sexta-feira, 19 de julho de 2013

OLHA A GUILHOTINA AÍ, GENTE!


Entre os eventos mundiais mais importantes da História da Humanidade, a Revolução Francesa ocupa lugar de destaque. Aquele movimento deixou um exemplo do que acontece quando as autoridades vivem seu mundo próprio sem espiar pela janela o que está acontecendo do lado de fora. Há uma charge altamente ilustrativa desta situação, já mencionada nesta baboseira de blog, onde se vê alguns ricaços num banquete ao ar livre, mas sem perceber uma multidão de famintos vindo em sua direção. Numa simples imagem o genial artista definiu toda uma situação perigosa para os que estão enclausurados num mundinho beleza pura onde nada falta, tal qual os do banquete que também não sabem o que está vindo pela retaguarda. Este procedimento de indiferença com o que se passa fora da janela levou muita infelicidade para as famílias dos nobres que eram as autoridades na França no final do século XVIII. Espantoso é notar que o exemplo do resultado que dá não olhar pela janela de nada serviu para as autoridades atuais que apesar de terem sido avisadas de que alguma coisa chamava a atenção do lado de fora da janela não se deram sequer ao trabalho de dedicar maior atenção ao assunto, tal o entortamento de boca pelo costume de nunca se ter tido necessidade de espiar lá fora.

A brutalidade com que a Revolução Francesa devolveu aos maus tratos a que era submetida a classe que realmente trabalhava continua a mesma em função do nosso parentesco ainda muito chegado aos bichos. Nada mais justifica os procedimentos animalescos a que estamos acostumados. Vivemos uma reunião de bichos e não uma sociedade de pessoas. A capacidade de pensar está tão atrofiada que se faz o que é mandado. Manda-se o sujeito ir prá guerra e ele vai sem sentir a necessidade de pensar o porquê de ter ele de matar pessoas que nunca lhe fizeram mal até chegar sua ora de ser morto por alguém a quem ele também nunca fez mal. Está tão fora de moda pensar que a morte, que acreditam ser um problema a ponto de afirmarem ser uma perda irreparável, na verdade, é uma solução.

É também a incapacidade de pensar que leva as pessoas a se apegarem em tradições em vez de inovações e isto está levando a humanidade ao caos. Assim como chegou ao fim o modelo de ser a sociedade humana sustentada por outros seres humanos rebaixados à categoria de bem patrimonial e tratados de modo inferior ao tratamento dispensado aos bois e cavalos, cujo sofrimento, a título de exemplo, podemos ver esta matéria do Le Monde Diplomatic de 18/7/13, titulada Reflexões Sobre o Liberalismo, a seguinte declaração sobre as condições a que foram reduzidos seres humanos por outros seres humanos: “Com o tratamento infligido aos negros do Novo Mundo, alcançaram-se em matéria de desumanização “picos difíceis de igualar”. Na Jamaica britânica, “um escravo foi obrigado a defecar na boca do escravo culpado, que foi então costurada durante quatro ou cinco horas”. Nos Estados Unidos, crianças em idade escolar podiam ganhar um dia de folga para assistir a um linchamento”. Só a incapacidade de pensar, como dizíamos, pode levar a tais procedimentos. Nenhuma sociedade poderá jamais ter uma paz adquirida com o sofrimento de alguém, e não há nada de mistério nisso, como já vimos em outro lugar. O que faz o feitiço voltar para o feiticeiro é que uma pessoa capaz de desejar mal a outra pessoa tem de ter uma personalidade tão deformada que termina por levá-la a algum destrambelhamento. Por essas e outras é que o tipo de sociedade baseada no chicote não deu certo como também não está dando este modelo porque apenas foi substituído o chicote de couro trançado pela luz convencedora da televisão, mas a escravidão continua com grande insensatez. Algumas pessoas ainda se lembram da Revolução Francesa. Outro dia o governador de São Paulo se lembrou ao dizer em outras palavras que o povo de hoje está tão enganado quanto o povo da época daquela revolução. Lembrança espirituosa teve um jornalista ao se referir ao governador do Rio de Janeiro, aquele que foi apanhado em Paris, numa farra com o empreiteiro seu sócio no roubo contra o povo carioca. Foi a seguinte observação genial do jornalista: “Cabral é um fenômeno de enriquecimento ilícito. Às custas da política. Só sonha em morar na França, porque a guilhotina está desativada”. Estas e outras referências à Revolução Francesa deviam fazer as autoridades botar a barba dentro de uma piscina porque elas estão também no mesmo sonho irrealizável de enganar a muitos por muito tempo.

