terça-feira, 29 de agosto de 2017

ARENGA 447


“É inadmissível elaboração de leis imorais, cujo único propósito seja privilegiar alguns poucos indivíduos, locupletando-os injustificadamente à custa das pessoas que sustentam financeiramente o Estado com seu trabalho”.

Considerando que a função das leis é assegurar a ação da justiça em sua importante e necessária tarefa de tentar amenizar a tendência natural à brutalidade que os seres humanos carregam na alma e que os obriga a se destruírem mutuamente, embora sem sucesso nesse sentido porque sempre houve quem se locupletasse às custas de outro, ainda assim, a existência de leis e um corpo de funcionários públicos com o poder de fogo indispensável aos ambientes onde predomina a selvageria que iguala a sociedade humana à dos irracionais, ao forçar o cumprimento às determinações legais esta força bruta consegue manter pelo menos uma tênue tranquilidade que não existiria sem que nada coibisse a maldade humana que em nada difere da brutalidade do morticínio das selvas.  Desta forma, tendo as leis por finalidade assegurar que haja pelo menos um mínimo de justiça, pode haver alguma contestação quanto à perfeição do pensamento expresso na declaração em negrito que dá início a estas mal traçadas? Evidente que não. O que está dito ali é exatamente aquilo a que se propõe a fazer a justiça: coibir que alguns ressuscitem a escravidão da chibata. Pois, apesar de não haver o que retocar naquela afirmação, há quem a conteste no meio desse povo tão esquisito que sua personalidade está muito mais para rato do que para ser humano. Quase inacreditável se não se tratasse de brasileiros é haver entre os contestadores autoridades dos próprios órgãos responsáveis pela elaboração das leis e aplicação da justiça. Quem fez aquela declaração sensata e socialmente irretocável foi ninguém menos que o doutor Rodrigo Janot, que apesar de defender com unhas e dentes a sociedade contra a ação predatória da ratazana, o que equivale a proteger o futuro dos filhos dos jovens imbecis futucadores de telefone, seu trabalho merece menor reconhecimento do que o trabalho prejudicial à sociedade de fomentar o analfabetismo político executado por pobres mendigos mentais que inocentemente por conta da ignorância de sociabilidade que caracteriza o bicho povo se tornam marionetes do pão e circo aos quais é proporcionada vida abastada em retribuição à atividade de distrair a atenção da malta para as brincadeiras enquanto os malandros fazem a festa em cima do erário. Como a humanidade vive de mentiras, pessoas esclarecidas o bastante para conhecer esta realidade fazem coro com os pobres infelizes que desconhecem ser o pão e circo responsável por grande parte da dinheirama que escorre pelo esgoto da corrupção que fomenta a violência e, por conseguinte, infelicita a sociedade da qual participam os filhos dos apologistas do pão e circo nefasto. É tão desequilibrada nossa sociedade que um condenado à prisão está em campanha país afora como candidato à presidência da república, afirmando que seus acusadores é que estão errados. Sendo o doutor Janot o carro-chefe da Operação Lava Jato, contra ele e seus colegas do Ministério Público insurgem contestadores quanto à legitimidade do trabalho de procurar expurgar marginais do meio social. Conforme noticia o jornal Folha de São Paulo, esse candidato condenado à prisão teria afirmado não só que os responsáveis pela Lava Jato são canalhas, mas também que Nenhum juiz tem o direito de contar mentiras a respeito dele e dizer que ele roubou. Acontece que não é só o juiz que o condenou à prisão quem diz tratar-se de ladrão porque um jornalista/escritor chamado Ivo Patarra escreveu o livro O Chefe, no qual há todo um cabedal de denúncias de roubos e falcatruas praticados pelo presidiário/presidente sem que fosse desmentido. Como quem cala consente, prevalece o que foi dito pela acusação.

