Coisas
aparentemente insignificantes para quem ainda não aprendeu a pensar podem ter grande
significação para quem medita ou pensa sobre as informações de qualquer tipo
que lhe chegam. No supermercado, um pai pegou na prateleira e colocou na boca
de um seu filho, um garotinho de cerca de cinco anos, um instrumento semelhante
a uma corneta, apropriado para fazer barulho durante o jogo de futebola, para
que o garotinho assoprasse, o que fez a inocente criança, causando um barulho
insuportável ao qual as demais pessoas presentes eram tão indiferentes quanto
aquele garoto e seu igualmente inocente pai. Embora muitas outras pessoas
participassem daquele acontecimento, garanto e assino embaixo que ninguém mais
ali, pela indiferença de suas expressões, sabia estar sendo prejudicado em sua
saúde ao ser alcançado pelo barulho. Quem quiser saber os danos provenientes do
barulho basta pedir ao amigão Google algo relacionado com “lei do silêncio”, ou
“declaração da ONU sobre barulho”. Qualquer coisa nesse sentido leva a uma recomendação
dos cientistas daquela instituição aos governos do mundo para tomar por
prioridade o combate ao ruído dados os malefícios dele decorrentes. Para se ter
uma idéia, o barulho causa envelhecimento precoce e impotência sexual, entre
infinitos outros danos, inclusive levar jovens a disparar metralhadora sobre
outros jovens.
Não há como
se entender como presunção a afirmativa categórica de que ninguém mais teria se
sentido prejudicado em nada. O fato de eu me sentir prejudicado e ninguém mais
dos que lá estavam explica-se por outro fato de ser eu o único velho presente
ao acontecimento, e, por esta justa razão, conhecedor de alguns dos muitos ensinamentos
dos Grandes Mestres do Saber, coisa que passa ao largo das preocupações dos
jovens que por isso mesmo nada sabem de sociabilidade e cidadania, como também
nunca saberá o adulto em que se tornará aquela criança que o pai ensina não
haver necessidade de considerar a presença de outras pessoas quando se quer
atender a algum desejo, tipo de orientação que leva ao comportamento dos bichos
que atendem suas necessidades sem levar em conta incomodar ninguém,
comportamento que leva as pessoas a entrar no elevador antes de quem lá se
encontrava à espera.
Desse tipo
de deseducação egoísta e grosseira é só um pulo para agressões de outros tipos.
Agressão à sensibilidade alheia foi o que aquele pai ensina a seu filho, mas
ninguém no ambiente sabia estar sendo agredido. Exatamente por ignorar como se
viver em sociedade é que aquelas pessoas chegarão a uma velhice infeliz,
irritadiça e doentia, razão pela qual se diz com absoluta correção ser a
ignorância a fonte de todos os males.
Como nenhum
pai ou mãe ensinam a seus filhos a necessidade de cuidar da própria saúde, como
se vê nos carrinhos de supermercado as garrafas imensas de refri, nome metido a
carinhoso para disfarçar a agressividade dos refrigerantes que os pais tomam
juntamente com suas crianças vendo putaria na televisão. Quem não cuida da
saúde pessoal também não cuida da saúde social por absoluto desconhecimento ou
ignorância de existir uma saúde social. A máfia dos planos de saúde e dos
laboratórios embolsa montanhas de dinheiro com os danos que as pessoas causam a
si mesmas e que as levam a lotar as UTIs, os corredores e as salas de esperas
dos hospitais, tudo em função da falta de oportunidade de aprender porquanto os
pais não sabem o que ensinam os Grandes Mestres do Saber. E não sabem porque a
máfia da deseducação não lhes ensina a fim de também embolsar montanhas de
dinheiro partindo da premissa de que quem não sabe não tem de que protestar,
uma vez que quem não sabe é como quem não vê, e quem não protesta acaba se
tornando manso, e no lombo do manso é mais fácil montar.
O mundo
ficaria bom se às crianças fosse ensinado o contrário do que hoje se ensina.
Fazer uma criança se tornar viciada nas futilidades que constituem a bagagem
cultural das “celebridades” e “famosos” por deixarem de usar calcinha ou cueca
é o mesmo que viciá-la em drogas porquanto as futilidades também afetam a
capacidade mental ao reduzir os pensamentos às mediocridades. Terá sérios
problemas para entender a vida uma criança à qual apenas se ensina o fato, mas
não a necessidade de se pensar sobre aquele fato. Ao ensinar amor ao esporte,
deve-se ensinar também a verdade de se tratar de negócios e negociatas dos
quais resultam imensas riquezas tiradas das pessoas seduzidas e desconhecedoras
da verdade de não se tratar de esporte, mas de um auxiliar que distrai os
inocentes enquanto a politicagem faz também outra festa de fartas remessas para
os infernos fiscais, verdades estas percebíveis somente para iniciados no
conhecimento dos ensinamentos dos Grandes Mestres do Saber, onde se aprende ser
uma idiotice sem tamanho deixar de lado preocupações com estes assuntos para comer
hóstia, axé e futebola. Muito mais importante do que as atividades tidas como
de única necessidade: trabalhar, comer, encher latrinas, casar, ter filhos, comprar
carro e apartamento, mais importante para um ambiente civilizado é considerar a
necessidade de cuidar da sociedade. Afirmam os inocentes tratar-se de assunto do
governo, mas ignoram que o governo só governa sob pressão, como acaba de provar
os integrantes do MTST que arrancaram na marra o atendimento de suas pretensões
sob ameaça de entupir as ruas de gente e impedir a corrupção na festança da
Copa. Muito menos desconfiam os inocentes do malogro que é tirar a atenção das
coisas das quais depende o bem-estar social e dedicá-la ao circo ardiloso e
malandro dos divertimentos. Como esta é a terra dos absurdos, até quem pode ser
considerado um Grande Mestre do Saber, o doutor Joaquim Barbosa, se declara
admirador desta canalhice corrupta e anti-social de Copa do Mundo, fazendo coro
com os papagaios amestrados que papagaiam em microfones uma alegria fingida
quando anunciam alguma brincadeira, tudo por causa do salário que lhes pagam
seus patrões donos da imprensa.
A sociedade dos comedores de hóstia, axé e
futebola caminha a passos largos rumo ao imenso brejo que em breve se afundará a
manada humana com toda sua brutalidade infinitamente superior à brutalidade das
manadas que pastam seu capim a que se sentem ofendidas por terem sido comparadas
à manada que lota igrejas e terreiros de axé e futebola.
Nada nessa
sociedade faz sentido. Estamos mais para um amontoado de bichos a se destruírem
mutuamente numa imensa confusão imperceptível apenas porque o brilho e o
barulho das festas prendem totalmente a atenção fazendo crer serem festas as
únicas coisas a merecer debate e troca de idéias. Neste exato momento,
voltam-se as atenções para a agressão verbal de baixo nível à presidente da
república, uma demonstração de total falta de educação e excesso de ignorância.
Mas, como esperar atitudes educadas de brutos? Não pode haver civilidade em
pessoas que foram crianças aprendendo não haver necessidade de se levar em
conta a presença de outras pessoas, que nunca leram um livro sequer, e cujo
mundo gira em torno de riqueza e fofocas sobre “celebridades” e “famosos” e
suas declarações sobre lugares inusitados onde transaram, ou de ter colocado
maior quantidade de silicone na bunda. Quem formou a personalidade em tal
ambiente só pode ter comportamento de idiota. Que país! Que juventude! Inté.
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