quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

ARENGA 712

 

A falta de evolução espiritual torna as pessoas que fazem o povo mais propensas às atividades baseadas no vigor físico do que no vigor intelectual ou espiritual. A explicação para isto se encontra no cerne da cultura do venha a mim e os outros que danem que por ser incompatível com vida comunitária precisa a todo custo manter a atenção do povo (facilmente influenciável) desviada dos problemas por ela causados. Multidões são tomadas de êxtase quando brutamontes se engalfinham em monumental pancadaria cuja consequência é chegarem a uma velhice infelicitada pela síndrome do boxeador. Fortunas imensas, suficientes para acabar com fome no mundo, são gastas pelos equivocadamente acreditam haver vantagem em manter o povo na ignorância política para sobre ele tirar vantagem. Na execução deste plano perverso e diabólico de impedir a evolução mental da humanidade de modo tão absoluto que se inverteram os valores sociais. As cantoras, por exemplo, não se destacam pelo canto, mas por apelo ao sexo na exposição do corpo em insinuações de erotismo. Os cantores, de voz esganiçada e enjoativa, fazem tão grande sucesso que se tornam milionários e famosos. Tais cantoras e cantores envergonhariam Elizete Cardoso, Nana Caymmi, Edith Piaf, Montserrat Caballé, Carlos Gardel, Caruso e tantos outros cantores e cantoras que se notabilizaram pela qualidade do canto sem necessidade de aproveitar de um público sem conhecimento do que seja arte.

Esta triste realidade condena a sociedade humana a um eterno atraso. Como diz Vinicius Bittencourt em Falando Francamente, os seres humanos fogem dos livros como o diabo da cruz. A esse respeito, a cartunista Laerte aproveitou o monumento em forma do livro da Constituição Federal erguido na Esplanada dos Ministérios para se referir também e de forma magistral à ojeriza do povo pelos livros. Na charge da artista, diante do monumento, uma pessoa faz a pergunta “por que um livro?” E a resposta e a seguinte: “funciona como repelente. Eles têm pavor aos livros.” Pronto! Segundo o raciocínio brilhante da cartunista e lembrando a afirmação do pensador de que uma imagem vale mais que mil palavras, a também pensadora Laerte tornou desnecessária toda essa arenga em torno de prevenção contra novas investidas aos símbolos do poder democrático porque tendo pavor a livros, ao darem de cara com um baita livrão, os bagunceiros debandarão para nunca mais. Entretanto, há um porém: sendo os responsáveis pela atividade política pessoas do povo, portanto, também não afeitos aos livros, restarão apenas gatos pingados para tantos prédios vazios.

 

 

 

 

 

 

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