Deixando de
lado a complicação dos intelectuais na distinção que fazem entre forma e
sistema de governo, e encarando democracia simplesmente como a forma pela qual
é exercida a atividade política de administrar a riqueza pública, diremos simplesmente
que democracia é um conjunto de regras que estabelecem não só o processo de
escolha dos governantes, mas também como governar. Estando o mundo sob governos
democráticos prestes a explodir de tamanha desordem social, conclui-se pela
necessidade de superar a morosidade com que os seres humanos percebem as coisas
e substituir a democracia por uma forma mais inteligente de governar porque as
multidões de excluídos do convívio social pela democracia põe dúvida sobre o
futuro das crianças de hoje. Para se localizar a causa de todo o problema da
democracia basta abrir na página 40 o livro Política, da Editora Martin Claret,
e saber que ninguém menos do que Aristóteles definiu a democracia como O GOVERNO
DOS POBRES. Pobres, significa povo. E o que é o povo? Apesar de
constituído de espécimes da espécie humana, povo é constituído por seres tão
esquisitos que não raciocinam por si mesmos. Seu comportamento é de drone.
Obedecendo ao comando manipulado pelos meios de comunicação, tornam-se robôs a
fervilhar pelas ruas e lojas do mundo num frenesi demoníaco para viajar e fazer
compras. As necessidades que sente o povo independem de sua vontade. São fabricadas
pelos meios de comunicação e implantadas de fora para dentro. Só sente vontade
de comer peru no Natal, e é levado às lágrimas quando Michel Jackson se
contorce como alguém sob ataque epiléptico e lhe aponta o saco, ou quando uma
bola escapa do goleiro e toca a rede. É tão absoluto o domínio sobre a mente do
povo que ela permanece na infantilidade de acreditar que deus lhe dá carros.
Desta forma, é inteiramente impossível esperar da mentalidade medíocre do povo
atitude suficientemente madura para engendrar uma forma eficiente de governo.
Contar com esta possibilidade seria o mesmo que esperar ordem no jardim
infantil sem a presença de adultos que a imponham.
À
democracia foi dada oportunidade de ser realmente o governo dos pobres. Isto
ocorreu quando o direito de nomear o governante deixou de ser de deus, dos
nobres ou dos ricos e passou a ser do povo. Entretanto, como povo e bosta é a
mesma coisa, os ricos tomaram-lhe esse poder. Usando de sua riqueza, puseram no
mundo uma parafernália para comunicação e um número infinito de papagaios de
microfone e através deles fazem o povo pensar que saco de cavalo russo é manga
rosa.
Nesta
madrugada, me deliciei com um belíssimo exemplo de engambelamento do povo. Eram
senhores bem-falantes a condenar o frei Beto pela expressão “A CRISTO E A
CASTRO”. No estilo dos egressos das Harvards do mundo, censuravam o religioso
por comparar a figura santa de Cristo com a do assassino Fidel Castro. Evidente
que o frei Beto está errado. Mas seu erro é induzir o povo à crendice da
religiosidade, sabendo que na realidade tudo depende mesmo é da política. Eu
daria um tostão furado pela satisfação da curiosidade de ouvir do frei Beto o
motivo que leva o Papa a lavar e beijar o pé do infeliz. Quanto às falas dos
senhores bem-falantes sobre o frei Beto, não há curiosidade a satisfazer porque
quem superou a fase de povo e alcançou o estágio de gente, o que só se consegue
por meio de boas leituras, sabe que a verdade está é nas entrelinhas porque os
argumentos são capciosos e pronunciados em troca da despensa abastecida para os
inchadim. Censurar assassinatos praticados pelos governantes que levam a pecha
de comunistas é o mesmo que censurar apenas um lado podre de algo que está todo
podre. Assassinatos fazem parte da busca pelo poder, único objetivo de qualquer
governante, independentemente da cor de sua bandeira e são praticados com maior
prodigalidade pelos governantes porque o custo independe de desfalcar o
patrimônio pessoal por ser arcado pelo povo festeiro, indiferente à realidade
de fornecer a seus algozes os meios pelos quais estes promovem sua
infelicidade. A arte de matar está tão enraizada na política que a humanidade
eleva assassinos históricos aos píncaros da glória. Inté.
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