Entre os
eventos mundiais mais importantes da História da Humanidade, a Revolução
Francesa ocupa lugar de destaque. Aquele movimento deixou um exemplo do que
acontece quando as autoridades vivem seu mundo próprio sem espiar pela janela o
que está acontecendo do lado de fora. Há uma charge altamente ilustrativa desta
situação, já mencionada nesta baboseira de blog, onde se vê alguns ricaços num
banquete ao ar livre, mas sem perceber uma multidão de famintos vindo em sua
direção. Numa simples imagem o genial artista definiu toda uma situação
perigosa para os que estão enclausurados num mundinho beleza pura onde nada
falta, tal qual os do banquete que também não sabem o que está vindo pela
retaguarda. Este procedimento de indiferença com o que se passa fora da janela
levou muita infelicidade para as famílias dos nobres que eram as autoridades na
França no final do século XVIII. Espantoso é notar que o exemplo do resultado
que dá não olhar pela janela de nada serviu para as autoridades atuais que
apesar de terem sido avisadas de que alguma coisa chamava a atenção do lado de
fora da janela não se deram sequer ao trabalho de dedicar maior atenção ao
assunto, tal o entortamento de boca pelo costume de nunca se ter tido
necessidade de espiar lá fora.
A
brutalidade com que a Revolução Francesa devolveu aos maus tratos a que era
submetida a classe que realmente trabalhava continua a mesma em função do nosso
parentesco ainda muito chegado aos bichos. Nada mais justifica os procedimentos
animalescos a que estamos acostumados. Vivemos uma reunião de bichos e não uma
sociedade de pessoas. A capacidade de pensar está tão atrofiada que se faz o
que é mandado. Manda-se o sujeito ir prá guerra e ele vai sem sentir a
necessidade de pensar o porquê de ter ele de matar pessoas que nunca lhe
fizeram mal até chegar sua ora de ser morto por alguém a quem ele também nunca
fez mal. Está tão fora de moda pensar que a morte, que acreditam ser um
problema a ponto de afirmarem ser uma perda irreparável, na verdade, é uma
solução.
É também a
incapacidade de pensar que leva as pessoas a se apegarem em tradições em vez de
inovações e isto está levando a humanidade ao caos. Assim como chegou ao fim o
modelo de ser a sociedade humana sustentada por outros seres humanos rebaixados
à categoria de bem patrimonial e tratados de modo inferior ao tratamento
dispensado aos bois e cavalos, cujo sofrimento, a título de exemplo, podemos
ver esta matéria do Le Monde Diplomatic de 18/7/13, titulada Reflexões Sobre o Liberalismo, a seguinte
declaração sobre as condições a que foram reduzidos seres
humanos por outros seres humanos: “Com o tratamento infligido aos negros do
Novo Mundo, alcançaram-se em matéria de desumanização “picos difíceis de
igualar”. Na Jamaica britânica, “um escravo foi obrigado a defecar na boca do
escravo culpado, que foi então costurada durante quatro ou cinco horas”. Nos
Estados Unidos, crianças em idade escolar podiam ganhar um dia de folga para
assistir a um linchamento”. Só a
incapacidade de pensar, como dizíamos, pode levar a tais procedimentos. Nenhuma
sociedade poderá jamais ter uma paz adquirida com o sofrimento de alguém, e não
há nada de mistério nisso, como já vimos em outro lugar. O que faz o feitiço
voltar para o feiticeiro é que uma pessoa capaz de desejar mal a outra pessoa
tem de ter uma personalidade tão deformada que termina por levá-la a algum
destrambelhamento. Por essas e outras é que o tipo de sociedade baseada no
chicote não deu certo como também não está dando este modelo porque apenas foi
substituído o chicote de couro trançado pela luz convencedora da televisão, mas
a escravidão continua com grande insensatez. Algumas pessoas ainda se lembram da
Revolução Francesa. Outro dia o governador de São Paulo se lembrou ao dizer em
outras palavras que o povo de hoje está tão enganado quanto o povo da época
daquela revolução. Lembrança espirituosa teve um jornalista ao se referir ao
governador do Rio de Janeiro, aquele que foi apanhado em Paris, numa farra com
o empreiteiro seu sócio no roubo contra o povo carioca. Foi a seguinte
observação genial do jornalista: “Cabral é um fenômeno de enriquecimento
ilícito. Às custas da política. Só sonha em morar na França, porque a
guilhotina está desativada”. Estas e outras referências à
Revolução Francesa deviam fazer as autoridades botar a barba dentro de uma
piscina porque elas estão também no mesmo sonho irrealizável de enganar a
muitos por muito tempo.
