terça-feira, 17 de junho de 2014

NAS ENTRELINHAS, A VERDADE III


Coisas aparentemente insignificantes para quem ainda não aprendeu a pensar podem ter grande significação para quem medita ou pensa sobre as informações de qualquer tipo que lhe chegam. No supermercado, um pai pegou na prateleira e colocou na boca de um seu filho, um garotinho de cerca de cinco anos, um instrumento semelhante a uma corneta, apropriado para fazer barulho durante o jogo de futebola, para que o garotinho assoprasse, o que fez a inocente criança, causando um barulho insuportável ao qual as demais pessoas presentes eram tão indiferentes quanto aquele garoto e seu igualmente inocente pai. Embora muitas outras pessoas participassem daquele acontecimento, garanto e assino embaixo que ninguém mais ali, pela indiferença de suas expressões, sabia estar sendo prejudicado em sua saúde ao ser alcançado pelo barulho. Quem quiser saber os danos provenientes do barulho basta pedir ao amigão Google algo relacionado com “lei do silêncio”, ou “declaração da ONU sobre barulho”. Qualquer coisa nesse sentido leva a uma recomendação dos cientistas daquela instituição aos governos do mundo para tomar por prioridade o combate ao ruído dados os malefícios dele decorrentes. Para se ter uma idéia, o barulho causa envelhecimento precoce e impotência sexual, entre infinitos outros danos, inclusive levar jovens a disparar metralhadora sobre outros jovens.

Não há como se entender como presunção a afirmativa categórica de que ninguém mais teria se sentido prejudicado em nada. O fato de eu me sentir prejudicado e ninguém mais dos que lá estavam explica-se por outro fato de ser eu o único velho presente ao acontecimento, e, por esta justa razão, conhecedor de alguns dos muitos ensinamentos dos Grandes Mestres do Saber, coisa que passa ao largo das preocupações dos jovens que por isso mesmo nada sabem de sociabilidade e cidadania, como também nunca saberá o adulto em que se tornará aquela criança que o pai ensina não haver necessidade de considerar a presença de outras pessoas quando se quer atender a algum desejo, tipo de orientação que leva ao comportamento dos bichos que atendem suas necessidades sem levar em conta incomodar ninguém, comportamento que leva as pessoas a entrar no elevador antes de quem lá se encontrava à espera.

Desse tipo de deseducação egoísta e grosseira é só um pulo para agressões de outros tipos. Agressão à sensibilidade alheia foi o que aquele pai ensina a seu filho, mas ninguém no ambiente sabia estar sendo agredido. Exatamente por ignorar como se viver em sociedade é que aquelas pessoas chegarão a uma velhice infeliz, irritadiça e doentia, razão pela qual se diz com absoluta correção ser a ignorância a fonte de todos os males.

Como nenhum pai ou mãe ensinam a seus filhos a necessidade de cuidar da própria saúde, como se vê nos carrinhos de supermercado as garrafas imensas de refri, nome metido a carinhoso para disfarçar a agressividade dos refrigerantes que os pais tomam juntamente com suas crianças vendo putaria na televisão. Quem não cuida da saúde pessoal também não cuida da saúde social por absoluto desconhecimento ou ignorância de existir uma saúde social. A máfia dos planos de saúde e dos laboratórios embolsa montanhas de dinheiro com os danos que as pessoas causam a si mesmas e que as levam a lotar as UTIs, os corredores e as salas de esperas dos hospitais, tudo em função da falta de oportunidade de aprender porquanto os pais não sabem o que ensinam os Grandes Mestres do Saber. E não sabem porque a máfia da deseducação não lhes ensina a fim de também embolsar montanhas de dinheiro partindo da premissa de que quem não sabe não tem de que protestar, uma vez que quem não sabe é como quem não vê, e quem não protesta acaba se tornando manso, e no lombo do manso é mais fácil montar.

O mundo ficaria bom se às crianças fosse ensinado o contrário do que hoje se ensina. Fazer uma criança se tornar viciada nas futilidades que constituem a bagagem cultural das “celebridades” e “famosos” por deixarem de usar calcinha ou cueca é o mesmo que viciá-la em drogas porquanto as futilidades também afetam a capacidade mental ao reduzir os pensamentos às mediocridades. Terá sérios problemas para entender a vida uma criança à qual apenas se ensina o fato, mas não a necessidade de se pensar sobre aquele fato. Ao ensinar amor ao esporte, deve-se ensinar também a verdade de se tratar de negócios e negociatas dos quais resultam imensas riquezas tiradas das pessoas seduzidas e desconhecedoras da verdade de não se tratar de esporte, mas de um auxiliar que distrai os inocentes enquanto a politicagem faz também outra festa de fartas remessas para os infernos fiscais, verdades estas percebíveis somente para iniciados no conhecimento dos ensinamentos dos Grandes Mestres do Saber, onde se aprende ser uma idiotice sem tamanho deixar de lado preocupações com estes assuntos para comer hóstia, axé e futebola. Muito mais importante do que as atividades tidas como de única necessidade: trabalhar, comer, encher latrinas, casar, ter filhos, comprar carro e apartamento, mais importante para um ambiente civilizado é considerar a necessidade de cuidar da sociedade. Afirmam os inocentes tratar-se de assunto do governo, mas ignoram que o governo só governa sob pressão, como acaba de provar os integrantes do MTST que arrancaram na marra o atendimento de suas pretensões sob ameaça de entupir as ruas de gente e impedir a corrupção na festança da Copa. Muito menos desconfiam os inocentes do malogro que é tirar a atenção das coisas das quais depende o bem-estar social e dedicá-la ao circo ardiloso e malandro dos divertimentos. Como esta é a terra dos absurdos, até quem pode ser considerado um Grande Mestre do Saber, o doutor Joaquim Barbosa, se declara admirador desta canalhice corrupta e anti-social de Copa do Mundo, fazendo coro com os papagaios amestrados que papagaiam em microfones uma alegria fingida quando anunciam alguma brincadeira, tudo por causa do salário que lhes pagam seus patrões donos da imprensa.

     A sociedade dos comedores de hóstia, axé e futebola caminha a passos largos rumo ao imenso brejo que em breve se afundará a manada humana com toda sua brutalidade infinitamente superior à brutalidade das manadas que pastam seu capim a que se sentem ofendidas por terem sido comparadas à manada que lota igrejas e terreiros de axé e futebola.

Nada nessa sociedade faz sentido. Estamos mais para um amontoado de bichos a se destruírem mutuamente numa imensa confusão imperceptível apenas porque o brilho e o barulho das festas prendem totalmente a atenção fazendo crer serem festas as únicas coisas a merecer debate e troca de idéias. Neste exato momento, voltam-se as atenções para a agressão verbal de baixo nível à presidente da república, uma demonstração de total falta de educação e excesso de ignorância. Mas, como esperar atitudes educadas de brutos? Não pode haver civilidade em pessoas que foram crianças aprendendo não haver necessidade de se levar em conta a presença de outras pessoas, que nunca leram um livro sequer, e cujo mundo gira em torno de riqueza e fofocas sobre “celebridades” e “famosos” e suas declarações sobre lugares inusitados onde transaram, ou de ter colocado maior quantidade de silicone na bunda. Quem formou a personalidade em tal ambiente só pode ter comportamento de idiota. Que país! Que juventude! Inté.  

 

 

 

 

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