segunda-feira, 23 de julho de 2018

ARENGA 504


 A imprensa noticia que o governo desperdiça cento e setenta e três bilhões de reais em programas sem retorno. Ora, só uma estupidez lapidar é capaz de ainda imaginar que os governos existem para outra coisa. Aí estão os monumentais palácios onde a vida se assemelha aos contos de fada, os passeios mundo afora e o enriquecimento também noticiado pela imprensa em matéria jornalística cuja manchete era a seguinte: Estão todos ricos, referindo-se esse “todos” aos integrantes do governo. O enriquecimento ou o aumento da riqueza é o motivo pelo qual ricos empresários ocupam cargos públicos. Como a razão de ser da imprensa é falar, falar e falar, a papagaiada de microfone rodopia em torno dos fatos, quando o que se faz necessário é advertir a juventude dos horrores que estarão à espera de seus descendentes a continuar a vida sendo vivida com total indiferença às necessidades dos necessitados, os quais, em relação aos abastados, somam infinita maioria de infelizes descontentes. De acordo com o livro Grandes Batalhas, de Luiz Octavio de Lima, por conta de descontentamento com o modo dos políticos, nada menos do que vinte e uma revoltas ocorrerem no Brasil, tendo por consequência mortes, violência sexual, enfim, sofrimentos. Ante a realidade do atual e justificado descontentamento com a política, não se justifica a indiferença com que a juventude, a maior prejudicada, permaneça fazendo parte da massa bruta de povo interessada apenas no pão e circo, indiferente ao total descaso quanto à necessidade de uma vida digna, o que depende indiscutivelmente de uma política responsável. O descaso com o povo chega ao cúmulo do escárnio quando um deputado propõe que o SUS cobre pelo já péssimo tratamento da saúde dos pobres e a criação de um tribunal de justiça ainda mais conivente com os criminosos ricos do que o STF. O verdadeiro caráter antipovo da política já não precisa mais dos subterfúgios com os quais disfarçava. Atualmente, ministros da mais alta corte de justiça, indiferentes à perigosa insatisfação da massa bruta de povo, juntamente com advogados que ganham rios de dinheiro com o trabalho antissocial de defender ladrões do erário, com escárnio, açulam a ira de uma população indignada e impotente ante tais desmandos.

Foi tudo transformado numa esculhambação tão grande que se faz necessário arrumar tudo antes de ser preciso reconstruir depois de uma inevitável destruição com mortes, violência sexual e muita infelicidade, principalmente para a juventude festiva e indiferente ao dia de amanhã. Erram fragorosamente os seres humanos ao desconhecer a realidade de ser o dinheiro o único responsável pelo bem-estar. No entanto, sendo esta a realidade, pior do que o desperdício do dinheiro público é ser proposital este desperdício. Cada obra pública, em função dos conluios mostrados pela Lava Jato, custa várias vezes o necessário. As tais privatizações são uma forma de desbaratamento dos recursos públicos sob a alegação de que o governo deve ser enxuto. Ao contrário, o governo deve ser gigantesco. Deve ser atribuído ao Estado o nada escapa de uma ação corretiva atribuída a Deus porque é do dinheiro público que depende o bem-estar social do qual depende o bem-estar individual. As privatizações são formas de conluio entre os políticos declaradamente inimigos da população e o empresariado que, por conta da cultura do cada um por si, é também inimigo de uma sociedade livre de injustiça. Para disfarçar a canalhice das privatizações o governo engana a massa bruta de povo criando Agências Reguladoras supostamente encarregas de fazer cumprir fielmente o dever de bem administrar um patrimônio construído com dinheiro do povo e entregue à responsabilidade de Reis Midas disfarçados de empresários que facilmente subornam os funcionários das tais agências e, como os bancos, também esfolam impiedosamente o rabo da massa bruta de povo que, por não pensar, vive justamente para ter o rabo esfolado. É o olho grande no rabo da massa bruta de povo que dá origem à disputa ferrenha dos candidatos por segundos de aparição na televisão. Acostumados a se deixar levar pela mídia, graças ao sistema democrático tido como melhor apenas por ainda não se ter inventado algo melhor, os eleitores votam naquele que aparece mais e têm mais tempo para fingir interesse por uma administração correta através de frases de efeito quando corruptos bradam de dedo em riste ser necessário acabar com a corrupção.

 O único setor da sociedade que poderia chegar à conclusão de ser necessário procurar um sistema menos desinteligente de administração pública, a juventude, o pão e circo fez dela uma massa amorfa de imbecis futucadores de telefone capazes de considerar como seres merecedores de fama e celebridade verdadeiras nulidades intelectuais cujo mundo gira em torno de dinheiro, langerries, calcinhas, cuecas e bundas. No Yahoo, frequentado por jovens, há fartura de tais assuntos. A disputa de unhas e dentes pelo tempo de TV, enfim, é a materialização da realidade de ser a propaganda a arte de explorar a ignorância humana. As propagandas marteladas incessantemente no pé do ouvido da massa bruta de povo faz mentira virar verdade. A propaganda na qual o ator Rodrigo Santoro recomenda ao povo as vantagens do Bradesco materializa esta realidade uma vez que é por falta dos bilhões e bilhões que os banqueiros arrancam da sociedade que, para infelicidade das criancinhas, a violência decorrente da pobreza produzida pela falta desse dinheiro está assumindo contornos de irreversibilidade como afirma o próprio ministro da Segurança Nacional, razão pela qual, em busca de segurança, deixam seu país sessenta e dois por cento de brasileiros imbecis e sem amor-próprio que não têm vergonha de ser mal recebidos pelos presunçosos brutamontes dos países que se consideram civilizados, mas cuja mentalidade é tão rasteira que seus cidadãos se encantam com viadagem de príncipes, e, a fim de não deixar cair a peteca do pão e circo, um deles pagou setenta e cinco milhões de Euros para que um pobre ignorante de sociabilidade procurasse evitar gô para o Liverpool. A tecnologia anulou na juventude a sagacidade que caracteriza o jovem mentalmente sadio e o resultado não será nada bom. Inté.

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