Seu
Manuelito, um trabalhador rural dos melhores, me contou um acontecido com ele
que é o retrato retocado do ideal político do politiqueiro. O interesse social
do politiqueiro corresponde exatamente ao interesse socialista de seu
Manuelito, demonstrado na seguinte história: Convidado a se juntar a um grupo
que ia ocupar uma terra a ser dividida entre os ocupantes, seu Manuelito, a
princípio, recusou. Como o amigo que o convidara insistisse na chance de ter
seu pedaço de terra, sonho de quem nasceu e cresceu trabalhando as terras de
outras pessoas, resolveu ir junto, mas muito desconfiado. – Quá... Esse
negócio num vai dá certo, não. – Remoía seu Manuelito em pensamentos. –
Chegando ao local, o desânimo se juntou ao bafo quente da lona preta da
barraca, e nosso bolchevique desanimado deu no pé de volta prá casa. O
entusiasmo de seu Manuelito por uma reforma agrária é sem tirar nem pôr o mesmo
entusiasmo que leva a cambada de politiqueiros a digladiar por um cargo na
administração pública e que outro não é senão mancomunar com a cambada de
falcatrueiros ora posta a descoberto pela Lava Jato. A notícia de que um terço das
crianças com menos de 2 anos bebe refrigerante demostra bem a farsa da turma de
canalhas quando fazem pose para demonstrar preocupação com o social. Qual
será o destino de uma população que vive de mentiras e cinismo? Ouvem-se
mentiras nas igrejas, nos livros de escritores assalariados, na tagarelice da
papagaiada de microfone quando se refere à bíblia como o livro mais vendido no
mundo, omitindo o fato altamente significativo de ser ela comprada até por
analfabetos como amuleto. Bíblias emboloradas, criadouro de ácaros e fungos são
vistas sobre móveis toscos nos casebres em meio a crianças. Vive-se, portanto,
mentira. Só mentira, falta de vergonha e inteligência, situação que não é
privilégio das repúblicas de banana porque os países tidos como os mais
civilizados do mundo não passam de agiotas safados que compactuam com ladrões
que roubam junto com dinheiro de outros países também o direito das crianças de
tomarem o seu leitinho, escondendo o produto do roubo para especular no maldito
Mercado Financeiro, monstruosidade própria do sistema capitalista que
escritores assalariados garantem ser a melhor forma de administração pública.
Tudo mentira. Só mentira, safadeza e falta de senso comum.
A farsa é alimentada
por cérebros privilegiados e preparados nas mais famosas universidades do mundo
para distorcer a verdade. A única chance de sair do atoleiro em que afunda o
mundo das mentiras é ter capacidade de percepção. Acontece que para se ter esta
capacidade se faz necessário haver interesse em tê-la. Acontece, por outro
lado, que o interesse das pessoas no mundo inteiro vai em direção oposta àquela
da qual resultaria seu próprio benefício. Tornou-se obrigatória a desonestidade
em função da falsa crença de ser necessário possuir mais coisas do que
realmente se necessita, farsa inegável em razão da necessidade de se viver em
sociedade, o que é incompatível com a desarmonia inevitável quando as pessoas
procuram através de ardis enganar umas às outras para tomar-lhes o que têm. É
por esse meio que fazem as grandes fortunas, razão pela qual todo rico não
passa de reles ladrão. São pessoas sem noção do que seja viver em sociedade.
Alguém que pensa mostrou esta realidade em uma charge na qual, em sonho, um
macaco se vê portanto um porrete. Depois, já menos macaco, portando arco e
flecha. Depois, menos macaco ainda, se vê de armadura e espada. Depois com
fuzil e, finalmente, já como ser humano, com uma metralhadora. Desperto,
sentiu-se tão entristecido que se enforcou na mesma árvore em que se recostara
para descansar. Inté.
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