“O Brasil não tem mais jeito”. Afirmam os frequentadores
de igreja, axé e futebola quando se referem à total esculhambação que tomou
conta do país. Em parte estão certos. Mas apenas enquanto à administração
pública interessar a manutenção da esculhambação que a beneficia. Ao sistema de
administração pública vigente no mundo não interessa uma sociedade de cidadãos.
Interessa, isso sim, por mais absurdo que pareça, uma sociedade de criminosos
dos quais fazem parte as autoridades responsáveis pelo governo porque não
poderia haver roubo numa sociedade de cidadãos, isto é, de pessoas conhecedoras
da obrigação que têm os governantes de governaram em benefício da sociedade em
vez de seus próprios benefícios, o que excluiria a necessidade das guerras. Desvirtuou-se
completamente o sentido de administração pública, o que se deve à falta de
interesse do povo nos assuntos a ela relacionados. Enquanto persistir esta
indiferença será realmente impossível haver jeito de sair da merda em que se
encontra a sociedade humana, principalmente as sociedades das repúblicas de
banana porque nenhum problema pode ser solucionado enquanto perdurar as
condições que o criaram. Disse o Grande Mestre do Saber, com muita propriedade.
Ante a realidade de que permanecerão os efeitos enquanto permanecer a causa, e
sendo a causa da infelicidade humana o analfabetismo político, transformar
estes analfabetos políticos em cidadãos será a única maneira de se viver um
mundo civilizado. Assim, todo o problema é que às autoridades interessa mesmo é
o analfabetismo político que leva um candidato a presidente da república a se
apresentar perante os votantes em companhia de um jogador de futebola como
promessa de fazer um bom governo. Trata-se apenas da incapacidade de pensar
demonstrada na transformação tanto de biltres em “famosos” e “celebridades”,
quanto na lembrança de pessoas mortas em santos. Inté.
Enquanto
perdurar a causa, certamente produzirá o efeito. Sendo a causa disto que está
aí a mentalidade torpe de todo ser humano, elevada à milésima potência nos
brasileiros, é certo não poder haver jeito a depender de modificações levadas a
efeito por mafiocratas, ratocratas e cleptocratas. Desta forma, substituídos os
ladrões pelos perseguidores de ladrões doutores Joaquim Barbosa, Sergio Moro,
Rodrigo Janot, Eliana Calmon e Heloisa Helena, estará dado o jeito. Simples,
não? Todo o circo montado em torno da balbúrdia é próprio da ignorância humana
que adora barulho. Basta olhar as lojas. As mais barulhentas são as mais
frequentadas, prova de absoluta ignorância porque o barulho causa tantos males
que entre eles se incluem envelhecimento precoce, ressecamento de pelo e
disfunção sexual. Quem diz isso são os cientistas da ONU, coisa irrelevante
para os brasileiros para os quais a ciência nada sabe ante a palavra do chefe
religioso, muitos deles analfabetos.
Mas, como
chegar à solução? Não se chega lá assim só. Há etapas a serem vencidas e a
primeira delas é acordar a juventude da demência de futucar telefone para
avisar às rádios que há um buraco na rua. Em seguida, despertar na juventude o
interesse pelos livros a fim de alcançar o que disse o governador de São Paulo
sobre guilhotina caso ela, a juventude, viesse a saber o que se passa lá
debaixo dos panos. Substituída a imbecilidade por cidadania, a juventude
despertará para o aparente enigma de haver crianças usando telefone celular,
embora desse uso decorrem os problemas citados no verso do teclado da
Microsoft, único, parece, a fazer o aviso. É apenas aparentemente
incompreensível a motivação que leva pais a comprometerem deliberadamente a
saúde física e psíquica dos filhos, como chama a atenção o aviso do teclado,
inteiramente compreensível depois de saber ler nas entrelinhas. E os
refrigerantes, por que os pais levam para casa um líquido insosso, suportável
apenas quando gelado, e por causa do açúcar? E a inversão de valores que leva
professores a mendigar aumento enquanto prostitutas, atores pornôs,
escoiceadores de bola, cantores de porcarias, são “celebridades”? A rádio que
tem um programa chamado Young Professional anuncia também maravilhosa
entrevista com uma repórter de moda. Logo haverá para deleite da imbecilidade
um “fashion journalism”. Enfim, para que tudo esteja ajeitado, é necessário
apenas que a juventude seja capaz de querer saber o motivo pelo qual avião de
autoridade é apanhado carregado com dinheiro e cocaína sem terem seus donos
obrigação sequer de explicar porque a justiça lhe dá direito de não falar. Assim,
o “não tem jeito” continuará prevalecendo por depender tudo da mentalidade de
pré-macacos. Inté.
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