A falta de evolução espiritual torna
as pessoas que fazem o povo mais propensas às atividades baseadas no vigor
físico do que no vigor intelectual ou espiritual. A explicação para isto se
encontra no cerne da cultura do venha a mim e os outros que danem que por ser
incompatível com vida comunitária precisa a todo custo manter a atenção do povo
(facilmente influenciável) desviada dos problemas por ela causados. Multidões
são tomadas de êxtase quando brutamontes se engalfinham em monumental
pancadaria cuja consequência é chegarem a uma velhice infelicitada pela
síndrome do boxeador. Fortunas imensas, suficientes para acabar com fome no
mundo, são gastas pelos equivocadamente acreditam haver vantagem em manter o
povo na ignorância política para sobre ele tirar vantagem. Na execução deste
plano perverso e diabólico de impedir a evolução mental da humanidade de modo tão
absoluto que se inverteram os valores sociais. As cantoras, por exemplo, não se
destacam pelo canto, mas por apelo ao sexo na exposição do corpo em insinuações
de erotismo. Os cantores, de voz esganiçada e enjoativa, fazem tão grande
sucesso que se tornam milionários e famosos. Tais cantoras e cantores envergonhariam
Elizete Cardoso, Nana Caymmi, Edith Piaf, Montserrat Caballé, Carlos Gardel,
Caruso e tantos outros cantores e cantoras que se notabilizaram pela qualidade
do canto sem necessidade de aproveitar de um público sem conhecimento do que
seja arte.
Esta triste realidade condena a
sociedade humana a um eterno atraso. Como diz Vinicius Bittencourt em Falando
Francamente, os seres humanos fogem dos livros como o diabo da cruz. A esse
respeito, a cartunista Laerte aproveitou o monumento em forma do livro da
Constituição Federal erguido na Esplanada dos Ministérios para se referir também
e de forma magistral à ojeriza do povo pelos livros. Na charge da artista, diante
do monumento, uma pessoa faz a pergunta “por que um livro?” E a resposta e a seguinte:
“funciona como repelente. Eles têm pavor aos livros.” Pronto! Segundo o
raciocínio brilhante da cartunista e lembrando a afirmação do pensador de que
uma imagem vale mais que mil palavras, a também pensadora Laerte tornou
desnecessária toda essa arenga em torno de prevenção contra novas investidas aos
símbolos do poder democrático porque tendo pavor a livros, ao darem de cara com
um baita livrão, os bagunceiros debandarão para nunca mais. Entretanto, há um
porém: sendo os responsáveis pela atividade política pessoas do povo, portanto,
também não afeitos aos livros, restarão apenas gatos pingados para tantos
prédios vazios.
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