A singularidade da sociedade brasileira que a torna incomparável na prodigalidade de promover coisas ruins, de buscar mais infortúnios além daqueles que a é pródiga em produzir, esta estranha característica encontra explicação na circunstância de ser nossa sociedade formada por pessoas que dão origem a notícias como a de ter uma pastora doado chácaras compradas pelos fiéis de sua igreja ao marido dela, também pastor. Como estupidez é a marca registrada por aqui, outra notícia dá conta de que um ex-ministro do STJ recebeu propina de R$ 5 milhões. Taís notícias são regadas a muito festejamento. Coisas assim caracterizam esta sociedade de parvos frequentadores de igreja, axé e futebola, povo que faz festa com os recursos de que dispõe para comer. O segundo mais importante estado deste país de triste sorte, unidade da federação habitado pelo povo considerado o mais esperto entre todos os demais que por aqui pastam, gastou tanto dinheiro em festas que agora grande parte dele dorme debaixo das marquises e seus funcionários públicos viraram pedintes. No estado considerado o primeirão de todos em riqueza, onde vive o povo que se autoconsidera mentalmente superior aos demais, mas que é tão insignificante espiritualmente quanto os demais, talvez ainda mais pela inexistência de motivo para a petulância próprio dos ignorantes que   elegem quantas vezes se candidate um deputado condenado à prisão em outros países e que aqui é deputado e milionário às custas dos petulantes “bacanas” e “sabichões”. É, realmente uma calamidade a sociedade brasileira. A malandragem por aqui é tal que sob pretexto de trabalhar em benefício da sociedade, malandros, aventureiros, religiosos, enfim, a escória mental da sociedade, têm a desfaçatez de pleitear arrancar da comunidade a fabulosa soma de três bilhões e seiscentos milhões de reais para custear as despesas com sua eleição a cargos eletivos, o que foi magistralmente analisado pelo jornalista Ricardo Boechat como o cúmulo da safadeza a pretensão de obrigar a sociedade a ter de arcar com os custos para que malandros se tornem profissionais políticos, quando todas as demais profissões são custeadas pelos que se dispõem a exercê-las. Apesar de serem as coisas ruins a característica dos brasileiros desde que deles se tem notícia, os amaldiçoamentos que os infelicitam atingiram atualmente níveis insuportavelmente alarmantes. É de dar dó ver pobres desvalidos ostentando cartazes onde se lê “EXIGIMOS RESPEITO     .” Foi incorporada à nossa personalidade social a convivência pacífica com a ausência de pudor, moralidade e autoestima. Consta no mesmo jornal Folha de São Paulo que um ministro desse desmoralizado Estado Brasileiro declara ter estranhado ser retirado da fila na hora de entrar no avião rumo aos Estados Unidos, para onde ia a serviço, sob alegação da necessidade de ser submetido a uma revista especial. Como à tal revista especial não fora submetido nenhum outro passageiro, o ministro pediu explicação perguntando a razão pela qual ele era motivo de um cuidado à parte, ao que o funcionário lhe explicou tratar-se de ordem do governo americano. Apesar de fazer parte o ministro do ambiente de Brasília, ao optar por não viajar a submeter-se à tal revista especial determinada por Tio Sam, o ministro demonstrou ser homem de fibra, apesar de ser brasileiro. Quem observa o dever cívico de acompanhar o que diz a imprensa sobre os acontecimentos de seu país sabe que houve um ministro brasileiro que se rebaixou a tirar os sapatos como um marginal qualquer para ser revistado num aeroporto americano e outro que beijou a mão de candidato a presidente do país que dá ordens aqui dentro, o que envergonharia este país de safados que roubam até animais no zoológico, além da Cruz Vermelha, caso eles soubessem o que é vergonha e não se agachassem com tanta facilidade. As notícias sobre a sociedade brasileira giram exclusivamente em torno de roubos, viadagem, putaria, pão e circo, assassinatos, mortes através de uma gama de acidentes, e para completar a lista de patifaria, a podridão política. Coisas assim são corriqueiras: “Ex-ministro do STJ recebeu propina de R$ 5 milhões.” – “Escândalos de corrupção no governo contribuem para aumento de violência contra policiais”. – “Chega a 100 o número de PMs mortos no Rio de Janeiro desde o início do ano”. – Base no Congresso pretende usar discussão de medidas para cobrar cargos e verbas.” A jurista Herta Däubler-Gmelin, ex-ministra da Justiça da Alemanha, afirmou em São Paulo que "há dúvidas cada vez maiores" sobre se o Judiciário brasileiro coloca o país na lista de lugares onde o Estado de Direito não é respeitado”.  

 A insustentabilidade das ações governamentais no Brasil é tão flagrante que existe um ministério voltado para as brincadeiras. Dinheiro aqui é para ser roubado sob aplausos dos roubados. Os funcionários públicos zelosos do dever de proteger a sociedade são cobrados de faltar com o respeito aos ladrões. Está também no jornal Folha de São Paulo a seguinte censura aos procuradores públicos graças aos quais estão sendo retiradas muitas mutretas de debaixo do pano para serem expostas à indignação social dos capazes de se indignarem. Diz o jornal: “A Lava Jato voltou à violação imprópria da vida privada. Desta vez, divulgou uma conversa familiar entre Jacob Barata Filho e uma de suas filhas, ambos preocupados com o estado psicológico da outra filha. É só sadismo dos divulgadores”. Aí está. Era só o que faltava! Como sadismo perseguir bandidos, se sádicos são eles que roubam o dinheiro do leite das criancinhas e as deixam à míngua? Àqueles a quem é dada a faculdade da percepção certamente que meditam sobre o motivo que leva intelectuais à convicção de sermos todos uma toupeiras incapazes de enxergar sacanagens nos melindres quanto ao estado psicológico dos quadrilheiros engravatados que saqueiam o erário e sacrificam a sociedade enquanto sofredores premidos pela necessidade de roubar migalhas amargam o inferno dos presídios. Só as entrelinhas do que se ouve e lê podem explicar o que há por trás de tanto embuste. Toda a dificuldade está no fato de que o alcance ao conteúdo das entrelinhas exige muita dedicação, esforço e vontade de alcançá-lo, coisas que inexistem na massa bruta e ignorante da manada em seu corre-corre diário a fim de produzir mais riqueza para os infernos fiscais.

Embora o termo socialismo defina com maior precisão o espírito de cooperação ou o sentimento de irmandade sem o qual seremos eternamente infelizes, veio ele a adquirir conotação de determinada forma de exercer política. Como a política é sempre exercida de modo a maltratar o povo, o termo socialismo, com justa razão, passou a merecer justificada ojeriza. Entretanto, absolutamente nada justifica desinteresse pela política porque dela depende o bem-estar social. Afastar-se da atividade política é incorrer no mesmo erro de quem compra um carro usado de um brasileiro acreditando no estado de conservação descrito por quem o vende. Até quando terá esse belo país tão triste sorte? Como a juventude que tudo pode entende mesmo é de futebola, fica levantada prá ela a bola para ser iniciado o jogo de colocar sensatez e integridade onde predominam a estupidez e indecências. Inté.

 

 

 

 

 

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário