segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

ARENGA 635

 

Às duas da madrugada, depois de uma xícara de café forte com uísque no lugar de açúcar e da leitura do livro Ciência Política, Estado e Justiça, no qual Jônatas Luiz Moreira de Paula, em 536 páginas discorre sobre o que pensaram cerca de uma centena de pensadores a respeito da sociedade humana, novos pensamentos ocorreram a respeito de ser totalmente inútil a intelectualidade dos intelectuais no tocante à melhor maneira para se viver bem. Não obstante o elevado conhecimento de todos os pensadores mencionados no livro em questão, de Sócrates ao mais atual, absolutamente nenhum deles foi capaz de trazer luz sobre o motivo pelo qual a humanidade apesar de constituída de seres pensantes vive de modo tão infeliz que é como se não pudessem pensar para chegar à conclusão de estar vivendo do mesmo modo como vivem os seres desprovidos de raciocínio que se limitam a trabalhar, comer, descomer e reproduzir. Apesar de nenhuma dificuldade oferece a compreensão da realidade de ser a estupidez a única causa que impede a humanidade de viver sem tantos sofrimentos, mil e dois arrodeios giram os argumentos sobre a questão. Como poderia a comunidade humana viver melhor com Bezos e Hangs acumulando em suas mãos usurárias fortunas incalculáveis com objetivo único de satisfazer um egoísmo mórbido só justificado pela falta de sensibilidade social? A riqueza existente é produzida por quem trabalha e não pelos proxenetas que especulam no mercado financeiro e em benefício de toda a comunidade deve ser gasta em vez de ficar a mercê da avareza de Reis Midas.

O espelho que reflete a alma da sociedade, a imprensa, está a refletir uma alma tão desequilibrada quanto a de uma sociedade industrial na qual os responsáveis por trabalhos inferiores como coleta de lixo merecessem maior reconhecimento da parte dos sócios do que o reconhecimento dispensado aos responsáveis pelo trabalho complicado de produção e administração. É como está estruturada a sociedade humana. É de todo inadmissível que toupeiras intelectuais sejam agraciadas com a condição celebridades e direito a padrão de vida recusado a executores de tarefas nobres.  

O porquê desta inversão de valores deve merecer o melhor da atividade intelectual dos intelectuais. Não obstante ser aí onde está o cerne da infelicidade humana, nenhum pensador se dedica a esclarecer o motivo pelo qual iletrados chutadores de bola ou cantadores e requebradores de quadris atraem multidões ao passo que importantes questões relativas ao bem-estar presente e futuro são simplesmente ignoradas. Por que Pelé é mais conhecido que Paulo Freire? Esta questão envolve tanta coisa que ao serem esclarecidas o mundo tomará feição totalmente oposto à que tem.

Por que pensadores não pensam sobre isto? Muitos, como se sabe, a exemplo do Frankenstein americano da bunda branca Henry Kissinger,  prostituíram suas consciências recebendo riqueza em troca de falsas opiniões. Outros, certamente, por receio de perseguição a exemplo de Marx, Paulo Freire, Luther King, Marielle Franco, Julien Assange e quantos mais que se indispuseram contra a instituição da injustiça social, receosos de terem o mesmo destino. se omitem. No entanto, em vez do é preciso fazer isso e aquilo, tão comum na imprensa apenas a título de cumprir o dever de falar ou escrever, o que é realmente preciso é se debruçar sobre o fato de estar o mundo nas garras peçonhentas de avaros reis midas cuja atividade especulativa, ou seja, agiotagem, lhes rende maiores vantagens do que o trabalho produtivo. Se todos precisam comer, morar, vestir, ter assistida sua saúde, segurança e educação, atividades que demandam trabalho, como explicar que atividade meramente especulativa ou a agiotaria rendam melhores frutos?

 Não pensar, como recomenda a religião, é mel na sopa para este tipo de cultura do absurdo e da malandragem instituída pelos parasitas que mudaram de mala e cuia para o poder político de onde engendram artimanhas como leis que legalizam o banditismo e invertem o faroeste americano para fazer do bandido mocinho.

Para a malandragem política e para o estelionatário, nada pode ser mais conveniente do que a indiferença do lesado. Desta forma, enquanto o povo lesado pela malandragem política se esbaldo no axé, nas igrejas e no futebola, correm livres e soltas as fraudulentas emendas parlamentares, verbas de gabinete, cartões corporativos, orçamento secreto, semana de três dias para parlamentares, caviar e vinhos finos para "autoridades" de diversas instituições, licitações fraudulentas e etc., etc., e bota etc. nisso.

A propósito de contrassenso, veja-se esta pérola: São Paulo afirmava que o homem é pecador por natureza. Ora, se foi deus que fez a natureza, não como não admitir ter sido deus quem fez o pecado que é por ele condenado. Assim, se o mundo está mal, credita-se este mal à falta de raciocínio que elimina qualquer diferença entre humanos e bichos. Portanto, juventude futucadora de telefone, admiradora de “celebridades” e indiferente ao futuro dos filhos, tá na hora de pensar na vida.

 

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