quinta-feira, 25 de outubro de 2018

AREGA 512


Duas matérias do blog Outras Palavras, uma versando sobre influência dos ricos na política e da necessidade de deter o poder plutocrático no Brasil, e outra versando sobre o crescimento de suicídios também no Brasil, e de ter a vida perdido o sentido, estes dois assuntos, juntamente com uma afirmação do filósofo Michel Foucault no livro Vigiar e Punir motivaram o assunto aqui tratado nesse momento.

Primeiro, vejamos o assunto do livro: O filósofo trata das mudanças ocorridas na forma com que através do Direito Penal a sociedade tem determinado a que tipo de punição deve se submeter quem comete crime. Erudito, o intelectualíssimo doutor Foucault discorre sobre a monstruosidade dos castigos que afligiam indescritíveis sofrimentos ao criminoso em tempos passados. Como a evolução mental ou espiritual, embora demasiadamente lenta, é inevitável, chegou-se à conclusão de que a pena aplicada ao criminoso deve visar concertar sua personalidade socialmente deformada, adaptando-a ao convívio social, em vez de submetê-lo a sofrimento como vingança pelo erro cometido. Muitos pensadores concluíram para tal conclusão, entre eles um nobre, o Marquês de Beccaria, que através do livro Dos Delitos e Das Penas se insurgiu contra a barbaridade dos castigos aplicados, afirmando que aquele tipo de punição era um crime não raro mais bárbaro do que o crime cometido pelo punido. Assim, como é inevitável o avanço rumo à civilização, o Direito Penal já não mais amarra cada membro do criminoso num cavalo e os enxota em direções diferentes, nem abre a barriga do criminoso e rapidamente puxa suas tripas para fora a fim de que antes de morrer ele tivesse tempo de contemplá-las expostas. Na página 15 do citado livro o filósofo atribui tal barbarismo à fraca influência da religião sobre o espírito humano. Pode um grande intelectual ser tão ingênuo?

O professor conquistense Evandro Gomes Brito fez minucioso estudo sobre o Instituto da Inquisição, instituição de cunho religioso cujo objetivo era punir os crimes de heresia, e publicou o resultado do seu trabalho no livro DAS BRASAS DA INQUISIÇÃO AO LEITO DA PEDOFILIA. De acordo com a pesquisa do professor e escritor Evandro Gomes Brito, os suplícios a que eram submetidos pelos inquisidores os suspeitos de heresia eram tão grandes quanto os da barbárie do Direito Penal, até maiores porque matavam judeus ricos para tomar-lhes os bens. Desta forma, só ingenuidade ou o fanatismo religioso justificaria atribuir as barbaridades das penas à falta de religiosidade. É como se o intelectualíssimo Foucault desconhecesse que o barbarismo faz parte da bíblia e que deus mandou aplicar a Pena de Talião, conforme Êxodo, capítulo vinte e um.

O que acontece com a humanidade é ter sido ela reduzida à condição de manada. Como bosta n’água, os seres humanos trilham um destino traçado pelos meios de comunicação. Ouvi um fazendeiro dizer que com a eleição de Bolsonaro vai colocar uma escopeta nas mãos de cada empregado de suas fazendas. Este pobre fazendeiro rico tem na televisão sua única fonte de conhecimento. Ele serve de perfeito exemplo da realidade de ser o pensamento dos seres humanos em geral moldado por um mecanismo denominado por Jânio Quadros de Forças Ocultas. O discernimento sobre sociabilidade, diferentemente das ciências exatas, exige refinamento espiritual capaz de perceber que só a sociabilidade leva a uma sociedade evoluída, realidade muito bem definida pela máxima OU ESTEJAMOS TODOS BEM OU NINGUÉM ESTARÁ BEM.

Um exemplo perfeito do que quero dizer foi dado há pouco quando um papagaio de microfone dizia em determinada rádio que as doenças decorrentes da falta de saneamento básico ocasionam faltas ao trabalho que resultam num prejuízo de milhões de reais à economia. Em termos de sociabilidade, isto é de monumental contrassenso. É como se a saúde da economia fosse mais importante do que a saúde pessoal. Sabendo-se que a economia trabalha para aumentar a riqueza de um por cento da humanidade e a pobreza de noventa e nove por cento dela, não precisa ser inteligente para perceber que isto vai resultar em desastre social. A genialidade de Machado de Assis levou-o a dizer que a economia é filha da avareza.

Este assunto sobre a conclusão do filósofo inocente de ter o barbarismo como causa a falta de religiosidade e os dois outros assuntos tratados nas duas reportagens do blog Outras Palavras mencionadas lá em cima formam um trio harmonioso em perfeita sintonia com a realidade vivida no momento. Ao seguir o caminho determinado pelos meios de comunicação, que leva à conclusão de ser a economia mais importante do que a pessoa, e sendo a finalidade da economia enriquecer cada vez mais os ricos, e sendo que a ninguém é permitido desconhecer que a riqueza confere tanto poder que os nobres foram desbancados pelo poder que a riqueza conferiu aos burgueses, resulta daí ser normal a influência dos ricos sobre a política e, consequentemente, sobre a qualidade de vida uma vez que é a política que a determina, embora os meios de comunicação e a religiosidade digam ao povo que é deus o responsável por ela. Como todo ignorante gosta de se exibir como pavão, e a revista Forbes prova isso, o rico usa seu dinheiro para ficar cada vez mais rico a fim de ter cada vez mais poder. Portanto, é inútil falar-se em deter o poder plutocrático no sistema capitalista porque ele se baseia exatamente no enriquecimento individual.

O terceiro assunto, aquele que trata do crescimento de suicídios, é consequência dos outros dois. Ao seguir a orientação dos meios de comunicação, comportando-se como manada, o ser humano concorda com o progresso material dependente de investimentos, financiamentos e empregos, o que é uma farsa. Um descompasso tão grande que faz a vida perder o sentido, daí os suicídios. É realmente desanimador para um jovem que pensa em vez de futucar telefone ter de enfrentar mil e uma dificuldades, anos e mais anos alisando bancos de escola para conseguir sobreviver através de um emprego enquanto que semianalfabetos, verdadeiras nulidades esbanjam riqueza e viram “famosos” e “celebridades”.

Tomar a cultura do TER como superior à cultura do SER está resultando nos desastres climáticos de consequências inimagináveis para os débeis mentais a que foram reduzidos os jovens em função da futucação de telefone. Inté.







 












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