domingo, 8 de março de 2015

ARENGA 95

                  Nos tempos em que a televisão que o povo via também podia ser vista por gente, a palavra “corrupto” deu muitas dicas para o coronel Limoeiro. Otrope (Eutrópio) era xingado de corrupo (corrupto) por dizer algo que desagradasse ao coronel. Pois, com a mesma frequência com que se pronunciava a palavra corrupto na época em que os Estados Unidos mandaram os militares brasileiros fazer um movimento dito revolucionário com o pretexto de acabar com a corrupção, com aquela mesma frequência se ouve atualmente a palavra democracia.  Ela é encarada como sinônima de sociedade. Diz-se amiúde isso é ruim para a democracia, aquilo não serve à democracia, como se o governo tivesse por finalidade zelar pelo regime democrático em vez de garantir a segurança e a paz a fim de poder a sociedade desfrutar de bem-estar, como é do dever de todo governo. Deitar falação prá cima da democracia que temos é tão incompreensível quanto a falação deitada em torno de “famosos” e “celebridades” que na realidade não valem um centavo furado e ainda por cima insinua à juventude a desnecessidade de formação intelectual para se vencer na vida. A babação em torno da democracia é de deixar com uma interrogação preta em cima da cabeça porque é nesta endeusada democracia que o desafortunado trabalhador é escravizado. É ainda na democracia que a Constituição Federal serve apenas para ser mencionada nos discursos de políticos ou para perseguir jornalistas, além da inconcebível situação em que os postos mais elevados da administração pública sejam preenchidos por pessoas envolvidas em assuntos de roubalheira, podendo permanecer tranquilamente neles depois de se declararem inocentes. “Estou tranquilo”, dizem sempre, ante a certeza da impunidade. E onde mais, senão nesta badalada democracia, o órgão máximo da justiça acoberta mal feitos dos inimigos da sociedade, chegando o ministro da justiça a declarar ter atuado junto ao governo americano para proteger Maluf, um aliado do seu partido político? São infinitos os males decorrentes desta tal de democracia, inclusive o processo de escolha das autoridades que é decidido pelo povo, quando devia ser decidido por gente. Absolutamente ninguém do povo sabe quem são Joaquim Barbosa, Heloisa Helena, Eliana Calmon, Sergio Moro, Rodrigo Janot.
 Sem o exagero de Platão de que todo governo devia ser exercido por filósofos, na realidade, os escolhedores dos governos é que deviam ter o conhecimento que lhes permitisse fazer uma escolha pelo menos razoável. Ao povo, na verdade, cabe arcar com as fabulosas somas que decidem quem será o escolhido. Até na bíblia, fonte das verdades para os perfumados frequentadores de igrejas, traz exemplo dessa submissão a que sempre subjugou o povo. Quando o povo que mais sofreu atribulações em sua vida, o povo de Deus, queria um rei, Deus tentou dissuadi-lo da ideia mostrando a Samuel as obrigações a que estaria sujeito o povo sob o poder de um rei, como se vê em Samuel 8: ll - 17. Deus diz a Samuel que o rei iria tomar do povo os rebanhos, as lavouras, os filhos e as filhas para escravos. Mas como o povo queria porque queria um rei, Deus mandou Samuel ungir um sujeito chamado Saul que andava a procura de um rebanho de jumentas do seu pai a fim de torná-lo rei, tendo Samuel dito a Saul não haver motivo de preocupação com o prejuízo das jumentas porque como rei, tanto ele quanto sua família teriam à disposição toda a riqueza do povo de Israel. Como se vê, não é de hoje que o povo carrega no lombo o ônus de prover os meios de cobrir os encargos sociais, razão pela qual se trata de uma forma injusta que deve ser corrigida porque está muito enviesado tudo isso aí.  Se o povo tiver tempo de virar gente, perceberá que a finalidade de Deus é fazer o povo encarar como verdade a obrigação de ser o único responsável pelo trabalho pesado de conseguir recursos suficientes até para governante trepar acima das nuvens. Enfim, em razão do sentido atribuído à palavra “democracia” perderam o sentido as palavras “paz” e “civilização”. Inté.
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário