segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

ARENGA 367


Se até na “civilizada” sociedade alemã se faz pesquisa para saber a quantidade de cerveja que fica grudunhada nos bigodes dos bebedores, não há o que estranhar se entre os brasileiros de triste memória se pesquisa sobre o desinteresse dos jovens quanto ao seu futuro, conforme notícia na imprensa. De se estranhar, e muito, é o fato de desconhecerem os pesquisadores a realidade há muito afirmada neste mal amanhado blog de ter sido a mentalidade dos jovens reduzida a um monte de lixo em decorrência da orientação recebida pelas crianças de serem Deus e dinheiro os polos de onde emana felicidade. Uma vez deformada a personalidade pela falsidade desta orientação, permanecerá ela deformada por não ser a personalidade como uma plantinha torta que se corrige amarrando-a a uma estaca com barbante. A dificuldade de corrigir uma personalidade depois de deformada foi magnificamente mostrada por Platão no Mito da Caverna. A falta de ligação dos jovens com seu próprio futuro foi detectada pela sensibilidade inerente à mentalidade criadora de Maurício de Souza, o criador da Turma da Mônica. A experiência de oitenta anos de vida juntamente com a perspicácia inerente à criatividade o levou a declarar haver necessidade de uma educação voltada a preparar o jovem para a velhice. Realmente, tal orientação levaria os jovens a se preocuparem com o futuro, coisa que erradamente consideram desnecessária por acreditarem ser inesgotável o botijão de gás que alimenta a chama da vitalidade, escapando-lhes a realidade observada por Schopenhauer de que esta chama vai diminuindo, esvaindo, até restar daquilo que foi um vigoroso jovem campeão disso ou daquilo apenas um “caco” jogado num canto. A esta observação cabe ajuntar outra: Quanto maior a evolução espiritual, menos “caco” sentirá ser aquele que chegou à situação de “caco”. Para se concluir estar a juventude caminhando rumo ao nada, ao vazio, ao caos, por se preocupar com o dia de amanhã apenas em termos de Deus e dinheiro não há necessidade de pesquisa. Basta olhar em volta e ver quais as companhias preferidas pelos jovens. Se para eles verdadeiras nulidades espirituais são paparicadas como “celebridades”, ajuntando-se a esta realidade aquela outra que diz “quem com porcos anda farelos come”, conclui-se ter sido a juventude tomada por assombrosa mediocridade mental que impossibilita nos jovens atitudes inteligentes como a meditação sobre o futuro porque se assim fosse haveria a percepção de haver algo de muito errado na maneira de viver ante a realidade de se estar condenando a vida à extinção.

Não podendo a juventude encontrar felicidade em Deus uma vez que Deus não existe, nem podendo encontrá-la no dinheiro que lhes garantiria a satisfação das necessidades primárias por se encontrar o dinheiro em mãos de apenas um por cento dos seres humanos, encontra-se a juventude num vazio mental que dá origem à seguinte notícia publicada no jornal Folha de São Paulo: Rolezinhos do beijo lotam marquise do Ibirapuera com até 20 mil jovens. Entre eles, uma jovem justifica tal comportamento para não ficar sem fazer nada. Aí está a monstruosidade que fizeram com os pobres e infelizes jovens reduzidos a uma mediocridade tão acentuada que os priva da capacidade de lutar pelo seu bem-estar, entregando-se ao infeliz destino traçado pelos monstruosos Reis Midas do mundo e sua sede satânica de ajuntar riqueza, objetivo que para ser alcançado faz-se necessário relegar noventa o nove por cento dos seres humanos à impossibilidade de se elevarem espiritualmente e se sentirem felizes com apenas pão e circo distribuídos pelas “celebridades” e “famosos” regiamente pagos para tão inglória tarefa.

Para salvação do mundo, faz-se necessária uma pesquisa que esclareça o motivo pelo qual não se ensina às crianças a necessidade de respeito mútuo no lugar do “levar vantagem” do qual resultam seres tão infelizes quanto Sérgio Cabral, Eduardo Cunha, Marcelo Odebrecht e tantos outros que logo serão seus companheiros de infortúnio. Tivessem esses infelizes recebido quando crianças uma educação da qual resultassem personalidades imbuídas de honradez e bom caráter não estariam agora naquela situação de sofrimento e humilhação. Será que no meio de tantos doutores não há quem perceba a necessidade de deixar de lado o cachimbo da tradição cujo uso entortou a boca do mundo? Inté.

 

 

 

 

 

 

 

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