Não há
dúvida alguma quanto à necessidade de se pôr a pensar. Tanto quanto recomendou
Rodin através de sua escultura O PENSADOR. Num espaço de apenas quarenta minutos
tive dois exemplos da necessidade de se pensar, e muito, sobre a questão da
religiosidade, principalmente. Ao cumprir o vício de saber o que dizem os
jornais, dei com a seguinte notícia na Folha de São Paulo: VEREADORA SE RECUSA
A LER BÍBLIA EM SESSÃO E GERA POLÊMICA EM ARARAQUARA. Trata-se da bela jovem
estudante de direito Thainara Faria, que estreia com brilho sua carreira
política ao demonstrar compreensão de haver necessidade de novos ares que
soprem prá bem longe o ar bolorento da tradição milenar enraizada na
personalidade da massa ignorante incapaz de perceber não ser Deus o criador da
religiosidade, mas a religiosidade a criadora de Deus. O historiador Henry
Thomas afirma ser bem provável que Deus e os governantes tenham tido sua origem
num pé de trigo. A explicação seria a seguinte: No lugar onde primeiro se
formou o maior agrupamento de seres humanos, o Egito, a vida dependia do trigo,
alimentação básica. Como se desconhecia o cultivo, as plantas para serem
colhidas existiam espontaneamente ao sabor das enchentes do Rio Nilo. Da
circunstância que diferencia os seres humanos tanto no físico quanto no
psíquico resultou que alguns espécimes humanos tenham maior capacidade de
percepção do que outros. Infelizmente, porém, esta circunstância sempre levou os
de maior percepção a usar desta faculdade para tirar proveito dos demais. Foi
assim que ao perceber a germinação do trigo, em vez de comunicar aos demais
aquela grande descoberta, os observadores teriam se aproveitado para se fazer
representante de deuses, passando a serem encaradas como pessoas “diferentes”.
Para perpetuar e ampliar a vantagem desta “diferença”, inventaram um Deus para
representar e um governo para chefiar. Daí afirmar o historiador que Deus e os
faraós tiveram origem num pé de trigo.
Depois da auspiciosa
notícia da lucidez da jovem vereadora, dois fatos confirmaram a insistência
deste mal amanhado blog quanto à necessidade de se analisar o que se ouve e lê.
O primeiro deles foi encontrar entre os comentários à notícia sobre o
comportamento elogiável da jovem vereadora, quem a censurasse sob alegação de
ser o Brasil um país cristão. Elevando o pensamento acima da mediocridade de
BBB, “famosos” e “celebridades”, face o estado de miséria e choro que denuncia
sofrimento, conclui-se pela necessidade de deixar o Brasil de ser cristão,
razão pela qual aquela jovem merece ser elogiada e não criticada. O segundo
acontecimento que também leva à conclusão da necessidade de pensar, ocorreu
quando dei com dois trabalhadores cada um portando no ombro um fardo da mudança
de alguém que deixa nosso prédio e ouvi um deles dizer que Deus é muito bom. Aí
está a realidade percebida pela sociologia quando afirma ser maior o atraso
mental de um povo de determinada comunidade quanto maior for o número de
igrejas e farmácias. Depois de passada a vitalidade daquele trabalhador braçal
e chegar seu aneurisma cerebral, Deus o internará no Sírio Libanês? É triste
saber que este distanciamento da realidade é fomentado por aqueles a quem a
natureza dotou de maior capacidade de percepção, mas que a usam tão mal que os
benefícios pretendidos com esse mal uso se convertem em malefícios para todos,
independentemente de serem ou não cristãos. Inté.
Nenhum comentário:
Postar um comentário