sexta-feira, 9 de outubro de 2015

ARENGA 171



 “O Brasil não tem mais jeito”. Afirmam os frequentadores de igreja, axé e futebola quando se referem à total esculhambação que tomou conta do país. Em parte estão certos. Mas apenas enquanto à administração pública interessar a manutenção da esculhambação que a beneficia. Ao sistema de administração pública vigente no mundo não interessa uma sociedade de cidadãos. Interessa, isso sim, por mais absurdo que pareça, uma sociedade de criminosos dos quais fazem parte as autoridades responsáveis pelo governo porque não poderia haver roubo numa sociedade de cidadãos, isto é, de pessoas conhecedoras da obrigação que têm os governantes de governaram em benefício da sociedade em vez de seus próprios benefícios, o que excluiria a necessidade das guerras. Desvirtuou-se completamente o sentido de administração pública, o que se deve à falta de interesse do povo nos assuntos a ela relacionados. Enquanto persistir esta indiferença será realmente impossível haver jeito de sair da merda em que se encontra a sociedade humana, principalmente as sociedades das repúblicas de banana porque nenhum problema pode ser solucionado enquanto perdurar as condições que o criaram. Disse o Grande Mestre do Saber, com muita propriedade. Ante a realidade de que permanecerão os efeitos enquanto permanecer a causa, e sendo a causa da infelicidade humana o analfabetismo político, transformar estes analfabetos políticos em cidadãos será a única maneira de se viver um mundo civilizado. Assim, todo o problema é que às autoridades interessa mesmo é o analfabetismo político que leva um candidato a presidente da república a se apresentar perante os votantes em companhia de um jogador de futebola como promessa de fazer um bom governo. Trata-se apenas da incapacidade de pensar demonstrada na transformação tanto de biltres em “famosos” e “celebridades”, quanto na lembrança de pessoas mortas em santos. Inté.

 

 

 

 

Enquanto perdurar a causa, certamente produzirá o efeito. Sendo a causa disto que está aí a mentalidade torpe de todo ser humano, elevada à milésima potência nos brasileiros, é certo não poder haver jeito a depender de modificações levadas a efeito por mafiocratas, ratocratas e cleptocratas. Desta forma, substituídos os ladrões pelos perseguidores de ladrões doutores Joaquim Barbosa, Sergio Moro, Rodrigo Janot, Eliana Calmon e Heloisa Helena, estará dado o jeito. Simples, não? Todo o circo montado em torno da balbúrdia é próprio da ignorância humana que adora barulho. Basta olhar as lojas. As mais barulhentas são as mais frequentadas, prova de absoluta ignorância porque o barulho causa tantos males que entre eles se incluem envelhecimento precoce, ressecamento de pelo e disfunção sexual. Quem diz isso são os cientistas da ONU, coisa irrelevante para os brasileiros para os quais a ciência nada sabe ante a palavra do chefe religioso, muitos deles analfabetos.

Mas, como chegar à solução? Não se chega lá assim só. Há etapas a serem vencidas e a primeira delas é acordar a juventude da demência de futucar telefone para avisar às rádios que há um buraco na rua. Em seguida, despertar na juventude o interesse pelos livros a fim de alcançar o que disse o governador de São Paulo sobre guilhotina caso ela, a juventude, viesse a saber o que se passa lá debaixo dos panos. Substituída a imbecilidade por cidadania, a juventude despertará para o aparente enigma de haver crianças usando telefone celular, embora desse uso decorrem os problemas citados no verso do teclado da Microsoft, único, parece, a fazer o aviso. É apenas aparentemente incompreensível a motivação que leva pais a comprometerem deliberadamente a saúde física e psíquica dos filhos, como chama a atenção o aviso do teclado, inteiramente compreensível depois de saber ler nas entrelinhas.  E os refrigerantes, por que os pais levam para casa um líquido insosso, suportável apenas quando gelado, e por causa do açúcar? E a inversão de valores que leva professores a mendigar aumento enquanto prostitutas, atores pornôs, escoiceadores de bola, cantores de porcarias, são “celebridades”? A rádio que tem um programa chamado Young Professional anuncia também maravilhosa entrevista com uma repórter de moda. Logo haverá para deleite da imbecilidade um “fashion journalism”. Enfim, para que tudo esteja ajeitado, é necessário apenas que a juventude seja capaz de querer saber o motivo pelo qual avião de autoridade é apanhado carregado com dinheiro e cocaína sem terem seus donos obrigação sequer de explicar porque a justiça lhe dá direito de não falar. Assim, o “não tem jeito” continuará prevalecendo por depender tudo da mentalidade de pré-macacos. Inté.

 
 




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