domingo, 19 de março de 2017

arenga 397


No depoimento à justiça, o empresário Emílio Odebrecht se referiu a Palocci, preso por banditismo, como Homem de visão, um estadista. No Brasil, homem de visão e estadista vai prá cadeia por crime de lesa pátria, o que dá razão à chanceler venezuelana ao afirmar ser o Brasil uma vergonha para o mundo. O que acontece com este nosso país? Se a imprensa de determinado grupo social é o espelho que reflete a alma desse grupo, considerando “alma” não um fantasma do outro mundo como pensam os frequentadores de igreja, axé e futebola, a mais pura nobreza de sentimento, a alma de nossa sociedade está tão podre quanto as carnes que alimentam as crianças brasileiras e que animam alegres adultos em cervejas e churrascos aos domingos. Ao comtemplar a parte da imprensa que reflete a alma do convívio social, eis o que nos apresenta o noticiário: “Mulher de Tiririca declara que ele é bonito e gostoso. Nana Magalhães, a esposa gata de Tiririca, está dando o que falar por aí. Desta vez, a modelo resolveu fazer declarações picantes sobre a intimidade dos dois. // Mariana Goldfarb conta que Cauã Reymond dá palpite em suas roupas. // Carolina Dieckmann contou que sofreu muito durante as gestações de seus dois filhos. // Sou bem-resolvido com o tamanho do meu pau, mas já ouvi dizer que a grossura importa mais na hora de satisfazer uma mulher. Qual a circunferência ideal? // Thammy declara que homens dão prá cima dele”. Aí está, pois, apenas uma lambiscadinha da mostra de nossa alma social. Estas são as personalidades célebres e famosas que o espelho reflete.

No que se refere à administração pública, então, é de morrer de vergonha tanta canalhice. Em matéria no Jornal do Brasil, intitulada “Só a rua salva a Lava-Jato”, a alta técnica jornalística de Hélio Gaspari em apenas uma frase: “Todos operam no caixa dois, diz o coro, mas eu nunca operei, responde cada um dos cantores” mostra o mar de lama em que chafurda esta sociedade da qual os sentimentos nobres fogem como o diabo da cruz. É de espantar como homens da envergadura moral de Jarbas Vasconcelos consegue se aludir à trupe de parasitas do erário chamando-os de colegas. São criminosos chamados de “excelências” que roubam descaradamente o dinheiro do leite das crianças e justificam enriquecimento misterioso negando as acusações, no que são apoiados por advogados de escritórios milionários que de olho no produto do roubo garantem serem falsas as acusações. No mesmo jornal, outras notícias dão conta de um conluio entre “autoridades” e frigoríficos para vender carne podre à população, e o governo, advogando o crime desses criminosos, tal qual os ricos escritórios de advocacia, minimiza tal absurdo. Se para o governo é irrelevante que a população seja envenenada, prá que governo, então? Outra notícia do mesmo Jornal do Brasil dá conta de não se poder mais apurar a denúncia contra Aécio Neves por ter vencido o prazo de validade. Tá certo tamanho absurdo? Então o sujeito rouba o dinheiro do leite das crianças e fica por isso mesmo? Que sociedade é Esta? Mais adiante, o mesmo jornal noticia que mulher de “autoridade” gastou oito vezes a renda que declara possuir. De onde teria vindo o excedente, senão do bolso dos frequentadores de igreja, axé e futebola? Passando para outro jornal, A Folha de São Paulo, aquele que demitiu do quadro de colunistas o Guilherme Boulos por ser um defensor dos fracos e oprimidos que a genialidade de Chico Anísio na figura do deputado Justo Veríssimo queria e a Folha de São Paulo quer que se explodam, dá-se com notícia de que há cinquenta anos Costa e Silva assumiu a Presidência com a promessa de promover o bem geral do país. Tendo em vista que o país continua na mesma merda, conclui-se pela inutilidade dos governos. Outra notícia dando conta de que a incidência de câncer colorretal aumenta entre os mais jovens, evidencia algo de muitíssimo errado no modo de condução da juventude inexperiente. Mais outra notícia dá conta de que um dos ladrões do erário, um tal de Youssef, passa a regime aberto com dívida de R$ 1 bi, dinheiro também tirado da sociedade que vai dar vida faustosa ao meliante. Outro ladrão do erário, um tal de Nestor Cerveró, além de ter liberada sua mansão no Rio de Janeiro, seu advogado que ficará com uma parte do roubo diz que a dívida de seu cliente é impagável. Assim, fica o bandidão de um olho prá cima e outro prá baixo livre para curtir vida faustosa às custas da manada que se dependura no corrimão dos coletivos rumo às senzalas. Que sociedade é esta? Passando para outro jornal, O Globo, tem-se que a diretoria da H. Stern vendeu para o governador Cabral seis milhões e joias, o que desmente a existência de controle sobre o uso do dinheiro público pelos tribunais de conta entre cujos membros também existem ladrões, o que não pode deixar de ser em se tratando desta vergonha de país, no qual, como disse a doutora Eliana Calmon, há bandidos de toga. Isto lá é país? O mesmo jornal noticia também que Romero Jucá, presidente do PMDB, propõe que mais de R$ 3 bilhões de reais sejam destinados a campanhas políticas e que Lula recebeu quase R$ 1 milhão em 2015 de empresa de palestras. É simplesmente inadmissível que a sociedade aceite não só privar-se de um dinheiro daquele tamanho a ser gasto para convencê-la a votar em ladrões para assaltá-la, mas também ser tão boba a ponto de ser convencida de que um analfabeto ganhe um milhão fazendo palestras. O que tem um analfabeto a ensinar? Ao voltar os olhos para a Carta Capital, damos com o seguinte: “Suruba é a palavra perfeita para descrever Brasília atualmente. Os poderosos perderam o pudor, o ambiente é de alegre promiscuidade. Dizem o que pensam e defendem para o País, sem vergonha de parecerem machistas, elitistas, hipócritas, espertalhões, e ainda mergulham em conchavos para salvar a pele de todos e dos amigos contra a Operação Lava Jato. Na mesma revista: “Reforma da Previdência ignora 426 bilhões devidos por empresas ao INSS. Dívida é o triplo do déficit anual calculado pelo governo. Entre as devedoras, estão as maiores do país, como Bradesco, Caixa, Marfrig, JBS e Vale.  Enquanto propõe que o brasileiro trabalhe por mais tempo para se aposentar, a reforma da Previdência Social ignora os R$ 426 bilhões que não são repassados pelas empresas ao INSS. O valor da dívida equivale a três vezes o chamado déficit da Previdência em 2016”.

Esta é a alma da sociedade brasileira refletida no espelho representado pela imprensa. Não há termo capaz de definir a estupidez de uma juventude que chafurda num merdeiro desse tamanho rumo ao caos em vez de articular pacifica e inteligentemente uma sociedade espiritualmente sadia onde seus filhos tivessem paz, água sem bosta, comida sem veneno administração e não respirassem a podridão fedorenta que exala de Brasília. Um pê esse para terminar: Se Lula processou o procurador Dallagnol por acusá-lo de chefe de quadrilha e roubo, por que não processou Ivo Patarra, autor do livro O Chefe, que o acusa dos mesmos crimes? Inté

 

 

 




 

 

 







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