Se o crescimento espiritual da
humanidade cresce como rabo de cavalo, é de se imaginar a quantas anda a
espiritualidade do povo brasileiro, tão conformado em ser escória da humanidade
a ponto de servir de monturo para outros povos, cujo lixo é transformado em
camisas com as quais jovens brasileiros desfilam orgulhosamente pelos parques,
circos, campos de futebola e terreiros de axé.
Agora, se o Brasil é escória, que
dizer da Bahia? Em Salvador, certa vez, recebi no braço uma bolota de catarro
cuspida de uma janela da casa vizinha para onde me dirigia, onde fui socorrido
com a devida higienização, estando vivas ainda muitas das pessoas desta casa. E
se a Bahia não tem como ser mais desclassificada, que dizer de Vitória da
Conquista, nossa cidade? Não há cidade habitável no Brasil, é verdade.
Entretanto, nessa daqui, a situação está mais prá bicho que prá gente. Aliás,
ontem, o carro de barulho do mercado Santo Antônio fazia barulho quando eu
entrava no prédio e xinguei o jovem que o dirigia, ao que ele disse: “Tá
estressado? Vai morar no mato!”
Não pode haver maior demonstração de
ignorância do pobre jovem que pensa ser a cidade própria para se fazer barulho,
e que os mais sensíveis devem ir para o mato, lugar de bicho, colocando os
bichos acima de sua capacidade de racionar e dos seus patrões cuja ânsia por
juntar dinheiro não permite que suas mentalidades se elevem acima do caldo que
escorre do esgoto pelas ruas onde os bichos humanos, estes sim, verdadeiros
bichos, convivem com a imundície de pisar em caldo de fezes e suportar o
barulho que os bichos do mato não suportariam.
Aqui está uma parte de um texto e da
fonte da informação sobre os males causados pelo barulho:
(Texto extraído do Jus Navigandi http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5261)
“Trata-se de fato
comprovado pela ciência médica os malefícios que o barulho causa à saúde. Os
ruídos excessivos provocam perturbação da saúde mental. Além do que, poluição
sonora ofende o meio ambiente e, conseqüentemente afeta o interesse difuso e
coletivo, à medida que os níveis excessivos de sons e ruídos causam
deterioração na qualidade de vida, na relação entre as pessoas, sobretudo
quando acima dos limites suportáveis pelo ouvido humano ou prejudiciais ao
repouso noturno e ao sossego público, em especial nos grandes centros urbanos.
Os especialistas da
área da saúde auditiva informam que ficar surdo é só uma das conseqüências. Os
ruídos são responsáveis por inúmeros outros problemas como a redução da capacidade
de comunicação e de memorização, perda ou diminuição da audição e do sono,
envelhecimento prematuro, distúrbios neurológicos, cardíacos, circulatórios e
gástricos. Muitas de suas conseqüências perniciosas são produzidas inclusive,
de modo sorrateiro, sem que a própria vítima se dê conta.
O resultado mais
traiçoeiro ocorre em níveis moderados de ruído, porque lentamente vão causando
estresse, distúrbios físicos, mentais e psicológicos, insônia e problemas
auditivos. Além disso, sintomas secundários aparecem: aumento da pressão
arterial, paralisação do estômago e intestino, má irrigação da pele e até mesmo
impotência sexual”.
Isto significa que os barulhentos de hoje serão amanhã velhos e
velhas bichonas nervosas, surdas, com a pele ressecada, e loucas.
Ante a ignorância generalizada da
juventude barulhenta e para sua própria proteção, pedi ao Ministério Público o
seguinte:
“VITÓRIA DA
CONQUISTA, 15 DE MARÇO DE 2013.
EXCELENTÍSSIMO
SENHOR DOUTOR PROMOTOR PÚBLICO DE JUSTIÇA NESTA CIDADE.
José Mário Ferraz, brasileiro,
idoso, casado, RG. 00316055-67, residindo no bairro Candeias, rua pastor Artur
de Souza Freire, 650, apartamento 1001, juntamente com as pessoas que assinam
as folhas anexas, tendo em vista ter esta cidade se tornado inabitável para os
poucos moradores com noção de higiene, saúde e educação, vem, respeitosamente,
apoiados nos artigos primeiro, item III, e quinto, item XXXIV, letra a, da
Constituição Federal, e na legislação pertinente ao assunto aventado (cópias anexas),
requerer se digne Vosselência de obrigar a administração municipal omissa a
cumprir sua obrigação de corrigir as seguintes faltas:
1
– Caldo de esgoto a céu aberto, tanto no centro como nos bairros, e os carros
salpicando as pessoas com o caldo putrefato além de possibilitar o transporte
de doenças nos sapatos para dentro de casa.
