terça-feira, 3 de junho de 2014

NAS ENTRELINHAS, A VERDADE.


É por não pensar que os brasileiros declaram satisfação com o tipo de vida que levam, conforme apuram as pesquisas, porque a verdade é que o povo desse país de triste sorte se declara tão satisfeito com seu modo vida apenas por desconhecer outro modo de vida. A realidade, entretanto, é que a sociedade brasileira surgiu num ambiente de degradação moral e assim permanece desde então. O capítulo 15, intitulado O Ataque ao Cofre, do livro esclarecedor de Laurentino Gomes, 1808, é prova contundente da indignidade que acompanha a personalidade desse povo nascido para fazer papel de bobo das cortes estrangeiras. Os gatos pingados que leem podem perceber a semelhança do ambiente atual com o lamaçal moral que nos serviu de berço. Se hoje tomar conta do dinheiro público dá direito de surrupiar parte dele, lá no começo de nossa história não era diferente, mas era exatamente do mesmo jeito. Na matéria citada, há a história de um senhor Targini, de origem pobre e humilde, que entrou para o serviço público da monarquia como guarda-livros, mas que chegou a ser encarregado de administrar as finanças públicas do regime monárquico há mais de duzentos anos atrás, passando de pobre a multimilionário, o que se repete agora quando outro pobretão virou o responsável maior pela administração das finanças públicas e também se tornou multimilionário segundo o livro O Chefe.

Mas, e aí? Vamos viver eternamente esta esculhambação, ou vamos assumir atitudes dignas como colocar educadamente as coisas nos lugares? É tudo uma questão de pensar e concluir se vale a pena ser requebrador de quadris e fornecer de tudo que os outros povos querem inclusive satisfação da libido através da prostituição camuflada do cartaz que estampava a figura de uma mulher com pouquíssima roupa e a recomendação para que as mulheres fizessem o turista ficasse com vontade de voltar. Recusar mudar de situação incômoda para situação cômoda é atitude não só inteligente como natural, e é também a razão do apego às tradições devido à desconfiança que se tem às mudanças. Entretanto, a recusa de se mudar de uma situação incômoda para outra cômoda é atitude desinteligente, antinatural, mas é a situação vivida desde sempre pelos brasileiros festivos e mestres na arte de requebrar os quadris e fazer papel de bobos ao apresentarem ao mundo como trunfos a fama de ladrões, carnaval, futebol e prostituição.

 O apego às tradições, portanto, acaba se transformando num tipo de cegueira que impede o avanço da inteligência sobre a burrice. Chega a hora, entretanto, em que se faz necessário desapegar-se de algo. Aqueles pobres infelizes que saltaram das torres americanas em chamas desapegaram-se da própria vida sem que fossem suicidas. No decorrer da história da humanidade, muitas idéias foram deixadas para trás como dá prova a diferença entre as condições de viagem de Cabral e as de Lula. A única coisa de comum entre as viagens destes dois é que o primeiro não sabia quanto custava, e o segundo, pelo jeito, sabe menos ainda. É claro que não se passa de uma hora para outra de um estado de selvageria, instinto de rato e incapacidade de indignação para um estado civilizado, mas também não precisamos carregar no lombo este fardo desabonador por tanto tempo. Está na hora de começar a pensar no destino trágico que se está desenhando para as criancinhas rechonchudas que os pais levam para a igreja para comer hóstia, e depois levam para casa para tomar refrigerante.

Tudo à volta requer meditação. Um dos jornalistas do programa Manhattan Connection (não precisa aspas porque todos falam ingreis) disse uma verdade absolutíssima sem dizer textualmente o que disse. Quem leva a vida a correr atrás dos meios para atender as necessidades desnecessárias que a televisão bota na cabeça como fazem os frequentadores de igrejas e terreiros de brincadeiras, são pessoas incapazes de perceber o que não estiver totalmente explícito e muito bem explicado, impossibilitados pela limitação mental de perceber o conteúdo das entrelinhas cujo significado é infinitamente maior do que o que se pode apurar nas linhas. As pessoas de curto entendimento dirão que o jornalista errou feio quando disse que a saída de Joaquim Barbosa do STF deixaria aquele tribunal à mercê de um só partido. Como partido dá logo a idéia de atividade política, as pessoas de entendimento curto não veem sentido na fala do jornalista e são até capazes de tachá-lo de inocente porque a atividade jurisdicional do STF é apolítica, conclusões contidas nas linhas das leis, sobretudo da Constituição Federal. Mas, e as entrelinhas, o que dizem elas? Dizem que a nobilíssima atividade judicante do STF está vergonhosamente contaminada não pela política, mas pela politicagem como prova a situação de serem os juízes do STF escolhidos pelos politiqueiros. Só nas entrelinhas se toma conhecimento de ser este fato a explicação do tal de foro privilegiado. As entrelinhas esclarecem que a possibilidade de vir o atual Ministro da Justiça, a ocupar o lugar de Joaquim Barbosa como Ministro do Supremo Tribunal Federal é a materialização da desordem de contaminar o STF com a politicagem. Será que o senhor José Eduardo Cardoso, sevado no ambiente da politicagem como companheiro de Lula, Maluf, Sarney, e que tais, teria a isenção necessária para ocupar tal posto? Além disso, teria também o conhecimento exigido na expressão “notório saber jurídico” como requisito necessário para ser juiz da mais alta corte de justiça do país?

Se quem não houve conselho ouve coitado, a juventude que não se liga nestes assuntos pode se considerar uma pobre coitada juventude a ser vitimada pelas consequências da inconformação manifestada em atitudes cada vez mais violentas a anunciar perigo para as criancinhas rechonchudas que aprendem a comer hóstia na igreja e tomar refrigerante em casa com os pais que dizem amá-las, mas que nada fazem para evitar venham elas a se tornarem velhos e velhas infelizes a lotar as UTIs como eles lotam as igrejas e os campos de brincadeiras. Inté.

 

     

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