quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

ARENGA 375


Faz bem quem se liga em assuntos políticos porque é da política que depende o futuro. Assim, não desejando passar pela vida como mero condutor de comida e enchedor de latrinas, ao consultar os jornais como faz quem não seja analfabeto político, vi na Folha de São Paulo uma foto do prefeito dos paulistanos paramentado em trajes esportivos com a notícia de dirigir um carro esportivo, o que me lembrou Fernando Collor e suas atividades esportivas entre as quais fazer devorteios no céu, brincando de queimar combustível num avião de guerra. Como procuro participar da vida política, comentei a notícia do seguinte modo: “É o papel carbono do Collor”, que mereceu a seguinte contestação por parte de outro leitor da Folha: “Você está viajando, amigo. Volta para o reduto da estrela vermelha vai...”. Trata-se, evidentemente, de pessoa educada meu contestador, e agradeço pelo “amigo”. Entretanto, faço ver ao meu desconhecido amigo tratar-se de engano ao me supor petista. Tenho dado mostra em várias oportunidades de desacreditar nos partido políticos que transformaram em politicagem a Ciência Política. O modo tradicional de administração pública objetiva exatamente a desordem porquanto ela promove uma confusão tão grande que o errado passa a ser considerado correto como a norma segundo o qual o mais capaz (na verdade, mais “esperto”) arranca da sociedade os recursos que a todos deveriam servir, resultando daí nos lucros fabulosos dos bancos, na estupidez de se transformar em negociatas a produção de alimentos, saúde, segurança, fornecimento de água, energia e moradia, elementos que não obstante sua indispensabilidade à comodidade de todos, viraram objeto de especulação da qual resultam bilionários fazendo pose na revista Forbes sob indiferença coletiva, não obstante ser a causa da violência que a todos infelicita graças à falta dos recursos abocanhados pela lepra mental que corroe a harmonia social. Devem-se à ação predadora destes biltres espirituais notícias como estas estampadas na imprensa: “Bebê é baleado no colo do padrasto”. “Confederação de automobilismo deu R$ 780 mil a parente de cartola”. Pai corta o pescoço das duas filhas”. “Estudo demonstra, a partir de dados do IBGE: 0,91% dos proprietários rurais têm 45% das terras; e quanto maior a concentração, pior o IDH. Mas crédito oficial continua favorecendo o latifúndio”.

Esta última notícia sobre concentração de terras é a causa da deterioração da vida nas grandes cidades para onde vão as pessoas do campo expulsos de lá pelos gigolôs da terra, parasitas da sociedade. Na página 21 do livro Partido da Terra, de Alceu Luís Castilho, dá notícia de 38 senadores possuidores de 78.573 hectares. Na página 23, dois vice-prefeitos possuem respectivamente R.$1,2 e R.$1,5 milhão em equipamentos agrícolas sem nenhum hectare declarado à justiça eleitoral. Na página 34, um prefeito dono de uma fazenda de 3.128 hectares, e nas páginas 72 e 73 estão listados vários políticos proprietários de grandes áreas. Também os livros República da Propina, de Márlon Reis, Os Bem$ Que Os Políticos Fazem, Operação Banqueiro, de Rubens Valente, Assalto ao Poder, de Carlos Amorim, Honoráveis Bandidos, de Palmério Dória, Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Júnior e O Chefe de Ivo Patarra, relatam a distorção da finalidade da administração pública. Assim, meu amigo desconhecido, como esperar algo da política tradicional, se dela resultam coisas desse tipo? Na verdade, carecemos de algo novo, uma nova cultura que oriente na direção de um caminho não pavimentado de sofrimento e miséria como o caminho pelo qual sempre caminhou a humanidade. Ou a juventude se empenha nisso ou será tão lamentável seu futuro que nem haverá lugar para os festejamentos ainda em voga. Inté.

 

 

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