sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

ARENGA 636

 

Outra madrugada, outra xícara de café forte, desta vez com uísque no lugar de açúcar, outra visita ao livro A Produção do Fracasso Escolar, de Maria Helena Souza Patto e outra conclusão de que intelectuais, assim como chefes religiosos, estes por interesses inconfessáveis, aqueles, talvez por inocência, mas o fato é que uns e outros se negam a reconhecer a realidade de à cultura vigente do venha a mim e os outros que se danem interessa acima de tudo uma juventude totalmente desligada da realidade da vida. Embora o livro acima citado não veja por esse lado, mas o titulo no livro está o motivo do fracasso educacional. É que este fracasso é produzido, isto é, intencional. Para que algo seja produzido é preciso haver a intenção de agir nesse sentido.  Vai daí que para manter a juventude em analfabetismo político é preciso que não haja um sistema educacional eficiente como propunha mestre Paulo Freire. Portanto, O título do livro dispensa seu conteúdo porque absolutamente todos os problemas que a educação enfrenta no mundo inteiro são engendrados propositalmente. A alfabetização nas sociedade bisonhamente chamadas de civilizadas,  todos ou quase todos aprenderem ler e escrever apenas. Entretanto, no que diz respeito ao analfabetismo não são diferentes dos analfabetos das sociedades chamadas de atrasadas ou em desenvolvimento porque também por lá se acredita não haver necessidade de se interessar pela destino do erário, as autoridades de lá, como as de cá, estão mancomunadas com os ricos para explorar os pobres, do mesmo modo como os iletrados de cá os letrados de lá são indiferentes às armas, às guerras e à transformação da natureza em dinheiro para os rufiões do sistema financeiro.

Assim é que para evitar uma juventude esclarecida evita-se uma educação que ensine cidadania. Ao contrário, nas tidas como melhores universidades do mundo aprende mil e uma maneiras de ludibriar incautos para levar vantagem sobre seu despreparo quanto à jogatina financeira. Aprende-se o absurdo de ser competição o ideal para a vida em sociedade como afirma o Frankenstein americano da bunda branca Henry Kissinger. Nem mesmo Francis, o burro que falava dos filmes antigos admitiria que comunidade alguma haveria de se dar melhor brigando pelos meios de subsistência do que compartilhando-os harmonicamente.   

   Pensar sobre a vida faz perceber a existência de uma plêiade de papagaios de microfone assalariados por empresas privadas com verbas públicas para transformar mentira em verdade. Como povo não pensa por si, uma vez que a educação lhe ensinou que falsos líderes pensam por ele, é indiferente às mazelas que o vitimam e que são arquitetadas pelos seus algozes, os Bezos e Hangs do sistema financeiro, praia de bandidos chamados de banqueiros que extorquem a sociedade com voracidade verdadeiramente sanguinária, o que também acontece nas comunidades bisonhamente chamadas de civilizadas como se vê do livro A Hidra Mundial, de François Morin, sobre a ação de banqueiros e bancos, não obstante serem abençoados pela trupe de puxa sacos do sistema:“... as autoridades judiciárias dos Estados Unidos, britânicas e a Comissão Europeia têm multiplicado as investigações e as multas que demonstram que vários bancos – especialmente onze deles (Bank of América, BNB Paribas, Barclays, Citigroup, Credit Suisse, Deustsche Bank, Goldman Sachs, HSBC, JP Morgan Chase, Royal Bank of Scotland, UBS) organizaram de forma sistemática acordos de formação de quadrilha”. 

Como água limpa (quando havia) no meu copo de cristal de tomar Blue Label, embora pareça infindável o número de problemas que infelicitam a humanidade, é tudo facilmente perceptível desde que se disponha a pensar. Ao fazer isto, percebe-se que a fim de serem enganadas, as pessoas devem ser mantidas na ignorância. É só isso e nada mais. Coisas como baixo aproveitamento e evasão escolar, toupeiras intelectuais transformadas em celebridades milionárias e professores amargando necessidades, tudo isso é parte de um esquema monstruoso que vem tendo sucesso absoluto em fazer do povo completo idiota. 

Nessa pátria de deus, então, a coisa parece mais feia que em qualquer lugar como se vê neste trecho do livro de Eduardo Bueno, A Coroa, A Cruz E A Espada, na página 35, sobre como era exercida a política portuguesa que foi trazida para esse recanto da América Latrina e que orienta a humanidade como mostram a pose e a vida faustosa de seus falsos líderes:

“Embora recebessem altos salários, muitos burocratas engordavam seus rendimentos com propinas e desvio de verbas públicas. Inúmeras evidências permitem afirmar que, na Península Ibérica, a máquina administrativa não era apenas ineficiente, mas corrupta. Outra de suas características mais notórias é que o número de funcionários destacados para o cumprimento de qualquer função revelava-se, na maioria dos casos, bem superior ao necessário para a realização do trabalho. Em Portugal, tanto a justiça quanto a Fazenda encontravam-se nessa situação. A Casa de Suplicação (tribunal de última instância), permanentemente sobrecarregada de processos, era famosa pela lerdeza e avareza de seus magistrados. Já a Casa dos Contos, núcleo de controle das receitas e despesas do reino, era alvo frequente de investigações oficiais, geralmente incapazes de evitar as fugas de prestação de contas. As autoridades judiciais e fiscais que, a partir de março de 1549, iriam desembarcar no Brasil com a missão de instalar o Governo-Geral enquadram-se nesse perfil. O Ouvidor Geral, uma espécie de ministro da justiça, desembargador Pero Borges, e o provedor-mor, espécie de ministro da Fazenda Antônio Cardoso Barros, além de ganharem bastante bem e terem obtido seus cargos graças a indicações nos meandros da Corte, desempenhavam suas funções assessorados por contingentes de funcionários em número sem dúvida desproporcionando para as coisas do governo. Além disso, ambos – Pero Borges antes de vir para o Brasil e Cardoso de Barros depois – foram acusados de desviar dinheiro do Tesouro Régio. Quanto ao primeiro bispo do Brasil, Pero Fernandes Sardinha, ele provocaria uma onda de indignação na colônia ao perdoar os pecados dos fiéis em troca de dinheiro”.

Como se vê e como já foi dito, para que o mundo seja melhor só falta à humanidade pensar. 



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