sexta-feira, 5 de julho de 2013

O GOVERNO E O TITANIC



De todos os cartazes empunhados nas manifestações, dois foram mais significativos: o que anunciava ter o Brasil despertado e o que reivindicava paz. Para o bem de todos, o Brasil despertou, e bem a tempo de evitar o precipício no qual despencariam ricos e pobres do mesmo jeito que a presidente Dilma vai despencar na charge magistralmente concebida por um cartunista genial de nome ilegível onde se vê D. Dilma na proa do Titanic na posição do Leonardo di Capri. O alheamento das autoridades no que diz respeito à sociedade que lhes paga o quanto queiram levar, não é nada bom este total desconhecimento da realidade. Isto está materializado na atitude de D. Dilma ao afirmar risonha que faríamos a melhor das copas porque o brasileiro é alegre e pacífico. A alegria referida pela presidente é tão duradoura quanto a folga do burro de carroça, e o pacifismo, como as feras, é só enquanto dura a última refeição no estômago. A distância que separa o mundo das autoridades e dos ricos do mundo do povo é tão grande que as autoridades nem de binóculos enxergam o mundo do povo. É uma situação insustentável e inteligentemente resumida no desenho de D. Dilma na proa do Titanic. Com a perspicácia dos inteligentes, o autor do desenho antecipou apenas alguns dias o início da realização de sua previsão quando milhões de jovens foram às ruas protestar contra D. Dilma.

Só débeis continuam alegres mesmo quando feito de bobos. Pessoas normais perdem a graça ao descobrir terem sido feitas de idiotas, principalmente quando tal idiotice resulta prejudicada a qualidade de vida de toda a família. O governador de São Paulo, conhecedor das mutretas que o povo desconhece, falou que faltariam guilhotinas se o povo viesse a conhecer a enganação em que vive. Como a guilhotina cepa pescoços, foi muito bom o despertar antes da ação tenebrosa daquela máquina do diabo. A forma de administrar as sociedades humanas sempre teve por base a enganação. Esta cultura ainda bárbara inoculada na personalidade das crianças faz desaparecer nos adultos os nobres sentimentos de honestidade e moralidade que deveriam orientar o comportamento humano até agora nada difere do comportamento dos bichos. Ou não é bicho quem dispara revolver sobre uma criança por estar chorando? E quem levanta os vidros do carro para ficar isolado de uma criança suja com a mão estendida, não é um bicho? E onde se enquadra, senão entre os bichos, quem aceita viver sob o chicote das autoridades, dos planos de saúde, dos bancos, das empreiteiras e da imoralidade imposta pela televisão? O ser humano que dá uma esmola ao desgraçado que lhe pede é mais infeliz do que o pedinte porque tendo condições de estudar, ler e aprender os motivos que levam alguém a ser pedinte e se vale a pena evitar tal situação. A esmola faz o pedinte sentir-se realmente digno da sarjeta, o que o torna um profissional da inutilidade. Os seres brutos que encontram regozijo nos festejamentos, equiparam-se ao burro que o carroceiro livra dos arreios e da carroça no fim do dia e que fica felicíssimo por uma liberdade resumida a pastar capim até a hora de voltar para a carroça. Deste modo procedem os requebradores de quadris. Um belo dia perceberão que não aguentam mais balançar os quartos no axé e no futebola, quando então concluirão que só resta chorar na fila do hospital e na televisão.

Adultos que foram crianças educadas pelo atual modelo de educação não podem ter comportamento civilizado. É contraditório falar em seres humanos civilizados. De nada serve à humanidade sua fabulosa capacidade de pensar porque o pensamento gira apenas em arquitetar maldade para outros seres humanos. Esta característica de bicho está materializada na quantidade de ações malignas que atormentam a vida de quem é obrigado a viver se desviando de bala perdida e passando sobre os cadáveres de quem não conseguiu se desviar, ambiente só admissível nas guerras até o dia em que não houver mais guerras. Elas são demonstração de estarmos ainda num estado tão acentuado de animalidade que impede uma vida menos sofrida. Só depende de aparecerem muitos outros cartazes acordando o Brasil para a paz.

