A notícia
no jornal de que Estudantes enfrentam
longas filas para tentar financiamento em faculdade de São Paulo demonstra o
quando estes jovens são indiferentes à política. “Por que não viver esse
mundo, se não há outro mundo”, diz o poeta, no que está absolutamente certo. Será
que viver este mundo da forma como se vive é uma boa forma de se viver? Não havendo
outro lugar para se viver, o correto seria fazer deste um lugar agradável para
se viver como se faz quando procura um imóvel para morar. Povo, com certeza,
não faz exigência nenhuma porque povo não sabe que barulho faz muito mal à
saúde, não sabe que esgoto a céu aberto mata as crianças, não se incomoda com a
presença de barata e ratos. Como o número de povo é infinitamente superior ao
número de gente, a vida não pode ser agradável e o país é mais dos estrangeiros
do que nosso. Aqui por estas bandas as igrejas e as festas nos diversos
terreiros de brincadeiras anunciam haver só felicidade. Entretanto, para
conhecer a realidade da vida deste provo festejador não é preciso mais nada do
que assistir aos programas Brasil Urgente e Cidade Alerta para se concluir não
haver motivo para as festas. A hipocrisia, a burrice, o espírito de rato, a
mediocridade e a banalização da prostituição se tornaram nossa característica.
A despedida da morta Inezita Barroso foi aproveitada mediocremente para fazer
propaganda de um cantor de bobagens cujo nome aparecia destacado numa rudia de
flor depositada junto ao caixão. Aqueles pobres estudantes mendigando
empréstimo estudantil são incapazes de exigir o direito que lhes garante a
Constituição Federal, submetendo-se à maldade de um ministro da fazenda tão frio
quanto a chuva que os fustigava na madrugada paulista. E o pior de tudo isso é
que muitos daqueles jovens pobres de espírito que imploravam pelo empréstimo já
o obtiveram antes e estão cursando a faculdade, ficando, assim, numa situação
esquisita porque o retorno do dinheiro já recebido é para ser feito com o
dinheiro ganho no exercício da profissão. Se não se formar por falta do
restante do financiamento, como poderão cumprir a obrigação de efetuar o
pagamento? E por que isto acontece? Exatamente porque aqueles jovens são povo e
por isso não pensam. Se pensassem, saberiam que estudo é obrigação do Estado.
Se se tratasse de gente, os pais daqueles jovens enfileirados no frio, na
chuva, na fila, teriam ido ao governo e exigido com energia e polidez o
cumprimento do dever constitucional de fornecer o estudo já custeado pelos
impostos, propondo-se, inclusive, a ajudar o governo a fiscalizar o erário.
O fato de
haver jovens querendo passar da condição de povo para a condição de gente, como
prova a existência da união de jovens ateus, que também desejam um mundo
agradável para as criancinhas que dirigem os carrinhos de supermercado e as que
pedem esmola, dou uma dica esperta que será um tremendo empurrão para ajudar a
atravessar a ponte que separa o mundo de povo do mundo de gente. Esta dica
consiste em futucar seu aparelho para ver coisa diferente de notícia sobre o
resultado do exame de urina do jogador de futebola. Em vez disso, peça ao
amigão Google o seguinte: “preambulo da constituição brasileira” e soletrar o
pequeno texto até conseguir ler. Depois, esforçar um pouco para conseguir
entender. Depois de entender, aí, sim, estará ingresso na qualidade de gente.
Para quem nada sabe, qualquer Zemané pode ser professor. Assim, proponho pensar
junto com os possíveis interessados no aprendizado que leva à condição de gente,
em primeiro lugar, como quem não pensa acredita que a coisa mais importante é
Deus, está dito lá no fim do preâmbulo pelo pessoal que fez e aplica a
constituição que eles agiam sob a proteção de Deus. Como não cumprem o que a
constituição determina, estão procedendo em relação à confiança de Deus do
mesmo modo como os desobedientes israelenses a ignorar as recomendações divinas
e a esquentar a moringa de Moisés no deserto, lugar onde já existe muita
quentura.
A mais
importante de todas as promessas não cumpridas da constituição é o de assegurar
o bem-estar social porque onde existe bem-estar é porque não está faltando
nada. Se não falta nada é porque está todo mundo de barriga cheia,
despreocupado porque nada ameaça sua segurança em todos os aspectos, situação
em que se pode garantir haver bem-estar. Assim, aos poucos, os jovens
interessados perceberão a realidade de impor respeito à constituição porque
assim não será necessário endividar-se para pagar uma coisa que já está paga.
Com o maior dos convencimentos, pode-se afirmar que sem pensar não dá para ser
diferente de manada. Inté.
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