segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

ARENGA 631

 

Do ponto de vista do pensador Eduardo Galeano, utopia seria um sonho irrealizável. Serve apenas para não deixar apagar a chama da esperança em dias melhores. Do pondo de vista de outro pensador, o Thomas More, que inventou uma sociedade humana bem-sucedida, seria um sonho inteiramente realizável, no que tinha razão.  Se sociedades de vários tipos como comerciais e até sociedades voltadas para o crime são bem-sucedidas, para ter sucesso uma sociedade formada pela comunidade humana nada mais é preciso do que observar os procedimentos adotados pelas sociedades bem-sucedidas, como rigor na aplicação do capital e pronto! Resolvida a questão. Tudo de que carece a humanidade e bom senso na distribuição da riqueza pública. Para tanto e antes de tudo é preciso ter consciência de ser do dinheiro e não de divindades nem de falsos líderes que depende o bem-estar social. Outro elementos imprescindível ao sucesso da sociedade humana é verdade. É por se basear em mentiras, sendo a mais prejudicial delas a afirmação de  haver maior vantagem na competição do que na cooperação para a vida social. Sem que o elemento sinceridade seja rigorosamente observado pelos membros, qualquer sociedade estará fadada ao fracasso. O sucesso das organizações religiosas que apesar de terem a falsidade por base parece serem eternas é mera ilusão. A eternidade delas não passa de engano visto que um ou dois milênios para a eternidade é como se fosse um segundo para nós. Estão aí as antigas religiões de gregos, romanos e nórdicos transformadas em mitologias.

Aliás, os gregos que contribuíram com os maiores pensadores da história do mundo nos dão provas de que a religiosidade constitui empecilho ao desenvolvimento intelectual e, portanto, ao avanço civilizatório, visto terem sido os eles o primeiro povo na história do mundo a buscar outra explicação para a criação do universo independente de divindade.     

Fora de qualquer dúvida, pois, não se poder abrir mão da verdade e sinceridade no relacionamento entre as pessoas para que a sociedade utópica se torne real. Se a sociedade contemporânea vai de mal a pior, deve-se a inconsequências como a afirmação e prática de que o desenvolvimento econômico significa bem-estar social. É o que mostra estre trecho do economista e escritor Eduardo Moreira no livro em Economia do Desejo: “...da década de 1960 à de 2010 a quantidade de riqueza gerada no mundo (PIB Global) multiplicou-se por mais de oito vezes. Se, mesmo multiplicando a quantidade de riqueza gerada no mundo por tantas vezes (o que levou a vários recursos naturais darem sinais claros de esgotamento), temos ainda metade da população vivendo em situação de pobreza, como imaginar um mundo capaz de oferecer os recursos naturais necessários para tirar toda a população dessa situação?”

Não obstante ter mostrado capacidade de raciocinar há pelo menos três milhões de anos ao usar lascas de pedra como arma, permanece a humanidade incapaz de sair do barbarismo e se projetar na verdadeira civilização. E por culta de quem ou de que? De viver em falsidade. Esta questão foi levantada por grandes pensadores. Há mais de dois mil anos Platão avisava que ser governado por pessoas inferiores é a penalidade por se recusar a participar da política. Robert Green Ingersol, há mais de duzentos anos lembrava a quem acredita em deus que eles deveriam questionar a falta de fundamento da recomendação de não se discutir os assuntos divinos porque se o deus deles lhes deu um cérebro é para pensar. Caso contrário, seria o mesmo que proibir os pássaros de voar depois de lhes ter dado asas.

Por fim, quanto à imprescindível necessidade de se pensar a respeito da vida em vez de seguir tradições, deixamos aqui o capítulo intitulado A IGNORÂNCIA, do livro Falando Francamente, do pensador Vinicius Bittencour: “O flagelo da humanidade não é a peste, a guerra, a fome, a idolatria, a corrupção ou o crime. O flagelo da humanidade é a ignorância. Sem ela, essas calamidades não existiriam ou seriam drasticamente reduzidas. Apesar disso, o homem foge dos livros como o diabo da cruz. Reencarnando os párias, os impuros ou os intocáveis da velha Índia, nossos professores vivem na miséria. Os rebentos das classes abastadas desperdiçam o tempo com televisão e jogos eletrônicos. Os das classes pobres não têm livros, escolas, professores, nem motivação para estudar. Por toda parte alastra-se a ignorância. E nela se cevam os políticos, os curandeiros, os pastores de almas, os publicitários, a mídia eletrônica, a corrupção e o crime. A peste não existe onde há saneamento básico, assepsia, higiene. Na Idade Média, entretanto, a peste era atribuída a sortilégio e combatida com exorcismos. Em vez de matar os micróbios, cuja existência desconheciam, nossos antepassados matavam as feiticeiras. A guerra seria evitável se os povos não fossem ignorantes. Como disse Frederico, o Grande, se os soldados raciocinassem, abandonariam o comandante na primeira esquina. A fome não ocorre onde não há latifúndios improdutivos ou explosão demográfica. O fanatismo desaparece quando a sabedoria arranca a máscara dos ídolos ou sacode seus pés de barro. A corrupção elimina-se com a vigilância, a efetiva aplicação das leis e a transparência dos atos administrativos”.

Como se vê, tudo depende de bancar o inteligente em vez de burro. 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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