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De todos os
cartazes empunhados nas manifestações, dois foram mais significativos: o que anunciava
ter o Brasil despertado e o que reivindicava paz. Para o bem de todos, o Brasil
despertou, e bem a tempo de evitar o precipício no qual despencariam ricos e
pobres do mesmo jeito que a presidente Dilma vai despencar na charge
magistralmente concebida por um cartunista genial de nome ilegível onde se vê
D. Dilma na proa do Titanic na posição do Leonardo di Capri. O alheamento das
autoridades no que diz respeito à sociedade que lhes paga o quanto queiram
levar, não é nada bom este total desconhecimento da realidade. Isto está
materializado na atitude de D. Dilma ao afirmar risonha que faríamos a melhor
das copas porque o brasileiro é alegre e pacífico. A alegria referida pela
presidente é tão duradoura quanto a folga do burro de carroça, e o pacifismo,
como as feras, é só enquanto dura a última refeição no estômago. A distância
que separa o mundo das autoridades e dos ricos do mundo do povo é tão grande
que as autoridades nem de binóculos enxergam o mundo do povo. É uma situação
insustentável e inteligentemente resumida no desenho de D. Dilma na proa do
Titanic. Com a perspicácia dos inteligentes, o autor do desenho antecipou
apenas alguns dias o início da realização de sua previsão quando milhões de
jovens foram às ruas protestar contra D. Dilma.
Só débeis
continuam alegres mesmo quando feito de bobos. Pessoas normais perdem a graça
ao descobrir terem sido feitas de idiotas, principalmente quando tal idiotice
resulta prejudicada a qualidade de vida de toda a família. O governador de São
Paulo, conhecedor das mutretas que o povo desconhece, falou que faltariam
guilhotinas se o povo viesse a conhecer a enganação em que vive. Como a
guilhotina cepa pescoços, foi muito bom o despertar antes da ação tenebrosa
daquela máquina do diabo. A forma de administrar as sociedades humanas sempre
teve por base a enganação. Esta cultura ainda bárbara inoculada na
personalidade das crianças faz desaparecer nos adultos os nobres sentimentos de
honestidade e moralidade que deveriam orientar o comportamento humano até agora
nada difere do comportamento dos bichos. Ou não é bicho quem dispara revolver
sobre uma criança por estar chorando? E quem levanta os vidros do carro para
ficar isolado de uma criança suja com a mão estendida, não é um bicho? E onde
se enquadra, senão entre os bichos, quem aceita viver sob o chicote das
autoridades, dos planos de saúde, dos bancos, das empreiteiras e da imoralidade
imposta pela televisão? O ser humano que dá uma esmola ao desgraçado que lhe
pede é mais infeliz do que o pedinte porque tendo condições de estudar, ler e
aprender os motivos que levam alguém a ser pedinte e se vale a pena evitar tal
situação. A esmola faz o pedinte sentir-se realmente digno da sarjeta, o que o
torna um profissional da inutilidade. Os seres brutos que encontram regozijo
nos festejamentos, equiparam-se ao burro que o carroceiro livra dos arreios e
da carroça no fim do dia e que fica felicíssimo por uma liberdade resumida a
pastar capim até a hora de voltar para a carroça. Deste modo procedem os
requebradores de quadris. Um belo dia perceberão que não aguentam mais balançar
os quartos no axé e no futebola, quando então concluirão que só resta chorar na
fila do hospital e na televisão.
Adultos que
foram crianças educadas pelo atual modelo de educação não podem ter
comportamento civilizado. É contraditório falar em seres humanos civilizados.
De nada serve à humanidade sua fabulosa capacidade de pensar porque o
pensamento gira apenas em arquitetar maldade para outros seres humanos. Esta
característica de bicho está materializada na quantidade de ações malignas que
atormentam a vida de quem é obrigado a viver se desviando de bala perdida e
passando sobre os cadáveres de quem não conseguiu se desviar, ambiente só
admissível nas guerras até o dia em que não houver mais guerras. Elas são
demonstração de estarmos ainda num estado tão acentuado de animalidade que
impede uma vida menos sofrida. Só depende de aparecerem muitos outros cartazes
acordando o Brasil para a paz.