A estupidez é a única causa dos males do mundo. O que podia ser uma brilhante decisão, a resolução de nossos antepassados quando resolveram separar algumas pessoas para tomar conta da organização social enquanto as demais produzem os recursos necessários para as despesas. Apesar de boa, a idéia mostrou-se um tremendo fracasso porque a animalidade supera a racionalidade, e nem podia ser de outro modo em se tratando de bichos. O dinheiro recebido pelos administradores para custear saúde, educação, segurança e bem-estar para todos, tem o mesmo destino que teria um osso entregue a um dos cachorros de um canil na esperança de que ele o divida com os demais cachorros. A enganação que esconde a roubalheira, se descoberta, faria faltar guilhotinas, garante o governador de São Paulo. A educação que ensina às crianças ser vital a posse de riqueza torna impossível dar certo este modelo de administração pública dependente de probidade. Como conseguir administradores probos tirados de um ambiente onde se aprende canalhices?  Desta situação insustentável, embora haja muita alegria, a realidade que nos envolve promete um futuro sem futuro e não é por falta de aviso. A História registra muitas advertências de pessoas geniais sobre o comportamento humano, todas simplesmente ignoradas. Recentemente tivemos uma matéria denominada O NÓ DO DESENVOLVIMENTO, de autoria de quem sabe o que diz, o doutor Silvio Caccia Bava, porquanto exerce o cargo de diretor e editor-chefe do jornal Le Monde Diplomatic Brasil, publicada na edição n. 70, do mês de maio de 2013 daquele jornal. As informações, brilhantemente ilustrativas da nossa situação no mundo, começam a partir da própria imagem que ilustra a matéria. Ali se vê cinco abastados e ricos senhores que lembram a nobreza francesa do século XVIII num tremendo banquete, sem, entretanto, perceberem uma multidão de esfarrapados caminhando em sua direção. Aquela imagem é o retrato perfeito do abismo para o qual se dirigem todos os homens. Tanto os que enganam, quanto os que se deixam enganar. Uma análise de qualquer iletrado leva à conclusão da inviabilidade do atual sistema de se administrar as sociedades e é por isso que o futuro não tem futuro. Veja, por exemplo, esta informação da matéria jornalística mencionada: No período Collor (1990-1992), o alinhamento com o neoliberalismo levou o governo a adotar políticas de favorecimento do grande capital, como a isenção de Imposto de Renda sobre a distribuição de lucros, fortalecendo um modelo de crescimento que privilegia grandes empresas e corporações internacionais − uma política que aumentou a desigualdade social, concentrando ainda mais a riqueza no topo da pirâmide social. Seus efeitos perduram até hoje: menos de 10% da população brasileira fica com cerca de 50% da renda nacional”.

Evidente que tal caminho leva ao poço onde está o Titanic por ser insustentável uma situação em que numa população de 200 milhões de pessoas, alguns gatos pingados  de apenas menos de 200 mil pessoas desfrutam da metade da renda nacional, enquanto que a outra metade vai atender aos mais de 180 milhões das pessoas restantes. Esta situação não perdurará. É a situação genialmente demonstrada no quadro dos esfarrapados avançando sobre o banquete dos ricos, previsão para a qual Nostradamus tiraria o chapéu. As grandes empresas e corporações internacionais a que alude a matéria são sanguessugas de cujo parasitismo resultará o extermínio dos hospedeiros se estes não exterminá-las antes.

Outra informação da mesma matéria:No início de seu primeiro governo, em 1995, Fernando Henrique Cardoso ofereceu uma cesta de bondades para os mais ricos: Em 1999, em pleno segundo mandato, FHC lançou o Pacote Fiscal 51, aumentando os tributos sobre o consumo, isto é, a tributação sobre os mais pobres”. Conclui-se novamente desta outra informação, tratar-se de labirintos perigosos resultantes do conluio de sempre entre ricos e politiqueiros orientados por aqueles para manter os pobres sujegados à obrigação de prover suas necessidades sem nada reclamar, recomendação predileta das religiões, mas que começa a ser rejeitada.

Outra informação da esclarecedora matéria jornalística: “Nossa Constituição, em seu artigo 166, assegura que a prioridade na execução orçamentária é o pagamento da dívida, e, quando forem necessários cortes no orçamento para cumprir essa prioridade, eles se aplicarão a outras rubricas, por exemplo, nas políticas sociais.” Todos os caminhos pelos quais os condutores da humanidade nos conduzem levam ao Titanic. Da ignorância que é pai e mãe de todos os males, entre os quais se inclui a ganância, surgiu um sistema inexplicável e insustentável de que aos pobres cabe a tarefa de prover as despesas da sociedade, deixando fora os ricos. Isso ficou provado que não dá certo. Foi lá na França em l789. Entretanto, como saco tem limite, depois de esvaziá-los voltaremos a enchê-los comentando a excelente matéria jornalística que pode ser vista na íntegra pedindo ao amigão Google: “le monde diplomatic Brasil o nó do desenvolvimento”. Inté.

 

 

 

 


 

 

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