sexta-feira, 30 de maio de 2014

ARENGA TRINTA E CINCO


Ante a total incapacidade de raciocinar da manada humana, seria inútil seguir a recomendação do grande mestre cuja genialidade superava o tamanho do seu bigode e sua loucura, quando insinuou que a humanidade tomaria conhecimento e seguiria uma recomendação sábia que fosse escrita em todos os muros do mundo. Entretanto, em função da estupidez generalizada que faz das festas a única coisa a despertar interesse, de nada adiantaria escrever em todos os muros do mundo que não vai dar certo este modelo de sociedade baseado numa disfarçada escravidão porque a própria escravidão já provou que não deu certo. Nem pode dar certo uma vez que a natureza obriga a espernear pela liberdade. A escravidão é contra a natureza, e sabemos todos que as leis naturais não abrigam esse negócio de Embargos Infringentes. O rigor da lei natural que estabelece a pena de morte para quem não comer, beber, se proteger do frio e calor excessivos além das doenças, isso tanto vale para os posudos da Revista Forbes quanto vale para o cara lá da sarjeta. Falta lucidez, falta sensatez, só não falta estupidez na humanidade. É verdade que o homem consegue através de algumas artimanhas dar uma “enrolada” nas leis naturais por conta do conforto pessoal, mas é estupidez acreditar que por falta de uma punição imediata se tenha burlado a mãe natura. A falta do cumprimento imediato da lei natural não significa impunidade como no Mensalão. O conforto do ar friozinho do lado de dentro, que zomba do calorão do lado de fora, traz consigo uma parte da pena maior resultante da união de todas as penas atribuídas a todas as infrações cometidas contra a lei natural, pena maior esta que será inexoravelmente cumprida um dia. Aquele aparelho que esfria o ambiente do lado de dentro solta uma bufa que vai se juntar a todas as bufas que pipocam de todos os intestinos existentes no mundo, de modo a formar uma super bufa espacial que no dia em que pipocar, não é bom nem pensar.

É ilusão com trágicas consequências exigir comportamentos contrários aos estabelecidos pela natureza. Aqueles que não dispõem de recursos próprios e suficientes para obter os meios de satisfazer tais exigências se tornam violentos e tomados de um sentimento crescente de hostilidade em relação aos que estão em tranquilidade porque podem satisfazer suas necessidades, sentimento este que não decorre da maldade, mas antes da inconsciência da propensão natural à imitação herdada dos macacos imitadores e brincalhões, qualidades ainda inerentes aos seres humanos. O desejo reprimido de também ter as coisas de que necessita dá origem à animosidade que descamba na violência que torna assombradas as ruas onde as pessoas precisam estar. Esse negócio de dizer que a mentira tem pernas curtas no sentido de que logo será alcançada pela verdade é falso porque a mentira em que vive mergulhada a humanidade até hoje não foi alcançada pela verdade. Porém, AINDA, porque um dia será, e nesse dia seria melhor para todos o predomínio da sinceridade. Para se chegar lá, uma boa maneira é entregar a homens do timbre de Anísio Teixeira, Paulo Freire, Darcy Ribeiro, Cristóvão Buarque, por aí, a tarefa de preparar a orientação educacional da juventude. Uma educação que a convença de que a solidariedade é melhor que a competição.

Seria infinitamente melhor que a escravidão em que sempre viveu o povo fosse sendo alforriada aos poucos em vez de pipocar de uma só vez por conta dos escravizados como acontece quando o saco não suporta mais. Vivem as pessoas a ilusão de serem livres, mas são tão escravas quanto todos os escravos de outros tempos, com uma curiosíssima novidade de serem satisfeitas com sua escravidão, ao contrário dos escravos de outros tempos. Tão satisfeitas que rola mundo afora uma festança sem fim. Tão valorizadas são as festas que seus promotores e atores estão entre as pessoas mais importantes do mundo e as que ganham mais dinheiro. Rola aí na imprensa que um destes brincalhões chamado Felipão surripiou uma fortuna do governo português sonegando imposto. Magina só, para brincar, o sujeito ganha tanto dinheiro que só uma pontinha dos impostos é uma fortuna. Colocar brincadeira em plano superior a educação, saúde e segurança é absolutamente incompreensível e injustificável. Se isto está acontecendo é bom parar e corrigir o erro antes de chegar o arrependimento inútil.

Entende-se a posição servil do povo à cultura que mantém uma organização social com pessoas superiores, pessoas médias e pessoas baixas consideradas resto. A parte desse resto que faz girar as máquinas do mundo já foi tirada da categoria de seres humanos e enquadrada numa nova categoria de espécimes da espécie humana denominada “material humano”. Como se vê, tal procedimento vai de encontro aos preceitos da natureza, e é por isso que a humanidade parece ter enlouquecido a ponto de se autodestruir. Tudo ficará mais calmo à medida que “o resto” deixar de ser resto e se sentir gente. A humanidade já evoluiu bastante para perceber esta realidade. Só falta perceber. A História da Humanidade é um espelho retrovisor pelo qual podemos ver o passado e constatar que sempre houve uma distância muito grande entre quem tem e quem não tem os meios de suprir suas necessidades. Aqui, entre nós, por exemplo, o retrovisor nos mostra o tempo em que o café era a riqueza do Brasil e vemos um senador sem saber o que fazer ante a necessidade do trabalho escravo nas lavouras de café, porque era realmente necessário já que as coisas estavam estabelecidas daquele jeito sem jeito. Por outro lado, por ser indigna a escravidão, o senador fez pose, impostou a voz, e bradou: “O Brasil é o café! E o café é o negro”! Dá prá ver também pelo retrovisor do tempo outro exemplo do quanto é edificante o trabalho do povo para merecer ingratidão por recompensa. Este outro exemplo foi citado pelo historiador Laurentino Gomes, na página 136 de livro 1808: “Os escravos eram o motor das lavouras de algodão, fumo e cana-de-açúcar, e também das minas de ouro e prata”.

Significa que naquela época a economia tinha como propulsor o chicote que foi substituído pela televisão nos tempos modernos, mas o vínculo de obrigatoriedade, de sujeição da vontade própria à vontade alheia permanece a mesma.  As pessoas apenas acreditam serem autênticas e donas dos seus narizes. Entretanto, o fato de pessoas se auto prejudicarem para que disto resulte vantagem para alguém não há como ser classificado senão como escravidão. O exemplo da garota que mastigava o almoço enquanto tomava goles de refrigerante e passava as pontas dos dedos tanto na vertical quanto na horizontal ou futucava com apenas um dedo um aparelho, está prejudicando de modo assustador sua saúde para depois do vigor da juventude, e o que a faz se autodestruir é a ordem da televisão para beber refrigerante, para futucar o aparelho sob pena de ser cafona, não dar valor ao processo de se alimentar corretamente, exemplo deformador que Rambo dá quando abre a geladeira, corta com uma tesoura uma pizza que engole aos bocados como cachorro faminto. O chicote eletrônico cujo silvo faz plim plim é infinitamente mais convincente para os escravocratas modernos do que o chicote de couro por castigar todos os escravos do mundo de uma vez só como faz ao impingir na juventude mundial o comportamento daquela garota que seguia fielmente a determinação de ignorar a importância de uma alimentação sadia com a finalidade de adoecer para comprar plano de saúde e remédios. Tá na cara que tá faltando sensatez, tá ou não tá? Inté.

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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