O carnaval
torna as multidões tão tresloucadas que os órgãos governamentais, segundo a
imprensa, distribuíram esse ano milhões de camisinhas, o que significa que as
pessoas irão trepar alucinadamente porque em época normal não existe tamanha
preocupação do governo com sua incapacidade de assistir os nascimentos
provenientes das trepadas normais. A facilidade com que o bicho povo se deixa
levar pela influência do ritmo das marchinhas e o efeito do álcool significa
que existe também sobre a mentalidade a mesma recusa que existe em se
envelhecer fisicamente, razão pela qual os seres humanos têm o mesmo
comportamento de crianças quando ao lado de uma fogueira ou em alguma
comemoração adultos e crianças se comprazem no mesmo divertimento de pipocar
bombas. É este comportamento puramente visionário de se apegar à juventude de
forma tão arraigada que leva a procedimentos rejuvenescedores que além de não
raro levar à morte, têm resultados só aparentemente satisfatórios, mesmo
porque, como lembra Cazuza, o tempo não para. O pior da recusa em recusar sair
da mediocridade mental o fato notório de que em função desta recusa a
humanidade descamba ladeira abaixo tão despinguelada quanto caminhão na
banguela rumo ao desastre. O exercício do pensamento está limitado apenas à
materialidade da qual a vida não pode prescindir. Além da rotina da luta pelos
meios necessários à sobrevivência a capacidade mental não leva as pessoas além
dos mundos do divertimento e da religiosidade, ambos apropriados para serem
habitados por mentalidades infantis. Se no primeiro desses mundos existe quem eleva
à categoria de famosos e celebridades pessoas cujos méritos são expor ao público
nudez e tendências sexuais, principalmente se pelo mesmo sexo, no segundo
mundo, o da religiosidade, encontramos um assistente de Deus, por ordem Dele e
para Seu deleite executando o seguinte trabalho: “Ele (Abrão, o assistente),
tomando todos estes animais (uma novilha, uma cabra e um cordeiro ambos de três
anos, uma rola e um pombinho) partiu-os pelo meio e lhes pôs em ordem as
metades, umas defronte das outras; e não partiu as aves. Aves de rapina desciam
sobre os cadáveres, porém Abrão as enxotava” (Gênesis 15:10-ll). Absolutamente
nada, pois, a não ser a imaturidade para justificar a presença de tantos
adultos nesses mundos infantis.
O mundo
estaria melhor se em vez de se debruçar sobre governos, democracia,
totalitarismo, esquerda, e direita dirigisse sua atenção para o impasse
existente na questão de não poder prescindir dos governantes e, em função da
imaturidade humana, não ser possível haver governante algum cuja atenção vá
além do próprio umbigo. Se a História mostra que as chamadas civilizações se
desenvolveram com maior vigor nos lugares para os quais acorria maior número de
pessoas, sobretudo de culturas diferentes, não se admite que no mundo moderno
onde se integram as diversas culturas a evolução mental se recusa a acontecer e
as pessoas permanecem tão infantis que se encantam com queima de fogos, corrida
de carros e de equídeos, inclusive na São Silvestre. O isolamento, sim,
justifica a incivilização. Certas comunidades isoladas, ainda atualmente
permanecem no primitivismo. O instituto da inimputabilidade no qual o direito
abriga as pessoas mentalmente incapazes pode ser estendido à humanidade porque
o mundo abriga uma população tão mentalmente incapaz que está a promover sua
própria ruína em função de um corre-corre desenfreado e alucinante semelhante
ao do rato na presença do gato bom de caça. Corre-se pelo emprego, do ladrão ou
da polícia, mas estão todos sempre correndo, numa intranquilidade da qual
resulta a própria infelicidade. Inté.
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