domingo, 4 de maio de 2014

ARENGA VINTE E SETE


O homem ainda não se ligou na necessidade de se desligar da animalidade da qual se afastou fisicamente, mas que traz ainda tão arraigada na alma que pouca diferença existe entre sua espécie e as que não raciocinam. Ao agir como agem as espécies consideradas inferiores que se destroem entre si, o homem se mostra, na realidade, ser ele o verdadeiro inferior porquanto sua elevada capacidade cerebral é suficiente para torná-lo dotado de uma superioridade espiritual capaz de estabelecer vida social civilizada em vez de ainda se encontrar numa fase tão animalesca que se matam os brutos bichos com forma de gente até mesmo usando como arma um vaso sanitário. A desunião do tempo em que as pessoas se assemelhavam a bichos não só no comportamento, mas também no aspecto, continua desunindo os bichos humanos que se atacam em todas as partes do planeta e de todas as formas procuram se autodestruir. Tanto destroem seus semelhantes como se autodestroem respirando, comendo e bebendo veneno, reproduzindo-se como ratos numa ignorância monumental que os leva a desconhecer a capacidade de suporte do planeta, ou produzindo um barulho enlouquecedor ao qual pensa se acostumar, mas que danifica o organismo de forma tão assustadora que a ONU está recomendando aos governos dar prioridade à poluição sonora em virtude dos transtornos dela provenientes entre os quais se incluem nervosismo, envelhecimento e impotência sexual. Entretanto, como evitar barulho se para produzir dinheiro, atividade primordial para a ignorância humana, há necessidade das máquinas e da agitação que produzem barulho? Tudo na humanidade é contra-senso que produz a cada dia mais infelicidades. Enfim, considerado o que pode fazer com a capacidade mental que dispõe, pode-se afirmar com absoluta tranquilidade que o bicho humano é sem sombra de dúvida o mais repugnante dos seres vivos.

Um documentário sobre animais mostrou um búfalo sujegado por leões. Ante o pavor à morte, medo esse que é proporcional ao desenvolvimento espiritual do moribundo, ao zurrar na agonia, veio o rebanho inteiro sobre os leões, que fugiram. Os homens, ao contrário, destroem-se entre si mesmos numa prova evidente de sua inexplicável incapacidade de raciocinar. A falta de uma atividade cerebral compatível com a capacidade do cérebro humano é a única causa dos males da humanidade e é por isso que as poucas pessoas não ignorantes afirmam ser a ignorância a verdadeira fonte dos sofrimentos, verdade percebível ao se verificar as multidões lotando igrejas e terreiros de brincadeira indiferentes à dura realidade ao redor. Um ser humano que troca por riqueza as vantagens de um organismo saudável e que passa a pesar dezenas e dezenas de quilos a mais do que permite a estrutura do seu corpo de bicho humano, demonstra total ignorância da realidade de que seu organismo carece de maiores cuidados do que as máquinas de fazer dinheiro. Entretanto, como filhotes de suínos, comem até ficar redondos como se fossem estourar, o que efetivamente acontece ainda relativamente jovem. Duas coisas facilmente percebíveis indicam comportamento errado que a estupidez não deixa ser percebido. Uma é a inexistência de octogenários pesando cento e cinquenta quilos. A outra é o fato de não se encontrar um ateu analfabeto, indicativo de ser a religiosidade própria dos ignorantes. Como os bichos humanos são totalmente ignorantes, a humanidade é obesa e religiosa.

Só a completa abstenção do raciocínio leva alguém a danificar a saúde em troca de acumular riqueza sem perceber a realidade de que aquela fortuna vai beneficiar não só a família, mas também a estranhos, sendo não menos insensata a atitude de apressar o momento de sofrer na UTI para onde será inevitavelmente conduzido o ajuntador de dinheiro pelo descuido com a saúde exigido pela ânsia de enriquecimento que desconhece limite e que ignora necessitar o organismo de água, comida e ar limpos, e que a quantidade destes elementos é tão importante quanto a regularidade de sua ingestão.

A coisa mais esquisita na humanidade é que as pessoas mais insignificantes em termos de conhecimentos mais elevados são exatamente as pessoas mais valorizadas pela sociedade. Analfabetos e tão desprovidos das qualidades espirituais que separam o ser humano das bestas, estas pobres criaturas desprovidas de espiritualidade, como zumbis, são elevadas à categoria de “celebridades” e “famosos”. Entretanto, sua participação para o desenvolvimento social é negativa. Por mais esquisito que pareça, quem prejudica a sociedade é quem a sociedade prejudicada dá maior valor. Mais esquisito que isso é o fato de se deixar levar a juventude por estas figuras desprezíveis e dar assunto às burrices que saem de sua ignorância social. O alarde feito pela imprensa sobre pronunciamentos de energúmenos sugerindo haver vantagem em se gastar fortunas com a Copa do Mundo se justifica por ter a imprensa o papel de fazer crer ser certo o que é errado como induzir a juventude a fumar roliúde e beber refrigerante. Agora, fica espantosamente incompreensível que a juventude mundial se deixe seduzir pela ignorância provedora do que é ruim e despreze a sabedoria, fonte de coisas boas, fenômeno verificado mundialmente com ênfase para o brasileiro, o povo mais desqualificado entre todos os seres desqualificados espiritualmente que compõem a humanidade. Entre nós, por exemplo, é adorada a figura de um ignorante arredio aos livros e ladrão visivelmente usurpador do dinheiro de amenizar o sofrimento dos que sofrem por falta do dinheiro que transformou a figura desprezível do pau-de-arara que virou milionário, a cuja família se atribui a propriedade de fortuna imensa. A admiração desta figura desprezível pelos mendigos é explicada pela gratidão que todo mendigo tem a quem lhe dá esmola, o que Lula fez ao criar o programa Bolsa Família que tira dinheiro de quem trabalha para dar esmola a quem não trabalha. Este fenômeno de preferir o que não presta às coisas boas acompanha o brasileiro desde sua origem, coisa que já passou da hora de ser repensada. É evidente a carência de uma juventude mentalmente sadia para dar valor ao que tenha valor e mandar os ignorantes para um lugar onde possam deixar de ser ignorantes antes de ter direito a exercer influenciar sobre a sociedade por absoluta incapacidade fazê-lo. Se as sociedades dirigidas por quem sabe ler estão em péssimo estado de civilização, que esperar de uma sociedade admiradora de analfabetos travestidos “famosos” e “celebridades”? Ou pára prá pensar, ou vão todos se rachar. Inté.

 

 

 

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