quarta-feira, 1 de maio de 2024

ARENGA 731

 

Se, como disse o filósofo, uma mentira de tanto repetida tomo foros de verdade, uma verdade, quanto mais repetida, mas verdade se mostra. Como mentiras trouxeram a humanidade à camisa de onze varas em que se encontra, brigar contra as mentiras deve ser dever todo ser humano. Daí a implicância desse cantinho de pensar em relação à crendice na existência de um senhor deus porque tal crendice impede que as pessoas sintam-se responsáveis por seu destino e fiquem a espera de que esse senhor cuide disso e o resultado é o sofrimento humano ter chegado à situação extrema que ao contrário da realidade cada ser humano está certo de ser suficiente cuidar ainda que bem cuidado apenas de si e dos seus, ignorando a necessidade igualmente importante de também cuidar da vida social porque o ser humano foi feito para viver em comunhão com outros seres humanos em um relacionamento impossível de ser descrito porquanto esta dependência começa quando somos colocados no mundo e só termina quando alguém se livra das cinzas da cremação.

Sobre nossa dependência, há séculos o filósofo Thomas Paine fez a seguinte observação:

“...a força de um homem é tão desproporcional às suas necessidades, e o seu espírito é tão inadequado à solidão perpétua, que em breve é obrigado a procurar assistência e conforto com outra pessoa que, por seu turno, quer a mesma coisa”. E olha que o filósofo ainda foi parcimonioso em seu julgamento porque antes de virar pó a ‘..divindade, tanto quanto os magnatas atuais, passavam e passarão pela fase de matéria putrefata, em oposição ao processo higiênico da cremação.

               por falta desse cuidado com o TODO é que a vida está tão deteriorada a ponto de haver comida sobrando, a vida foi prolongada até três ou mais vezes mais do que no tempo das primeiras pessoas sobre a Terra quando só havia o que comer se fosse encontrada comida, e quando não se cogitava ainda de um senhor deus, não obstante passado tanto tempo para adquirir experiência, não se pode afirmar com certeza se aquelas pessoas eram menos infelizes do que nós.

Em algum lugar desse cantinho de pensar há uma proposta que vai aqui repetida para que façamos a experiência de pôr de lado durante uma década todas as divindades do mundo e dedicar cada grupo social a atenção que dedicava às divindades para ajudar na administração de sua sociedade se interessando em saber o custo de cada obra, o porquê das viagens dos administradores, enfim, o mesmo zelo que tem com os gastos com a família que tem uma zelosa dona de casa. Findo o período, se tudo continuasse o mesmo uma vez impossível estar pior, então votar-se-ia a atenção coletiva para as divindades.

Aliás, a respeito de divindades, estou vendo aqui na página 35 de Senso Comum, quando o governante se chamava rei, e para o povo era uma divindade, a seguinte referência do filósofo àquelas divindades: “Que heresia o título de sagrada majestade aplicada a um verme que no meio de seu esplendor se desfaz em pó”.

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