O mundo dos esportes é a parte visível do pão e circo que aparece não só
na algazarra que a papagaios de microfone faz em torno da palavra gô, mas
também na expressão de alegria assumida por eles e elas quando passam a se
referir sobre goleadas. O mundo do pão e circo tem extensão tão ampla quanto a
incapacidade da massa bruta de povo em perceber seus tentáculos. Só os
hiperbóreos são capazes de perceber o motivo que faz o pai de Neymar ser motivo
de notícia na imprensa. Pois é. Por trás disso daí rolam tantas coisas do arco
da velha quanto rolam também no fato da papagaiada de microfone demonstrar estupefação
ante a morte da estudante brasileira em tiroteio na Nicarágua, enquanto aqui,
debaixo das barbas dos papagaios e dos cosméticos das papagaias de microfone
muitas pessoas morrem diariamente nas mesmas condições. Assunto sobre o qual a
papagaiada de microfone deveria papagaiar é o motivo pelo qual os jovens
brasileiros precisam deixar o Brasil. O fato de nada se falar sobre o assunto,
por desconhecimento ou pela obrigação imposta pelos donos dos microfones através
dos quais a papagaiada orienta a massa bruta quanto o que comprar, onde
comprar, que remédio tomar, para onde viajar, em que banco deve ter o rabo
esfolado, enfim, como devem agir as pessoas, tudo isto faz parte do pão e circo.
A expressão pão e circo significa a anulação da capacidade de raciocinar em
virtude de se ter a mente envolvida não só com fantasias como vida depois da
morte, Papai Noel, milagres, beijos do Papa no pé do infeliz, mas também com
futilidades como a matéria na imprensa cuja manchete é EM BUSCA DA XOXOTA
PEERFEITA e assuntos relacionados à viadagem da realeza britânica. O
condicionamento mental pelo pão e circo é tão absoluto que não permite uma à
mente ocupar-se com os assuntos importantes da vida, tais como o fato de virem os seres
humanos desde sempre destruindo o que construíram independentemente dos esforços
e gastos na construção. As destruições e reconstruções do suntuoso Templo de
Salomão, em Jerusalém, na antiguidade, e os bombardeios atuais são a
materialização da louca insensatez humana da qual resulta uma sociedade às
avessas porque baseada em competição entre os próprios integrantes da sociedade
humana girando eternamente em torno de um mostro denominado economia, definida
por Machado de Assis como filha da avareza, no conto A Igreja do Diabo.
No mesmo
conto, aliás, ao dizer que do mesmo modo como aconteceu com São Pedro, Cristo,
São Paulo, Maomé, enfim, com a cambada da religião, também o Diabo com sua pregação
antirreligiosa conquistou inúmeros seguidores, o grande escritor faz referência
à estupidez da tendência que têm os seres humanos em se deixar levar por
líderes em vez de traçar seu próprio destino. O resultado deste comportamento
desinteligente é que do destino traçado pelos seus líderes resultou em milhões
e milhões de homens em armas das mais sofisticadas, com gastos monumentais,
visando destruição, ao lado de uma pobreza igualmente monumental.
Terá
realmente a humanidade de ser tão insensata? Com a palavra, a juventude. Inté.
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