domingo, 21 de janeiro de 2024

ARENGA 713

 “Como poderemos nos beneficiar das promessas do governo e ao mesmo tempo evitar a ameaça que um Estado forte representa para a liberdade individual?”. Esta é uma questão levantada no livro CAPITALISMO E LIBERDADE, do intelectualíssimo e doutoríssimo Milton Friedman, um dos pensadores econômicos mais relevantes da história, merecedor do Nobel de Economia, e coisa e tal. Este cantinho de pensar tem insistido no inutilidade das excelentíssimas figuras do mundo da intelectualidade no que diz respeito àquilo de que mais necessita a humanidade que é perceber o tamanho da inconsequência a que foram levados os seres humanos a viver. Mestre Rousseau levantou a questão de que ao firmar o contrato pelo qual é cedido ao Estado o poder de impor a ordem seria inconcebível que um povo aceitasse um contrato do qual apenas obrigações lhe coubessem. Entretanto, ao povo resta apenas a obrigação de pôr em funcionamento a máquina de fazer a riqueza dos Midas do mundo, realidade a que a intelectualidade do Best Sellers e Móbeis é indiferente. 

Na questão que abre essa “prosa”, por exemplo, é possível a quem tem o pé no chão acreditar em promessa de governo? Alguém já viu algum governo fazer o que diz que vai fazer? Já viu algum candidato dizer que vai se aproveitar do cargo para levar vantagem, o que eles realmente fazem? Mas a ninguém preocupa esta realidade. Enquanto assuntos de importância nenhuma merece atenção das pessoas do povo, assuntos que têm tudo a ver com sua qualidade de vida são como se não lhes dissessem respeito como esta questão de o governo não fazer o que tem obrigação de fazer e ver o governante do mesmo modo como viam súdito de reis medievais como figura divina a quem era devida devoção.

Além do mais, o doutor Milton Friedman parece não perceber que a fim de vir o povo a se beneficiar não das promessas porque destas estamos escaldados, mas de realizações do governo nada mais é preciso do que superar o analfabetismo político e saber que tem direito a tais realizações. Um povo esclarecido debate questões de governo e não apenas de futilidades como acontece.

No mesmo descompasso está a segunda parte da questão levantada por doutor Friedman porque se o Estado existe para coibir a brutalidade inata do ser humano, tem necessariamente de ser forte e nunca um estado tão maria-vai-com-as-outras que bota o rabo entre as pernas diante da bandidagem, e suas autoridades não mostram a cara em público para não se verem desmoralizadas por xingamento. Não é esta a qualidade de um Estado ao qual povo nenhum deve se submeter.     

     

 

 

 

 

 

 

 

  

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