Na
introdução do livro O LIVRO DA ECONOMIA, Editora Globo, está dito que muita
gente começa a se conscientizar da influência da economia sobre a riqueza e o
bem-estar. Acontece, porém, que esse “muita gente” é nada ante a necessidade de
haver interesse em peso, coletivo, sobre esse assunto. Considerando que a
economia é a arte de gerir recursos, a economia política seria a atividade de
gerir o dinheiro público ou erário, portanto, atividade da maior relevância por
depender dela o bem-estar social, do qual depende o bem-estar individual, vez
que este requer o consumo de bens que dependem desse dinheiro ou erário,
dinheiro que os membros da sociedade juntam exatamente para atender suas
necessidades de consumo. E ajuntam uma riqueza fabulosa porquanto resulta da
contribuição que mais de sete bilhões de pessoas fazem diariamente. Todo santo
dia pinga dinheiro, e muito dinheiro, no cofre público. É uma riqueza
incalculável, suficiente para que absolutamente todos os seres humanos possam
satisfazer todas as necessidades exigidas pela vida. Estranhamente, entretanto,
acontece que em função do desinteresse coletivo pela administração desta
riqueza, circunstância esta que vai se juntar ao fato de serem todos os seres
humanos orientados pelo egoísmo, ao “primeiro eu e os meus”, o que resulta em ser
a satisfação pessoal a primeira preocupação de todas as pessoas no mundo, não
sendo diferentes as pessoas às quais a coletividade entrega a exclusiva
responsabilidade pela gestão da imensa riqueza pública ou erário, tem-se como
resultado desta equação que em obediência à cultura milenar do “primeiro eu”
estas pessoas lancem mão do erário para si, os seus e os que os colocam nos
postos de mando exatamente para lhes “facilitar” o cumprimento do dever de
enriquecimento exigido pela cultura do TER. A indiferença pública em relação à
administração do erário é tão grande que as pessoas afirmam preferir ficar
longe dela por ser a coisa suja ou indigna, quando, na realidade, é o contrário.
Com tal comportamento, os seres humanos desprezam a única fonte real de
felicidade como “coisa suja” e transferem para as orações a esperança de ter
saúde, quando ela depende de bons hospitais e eficientes profissionais da área.
Da mesma forma, a educação e a segurança, elementos sem os quais se torna
impossível o bem-estar, na verdade o que para os seres humanos é algo
indescritível a que chamam de felicidade.
Enquanto a
humanidade não tiver a economia política como primeiríssima coisa a merecer
atenção de cada ser humano ao abrir os olhos pela manhã será infrutífera a
busca por uma felicidade impossível de ser encontrada porquanto os seres
humanos sempre agiram de modo a promover a própria infelicidade como
decorrência de se recusarem a reconhecer não mais haver necessidade do medo de
ficar sem ter o que comer e serem compelidos a tomar as provisões das outras
pessoas porque isto impossibilita a harmonia sem a qual se torna impossível
haver a tranquilidade indispensável ao bem-estar também chamado de felicidade.
Não se pode estar tranquilo e ao mesmo tempo com medo da fome, da doença sem
tratamento, de ladrões, de qualquer coisa a ser temida como, por exemplo, a
incapacidade de se alcançar determinado objetivo do qual depende a
sobrevivência, razão pela qual ela, a sobrevivência, não seria motivo de
anseios ou apreensão caso dependesse de todos em vez de depender apenas da
própria pessoa.
Daí ser
irritante pela inutilidade, o papagaiamento dos papagaios de microfone e
ridículos comentaristas políticos e econômicos em torno de quem vai ocupar
determinado cargo, se o modo de exercê-lo visa o enriquecimento de poucos e o
empobrecimento de muitos, dois polos negativos. Os seres humanos só dão foras.
O maior deles é temer a morte e almejar a longevidade. Passada a frugalidade
dos festejamentos, o que resta, como observou o Grande Mestre do Saber
Schopenhauer, o que resta é um caco a ser cuidado pelas outras pessoas. Na
verdade, uma “coisa”, para a qual nenhum interesse despertam os sítios, os
iates, as compras em Me Ame. Sinal de ter chegado um pouco de sabedoria, enfim.
Inté.
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