2
– Lufadas de fumaça preta saídas dos canos de descarga em consequência de
motores desregulados.
3
– Barulho infinitamente superior ao legalmente permitido, inclusive com os
carros do G. Barbosa e do Supermercado Santo Antônio a disputar quem grita mais
alto, cujo resultado danoso à saúde, como afirmam os médicos, faz parte dos
documentos anexos a este requerimento, inclusive fotos mal feitas, mas que dão
uma amostra da situação das calçadas.
4
– Concessão de HABITE-SE a prédio ainda em construção, deixando nós,
entretanto, de citar um caso específico por ser injusto ante a impossibilidade
de citar todos. O prédio em que moro, por exemplo, foi autorizado a ser
habitado antes de estar concluído.
5 – Calçadas quase intransitáveis para
jovens e completamente intransitáveis para velhos e deficientes de outro tipo
de deficiência, sendo utilizada grande parte das boas calçadas para
comerciantes exercerem sua atividade comercial.
6
– Trânsito caótico com carros sobre as calçadas, carroças em meio aos carros,
bicicletas e até motos trafegando em sentido contrário ao fluxo de veículos.
É
por tudo isso que rogamos socorro por parte desta nobre instituição do Direito
e da Justiça.
Atenciosa
e respeitosamente,
José
Mário Ferraz.”
Uma jovem e competente doutora em assuntos nutricionais ficou
admirada quando eu lhe disse não ter apego a esta vida medíocre. Nenhum jovem
pode compreender tal situação, nem mesmo os jovens responsáveis e bons
profissionais. Esta vida só é boa para quem não teve tempo de aprender nadinha
sobre ela. A cultura estabelecida pelo sistema capitalista transforma os seres
humanos em apenas ganhadores de dinheiro e adoradores de divindades representadas por espertalhões mancomunados com politiqueiros na demoníaca tarefa de fazer com
que só se pense em dinheiro, diversão, e oração, ficando distantes e
indiferentes ao sofrimento de outras pessoas, apesar de se tratarem entre si de
“irmãos”.
São inúmeros os casos de infortúnio como o da garotinha com uma
bala na cabeça que ficou num hospital sem atendimento até morrer. Outro caso de
cortar o coração, mas que as pessoas nem ligam, preferindo fazer reuniões nas
igrejas, longe do hospital onde um senhor que dirige o seu bom táxi me contou
ter chegado lá em determinado dia da semana passada e ficou penalizado ao ver
uma garotinha com o braço torto, quebrado, sentadinha à espera no seu canto. Ao
contar o final desta história, aquele homem demonstrou sentimento de grande
revolta. É que no dia seguinte ele teve de retornar ao mesmo hospital e viu a
menininha a chorar, no mesmo lugar, e com braço já bastante inchado.
Alguém que está nas igrejas se incomoda com isso? Pois, a mim, que gostaria de destruir todas as igrejas,
causou uma tristeza infinita. É por isto que detesto as igrejas e seus
frequentadores perfumados e ignorantes, indiferentes ao sofrimento de quem
sofre, enquanto a um ateu causa sofrimento o padecer das pessoas porque para o
ateu nós é que temos obrigação de cuidar de nós mesmos, e, portanto, não é
possível que apenas alguns estejam excessivamente bem e outros excessivamente
mal.
Para que possa um
jovem psicólogo ou psiquiatra preparado por técnicas inventadas penetrar no
entendimento da espiritualidade que causa a uma mal-estar a uma pessoa sofrimento de outra pessoa ainda que desconhecida, é
preciso que tal psicólogo ou psiquiatra seja alguém de capacidade
extraordinariamente notável. O fato de saber ser a desunião a causa de quase
todos os males, e ter de viver em meio a tanta desunião não me permite gostar
do tipo de vida que sou obrigado a viver. É vida infeliz apenas porque ninguém
faz nada para fazê-la pelo menos não tão infeliz. Ninguém faz reunião para
pedir que se economize nos festejos do futebola lá na Fonte Nova e dê à
menininha do braço quebrado a felicidade de sair daquele sofrimento, e do
sofrimento de todos os menininhos e menininhas de todos os lugares. Amém.
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