sábado, 3 de novembro de 2018

ARENGA 514


Entre as pessoas que leem e adquirem conhecimento sobre o mundo fluido da sociedade e as pessoas que leem e adquirem conhecimento sobre o mundo material há uma barreira mental tão intransponível quanto a que separa estas duas categorias de leitores daqueles que nada leem por serem analfabetos. Em termos de qualidade de vida, o conhecimento sobre o funcionamento da sociedade é infinitamente mais importante do que o conhecimento sobre o funcionamento do planeta e as reações físico/químicas ou o motivo pelo qual chove ou deixa de chover. Isto fica evidente quando se observa que estudiosos destes assuntos e analfabetos comungam ideias semelhantes em muitos aspectos da vida, realidade materializada no fato de haver doutores tão interessados quanto os analfabetos nas mediocridades televisivas onde brutamontes mentais semianalfabetos apresentam programas de baixíssimo nível cultural. No campo da religiosidade é onde se mostra de forma escancarada a identidade de pensamento entre doutores e analfabetos. Na página 53 do livro DEUS NÃO É GRANDE, seu autor, o filósofo Christopher Hitchens, dá um exemplo perfeito da comunhão de ideias entre analfabetos e pessoas esclarecidas apenas sobre o mundo físico. De acordo com o escritor, quando se descobriu que o papilomavírus humano transmitido através do relacionamento sexual causava câncer do colo de útero e que foi criada a vacina que imunizava as mulheres contra esse mal, o governo amaricado resistiu em aplicá-la sob a alegação de que não havendo medo do câncer, as jovens não seriam desestimuladas a ter relação sexual antes do casamento como preceitua a religião. Ante tal fato, o filósofo pondera que tal procedimento equivale a condenar as mulheres à morte em nome de deus por conta do impulso sexual que o próprio deus lhes deu. Também pondera que tal comportamento em nada difere do comportamento dos habitantes da parte mais atrasada da África que morriam de AIDS por recusarem usar preservativo nos relacionamentos sexuais por não estar de acordo com a vontade de deus. Aí estão, pois, dois comportamentos idênticos entre pessoas altamente versadas em tecnologia e analfabetos.

Muitas são as demonstrações de despreparo social dos versados no mundo físico. Uma delas é a alegação de Einstein de acreditar no deus de Spinoza porque apesar de declarar-se descrente num deus preocupado em castigar ou premiar, nem por isso Spinoza deixava de ser deísta. Do mesmo modo, o grande físico Isaac Newton, que segundo afirmam os autores de Princípios Fundamentais de Filosofia, página 119, influenciado pelo mecanicismo da época, teria comparado o universo a um grande relógio que dependeu de um impulso divino que iniciasse o movimento. Tivessem estes dois gênios dedicado ao estudo sobre comportamento humano e a História das Religiões o mesmo empenho que dedicaram ao conhecimento do comportamento do universo teriam chegado à conclusão da inexistência de deus.

A humanidade estará em melhores condições quando voltar sua atenção do céu para a sociedade. Só então perceberá a grande verdade contida na expressão “OU ESTEJAMOS TODOS BEM OU NINGUÉM ESTARÁ BEM”. Mas nunca estaremos bem sob a cultura do individualismo contra a qual não podem se insurgir analfabetos e os letrados de idêntica mentalidade porque ignorando ambos o funcionamento da sociedade, adotam comportamentos negativos ao desenvolvimento social como, por exemplo, o transplante para nosso país da festa do Halloween. Este é um comportamento típico de quem ignora o mecanismo social. Ao fazer isto, além de fomentar a submissão aos estrangeiros em que vive o continente sul americano, os pais ainda cometem o erro de incentivar suas crianças ao consumo exagerado doce. Inté.

  



  















     


Nenhum comentário:

Postar um comentário