Por que será que a humanidade sempre viveu debaixo de ordens, servindo de capacho ora para pés com bota ora com sapato? Simplesmente pelo modo como são educadas as crianças que vão ser os adultos que vão ser os velhos. Sabendo-se que o adulto é resultado da criança, uma criança a quem é ensinado ser o dinheiro o único motivo pelo qual se vive, e que quanto mais dinheiro tiver melhor será, vai resultar num adulto que faz pose no jornal ao lado de uma montanha de dinheiro, e desse adulto vai resultar um velho espetado de tubos na UTI com uma ignorância tão grande que pede para não deixá-lo morrer. Não podia ser outro o resultado da educação dada às crianças, e é aí que mora o problema. Uma criança é como massa de moldar, pode-se fazer dela um Mister Hide ou um Doctor Jekyll. Assim, construindo-se uma forma de educar as crianças de modo que elas se tornem adultos conscientes da necessidade de se pensar sobre a vida, estaremos no caminho de uma sociedade melhor porque todos aqueles de pensaram sobre ela, a vida, afirmaram categoricamente estar sendo levada de modo contrário ao que deveria ser, e estão cobertos de razão porque não é preciso ser genial para perceber nos encontrarmos mais próximos dos bichos do que de pessoas. Entre os irracionais há atitudes instintivas de preservação do ambiente onde vivem seus espécimes. Quando animais enterram a semente e não vem comê-la depois, faz nascer uma árvore. Entre nós é o contrário. Nós procedemos mais estupidamente e destruímos o ambiente onde vivemos. Nossa grosseria ainda não permite o desenvolvimento da espiritualmente que nos diferenciaria dos bichos. Tanto os seres humanos que cometem as atrocidades quanto os que a elas se submetem não passam de bichos. Ambos estão longe de alcançar o entendimento de como funciona a vida social, entendimento esse só alcançado por uns gatos pingados, geralmente velhos a quem ninguém escuta. Na mocidade, nada se sabe sobre comportamento social porque à criança não se fala sobre isso. Não é despertada para a necessidade de pensar sobre qualquer outra coisa que não idiotices. Enquanto a observação de estar errado o comportamento humano for privilégio de velhos, a sociedade humana jamais deixará de ser a pocilga que é. Nenhuma racionalidade há em respirar, comer e beber veneno, nem em transformar terras férteis em desertos, nem em vender terras para gringos estabelecem aqui suas plantações poluidoras de eucalipto, aproveitando mão de obra barata e corrupção de politiqueiros através dos quais compram terras aqui, o que é proibido pela Constituição Federal. Transformam as árvores em pasta de celulose, executando aqui toda a atividade poluidora. A parte lucrativa das negociatas, a industrialização, é feita no país estrangeiro onde a empresa tem sede. O que leva autoridades a serem benevolentes com estrangeiros e carrascos com seu povo? A resposta está na criança que foram estas autoridades. Quando existirem autoridades que foram crianças com a personalidade da menininha do “Que Lindo!”, aí teremos começado a pensar na vida. A editora das revistinhas de piadas sobre crianças publicou a historinha do “que lindo”: Num passeio ao campo de um grupo de crianças numa bela manhã, encantou as crianças uma linda paisagem formada pelos primeiros raios de sol entre as nuvens, ao que uma menininha filha de um poeta exclamou QUE LINDO! Enquanto outra menininha filha de um banqueiro exclamou É MEU! Considerando a insignificância do número de crianças que recebem a orientação do “que lindo” em comparação às do “é meu” fica fácil entender o motivo pelo qual as autoridades também pensam sempre em obter coisas, e que é também o motivo pelo qual a humanidade é infeliz sem saber. 

Se da Revolução Industrial resultou lixo para encher o planeta, se da revolução comercial resultou o surgimento de monstros como o Mercado, a Economia Política e o Sistema Financeiro, artimanhas que escravizam os seres humanos que trabalham, engenharia da qual resultam malefícios para o mundo. Inté.

 

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