terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

ARENGA 386


O doutor Carlos Velloso demonstrou comportamento ético quando recusou o Ministério da Justiça por ver nisso a possibilidade de haver influência positiva a favor da clientela de seu escritório de advocacia, uma vez que, segundo informa a jornalista Eliane Cantanhede no Estadão, passaria a ter informações privilegiadas de imenso valor para seus clientes. O mundo da política é mesmo um mundo que precisa ser revisto por ser tão sem pé nem cabeça que uma pessoa pode ser ético ao mesmo tempo em que exerce atividade antiética. Há nobreza no comportamento do doutor Velloso frontalmente contrário ao comportamento das muitas outras pessoas que ocupam cargos públicos para dele usar em benefício próprio ou de alguém. Na história política não é novidade cargo de secretária servir de fachada para concubinas. Portanto, há de se louvar o gesto nobre do doutor Velloso, oposto a tudo que com muita tristeza presenciamos no ambiente putrefato da politicagem como, por exemplo, o doutor Nelson Jobim condenar a tentativa de moralização política da Lava Jato da mesma forma como fazem os declaradamente desonestos. Em sendo banqueiro o doutor Jobim, fica esclarecida sua ojeriza a quem é contra parasitas sociais. Entretanto, se é que há, e não pode deixar de haver ladrão do dinheiro público entre os clientes do escritório do doutor Velloso, não seria antiético defender criminosos cujos crimes levaram os brasileiros à situação aflitiva em que se encontram de completo abandono, como fizeram todos aqueles advogados, entre eles o doutor Thomaz Bastos, no julgamento dos criminosos do Mensalão, e fazem ainda todos os advogados que garantem e assinam embaixo serem inocentes seus clientes sendo eles ladrões ainda mais socialmente prejudiciais do que os milhares que abarrotam as pocilgas/presídios.

O princípio de direito segundo o qual ninguém deve ser condenado sem defesa se justifica plenamente quando há possibilidade de ser inocente o acusado. Mas, em se tratando de políticos, nenhuma possibilidade há de não se tratar de criminoso porque as evidências falam por si sós. A imprensa mostrou um secretário municipal de São Paulo que durante a gestão adquiriu mais de cem imóveis, o que afasta totalmente alguma dúvida quanto existência de ação criminosa. Do mesmo modo, as imensas áreas de terras adquiridas por políticos e mostradas no livro O Partido da Terra, de Alceu Luís Castilho, as acusações constantes dos livros Honoráveis Bandidos, Privataria Tucana e O Chefe, são provas suficientes para condenar os acusados uma vez que não partiram com tudo prá cima dos acusadores como faria qualquer cidadão honrado acusado de ser ladrão. Entretanto, o que se vê são advogados riquíssimos de uma riqueza extraída do produtos de crimes e até mesmo pessoas investidas de autoridade para defender a sociedade defendendo os inimigos dela. Os descendentes destas personalidades torpes haverão de envergonhar-se de tais ascendentes, salvo se portadores do mesmo aleijão moral. É claro que o trabalho dos advogados trazem grandes benefícios à sociedade. Mas, como em toda profissão, há também profissionais com espírito de Midas do tipo o oftalmologista Rui Cunha e o cardiologista Nilzon qualquer coisa cujos espíritos de Midas levaram-nos a encontrar em mim falsa necessidade de cirurgia. Para tais profissionais o dinheiro está acima de qualquer consideração de ordem moral. Mas canalhas desse tipo, felizmente, são minoria. Já fui beneficiado pelo profissionalismo sério e competente do advogado que me salvou de ser vítima da fome de dinheiro dos bancos Bradesco e Itaú. Nem por isso deixa a sociedade de ser prejudicada pelo trabalho dos famosos escritórios de advocacia, entre eles o da mulher do governador do Rio de Janeiro, hoje na prisão por conta de crimes dos quais resultou a situação vexatória dos trabalhadores no serviço público do Rio dependendo da boa vontade da população para que possam se alimentar.

