quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

ARENGA 370


Não há dúvida alguma quanto à necessidade de se pôr a pensar. Tanto quanto recomendou Rodin através de sua escultura O PENSADOR. Num espaço de apenas quarenta minutos tive dois exemplos da necessidade de se pensar, e muito, sobre a questão da religiosidade, principalmente. Ao cumprir o vício de saber o que dizem os jornais, dei com a seguinte notícia na Folha de São Paulo: VEREADORA SE RECUSA A LER BÍBLIA EM SESSÃO E GERA POLÊMICA EM ARARAQUARA. Trata-se da bela jovem estudante de direito Thainara Faria, que estreia com brilho sua carreira política ao demonstrar compreensão de haver necessidade de novos ares que soprem prá bem longe o ar bolorento da tradição milenar enraizada na personalidade da massa ignorante incapaz de perceber não ser Deus o criador da religiosidade, mas a religiosidade a criadora de Deus. O historiador Henry Thomas afirma ser bem provável que Deus e os governantes tenham tido sua origem num pé de trigo. A explicação seria a seguinte: No lugar onde primeiro se formou o maior agrupamento de seres humanos, o Egito, a vida dependia do trigo, alimentação básica. Como se desconhecia o cultivo, as plantas para serem colhidas existiam espontaneamente ao sabor das enchentes do Rio Nilo. Da circunstância que diferencia os seres humanos tanto no físico quanto no psíquico resultou que alguns espécimes humanos tenham maior capacidade de percepção do que outros. Infelizmente, porém, esta circunstância sempre levou os de maior percepção a usar desta faculdade para tirar proveito dos demais. Foi assim que ao perceber a germinação do trigo, em vez de comunicar aos demais aquela grande descoberta, os observadores teriam se aproveitado para se fazer representante de deuses, passando a serem encaradas como pessoas “diferentes”. Para perpetuar e ampliar a vantagem desta “diferença”, inventaram um Deus para representar e um governo para chefiar. Daí afirmar o historiador que Deus e os faraós tiveram origem num pé de trigo.

Depois da auspiciosa notícia da lucidez da jovem vereadora, dois fatos confirmaram a insistência deste mal amanhado blog quanto à necessidade de se analisar o que se ouve e lê. O primeiro deles foi encontrar entre os comentários à notícia sobre o comportamento elogiável da jovem vereadora, quem a censurasse sob alegação de ser o Brasil um país cristão. Elevando o pensamento acima da mediocridade de BBB, “famosos” e “celebridades”, face o estado de miséria e choro que denuncia sofrimento, conclui-se pela necessidade de deixar o Brasil de ser cristão, razão pela qual aquela jovem merece ser elogiada e não criticada. O segundo acontecimento que também leva à conclusão da necessidade de pensar, ocorreu quando dei com dois trabalhadores cada um portando no ombro um fardo da mudança de alguém que deixa nosso prédio e ouvi um deles dizer que Deus é muito bom. Aí está a realidade percebida pela sociologia quando afirma ser maior o atraso mental de um povo de determinada comunidade quanto maior for o número de igrejas e farmácias. Depois de passada a vitalidade daquele trabalhador braçal e chegar seu aneurisma cerebral, Deus o internará no Sírio Libanês? É triste saber que este distanciamento da realidade é fomentado por aqueles a quem a natureza dotou de maior capacidade de percepção, mas que a usam tão mal que os benefícios pretendidos com esse mal uso se convertem em malefícios para todos, independentemente de serem ou não cristãos. Inté.        

 

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