Por
que será que a humanidade sempre viveu debaixo de ordens, servindo de capacho
ora para pés com bota ora com sapato? Simplesmente pelo modo como são educadas
as crianças que vão ser os adultos que vão ser os velhos. Sabendo-se que o
adulto é resultado da criança, uma criança a quem é ensinado ser o dinheiro o único
motivo pelo qual se vive, e que quanto mais dinheiro tiver melhor será, vai
resultar num adulto que faz pose no jornal ao lado de uma montanha de dinheiro,
e desse adulto vai resultar um velho espetado de tubos na UTI com uma
ignorância tão grande que pede para não deixá-lo morrer. Não podia ser outro o
resultado da educação dada às crianças, e é aí que mora o problema. Uma criança
é como massa de moldar, pode-se fazer dela um Mister Hide ou um Doctor Jekyll. Assim,
construindo-se uma forma de educar as crianças de modo que elas se tornem
adultos conscientes da necessidade de se pensar sobre a vida, estaremos no
caminho de uma sociedade melhor porque todos aqueles de pensaram sobre ela, a
vida, afirmaram categoricamente estar sendo levada de modo contrário ao que
deveria ser, e estão cobertos de razão porque não é preciso ser genial para
perceber nos encontrarmos mais próximos dos bichos do que de pessoas. Entre os
irracionais há atitudes instintivas de preservação do ambiente onde vivem seus
espécimes. Quando animais enterram a semente e não vem comê-la depois, faz
nascer uma árvore. Entre nós é o contrário. Nós procedemos mais estupidamente e
destruímos o ambiente onde vivemos. Nossa grosseria ainda não permite o
desenvolvimento da espiritualmente que nos diferenciaria dos bichos. Tanto os seres
humanos que cometem as atrocidades quanto os que a elas se submetem não passam
de bichos. Ambos estão longe de alcançar o entendimento de como funciona a vida
social, entendimento esse só alcançado por uns gatos pingados, geralmente
velhos a quem ninguém escuta. Na mocidade, nada se sabe sobre comportamento
social porque à criança não se fala sobre isso. Não é despertada para a
necessidade de pensar sobre qualquer outra coisa que não idiotices. Enquanto a
observação de estar errado o comportamento humano for privilégio de velhos, a
sociedade humana jamais deixará de ser a pocilga que é. Nenhuma racionalidade
há em respirar, comer e beber veneno, nem em transformar terras férteis em
desertos, nem em vender terras para gringos estabelecem aqui suas plantações
poluidoras de eucalipto, aproveitando mão de obra barata e corrupção de
politiqueiros através dos quais compram terras aqui, o que é proibido pela
Constituição Federal. Transformam as árvores em pasta de celulose, executando
aqui toda a atividade poluidora. A parte lucrativa das negociatas, a
industrialização, é feita no país estrangeiro onde a empresa tem sede. O que
leva autoridades a serem benevolentes com estrangeiros e carrascos com seu
povo? A resposta está na criança que foram estas autoridades. Quando existirem
autoridades que foram crianças com a personalidade da menininha do “Que
Lindo!”, aí teremos começado a pensar na vida. A editora das revistinhas de
piadas sobre crianças publicou a historinha do “que lindo”: Num passeio ao
campo de um grupo de crianças numa bela manhã, encantou as crianças uma linda
paisagem formada pelos primeiros raios de sol entre as nuvens, ao que uma
menininha filha de um poeta exclamou QUE LINDO! Enquanto outra menininha filha
de um banqueiro exclamou É MEU! Considerando a insignificância do número de
crianças que recebem a orientação do “que lindo” em comparação às do “é meu”
fica fácil entender o motivo pelo qual as autoridades também pensam sempre em
obter coisas, e que é também o motivo pelo qual a humanidade é infeliz sem
saber.
Se da
Revolução Industrial resultou lixo para encher o planeta, se da revolução
comercial resultou o surgimento de monstros como o Mercado, a Economia Política
e o Sistema Financeiro, artimanhas que escravizam os seres humanos que
trabalham, engenharia da qual resultam malefícios para o mundo. Inté.
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