“Como poderemos nos beneficiar das promessas do governo e ao
mesmo tempo evitar a ameaça que um Estado forte representa para a liberdade
individual?”. Esta é
uma questão levantada no livro CAPITALISMO E LIBERDADE, do intelectualíssimo e
doutoríssimo Milton Friedman, um dos pensadores econômicos mais relevantes da
história, merecedor do Nobel de Economia, e coisa e tal. Este cantinho de
pensar tem insistido no inutilidade das excelentíssimas figuras do mundo da
intelectualidade no que diz respeito àquilo de que mais necessita a humanidade
que é perceber o tamanho da inconsequência a que foram levados os seres humanos
a viver. Mestre Rousseau levantou a questão de que ao firmar o contrato pelo
qual é cedido ao Estado o poder de impor a ordem seria inconcebível que um povo
aceitasse um contrato do qual apenas obrigações lhe coubessem. Entretanto, ao
povo resta apenas a obrigação de pôr em funcionamento a máquina de fazer a
riqueza dos Midas do mundo, realidade a que a intelectualidade do Best Sellers
e Móbeis é indiferente.
Na questão que abre essa “prosa”, por
exemplo, é possível a quem tem o pé no chão acreditar em promessa de governo?
Alguém já viu algum governo fazer o que diz que vai fazer? Já viu algum
candidato dizer que vai se aproveitar do cargo para levar vantagem, o que eles realmente
fazem? Mas a ninguém preocupa esta realidade. Enquanto assuntos de importância
nenhuma merece atenção das pessoas do povo, assuntos que têm tudo a ver com sua
qualidade de vida são como se não lhes dissessem respeito como esta questão de
o governo não fazer o que tem obrigação de fazer e ver o governante do mesmo
modo como viam súdito de reis medievais como figura divina a quem era devida
devoção.
Além do mais, o doutor Milton
Friedman parece não perceber que a fim de vir o povo a se beneficiar não das
promessas porque destas estamos escaldados, mas de realizações do governo nada
mais é preciso do que superar o analfabetismo político e saber que tem direito
a tais realizações. Um povo esclarecido debate questões de governo e não apenas
de futilidades como acontece.
No mesmo descompasso está a segunda parte
da questão levantada por doutor Friedman porque se o Estado existe para coibir
a brutalidade inata do ser humano, tem necessariamente de ser forte e nunca um
estado tão maria-vai-com-as-outras que bota o rabo entre as pernas diante da
bandidagem, e suas autoridades não mostram a cara em público para não se verem
desmoralizadas por xingamento. Não é esta a qualidade de um Estado ao qual povo
nenhum deve se submeter.
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