escárnio, açulam a ira de uma população indignada e impotente ante tais desmandos.

Foi tudo transformado numa esculhambação tão grande que se faz necessário arrumar tudo antes de ser preciso reconstruir depois de uma inevitável destruição com mortes, violência sexual e muita infelicidade, principalmente para a juventude festiva e indiferente ao dia de amanhã. Erram fragorosamente os seres humanos ao desconhecer a realidade de ser o dinheiro o único responsável pelo bem-estar. No entanto, sendo esta a realidade, pior do que o desperdício do dinheiro público é ser proposital este desperdício. Cada obra pública, em função dos conluios mostrados pela Lava Jato, custa várias vezes o necessário. As tais privatizações são uma forma de desbaratamento dos recursos públicos sob a alegação de que o governo deve ser enxuto. Ao contrário, o governo deve ser gigantesco. Deve ser atribuído ao Estado o nada escapa de uma ação corretiva atribuída a Deus porque é do dinheiro público que depende o bem-estar social do qual depende o bem-estar individual. As privatizações são formas de conluio entre os políticos declaradamente inimigos da população e o empresariado que, por conta da cultura do cada um por si, é também inimigo de uma sociedade livre de injustiça. Para disfarçar a canalhice das privatizações o governo engana a massa bruta de povo criando Agências Reguladoras supostamente encarregas de fazer cumprir fielmente o dever de bem administrar um patrimônio construído com dinheiro do povo e entregue à responsabilidade de Reis Midas disfarçados de empresários que facilmente subornam os funcionários das tais agências e, como os bancos, também esfolam impiedosamente o rabo da massa bruta de povo que, por não pensar, vive justamente para ter o rabo esfolado. É o olho grande no rabo da massa bruta de povo que dá origem à disputa ferrenha dos candidatos por segundos de aparição na televisão. Acostumados a se deixar levar pela mídia, graças ao sistema democrático tido como melhor apenas por ainda não se ter inventado algo melhor, os eleitores votam naquele que aparece mais e têm mais tempo para fingir interesse por uma administração correta através de frases de efeito quando corruptos bradam de dedo em riste ser necessário acabar com a corrupção.

 O único setor da sociedade que poderia chegar à conclusão de ser necessário procurar um sistema menos desinteligente de administração pública, a juventude, o pão e circo fez dela uma massa amorfa de imbecis futucadores de telefone capazes de considerar como seres merecedores de fama e celebridade verdadeiras nulidades intelectuais cujo mundo gira em torno de dinheiro, langerries, calcinhas, cuecas e bundas. No Yahoo, frequentado por jovens, há fartura de tais assuntos. A disputa de unhas e dentes pelo tempo de TV, enfim, é a materialização da realidade de ser a propaganda a arte de explorar a ignorância humana. As propagandas marteladas incessantemente no pé do ouvido da massa bruta de povo faz mentira virar verdade. A propaganda na qual o ator Rodrigo Santoro recomenda ao povo as vantagens do Bradesco materializa esta realidade uma vez que é por falta dos bilhões e bilhões que os banqueiros arrancam da sociedade que, para infelicidade das criancinhas, a violência decorrente da pobreza produzida pela falta desse dinheiro está assumindo contornos de irreversibilidade como afirma o próprio ministro da Segurança Nacional, razão pela qual, em busca de segurança, deixam seu país sessenta e dois por cento de brasileiros imbecis e sem amor-próprio que não têm vergonha de ser mal recebidos pelos presunçosos brutamontes dos países que se consideram civilizados, mas cuja mentalidade é tão rasteira que seus cidadãos se encantam com viadagem de príncipes, e, a fim de não deixar cair a peteca do pão e circo, um deles pagou setenta e cinco milhões de Euros para que um pobre ignorante de sociabilidade procurasse evitar gô para o Liverpool. A tecnologia anulou na juventude a sagacidade que caracteriza o jovem mentalmente sadio e o resultado não será nada bom. Inté.