Há frases
de alcance inalcançável. Uma delas é “A PROPAGANDA É A ARTE DE EXPLORAR A
EXTUPIDEZ HUMANA”. O efeito da propaganda não se limita a induzir o incauto a
optar por um banco onde ser roubado ou convencido de que os governos e os
refrigerantes são um bem. O efeito da propaganda aparece de modo espetacularmente
avassalador na influência que o pão e circo exerce sobre o povo, inutilizando
seu poder de forma tão eficiente que de senhor o povo passou a servo sem saber
que é senhor nem servo. No espetáculo das eleições, por meios ardilosos, a propaganda
convence que determinado pretendente à chave do cofre do erário é o vaqueiro
ideal para conduzir a manada humana. No entanto, qualquer que seja o vaqueiro,
o destino de manada é um só: o matadouro. O comportamento humano de destruir tudo,
inclusive de se autodestruir, resulta menos da estupidez propriamente dita, e
mais do efeito de propagandas das quais resulta o convencimento de não haver
necessidade de se cogitar de estar tudo errado. Estando tudo certo, não havendo
motivo de preocupação uma vez que é mentira esse negócio de esquentamento da
atmosfera e há água potável e comida sadia em abundância, ar saudabilíssimo
para abastecer o sangue de oxigênio, então, vamos às festanças porquanto não há
motivo de preocupação com mudança. Quando Quintino Bocaiúva, na página 79 do
livro Teatro de Machado de Assis, Editora Martin Claret, em carta ao autor das
peças de teatro, Machado de Assis, afirma que “A ideia é uma força. Inoculá-la no seio das massas é inocular-lhe o sangue
puro da regeneração moral”, melhor faria se iniciasse a frase de grande
sabedoria com AS BOAS IDEIAS porque más
ideias são inoculadas à rodo nas massas por maio de propagandas que distorcem a
realidade para que ninguém se incomode com o fato de estar degenerada a
moralidade.
Há uma
infinidade de livros semeando más ideias. O mais recente deles – NÃO, SR.
COMUNA! –, faz apologia da cultura capitalista antissocial, não obstante a
contradição materializada na existência de multidões de desesperados a vagar
pelo mundo mendigando sobrevivência como resultado desta cultura que por todos
os meios se mostra adversa à boa convivência entre os seres humanos. O autor do livreco é o professor de
Educação Física e de História, Evandro Sinotti. Sem saber, ao se propor a
ridicularizar Marx caracterizando-o como palhaço, na verdade, confirma o papel
de legítimo representante do povo que Marx desempenhou porque o pobre povo
nunca fez outra coisa na vida senão papel de palhaço. No mais, o livro é a eterna
melosidade de quem se acovarda em tentar por medo de errar. Na página 49, diz o
reacionário professor que toda pessoa inteligente teme o desconhecido. Tal
afirmativa não é condizente com o conhecimento que deve ter um professor eficiente
de História porque a História mostra que o homem sempre se aventurou a procurar
novos rumos quando acossado pela adversidade. Os primitivos aventuravam-se pelo
desconhecido quando a comida escasseava, e os contemporâneos estão fazendo a
mesma coisa hoje em função da miserabilidade que a cultura capitalista lhes
impõe. Até por curiosidade pura e simples o homem se aventurou a enfrentar o
desconhecido. Desconhecerá o professor de História e Educação Física a epopeia das Grandes Navegações que levou Fernando Pessoa a dizer que navegar é preciso, viver não é preciso? É contraditório que um professor, trabalhador da área mais
desprestigiada, a da educação, faça apologia de um sistema no qual os
professores são desprestigiados em detrimento de verdadeiras toupeiras em
termos de intelectualidade, as “celebridades”. Além disso, quando diz ser falsa
a alegação de que no capitalismo o rico se torna cada vez mais rico e o pobre
cada vez mais pobre, o professor de História e Educação Física contradiz
mestres de economia. Na página 176 do livro O Mundo Em Queda Livre, o prêmio
Nobel de economia em 2001, Joseph Eugene Stiglitz, professor de economia das
universidades de Colúmbia, Yale, Princeton e Stanford, tratando sobre
ocorrência de crise no sistema bancário americano afirma o seguinte: “Os banqueiros que levaram o país a esse
estado de confusão deveriam ter pagado pelos seus erros. Em vez disso,
receberam bilhões de dólares”. E no livro Formação do Império Americano, de
Luiz Alberto Moniz Bandeira, na página 44 consta a seguinte declaração do
professor de política econômica da Universidade de Harvard, F. W. Taussig: "Grandes fortunas foram feitas com a
mudança na legislação pelos que a requereram e promoveram. O país assistiu com
tristeza à honra e honestidade dos homens públicos não permanecerem imaculadas.
E recrudesceu a manipulação aberta e inescrupulosa das eleições, da legislação
e da imprensa, como instrumentos dos interesses particulares do grande
capital”.
Para que o
professor de História e Educação Física estivesse certo seria necessário que o
capitalismo daqui fosse diferente do capitalismo do lugar onde ocorreram os fatos
citados pelos autores acima mencionados, os Estados Unidos. Mas, a realidade é
que a cultura capitalista, como previu Marx, por ser antissocial, mais cedo ou
mais tarde será obrigada a ceder lugar a uma cultura socialista por ser
inteiramente impossível eternizar a indolência e a conformação com a injustiça
social de uma cultura da qual resulte que um por cento da humanidade retenha
para si noventa e nove por cento da riqueza do mundo, principalmente porque
esta riqueza foi produzida pelo trabalho dos noventa e nove por cento dos
palhaços restantes.
Por estas e
outras, senhor professor de História e Educação física, é que o senhor está
completamente errado. Quando o senhor diz que na Inglaterra o capitalismo deu
ao povo inglês a melhor qualidade de vida do mundo, parece desconhecer que esta
alta qualidade de vida custou a desqualidade de vida de outros povos, inclusive
desse povo que lhe paga o salário. Na página 57 do livro 1808, de Laurentino
Gomes, consta o seguinte: “... o ouro, a
madeira e os produtos agrícolas do Brasil seguiam direto para a Inglaterra,
principal parceira comercial de Portugal. Os diamantes tinham como destino
Amsterdã e Antuérpia, nos Países Baixos”.
Dia haverá
em que uma juventude mentalmente sadia ocupará o lugar destes jovens
mentalmente esfarrapados que não sabem quando um livro está de cabeça para
baixo, e, portanto, incapaz de elevar o pensamento acima da necessidade de
enviar mensagens para as rádios avisando onde o trânsito está confuso, apenas
para ter seu nome mencionado. Por mais que as propagandas propagam estupidez, nunca
haverá estupidez suficiente para impedir elevação espiritual que leve à
percepção da necessidade de uma sociedade despida da crueldade da crença de ser
normal haver quem não precise de dignidade. Inté.
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