O mundo carece ser repensado porque depois de tanto tempo de existência os seres humanos ainda não concluíram estar num caminho tão errado que produzem sua própria infelicidade. A brutalidade ainda existe até naqueles agrupamentos que se sobressaem entre os demais como os mais civilizados como mostra a notícia de ter sido transmitido ao vivo pelo Facebook um estupro coletivo na Suécia. Há de se cogitar com ênfase sobre o que disse o escritor Nelson Rodrigues: “Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos”. Com a devida permissão, poder-se-ia acrescentar a esta sábia observação esta outra observação que não precisa ter a genialidade do famoso escritor para ser observada e que é a realidade de serem os idiotas que sempre dominaram o mundo depois da invenção da democracia. Se antes dela aqueles que punham a carga no lombo o burro/povo eram levados a os postos de parasitagem por uma questão de nascimento, caso em que o bicho povo não interferia, inventada a democracia são os próprios parasitados que escolhem seus parasitas. Depois de domesticados, os bichos não vivem sem a condução de quem os domesticou, razão pela qual o bicho/povo não pode dispensar liderança. Aí está a massa ignara a lamber o saco de Lula sem que lhe passe pela cabeça a verdadeira pretensão de qualquer líder.

Resulta de idiotia a notícia de que o parceiro de falcatruas de Sergio Cabral, o governador Pezão, será testemunha de defesa do seu companheiro de exploração sobre a massa bruta de cariocas, o que é uma estultice do tamanho do mundo uma vez que a lei não obriga que alguém promova provas contra si mesmo. Os idiotas a que se refere Nelson Rodrigues são, efetivamente, a quase totalidade dos seres humanos, mas não a totalidade. Havendo os que não são idiotas, é injusto, que estas exceções sejam conduzidas por idiotas tão idiotas que ante a aproximação de circunstâncias grandemente infelicitadoras de fome, sede, doenças e um crescer assombroso da violência, como loucos incapazes de um só comportamento coerente, vivem num festejamento inexplicável para quem não foi tomado da idiotia a que se refere o famoso escritor e teatrólogo. A mesma idiotia faz com que sem nenhuma justificativa, seres na realidade menos importantes entre os menos importantes dos humanos sejam considerados tão importantes a ponto de serem reverenciados com riqueza e os termos “famosos” “celebridades” e “excelências”.

Na página 1009 do segundo volume de História da Civilização Ocidental, o historiador Edward Mac Nall Burns diz o seguinte: “Todo aquele que vive muito acima do nível animal recorre constantemente às lições da História”. Acima do nível animal só pode ser interpretado como sendo aqueles que integram a exceção à regra da idiotia. Portanto, tal observação corrobora a afirmação de Nelson Rodrigues porque absolutamente nenhum ninguém que enquadre na sua classificação de idiota se interessa por estudo de história porquanto suas mentes não ultrapassam o interesse pelo exame de urina de jogador de futebola, igreja e axé, enquadrando-se, desta forma, na classificação de animal feita por Burns. Entre as muitas manifestações da idiotia está a afirmação pomposa de não se incomodar com opinião alheia porque os paramentos brincos, tatuagens, etc., são colocados exatamente em função das outras pessoas uma vez que ninguém se enfeita para ser apreciado por si mesmo. Aliás, o escritor/pensador Edimilson Movér afirma que as mulheres se enfeitam muito mais em função das mulheres do que dos homens. Dá o que pensar tal afirmação. Carece absolutamente de fundamento a afirmação de independência pessoal porque as opiniões alheias têm peso imensurável quando se está nu, cagando, trepando, e até mesmo mijando, embora vestido.

Os idiotas a que se referia Nelson Rodrigues são os que formam a massa amorfa de povo. A palavra povo encerra a ideia de coisa insignificante, reles, desqualificada em termos de organização social civilizada porque povo não se incomoda com barulho, grosserias e se interessa por vulgaridades. Mas não são apenas os frequentadores de igreja, axé e futebola que integram a trupe ordinária de povo cuja idiotia atrasou o avanço civilizatório da nossa sociedade quando apoiou o assassinato dos nossos jovens progressistas pelo impropriamente chamado Movimento Revolucionário de 1964, ordenado pelos Estados Unidos. Integram-na também tanto os imbecis que pavoneiam suas montanhas de riqueza na revista Forbes, quanto seus paus-mandados, os papagaios de microfone, escritores e filósofos assalariados e as “autoridades” porque também estes impedem o desenvolvimento civilizatório social por aniquilarem o dinamismo da inteligência jovem que sem a orientação maléfica destes biltres mentais produziria excelentes frutos em vez de imbecilidades como futucar telefone, frequentar igrejas, axé e futebola.  Inté  

 

 

    

      

 

 

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