segunda-feira, 6 de abril de 2015

ARENGA 101

                Empossa-se um ministro da educação e a imprensa faz um alarde em torno do assunto como se se tratasse de uma panaceia capaz de resolver o problema da deseducação, verdadeiro objetivo da educação. Não há paradoxo nisso aí uma vez que as autoridades apenas representam um papel de bobo da corte do sistema que desgoverna o mundo porque governar seria promover o bem-estar coletivo, enquanto a situação em que se encontra o mundo mais para inferno que qualquer outra coisa mostra ser bem outro o fim a que se propõem todos os governantes, triste realidade que sempre acompanhou os seres humanos a partir da formação de grupos. Em função da diferença entre os seres humanos, uns com mais capacidade de observação e outros com menos, o instinto de bicho porquanto o ser humano ainda se encontra nesta fase, levou os de maior capacidade de percepção a usá-la para tirar proveito levando vantagem sobre os menos capazes. Tem sido assim desde sempre, de modo que os de maior capacidade de observação, na verdade, ao tirar proveito da incapacidade mental dos demais, a grande maioria, sem que o saibam, estão se condenando a si mesmos à infelicidade resultante de uma sociedade onde raros são aqueles que podem ostentar esbanjamento de riqueza enquanto a maioria absoluta não pode sequer satisfazer as necessidade primárias. O resultado disso é o que aí está: o choro que acompanha a infelicidade. Para que se sustente uma forma tão desconexa de organização social faz-se necessário um grande aparato tecnológico destinado a impedir que os enganados percebem a enganação, sendo o sistema educacional o motor principal que garante seu funcionamento. Portanto, qualquer que seja o ministro, sua função será impedir que a turba se esclareça através da educação para facilitar o trabalho de enganar por parte dos exploradores dos menos espertos, na verdade não menos bobos que os explorados, que exatamente por serem bobos, acham-se muito sabidos.

O Xis do problema, pois, não está na pessoa a ocupar a pasta. Mas, sim, no programa que o ministro não pode deixar de seguir, e cuja finalidade além de dificultar o acesso ao estudo, visa à formação de técnicos em produzir um dinheiro que por meio de mil e um subterfúgios irá parar nas mãos dos aproveitados da inocência dos inocentes cuja inocência lhes é ministrada juntamente com a educação que lhes ensina haver tremenda recompensa no céu depois de gastar a vitalidade por aqui. Escapa aos enganadores a realidade de não ser mais possível a suntuosidade de um Rei Salomão a fazer pose na revista Forbes num mundo com mais de sete bilhões de pessoas demandando o consumo de recursos necessários para viver. A escassez ou mesmo inexistência desses recursos para muitos em virtude de se encontrarem restritos apenas aos enganadores faz com que a desarmonia ocupe o lugar da harmonia indispensável à tranquilidade que deve ser o principal objetivo a ser alcançado pelos seres humanos. Assim, é nada mais que perder tempo tagarelar quem vai ser qualquer coisa na política se tem ela por objetivo enganar os menos dotados de percepção. Inté.

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