A estupidez é a
única causa dos males do mundo. O que podia ser uma brilhante decisão, a resolução
de nossos antepassados quando resolveram separar algumas pessoas para tomar
conta da organização social enquanto as demais produzem os recursos necessários
para as despesas. Apesar de boa, a idéia mostrou-se um tremendo fracasso porque
a animalidade supera a racionalidade, e nem podia ser de outro modo em se
tratando de bichos. O dinheiro recebido pelos administradores para custear
saúde, educação, segurança e bem-estar para todos, tem o mesmo destino que teria
um osso entregue a um dos cachorros de um canil na esperança de que ele o
divida com os demais cachorros. A enganação que esconde a roubalheira, se
descoberta, faria faltar guilhotinas, garante o governador de São Paulo. A
educação que ensina às crianças ser vital a posse de riqueza torna impossível
dar certo este modelo de administração pública dependente de probidade. Como
conseguir administradores probos tirados de um ambiente onde se aprende canalhices? Desta situação insustentável, embora haja
muita alegria, a realidade que nos envolve promete um futuro sem futuro e não é
por falta de aviso. A História registra muitas advertências de pessoas geniais
sobre o comportamento humano, todas simplesmente ignoradas. Recentemente tivemos
uma matéria denominada O NÓ DO DESENVOLVIMENTO, de autoria de quem sabe o que
diz, o doutor Silvio Caccia Bava, porquanto
exerce o cargo de diretor e editor-chefe do jornal Le Monde Diplomatic Brasil,
publicada na edição n. 70, do mês de maio de 2013 daquele jornal. As informações, brilhantemente ilustrativas da nossa
situação no mundo, começam a partir da própria imagem que ilustra a matéria.
Ali se vê cinco abastados e ricos senhores que lembram a nobreza francesa do
século XVIII num tremendo banquete, sem, entretanto, perceberem uma multidão de
esfarrapados caminhando em sua direção. Aquela imagem é o retrato perfeito do
abismo para o qual se dirigem
todos os homens. Tanto os que enganam, quanto os que se deixam enganar. Uma análise de
qualquer iletrado leva à conclusão da inviabilidade do atual sistema de se
administrar as sociedades e é por isso que o futuro não tem futuro. Veja, por exemplo, esta
informação da matéria jornalística mencionada: “No
período Collor (1990-1992), o alinhamento com o neoliberalismo levou o governo
a adotar políticas de favorecimento do grande capital, como a isenção de
Imposto de Renda sobre a distribuição de lucros, fortalecendo um modelo de
crescimento que privilegia grandes empresas e corporações internacionais − uma
política que aumentou a desigualdade social, concentrando ainda mais a riqueza
no topo da pirâmide social. Seus efeitos perduram até hoje: menos de 10% da
população brasileira fica com cerca de 50% da renda nacional”.
Evidente que tal
caminho leva ao poço onde está o Titanic por ser insustentável uma situação em
que numa população de 200 milhões de pessoas, alguns gatos pingados de apenas menos de
200 mil pessoas desfrutam da
metade da renda nacional, enquanto que a outra metade vai atender aos mais de 180 milhões das pessoas
restantes. Esta situação não perdurará. É a situação genialmente demonstrada no
quadro dos esfarrapados avançando sobre o banquete dos ricos, previsão para a
qual Nostradamus tiraria o chapéu. As grandes empresas e corporações
internacionais a que alude a matéria são sanguessugas de cujo parasitismo resultará
o extermínio dos hospedeiros se estes não exterminá-las antes.
Outra informação da mesma matéria: “No início de seu primeiro governo, em 1995, Fernando Henrique
Cardoso ofereceu uma cesta de bondades para os mais ricos: Em 1999, em pleno
segundo mandato, FHC lançou o Pacote Fiscal 51, aumentando os tributos sobre o
consumo, isto é, a tributação sobre os mais pobres”. Conclui-se novamente desta
outra informação, tratar-se de labirintos perigosos resultantes do conluio de
sempre entre ricos e politiqueiros orientados por aqueles para manter os pobres
sujegados à obrigação de prover suas necessidades sem nada reclamar, recomendação
predileta das religiões, mas que começa a ser rejeitada.
Outra informação da
esclarecedora matéria jornalística: “Nossa
Constituição, em seu artigo 166, assegura que a prioridade na execução
orçamentária é o pagamento da dívida, e, quando forem necessários cortes no
orçamento para cumprir essa prioridade, eles se aplicarão a outras rubricas,
por exemplo, nas políticas sociais.” Todos
os caminhos pelos quais os condutores da humanidade nos conduzem levam ao
Titanic. Da ignorância que é pai e mãe de todos os males, entre os quais se
inclui a ganância, surgiu um sistema inexplicável e insustentável de que aos
pobres cabe a tarefa de prover as despesas da sociedade, deixando fora os
ricos. Isso ficou provado que não dá certo. Foi lá na França em l789.
Entretanto, como saco tem limite, depois de esvaziá-los voltaremos a enchê-los
comentando a excelente matéria jornalística que pode ser vista na íntegra
pedindo ao amigão Google: “le monde diplomatic Brasil o nó do desenvolvimento”.
Inté.
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